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Ideação Suicída Infantojuvenil

Automutilação na adolescência: o que está por trás do ato?

às vezes a única solução vista por aqueles que sofrem é causar dor a si mesmo para mascarar o mal-estar emocional.

Nesse contexto, a problemática que envolve a automutilação na adolescência — também conhecida por autoflagelação — sugere a necessidade de criarmos planos de intervenção mais eficazes e que possam frear os impactos negativos dessa prática.

Não sabe muito bem o que é esse assunto? Acha que o seu filho está se automutilando? Continue a leitura para que possamos, juntos, entender quais são as alternativas para ajudar os jovens a superar a automutilação. 

Entenda as motivações que conduzem ao ato, as formas de prevenção e os tratamentos disponíveis para conter um problema que está se tornando cada vez mais comum em nossa sociedade. Acompanhe!

O aumento da automutilação na adolescência

Ao contrário do que se pensa, os atos de automutilação não são apenas um capricho, modismo cibernético ou formas de chamar a atenção. A autoflagelação está interligada a questões psicológicas tão sérias que, se não tratadas adequadamente, podem evoluir para situações irreversíveis.

O aumento dessa prática, especialmente na adolescência, merece atenção máxima dos pais e professores, pois é um indicador de problemas psicológicos graves e que exige intervenção profissional urgente.

Como esse tema está ganhando destaque na mídia e na internet, muitos jovens usam o potencial das redes sociais para disseminar essa prática. Especialistas afirmam que as motivações para a automutilação estão relacionadas a múltiplos fatores. 

No entanto, o ato de machucar-se nem sempre é uma metáfora para muitas crianças e adolescentes. Alguns relatam que se valem da exposição de cortes feitos pelo corpo para disfarçar, ou mesmo amenizar a dor da alma por se sentirem sozinhos e que ninguém se importa com eles. 

Os jovens realizam a autoflagelação em momentos de solidão, angústia, dor e uma insuportável tensão interna, a qual eles ainda não sabem como enfrentar. Esses atos são vistos como tentativas de substituir uma dor que não encontra expressão em nenhuma outra forma. Nem mesmo pela via das palavras, já que muitos se fecham no silêncio.

Ou seja: temos, aqui, um pedido de socorro! 

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As principais causas da automutilação

A adolescência é uma fase complicada. Ela é uma etapa do desenvolvimento humano marcada por alterações físicas, cognitivas, sociais e comportamentais que exigem um cuidado especial por parte dos pais. 

Por isso, o suporte familiar é um dos processos que permite ao jovem passar por essa etapa da vida de forma equilibrada e saudável.

Assim, a prevalência da automutilação e as motivações ligadas aos conflitos familiares deixam claro que a lacuna na estrutura familiar é um gatilho para potencializar o problema. Porém, há outras causas associadas a essa prática. 

Veja quais são!

Depressão

Na adolescência, a depressão é uma questão delicada e que deve ser levada a sério. Se não for adequadamente tratada, essa doença pode evoluir para situações mais graves, como o abuso de álcool e drogas e as ideações suicidas.

As automutilações entre adolescentes e jovens estão relacionadas a características clínicas da depressão. Pais e professores precisam estar atentos a alguns sinais que indicam a necessidade de intervenção profissional.

Os sintomas mais evidentes de depressão na adolescência são isolamento social, tristeza, irritabilidade e redução da autoestima. Nesse grupo há, ainda, o desinteresse pela escola ou por atividades que antes eram prazerosas, sentimento de inutilidade e outros que sugerem a necessidade de suporte profissional.

Solidão

O estilo de vida contemporâneo e as mudanças de comportamento social tem colaborado para a instituição das “famílias disfuncionais”. Esse conceito abrange tanto a ausência física dos responsáveis como o distanciamento que gera a falta de interação entre pais e filhos.

Tal condição contribui para potencializar crises depressivas entre filhos que têm muita dificuldade em se relacionar com os pais e, com isso, se isolam também das pessoas ao seu redor. 

Por isso, muitos jovens optam pela autoflagelação, já que não têm com quem falar sobre seus sentimentos, dificuldades emocionais ou expressar sua dor.

Bullying

O bullying nas escolas está bastante relacionado às situações que envolvem padrões estéticos de beleza e dificuldades na aprendizagem. 

Sob a ótica dos demais colegas, os alunos que não se enquadram no perfil “perfeitamente correto” são os alvos de perseguição desses grupos que promovem o bullying.

Além desses fatores de sustentação do bullying, os conflitos de aceitação de padrões de gênero, ou dificuldades ligadas à homoafetividade, são gatilhos que levam à prática de autoflagelação entre crianças e adolescentes.

Automutilação versus comportamento suicida 

A automutilação e o suicídio são comportamentos autolesivos complexos que surgem de uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, ambientais e sociais. Embora ambos envolvam a autoagressão, eles se distinguem pela intenção e pelos aspectos associados a cada comportamento.

A automutilação sem intenção suicida, chamada de ASIS, envolve a autolesão direta e deliberada sem intenção de morrer. A pessoa se machuca intencionalmente, mas o objetivo não é terminar a vida.

