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Depressão: sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção

A depressão é uma doença mental. Ela é caracterizada por alterações na atividade cerebral que levam a um quadro duradouro de tristeza ou perda de interesse por atividades corriqueiras.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 322 milhões de pessoas de todas as idades sofrem com essa doença no mundo. A doença é mais observada em mulheres e pode levar ao suicídio, que é a segunda maior causa das mortes entre jovens de 15 a 29 anos.

Por se tratar de um mal silencioso e incapacitante, a depressão foi classificada pela entidade como o mal do século. Atualmente, ela também é a principal causa de afastamento do trabalho, de acordo com a organização.

No Brasil, são 11,5 milhões de pessoas que sofrem com a depressão, segundo dados divulgados em 2017. Na época, essa proporção representava 5,8% da população e era a maior taxa de incidência em países da América Latina. No entanto, esse número pode ser ainda maior por conta dos casos ainda não diagnosticados.

Nem sempre é fácil obter um diagnóstico correto da doença. Uma pessoa que apresenta um quadro de tristeza e debilidade permanente pode não recorrer a nenhum tratamento por não ter consciência da própria situação.

Outros indivíduos à sua volta podem considerar os sintomas como uma tristeza passageira ou como um quadro comum de insatisfação, ignorando ou negligenciando a importância de buscar tratamento.

Os sintomas também podem aparecer em conjunto com outras enfermidades. Não é raro que pessoas com depressão desenvolvam outros problemas físicos ou mentais, como dores, inflamações e alterações no humor ou no peso.

A depressão não tem uma causa definida. Fatores genéticos têm grande influência para uma pessoa que desenvolve essa disfunção, mas eles não são decisivos para desencadeá-la.

Pessoas com predisposição podem nunca desenvolver a doença, enquanto outras podem passar a sofrer com ela, ainda que não tenham histórico na família.

A depressão pode se desenvolver desde muito cedo, ainda na infância de uma pessoa. Ela também pode ser desencadeada pelos chamados gatilhos — fatores específicos, como um trauma ou alguma situação que ofereça um grande incômodo para uma pessoa.

Os sinais dessa doença também podem ser mascarados pelo consumo de substâncias químicas, como medicamentos ou drogas recreativas. O abuso desses compostos pode não ser em si a causa do transtorno, mas pode ser um fator que desencadeia os sintomas.

Da mesma forma que o diagnóstico, o tratamento da depressão também não costuma ser simples. Geralmente, ele é baseado em psicoterapia e uso de medicamentos. Em alguns casos, a internação pode ser recomendada.

Além disso, cada paciente reage de forma diferente ao tratamento, o que reforça a importância de um diagnóstico preciso e do acompanhamento médico especializado.

Apesar das novas descobertas feitas pelos estudos sobre o tema, a depressão ainda gera muitas dúvidas entre a comunidade científica. Assim, suas causas, consequências, prevenção e tratamento continuarão sendo investigados por especialistas.

A seguir, vamos compreender melhor quais são os principais sintomas da depressão, como é o tratamento de um paciente depressivo e o que pode ser feito para ajudar pessoas nessa situação.

O que é a depressão?

A depressão é um problema mental e físico. No meio científico, ela também é conhecida como transtorno depressivo maior ou distúrbio depressivo maior.

Sua origem não pode ser determinada com precisão, mas ela envolve causas genéticas, psicológicas e sociais. O histórico familiar, as experiências traumáticas vividas por uma pessoa e o uso de medicamentos ou drogas também são fatores que podem desencadear um quadro de depressão.

A depressão também afeta o funcionamento do organismo de um indivíduo. O cérebro humano é formado por células chamadas de neurônios, que se comunicam entre si por meio de substâncias chamadas de neurotransmissores. Essa troca de informações é o que permite o bom funcionamento do sistema nervoso.

No caso de uma pessoa com esse transtorno, os neurotransmissores não cumprem sua função parcial ou totalmente, prejudicando o humor e o bom funcionamento do organismo do paciente.

Todas as pessoas podem passar por períodos de tristeza, às vezes prolongada. O corpo humano é programado para reconhecer situações de perigo, estresse ou angústia e se preparar para enfrentá-las.

Ao detectar uma ameaça, o cérebro produz substâncias químicas que acionam outras glândulas espalhadas pelo corpo. Elas, por sua vez, produzem os seus próprios compostos, que atuam no organismo do indivíduo gerando impulsos.

Esses impulsos aumentam a percepção da pessoa, gerando o chamado estado de alerta. Eles fazem os músculos ficarem tensos, o coração bater mais rápido e os pulmões se esforçarem mais no mecanismo da respiração, como se o corpo estivesse diante de uma ameaça externa.

