Alguns temas, como autolesão, ideação suicida e suicídio, ainda são delicados nas conversas entre pais e filhos. Isso acontece, principalmente, pela falta de informação e preparo para explorar sentimentos relacionados a essa situação.
A adolescência e os primeiros anos da vida adulta são um período de grandes mudanças na vida. Trocar de escola, começar a faculdade, sair de casa e buscar emprego pode ser muito emocionante para alguns, mas outros são tomados pelo sentimento de apreensão e acabam ficando estressados. Caso não sejam reconhecidos ou gerenciados, esses sentimentos podem levar à doença mental.
Segundo dados do Ministério da Saúde, metade de todas as doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos não é detectada. O suicídio já é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a depressão é considerada a doença desse século. Por isso, é muito importante ter atenção ao comportamento dos jovens e conhecer os sinais que indicam que eles estão precisando de ajuda.
Neste artigo, contamos com a participação da Dra. Mayara de Sá Salvato, médica com foco em saúde mental do Hospital Santa Mônica, para falarmos sobre automutilação e ideação suicida nessa fase, e quais são os indicativos de que é necessário tomar determinados cuidados. Ao final, abordamos a importância da família nesses momentos e explicamos como é o tratamento. Acompanhe!
As razões por detrás da automutilação e do suicídio
Segundo Mayara, “a autolesão é uma agressão autoprovocada em que a pessoa, propositalmente, acaba se agredindo ou se machucando. Geralmente, é na pele, como um arranhão ou uma queimadura”.
Ao contrário do que se pensa, os atos de automutilação não estão associados a caprichos, nem a formas de chamar a atenção dos pais. Como esse tema tem ganhado destaque na internet, muitos pais podem associar a autoflagelação aos modismos, mas isso não é verdade.
“Geralmente, a pessoa está com sofrimento interno. Ela tem um sofrimento psíquico, uma dor, uma angústia, e acaba transferindo isso para uma coisa mais física, mais palpável. É quando ela vai se bater”, explica a médica.
Ou seja, esse comportamento está ligado a questões psicológicas ou psiquiátricas sérias que, se não tratadas da maneira adequada, podem evoluir para situações irreversíveis.
“Vemos a autolesão tanto na questão da personalidade da pessoa quanto dos transtornos de humor mesmo, da depressão, da ansiedade, do transtorno bipolar, do TOC e do transtorno obsessivo compulsivo”, esclarece Dra. Mayara.
Ela ainda conta que a autolesão pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas que existe uma prevalência maior em jovens e adolescentes, começando em torno dos 11 ou 15 anos de idade. Também ocorre mais em mulheres e, como dito, em pessoas que têm algum transtorno psiquiátrico ou uma doença associada.
Os jovens realizam atos de autoflagelação em momentos de solidão, dor, angústia e muita tensão interna — sentimentos com os quais ainda não conseguem enfrentar. Esses atos são vistos como tentativas de substituir a dor que não conseguem expressar de outras formas mais saudáveis.
A Dra. Mayara ressalta que existem fatores de risco para a autolesão, sendo que as doenças psiquiátricas são os principais. “O fator de risco é a pessoa estar passando por qualquer tipo de sofrimento. A gente vê que muitas vezes já tem um histórico, um trauma de infância ou já teve um abuso. As crianças que tiveram uma família disfuncional tendem a apresentar esse tipo de comportamento”.
Para esclarecer melhor, veja mais detalhes, a seguir, sobre as principais causas da automutilação em jovens.
Depressão
Na juventude, a depressão é uma questão muito delicada e que precisa ser encarada com seriedade. Alguns pais podem considerar a doença apenas como tristeza ou capricho, ou achar que é apenas uma fase passageira. Contudo, isso é muito perigoso, pois a situação pode evoluir para situações mais graves, como o abuso de álcool e drogas e pensamentos suicidas.
Os sintomas mais evidentes da depressão nos jovens são o isolamento social, a redução de autoestima, o sentimento de inutilidade, a tristeza e a irritabilidade. O desinteresse pela escola, faculdade ou por atividades que antes eram prazerosas também é um sinal de alerta.
Sono excessivo ou insônia constante, alterações de apetite, dificuldade para se manter e se relacionar em ambientes sociais também são sintomas de depressão.
Solidão
Como falamos, a adolescência e os primeiros anos da vida adulta são um momento delicado. As mudanças hormonais que ocorrem nessa fase alteram o padrão comportamental dos indivíduos, principalmente em relação à personalidade e autoestima, gerando inseguranças e sentimentos diversos.