Exemplos disso são se cortar, se queimar ou bater partes do corpo contra móveis ou a parede. Elas podem ser classificadas em lesões leves, moderadas e graves. Ou seja: alguém pode se machucar bastante, mesmo sem a intenção de finitude da vida. 

O comportamento suicida, por sua vez, envolve a intenção de morrer. Qualquer comportamento autolesivo com a intenção de terminar a vida é classificado como suicida. Sendo assim, está normalmente acompanhada de um desespero insuportável, assim como uma sensação de desesperança. 

Os impactos na vida do adolescente e da família

Muitos jovens praticam a autoflagelação por não ter com quem partilhar sua dor. Esses desajustes emocionais geram conflitos diversos e comprometem a vida pessoal, escolar e os relacionamentos afetivos e familiares. 

O impacto desse problema resulta em comorbidades psíquicas e aumentam o risco para o surgimento de doenças físicas também.

Para os familiares, exige-se um trabalho contínuo de suporte emocional e de proximidade com um indivíduo que necessita de carinho e amparo. O adolescente precisa ser guiado por um caminho de respostas mais positivas em relação aos conflitos da idade.

Entre 1990 e 2015, a prevalência média de comportamentos autolesivos deliberados em adolescentes foi de 16,9% ,em escala global. Já no Brasil, um estudo com 517 adolescentes de 10 a 14 anos encontrou uma prevalência de 9,48% de comportamentos ASIS nos últimos 12 meses.

Outra informação importante é que boa parte dos comportamentos autolesivos surgem por volta dos 13 anos, e não mais comuns em meninas. 

Ainda que sob a ótica dos que se automutilam, isso ajude a aliviar sofrimentos emocionais ou tensões psicológicas, esse é um fenômeno bastante delicado. Um dos motivos é a estreita relação entre a automutilação e a tentativa de suicídio.

No Brasil, em 2023, foram registrados mais de 11 mil casos de tentativa de suicídio. Isso é o equivalente a cerca de 30 internações por dia com base nessa queixa.

Como identificar sinais de automutilação?

Identificar sinais de automutilação é crucial para oferecer apoio e ajuda adequados a quem está passando por essa situação. A automutilação, muitas vezes associada a problemas emocionais ou psicológicos, pode ser um comportamento desafiador de reconhecer. 

Conheça alguns exemplos!

Cortes ou arranhões incomuns

Verifique se há cortes, arranhões ou feridas em áreas não comuns, como os braços, pernas, estômago ou coxas. Esses sinais podem ser pequenos e não muito visíveis, portanto, observe qualquer lesão repetida.

Uso de roupas mais longas, mesmo no calor

Pessoas que praticam automutilação podem usar roupas longas ou soltas para cobrir feridas. Observe se há uma mudança repentina no estilo de vestir.

Mudanças comportamentais

Mudanças no comportamento, como isolamento social, alterações de humor abruptas ou retraimento, podem ser um sinal de que a pessoa está lidando com problemas emocionais graves.

Aumento do isolamento

Se a pessoa está se afastando de amigos e familiares, pode estar tentando esconder os sinais de automutilação ou lidando com emoções difíceis.

Como ajudar quem está passando por isso?

Quer saber como ajudar as pessoas que estão passando por isso? Veja como se comunicar com jovens de diferentes faixas etárias e abordar o tema de forma empática, carinhosa e respeitosa!

Crianças de 4 a 8 anos

Para ajudar crianças nessa faixa etária, é importante começar falando sobre sentimentos. Ajude-as a identificar e nomear suas emoções, utilizando métodos apropriados como desenhos e brincadeiras para expressar o que estão sentindo. 

Encoraje a expressão dos sentimentos através de diferentes meios e explique que sentir emoções desconfortáveis é algo normal. Além disso, garanta que a criança não tenha acesso a objetos que possam usar para se machucar. 

Por fim, invista em atividades com a criança para demonstrar seu apoio e disponibilidade. Ensine a identificar adultos confiáveis e explique que, se necessário, outros adultos também podem oferecer ajuda.

Crianças e adolescentes de 9 a 13 anos

Tantas mudanças! Nesta fase, fique atento aos sinais de depressão e converse abertamente sobre eles. Reconheça os estressores comuns e discuta como lidar com eles de maneira saudável. 

É fundamental abordar o uso de álcool e drogas como estratégias inadequadas para enfrentar emoções. Ajude a criança ou adolescente a identificar emoções, pensamentos e comportamentos que possam indicar problemas de saúde mental. 

É importante encorajar os jovens a expressar seus sentimentos e oferecer uma escuta atenta e sem julgamentos.

Adolescentes de 14 a 18 anos

Para adolescentes, é crucial reconhecer os sinais de depressão e ajudar a identificar se estão passando por isso. Converse de maneira aberta sobre os sentimentos e pensamentos do adolescente e como estão lidando com eles. 