Quando o cérebro entende que não há perigo para o indivíduo, os níveis hormonais caem e o corpo retorna ao estado de repouso.

No caso de uma pessoa depressiva, ocorre o inverso: uma deficiência na produção de neurotransmissores. Assim, o organismo fica mais lento e as funções do corpo podem acabar prejudicadas, como a digestão, a circulação do sangue e o sistema imunológico do indivíduo. Em casos mais graves, a depressão pode levar a problemas de memória e esterilidade.

Essa redução da produção de substâncias que agem no cérebro também altera o humor do paciente, provocando a tristeza e a falta de interesse típicas da depressão.

Depressão e drogas

O abuso de drogas pode desencadear a depressão. As substâncias usadas com fins recreativos (as chamadas drogas psicoativas ou psicotrópicas) costumam contribuir para esse quadro.

Esses compostos agem no sistema nervoso central de um indivíduo, alterando o funcionamento do organismo. Algumas substâncias causam microlesões no cérebro, como um efeito colateral. No longo prazo, essas lesões podem resultar em danos irreversíveis.

O crack e a cocaína, por exemplo, são drogas chamadas de estimulantes. Em um primeiro momento, eles provocam euforia e prazer por meio da ativação dos sentidos e do aumento da sensibilidade do indivíduo. Essa sensação é causada por substâncias químicas liberadas pelos neurônios, os neurotransmissores.

Um efeito secundário do consumo dessas drogas é um quadro de tristeza ou debilidade por conta do esgotamento dos neurônios. Medo ou culpa também podem surgir de acordo com o estado emocional da pessoa ou das situações ocorridas durante os efeitos iniciais dessas drogas.

Quando há predisposição à depressão, as alterações na atividade cerebral têm grande poder para agravar o quadro de saúde de um dependente químico.

A interrupção do consumo é igualmente nociva por conta do desequilíbrio já causado. A partir daí, o dependente pode ter seu quadro clínico agravado e passar a sofrer com crises de abstinência, que podem gerar agressividade ou piorar um quadro de depressão préexistente.

Quais são os sintomas da depressão?

A tristeza constante é o sintoma mais conhecido da depressão. Baixa autoestima, perda de interesse por atividades de rotina, pouca energia e dores sem causa definida também são sinais recorrentes desse transtorno. Delírios e alucinações também podem ocorrer em casos mais graves.

Do ponto de vista clínico, somente são considerados como depressão os sintomas que persistem por, pelo menos, duas semanas. Dependendo dos sinais apresentados pelo paciente, ela pode ser classificada de diferentes formas, como veremos a seguir.

Depressão clássica

A depressão clássica também é conhecida como transtorno depressivo maior. Ela é caracterizada por um sentimento constante de tristeza profunda, fadiga, distúrbios do sono e falta de vontade de fazer atividades corriqueiras ou prazerosas, como trabalhar, estudar, comer, divertir-se, e assim por diante.

Pode ser desencadeada por um trauma ou pelo abuso de drogas.

A depressão clássica pode durar anos, mas pode ser combatida com o tratamento adequado. Mas nem sempre uma situação de perda ou luto resulta em depressão.

O ideal é observar como a pessoa se comporta para identificar os sinais desse transtorno e recorrer ao auxílio médico.

Distimia

A distimia também é conhecida como transtorno depressivo persistente ou depressão crônica leve. Os sintomas são os mesmos da depressão clássica, porém menos severos e mais duradouros.

Em algumas pessoas, ela pode ser caracterizada como a aversão ao estresse para evitar situações de falha, uma vez que a baixa autoestima e o sentimento de culpa são comuns nesses casos.

Devido à sutileza dos sintomas, o diagnóstico pode ser mais difícil. Uma pessoa que sofre desse mal também é capaz de esconder os sintomas em situações sociais, o que dificulta ainda mais a detecção do problema.

Transtorno bipolar

O transtorno bipolar é caracterizado pela alternância entre os sintomas de depressão e períodos de ansiedade intensa, a chamada fase maníaca. Em alguns casos mais graves, o paciente pode apresentar sinais de psicose.

Na fase maníaca, a pessoa se comporta de forma oposta aos traços característicos da depressão. Demonstra energia intensa, alegria, inquietação e até irritação.

Em outro período, volta a aparentar a tristeza profunda e falta de vontade para atividades de rotina típicos da depressão.

Depressão pós-parto

A gravidez e o parto costumam provocar alterações hormonais intensas no corpo da mulher. Após o nascimento do bebê, há uma queda nos níveis hormonais e mulheres podem apresentar os mesmos sinais característicos da depressão.

O desgaste, o desconforto e algumas frustrações provocadas pela gravidez também podem ser catalisadores desse tipo de depressão. Partos traumáticos ou prematuros também podem ser uma influência.

