Muitas famílias enfrentam situações delicadas com um ente querido que sofre de algum transtorno mental. De fato, as dificuldades enfrentadas pela família são diversas, ocasionando muitas dúvidas e conflitos entre todos os familiares. No entanto, por meio de cuidados dos familiares e da busca por orientação adequada, é possível todos da família conviverem e vencerem os obstáculos do dia a dia.
Muitos estudos apontam a importância dos familiares participarem ativamente da rotina de quem sofre de algum problema de saúde mental, pois sabe-se que os desafios devem ser superados todos os dias. Mesmo assim, as questões persistem. Como lidar com o ente querido? O que fazer em casos de comportamento violento? Como se fortalecer emocionalmente para poder ajudar efetivamente?
Neste post, mostramos parte da realidade de quem cuida de um ente querido com algum tipo de transtorno mental. Continue a leitura para conhecer melhor as dificuldades enfrentadas e as melhores abordagens para enfrentar a situação. Boa leitura!
Entender e aceitar a doença
Durante muitos anos, as pessoas com transtorno mental eram colocadas em manicômios e ficavam por lá, praticamente abandonadas. A participação da família era quase inexistente. Com o passar dos anos, após muitas reformas, estudos e avanços sobre a saúde mental, percebeu-se a importância da presença e da participação dos familiares para o tratamento e o restabelecimento do enfermo. Apesar da mudança ocorrida, ainda existem famílias que têm dificuldade em aceitar o transtorno mental de seu ente querido. Erroneamente, muitas pessoas julgam que quem padece de tal doença cometeu, necessariamente, algum erro ou tem uma carga genética mais “fraca”.
Por outro lado, muitas famílias estão entendendo que ter alguém no meio familiar que sofre de algum transtorno é um aprendizado diário. São pessoas que podem ensinar bastante, por meio de suas trajetórias de superação, desde que devidamente tratadas e apoiadas pelos familiares. Muitas pessoas, felizmente, estão se conscientizando da importância de levar seu ente querido, que sofre de algum tipo de transtorno mental para festas e demais eventos, por ser importante para a autoestima deles. Com esse tipo de atitude, todos da família são beneficiados. Os laços afetivos são reforçados e a pessoa com transtorno mental se sente valorizada.
Em suma: é fato que um caso de transtorno mental na família gera dificuldades e inconvenientes. Porém, o quanto antes a família aceitar a realidade da doença, mais fácil será para aprender sobre ela e criar estratégias para minorar as dificuldades e promover qualidade de vida para todos, principalmente para quem padece do transtorno.
Compreender as fases e sintomas
Devido a falta de informação adequada, muitos familiares se veem perdidos ao assistirem seus entes queridos se debilitando em função de uma doença que, na maioria das vezes, não apresenta causas aparentes. Acreditam que os variados sintomas, que geram sofrimento e angústia, não têm muito fundamento. É algo muito comum de acontecer nos casos de depressão, por exemplo.
Vale reforçar que atitudes de amor, compreensão, e busca por auxílio médico farão toda diferença para que quem padece de transtorno mental sintam-se acolhidos pela família. Como destaca a grande psiquiatra do século XX, Nise da Silveira: “Isso não quer dizer, de forma alguma, que a proposta é de mimos e paparicos, mas, sim, da compreensão dos modos como o ambiente e as relações nos afetam subjetivamente.”
Muitos transtornos apresentam diferentes sintomas diversos, que se manifestam das mais variadas formas. Assim, quem não se informa adequadamente pode acreditar que as reações do indivíduo são exageradas.
Outro engano bem comum: supor que os sintomas sejam provocados por alguma doença física, como mudanças hormonais — principalmente se a pessoa for um adolescente —, fraqueza de personalidade ou por alguma situação difícil que ela esteja passando.
Muitos familiares ainda enxergam a saúde mental como um tabu ou algo inventado. Acreditam que as doenças somente são verdadeiras quando acometem algum órgão físico.
No entanto, é muito claro que posturas desse tipo em nada aliviam os sofrimentos do paciente e da própria família. É preciso dissipar as névoas da ignorância e da informação, buscando compreender os sintomas e a dinâmica da doença. Somente assim será possível lidar com ela de forma benéfica.
Conseguir intervir nos casos críticos
Devido a diversas cargas emocionais e da necessidade de reestruturação familiar para adequar o ente que sofre com o transtorno mental, muitos familiares têm se esforçado com mais paciência e aptidão para lidar com as crises e surtos que podem ocorrer.
O que infelizmente não acontece ainda em muitos lares. Sendo assim, uma das dificuldades que as pessoas enfrentam diariamente com os que sofrem com o transtorno mental é justamente conseguir intervir em situações críticas.
Levando em consideração os diferentes tipos de transtorno que existem, muitas das vezes as intervenções são feitas de forma errada, por acreditar que a forma de ajudar é igual para todas as doenças mentais. Por não terem o conhecimento necessário, em vez de evitar uma situação crítica, podem piorar o quadro de saúde de seu familiar.
Buscar ajuda profissional
Devido ao preconceito que ainda existe, muitas famílias relutam para procurar ajuda de um profissional da área de saúde mental, seja um psicólogo ou psiquiatra. Ainda é forte a ideia de que os transtornos mentais são “doenças de louco”, ou que procurar auxílio em psicoterapias é “coisa para gente fraca”.
No entanto, muitos desses conceitos estão sendo desfeitos por meio da conscientização e do avanço das informações corretas sobre o que é transtorno mental. Em muitos lares, as pessoas já estão mais conscientes da importância em buscar ajuda de um especialista em saúde mental.
No entanto, outros tipos de pensamentos ainda rondam o imaginário popular, como achar que a psicoterapia é uma exposição da vida familiar. Esse pensamento errôneo é um empecilho para o tratamento correto. A saída é uma só: informação e conscientização.
Apoiar o doente
Muitas famílias acabam não dando o devido afeto e se esquecem de dispensar os cuidados necessários às pessoas que sofrem com transtornos mentais. Muitas delas precisam de tomar medicamentos nos horários certos, receber os devidos estímulos, além de outros tratamentos.
Ter um ambiente conturbado não contribuirá para o benefício da saúde do ente querido, assim como o excesso de zelo pode atrapalhar em muito os resultados positivos alcançados pelo paciente. O que acontece é que a família tem que lidar com as diversas mudanças de comportamentos e acaba, muitas vezes, não conseguindo apoiá-lo adequadamente.
No entanto, vale destacar que é no afeto de um ambiente familiar equilibrado que o portador de um transtorno mental encontra tranquilidade e suporte para ter qualidade de vida.
Em suma, pode até não ser simples, mas é recompensador acompanhar o desenvolvimento e o progresso de cada etapa do tratamento de um familiar que sofre com transtorno mental. Por isso, acredite: levando em conta as particularidades de cada um e combinando a melhor intervenção terapêutica com o amor e o acolhimento necessário, o paciente e sua família têm tudo para viver uma vida alegre e de qualidade.