Por isso, ofereça apoio para que possam se expressar livremente, evitando críticas e julgamentos. Escute de forma empática e ofereça compreensão, além de estar atento a sinais de autolesão. Se o adolescente expressar pensamentos suicidas, fique próximo e ajude a buscar ajuda profissional.

Por fim, encoraje os jovens a observar sinais de sofrimento em amigos e colegas e a relatar qualquer comportamento sugestivo de suicídio a um adulto responsável.

A urgência na internação e o risco de vida

O ato de desferir dor a si mesmo pode representar um ensaio para práticas mais perigosas. Considerando o aumento dos índices de suicídio entre os jovens brasileiros, a sociedade precisa buscar soluções mais eficazes, como encaminhar os suspeitos desses atos para tratamento especializado.

Além da associação com o comportamento suicida, o risco de morte também está implícito na própria atitude de se automutilar: um corte mais profundo em regiões mais sensíveis, como o pulso, por exemplo, pode levar o adolescente à morte, ainda que ele não tenha tal intenção.

Outro problema associado à automutilação é o risco de infecção nas regiões golpeadas. Para além dessas questões, há as marcas emocionais que podem perdurar até a vida adulta, caso não sejam tratadas corretamente.

Percebe-se, por fim, que a autoflagelação na adolescência é uma desordem emocional que não pode ser ignorada. Não é, pois, um simples ato que vai passar com o tempo. Logo, a alternativa mais segura é buscar ajuda profissional e avaliar a necessidade de internação urgente.

O Hospital Santa Mônica oferece todo o suporte necessário ao tratamento para reverter os impactos dos desajustes resultantes da automutilação na adolescência. Nossa equipe multidisciplinar está pronta para auxiliar no que for preciso para recuperar a saúde mental e melhorar a qualidade de vida de nossos pacientes.

Em caso de suspeita de automutilação, não espere para depois: entre em contato imediatamente com o Hospital Santa Mônica e conheça nossas soluções!

15 Comentários em “Automutilação na adolescência: o que está por trás do ato?”

  • Ana Cristina da Silva

    diz:

    Meu Deus, que tristeza, minha filha está passando por isso, e eu não estou sabendo como lidar com essa situação ???

    Responder

    • Mônica

      diz:

      Olá Ana Cristina, ela está em acompanhamento psicológico ou psiquiátrico?

      Responder

  • Janice Gonçalves Pimenta

    diz:

    Gostaria de saber mais informações sobre o assunto.

    Responder

  • Rogério Gomes da Silva

    diz:

    Hoje pela manhã pedi para minha filha mostrar o braço e o braço dela tava todo cheio de cortes perguntei a ela o que era ela não quis me responder o que é que eu faço.

    Responder

    • Mônica

      diz:

      Olá Rogério, agende uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo dependendo da idade da sua filha, pode ser especializado em infantojuvenil, ela ter alguém em quem confiar será de grande ajuda.

      Responder

  • Rodolfo Rodrigues Ramos

    diz:

    Ola poderia enviar pra todos oa ebooks disponível

    Responder

  • Margareth kuster

    diz:

    Parabéns, equipe do Hospital Santa Mônica. Essa cartilha é de muito valor é orientativa para muitas famílias hoje. Repassei para várias. Obrigada. Saúde mental é coisa séria e precisa ser cuidada, sempre!

    Responder

    • Mônica

      diz:

      Obrigada Margareth, se sentir falta de algum tipo de conteúdo, só pedir, abraço

      Responder

  • Regina Toniato martins

    diz:

    Muito bom esse esclarecimento
    Como entrar em contato com esse hospital?
    Preciso de ajuda

    Responder

    • Mônica

      diz:

      Olá Sim, entre em contato conosco (011) 98657-4262/(011) 99534-4287

      Responder

  • Laila Galindo

    diz:

    Minha filha está passando por isso, e tem sido um sofrimento para todos nós. É horrível como mãe, nos sentirmos impotentes, frustradas e muitas vezes culpadas por tudo isso, ver seu filho machucado, com dependências emocionais e principalmente ter que lidar com o pensamento que a qualquer momento chegará a notícia que seu filho cometeu suicídio.
    Eu não sei como lidar!

    Responder

    • Mônica

      diz:

      Olá Laila, se for adolescente, agende uma consulta com um psiquiatra especializado em infantojuvenil, esse é o melhor caminho, o tratamento, pelo que relatou o ato de se autolesionar é porque está em sofrimento, por isso toma essa atitude e é importante tratar para prevenir.

      Responder

  • jairo

    diz:

    boa tarde! estamos enfrentado essas dificuldades com nossa filha de 17 anos, levamos em uma neurologista, em um psiquiatra, e também oferecemos vários profissionais de psicologia, porém este ultimo ela se reluta em fazer qualquer tipo de tratamento. pouco foi a evolução dos medicamentos. sinceramente estamos preocupados e procurando orientação

    Responder

    • Olá Jairo, o ideal seria passar com um psiquiatra para que ele possa avaliar o que está levando a autolesão e tratar, existem psiquiatras especializados em infantojuvenil, talvez seja mais assertivo com ela. Se precisar segue nosso contato 11 4668-7455

      Responder

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