O suporte da família é o que permite ao jovem passar por essa etapa de forma saudável e equilibrada. Por isso, os conflitos familiares e o sentimento de não pertencimento a esse núcleo são gatilhos que potencializam os riscos de automutilação e suicídio.
A família disfuncional é um conceito que abrange tanto a ausência física quanto o distanciamento emocional dos pais, o que gera a falta de interação entre os membros da família e o sentimento de solidão do jovem. Isso influencia a pessoa a se isolar das pessoas ao seu redor. Já que não tem com quem falar sobre seus sentimentos, ela opta pela autoflagelação.
Bullying
A situação de bullying é comum na adolescência e está muito relacionada a padrões estéticos e dificuldades de aprendizagem, principalmente na escola. Os alunos que não se encaixam nos padrões preestabelecidos pela sociedade são alvos de perseguições dos colegas.
Além desses pilares básicos de sustentação do bullying, a não adequação a padrões de gênero e a dificuldade em aceitar a homoafetividade no ambiente escolar também contribuem para a automutilação.
Observa-se que, apesar das campanhas escolares, o bullying e cyberbullying ainda se manifestam de forma velada. Eles impactam significativamente a qualidade de vida dos estudantes e as relações sociais e profissionais na vida adulta.
Abuso
O abuso físico e emocional faz com que o jovem se feche para o mundo e se torne recluso — nesse estado, ele pode recorrer à autoflagelação e ter ideação suicida para acabar com esse sofrimento.
É comum que jovens que sofreram ou ainda sofrem abusos se sintam impuros ou enojados de si e se machuquem como uma maneira de autopunição. Na maioria dos casos, as vítimas se sentem culpadas pelo abuso e a automutilação é encarada como algo merecido.
Além desses, outros fatores como baixa autoestima, estresse, distúrbios alimentares, ansiedade e transtornos de personalidade podem fazer com que os jovens tenham tendência à automutilação.
Os sinais que indicam a ideação suicida
As tentativas de suicídio podem ser impulsivas ou associadas aos sentimentos de desesperança e solidão. Mas é importante lembrar que existem sinais de alerta que ajudam a identificar a ideação suicida.
“Essa ideia de que a pessoa que quer se matar não conta, não é verdade. A gente já percebe uma alteração no comportamento das crianças, isolamento social, deixar de fazer as coisas que gostava. Começamos a perceber que tem algo errado, ou a criança diz frases do tipo “eu não sirvo para nada”, “não queria existir” ou “queria sumir”, conta Mayara.
Falar sobre a ideação suicida e a autolesão é uma questão difícil para toda a família. Principalmente para os pais de jovens que, muitas vezes, se sentem culpados e não sabem como lidar com a situação.
“Os jovens pacientes tentam esconder. Eles colocam a manga comprida mesmo em dia de calor ou não querem mais se trocar na frente dos pais. Tentam esconder que tem esse tipo de comportamento porque podem sentir vergonha disso. Às vezes a pessoa está se julgando, se autoculpando e se machucando”, esclarece a médica.
Existem ainda as famílias que se negam a acreditar que os filhos estejam com problemas emocionais ou psiquiátricos. Elas alegam que fornecem todo o suporte financeiro e material conforme desejado, mas não se limita a isso, conforme a médica explica.
“A ideação suicida é multifatorial, então, está associada a muitas coisas. Geralmente, uma pessoa que está com um sofrimento muito grande e passando por problemas, não vê uma solução, não vê um jeito, não tem ferramentas para lidar com essas frustrações, não sabe exatamente o que fazer”.
O suporte familiar é muito importante para a manutenção da saúde mental dos jovens. Por isso, os pais devem estar sempre atentos aos sinais e aos fatores de risco — uso de álcool e drogas e abuso na infância, por exemplo.
Preparamos, a seguir, uma lista com alguns sinais de ideação suicida.
Conversa sobre morte
Algumas pessoas falam abertamente sobre morte e desejo de morrer ou se suicidar. Elas também podem pesquisar formas de se matar ou comprar armas, facas ou remédios. Apesar de parecer óbvio, os familiares podem achar que esse comportamento é uma tentativa de chamar a atenção. Entretanto, todo sinal de suicídio precisa ser levado a sério.
Nesse contexto, é preciso conquistar a confiança dos filhos, inicialmente sem grandes julgamentos, para entender as razões desses comportamentos, e explorar os sentimentos relatados.
Conversar sobre a morte deve ser algo natural e começar desde cedo, para que as crianças entendam que existe uma forma natural ou inesperada e outras que são provocadas intencionalmente.