Em alguns casos, aparece o sentimento de rejeição do feto ou de outros familiares. Alguns pais também podem apresentar esses sintomas, apesar desses casos serem mais raros.

Depressão sazonal​

Também conhecida como distúrbio afetivo sazonal, esse tipo de depressão é caracterizado por ter seus sintomas ligados a determinados períodos do ano.

Os sintomas podem aparecer em determinadas estações do ano, como outono e inverno, e desaparecer em outras, como primavera e verão. Geralmente, este transtorno está ligado à ausência do sol e é mais comum em países de clima frio.

Outros sinais além da típica tristeza podem ser fadiga, distúrbios do sono e da alimentação.

Como é feito o diagnóstico da depressão?

A maioria das pessoas que apresentam sintomas de depressão não costuma procurar ajuda médica logo nos primeiros momentos.

Isso porque os sinais podem não ser tão claros, até mesmo para o próprio paciente que sofre com esse tipo de distúrbio.

Além disso, efeitos colaterais de medicamentos e outras doenças podem provocar sinais parecidos com os da depressão, o que também complica o diagnóstico.

Uma pessoa que apresenta esses sinais deve, primeiro, fazer exames clínicos para verificar se sofre de alguma doença. Se estiver tomando algum medicamento, deve consultar um médico para avaliar quais efeitos essa substância está provocando em seu organismo.

O diagnóstico da depressão é feito a partir da presença de, pelo menos, dois dos sintomas a seguir:

  • tristeza recorrente;
  • falta de interesse ou prazer diminuído em atividades de rotina;
  • problemas com o sono ou a alimentação;
  • ganho ou perda de peso não intencional;
  • agitação ou apatia;
  • fadiga ou falta de energia;
  • dificuldade de concentração;
  • impulsos suicidas ou de automutilação.

Somente um profissional especializado pode determinar o diagnóstico correto da depressão e recomendar o tratamento adequado.

Muitas vezes, ele envolve a ingestão ou aplicação de medicamentos. Se mal empregados, eles podem causar ainda mais danos à saúde do paciente. Por isso, não se deve tomar antidepressivos antes de consultar um profissional que os recomende.

É importante ressaltar que não existe idade mínima para o aparecimento dos sinais desse transtorno. A depressão na adolescência não é incomum diante das transformações hormonais e sociais que um jovem enfrenta.

No outro extremo, a depressão em idosos também é recorrente, principalmente para aqueles que dependem de cuidados.

Depressão tem cura?

A depressão é um transtorno que pode ser amenizado e seus sintomas podem até desaparecer dependendo do tratamento empregado.

Esse tratamento é feito com medicamentos antidepressivos e psicoterapia. A internação do paciente pode ser recomendada quando ele apresenta um perigo à própria saúde ou às pessoas de seu convívio.

Tratar a depressão não é simples e cada paciente pode apresentar uma evolução diferente, dependendo da forma como seu organismo reage.

Por esse motivo, os cuidados podem se estender por anos. O paciente pode ter de fazer o uso de medicamentos e submeter-se à check-ups periódicos constantes. Além disso, a própria consciência do indivíduo em relação à sua situação também será decisiva para os rumos desses cuidados.

Justamente por ela ser uma doença incapacitante, uma pessoa pode não ter vontade de buscar ajuda e acabar bloqueando a sua própria recuperação. No entanto, medicamentos estão se mostrando como uma forma eficaz de tratar esse mal no curto prazo.

Um estudo conduzido pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, mostrou que os antidepressivos são eficazes para o tratamento da depressão no curto prazo. Os resultados da pesquisa foram baseados em testes clínicos com 116 mil pacientes adultos tratados com 21 tipos de medicamentos.

Pós-tratamento da depressão

É altamente recomendável o acompanhamento médico de indivíduos que já sofreram com depressão ou tiveram alta de tratamentos mais intensos. Ele pode ser feito com médicos toxicologistas ou psicólogos, além de outros profissionais que se fizerem necessários, dependendo do quadro de saúde do paciente.

O importante é que uma pessoa se lembre da necessidade de cuidar de sua saúde, física e mental, para evitar um novo agravamento dos sintomas.

Também é ideal manter hábitos saudáveis e reintegrar-se ao convívio social. Grupos de apoio mútuo podem ser interessantes nesse sentido, pois o paciente pode compartilhar suas experiências com outras pessoas que sofrem ou sofreram com problemas semelhantes.

Uma pessoa que levava determinado estilo de vida, antes de apresentar sinais mais severos de depressão, pode ter de fazer alguns ajustes em sua rotina a fim de evitar os gatilhos que a levaram a sofrer com esse distúrbio.