Falta de cuidado consigo mesmo
O comportamento suicida tem relação direta com a falta de autocuidado, visto que existe uma perda do vínculo da pessoa consigo mesma. A sua própria vida deixa de ser importante, por isso, a tendência é que o jovem deixe de se importar com higiene, perca a vaidade e se comporte mal em situações sociais.
Comportamentos imprudentes, como dirigir embriagado e fazer sexo desprotegido também podem ser sinais de ideação suicida. Nessa situação, é possível que ocorra a aproximação de jovens que utilizam drogas ilícitas, potencializando o problema.
O desempenho escolar é outro aspecto afetado, ocasionando relatos de discussões e brigas entre colegas de turma ou apatia diante das demandas. Nesses casos, uma reunião entre os pais e a equipe pedagógica é fundamental para evitar outras complicações.
Mudança no humor e no sono
Mudanças rápidas de humor podem ser sinais de ideação suicida. Se uma pessoa está muito deprimida, ansiosa ou com raiva e, de repente, se acalma, isso pode indicar que ela decidiu tirar a própria vida, logo, se sente aliviada.
Passar noites em claro ou dormir por muitas horas ininterruptas também pode ser sinal de que algo não está bem. Essa discrepância se percebe em relação à fome, pois, enquanto alguns emagrecem rapidamente, outros ganham peso.
Tentativa de fazer as pazes com todas as pessoas
A tentativa de reconciliação com pessoas com as quais se desentendeu ao longo da vida pode ser um sinal de alerta para o suicídio do jovem. Essa ação revela a busca por um encerramento da própria vida.
Além desses, outros comportamentos podem indicar que o jovem está considerando o suicídio:
- emoções intensas;
- depressão;
- sentimento de que a vida não tem propósito;
- isolamento social;
- doação de bens;
- abuso de álcool e drogas;
- pesquisas sobre suicídio na internet, entre outros.
Os possíveis diagnósticos mentais para automutilação e ideação suicida
A automutilação é um sintoma que pode se desenvolver de forma esporádica, nas crises emocionais mais intensas, ou ser prolongada. Ela causa riscos patológicos significativos, como maior incidência de infecções oportunistas, mas, na verdade, a pessoa não tem a intenção de se fazer mal.
“Uma pessoa que está se automutilando não tem, necessariamente, uma ideação, nem sempre está com intenção de se matar, mas isso pode ser um preditivo, um sinal que isso pode acontecer. Até mesmo, por uma lesão mais grave, pode haver uma morte acidental”, alerta Mayara.
O indivíduo que está passando por momentos de estresse escolar, familiar e com dificuldade para assimilar emoções, provavelmente está desenvolvendo sintomas clínicos de transtorno de ansiedade.
Aqueles com ideação suicida, principalmente resultante da influência de status e padrões propagados pelas redes sociais, é provável que esteja sofrendo de ansiedade, depressão ou transtornos de pânico.
Todavia, ressalta-se primeiramente que uma avaliação médica é fundamental para fechar o diagnóstico. Uma abordagem com outros profissionais de saúde e apoio incondicional da família são essenciais para melhoria do quadro.
O papel dos pais em situações como essas
Pode ser muito desafiador para os pais entender o que os jovens estão passando ou o que estão sentindo. Mas quando os comportamentos indicam que algo está errado, é necessário tomar cuidados para evitar que aconteça o pior, como a automutilação e os pensamentos suicidas.
Separamos algumas dicas para auxiliar o jovem a enfrentar esses momentos difíceis.
Pergunte
Se você suspeita que o seu filho está se machucando deliberadamente ou considerando suicídio, é importante intervir. Fale de forma direta e pergunte a ele se isso está acontecendo — muitas vezes, essa abordagem é a mais eficaz.
Faça seu filho concluir que essa mudança de comportamento não é saudável e que é necessário buscar ajuda, para que os dilemas sejam enfrentados com uma equipe especialista no assunto.
Escute
A falta de comunicação entre pais e filhos é um grande fator de risco para comportamentos como esses. Por isso, se mostre disponível e sempre dê abertura para ouvir o que o jovem tem a dizer.
Evite julgá-lo ou repreendê-lo severamente no momento da conversa, para que ele não se sinta rejeitado — isso pode prejudicar a comunicação familiar e afetar a confiança nas próximas conversas.
“É importante não julgar isso como um drama, como frescura, e sim dizer “você tem um sofrimento, você não está legal, vamos entender por que, vamos ouvir, vamos pedir ajuda, principalmente pedir ajuda” aconselha a médica.
Esteja atento
Como você viu, a maioria dos jovens que se automutila ou pensa em suicídio informa seu estado mental por meio de comportamentos e ações problemáticas. Tenha atenção ao que acontece na vida do seu filho e fique alerta para situações de risco. Por exemplo:
- uma grande perda;
- abuso de drogas;
- pressão social;
- humilhação pública;
- impulsividade; entre outros.
A ciência dos pais sobre os fatos do cotidiano dos filhos, bem como o incentivo das conversas em família, são fundamentais para o melhor acolhimento, redução dos impactos e resolutividade das ações.
Não negligencie
Qualquer declaração relacionada ao suicídio deve ser tratada com muita seriedade. Muitas vezes, os jovens que tentam tirar a própria vida já disseram aos pais que queriam se matar previamente. Por isso, esse tipo de aviso não pode ser negligenciado.
Esse tipo de ameaça jamais deve ser encarado como drama — os pais precisam reconhecer a dor dos filhos, validar seus sentimentos e expressar preocupação. Além disso, os pais devem procurar ajuda também para lidar com essas situações.
Procure ajuda profissional
Se o comportamento do seu filho preocupa você, não hesite em procurar aconselhamento e apoio profissional. “Como profissionais de saúde mental, estamos capacitados e preparados para fazer esse tipo de avaliação e orientar da melhor maneira possível para lidar com esses jovens”, diz Mayara.
O tratamento consiste na avaliação da capacidade de enfrentamento de problemas e, depois, na melhora da autoestima, modificação de comportamentos indesejados e solução de conflitos.
Atualmente, os tratamentos psiquiátricos e psicoterápicos são mais acessíveis pelo número de profissionais que atuam no mercado. Além disso, muitas operadoras de planos de saúde já reembolsam esse tipo de atendimento, o que em si é um grande facilitador.
Seja paciente
O comportamento autodestrutivo leva tempo para se desenvolver e para mudar. Por isso, seja paciente e não pressione o jovem a melhorar rapidamente — deixe claro que entende que a melhora é gradativa e se mostra disponível para ouvir, apoiar e ajudar no que for necessário.
Além dessas, existem outras formas de ajudar o seu filho a encarar um momento difícil como esse. Compartilhe os seus sentimentos com ele e mostre que estão juntos — isso melhora a comunicação familiar e aumenta a sensação de confiança e cumplicidade entre os dois. Incentive-o a não se isolar da família e dos amigos, a praticar esportes e se envolver em atividades prazerosas.
A importância da internação para evitar automutilação e suicídio
A internação de jovens é uma alternativa para preservar a integridade física dos adolescentes que pensam ou tentam se suicidar ou se automutilam. A partir do momento em que o paciente começa a receber o tratamento, os familiares percebem rapidamente o efeito positivo das intervenções.
Como você viu, nem sempre a autolesão é uma tentativa de suicídio, e nem sempre existe a ideação suicida por trás desse ato. Trata-se de uma dificuldade para lidar com o sofrimento, mas isso pode levar a consequências severas.
“A autolesão é muito grave. Se a gente identificar alguém que está sofrendo, que está com esse tipo de sofrimento e que esteja se machucando, o ideal é encaminhar para uma avaliação especializada”, ressalta a médica do Hospital Santa Mônica.
Outro benefício é que, depois da internação, os pais se sentem mais seguros e confiantes, conseguindo relaxar mentalmente, se recuperando dos desgastes dos períodos que antecederam a decisão.
Decidir internar um jovem não é fácil, mas se torna necessário quando os seus atos colocam em risco a sua vida ou integridade física. É preciso priorizar ações de prevenção para assegurar a estabilidade da saúde do paciente.
Os sinais de que a internação é necessária
A internação é um recurso seguro, porém, deve ser feita de forma consciente e tranquila para todos os envolvidos, concluindo, também, que sem esse suporte, a situação chegará às vias de fato.
Um dos pontos limitantes para a internação é a avaliação médica quanto ao risco de suicídio, principalmente se já houve tentativas anteriores, o paciente está com sintomas exacerbados e a família teme pela segurança do paciente.
Como funciona o tratamento e a internação para esses casos
O tratamento e a internação para casos de tentativa de suicídio e automutilação são determinados conforme a complexidade da situação. Por exemplo, o perfil clínico do paciente, o uso prévio de medicamentos e se já houve uma abordagem psicoterapêutica.
Inicialmente, serão tratadas as feridas mais graves, nos casos de automutilação, ou reversão da intoxicação medicamentosa, em casos de tentativa de suicídio, por exemplo. Em seguida, são traçados os planos em curto e médio prazo com uma equipe multidisciplinar.
Um dos grandes benefícios da internação é a redução de riscos e diminuição da possibilidade da evolução do quadro para algo mais grave. Por isso, internar o jovem é considerado um ato de proteção à saúde integral e aumenta as chances de reverter a situação.
O ambiente favorável à recuperação também ajuda muito. Instituições com boa infraestrutura e que ofereçam o suporte adequado fazem muita diferença no resultado do tratamento. Nesses lugares, o jovem pode participar de atividades físicas, interagir com outras pessoas e participar de sessões de terapia.
“O Hospital Santa Mônica tem um setor infantojuvenil para atender jovens adolescentes, geralmente, a partir dos 8 anos. Temos psicólogos, psiquiatras, toda uma equipe e atividades voltadas para jovens. Podemos oferecer a eles ferramentas para lidar com essas frustrações”, conta Mayara.
Como falar com seu filho sobre internação
Como você já sabe, o diálogo entre pais e filhos é muito importante para ajudar os jovens a enfrentar diversos problemas. A opção pela internação não é uma decisão fácil, mas pode representar a solução do problema quando o indivíduo perde a capacidade de conviver com a coletividade ou representa um perigo para a sua própria vida.
Nessas situações, palavras de apoio podem ter um significado muito especial e estimular a confiança que o jovem precisa para decidir mudar de vida. Mantenha uma conversa honesta, fale abertamente sobre o assunto e utilize palavras de carinho. Explique que essa é a melhor solução para restabelecer a harmonia familiar e a saúde do jovem.
O ponto crucial dessa decisão é estabelecer um vínculo mais forte de suporte para o filho, considerando os momentos de angústia e medo que ele enfrentará diante desses problemas durante a internação. Porém, projetar algo positivo e melhorias significativas é uma forma de garantir boa adesão ao tratamento.
Como encarar a angústia de internar um filho
Não é fácil enfrentar situações como essas, mas é preciso entender que a opção pela internação é voltada para o bem-estar do paciente, evitando casos de automutilação e suicídio. A medida traz muitos benefícios e, a longo prazo, proporciona chances reais de recuperação.
O risco de não tomar essa decisão pode oferecer diversos perigos à vida do jovem. Por isso, a culpa não deve ser atribuída a ninguém, nem ao filho, nem aos pais. A depressão ocorre por diversos fatores, e já se sabe que questões genéticas estão muito envolvidas no aparecimento dessa doença. Por isso, não existe um motivo único.
A opção pela internação precisa ser encarada como uma decisão adequada e positiva para reverter o quadro clínico do jovem. Nos momentos difíceis, tenha em mente que o seu filho está sendo cuidado por uma equipe especializada e a consciência de que está fazendo o seu melhor por ele. Seja positivo e enfrente os desafios com coragem para que o seu filho esteja cercado de energias positivas.
O contexto atual e a importância da prevenção
As situações que os jovens enfrentam estão cercadas de padrões preestabelecidos e pressão social. Isso pode levar ao adoecimento mental caso os sentimentos negativos não sejam reconhecidos, nem tratados.
Além das questões do cotidiano escolar e social, crises como a pandemia de Covid-19 e grandes catástrofes como as enchentes no Rio Grande do Sul podem influenciar o aparecimento ou a exacerbação de crianças e adolescentes com automutilação e ideação suicida.
Por isso, é muito importante estar atento ao que acontece na vida do seu filho e prestar atenção nos sinais de que algo não está bem. Quanto mais cedo atitudes preventivas são tomadas, maiores as chances de recuperação e menor o risco de comportamentos como automutilação e suicídio.
Caso a situação se agrave, não hesite em buscar ajuda profissional. Uma equipe multidisciplinar de saúde pode ajudar muito no tratamento. Se a internação for necessária, busque um hospital especializado em saúde mental, com profissionais qualificados e infraestrutura adequada para a recuperação.
Adolescentes que apresentam automutilação e ideação suicida devem ter um suporte familiar adequado, a partir de um acolhimento afetivo e sem julgamentos. Em seguida, deve-se avaliar as opções de tratamento terapêutico e/ou internação como forma de controlar os sintomas e evitar novas tentativas de suicídio. Apesar dos diversos fatores internos e externos que potencializam o problema, existem terapias efetivas e seguras realizadas por especialistas e por uma equipe multidisciplinar.
E você, está passando por uma situação dessas em sua casa? Então não deixe de entrar em contato conosco e saber como o Hospital Santa Mônica pode ajudar.