Assim, o ideal é fazer uma análise de hábitos positivos e negativos para a saúde do paciente, fazendo mudanças que, efetivamente, possam afastá-lo das situações que possam causar uma recaída ou ofereçam risco à sua saúde.

Também é necessário manter hábitos saudáveis, tanto físicos quanto mentais. Fazer atividades que estimulem corpo e mente aumentam a sensação de bem-estar e elevam níveis de hormônios responsáveis pela sensação de prazer e satisfação.

Cuidar de aspectos da vida pessoal, como carreira, estudos, vida conjugal, familiar e social também são questões que não podem ser deixadas de lado. A boa convivência com as pessoas é um aspecto importante para a saúde mental de qualquer indivíduo. Quanto mais esse aspecto for desenvolvido, menos suscetível essa pessoa estará à volta dos sintomas de depressão.

A seguir, vamos ver mais dicas de como prevenir esse transtorno mental.

Como prevenir a depressão?

Não existe uma forma cientificamente comprovada de prevenir a depressão. Porém, inúmeros estudos já mostraram a importância do equilíbrio entre os três pilares essenciais para garantir uma vida melhor a qualquer pessoa, independentemente de seu quadro de saúde.

Cuidados pessoais

Pessoas que reconhecem a importância de cuidar tanto do corpo quanto da mente conseguem lidar melhor com a ocorrência de algum transtorno. Elas também desenvolvem a consciência de que é preciso tratar sintomas de qualquer doença, de modo que eles não representem um obstáculo às suas atividades de rotina;

Qualidade das relações sociais

Pessoas com relações sociais de qualidade têm mais chances de desenvolverem suas habilidades e alcançarem a realização pessoal. Além disso, se tornam mais seguras para expressar suas emoções e detectar qualquer sintoma de alguma disfunção.

Prática recorrente da atividade física

Exercitar-se evita diversos males físicos e ajuda no bom funcionamento do organismo. Também aumenta a sensação de prazer e bem-estar, a partir da liberação de substâncias no cérebro que proporcionam sensações positivas para um indivíduo.

Algumas linhas de pesquisa também apontam uma vida espiritual saudável como um quarto pilar para garantir uma vida melhor às pessoas e evitar que a incidência de alguma doença seja capaz de debilitá-las.

Apesar do rápido avanço do conhecimento médico nessa área, o funcionamento do cérebro humano ainda é um grande mistério para a ciência. Assim, tanto a depressão como outros transtornos mentais ainda não foram completamente compreendidos.

Os estudos nesse campo devem continuar a mostrar novas descobertas sobre o tema e, assim, novas formas de prevenção, diagnóstico e tratamento podem surgir. Para quem convive com uma pessoa que apresenta sintomas de depressão, é importante ter em mente que os sinais nem sempre são claros, até mesmo para o próprio paciente.

Por isso, é importante criar um ambiente de diálogo e compreensão, de modo que a pessoa se sinta à vontade para se abrir e falar sobre o que sente. Essa prática, aliás, independe do quadro de saúde dos indivíduos. Falar sobre sentimentos é pouco usual, principalmente entre pessoas do sexo masculino.

É justamente essa barreira que faz com que a depressão seja mais diagnosticada entre mulheres, apesar de sua incidência não estar relacionada ao gênero. Ou seja: não é que homens estão menos propensos a sofrerem de depressão, e sim que eles conversam menos sobre isso. A depressão masculina, aliás, é uma das principais causas do suicídio.

Depressão: um tabu que está sendo quebrado?

Além de todos os avanços científicos, a conscientização sobre a depressão, suas causas e o tratamento necessário para recuperar pacientes é uma poderosa arma para auxiliar no diagnóstico e na prevenção desse mal.

Muitos preconceitos têm sido desfeitos em relação aos seus sintomas, graças às descobertas da ciência e ao esclarecimento da população sobre o tema.

O exemplo mais comum de preconceito em relação à depressão é a conclusão de que um indivíduo depressivo está apenas indisposto ou deliberadamente não tem vontade de lidar com questões de sua vida pessoal.

Há também estereótipos sobre a depressão que podem induzir a erros no tratamento. Geralmente, esse transtorno é relacionado à tristeza, indisposição e ao isolamento. No entanto, há casos em que o paciente depressivo apresenta traços de euforia ou neurose, quando em contato com outras pessoas.

O aumento do número de diagnósticos de depressão é um sinal do avanço dos estudos de especialistas sobre o tema e do aprimoramento das formas de diagnóstico. Também indica que esse transtorno está sendo levado mais a sério pela população em geral.

Agora que você entende melhor quais são as principais características da depressão, está pronto para ajudar pessoas que já foram diagnosticadas ou apresentam os sintomas desse transtorno. Entre em contato com nossos especialistas para obter mais informações ou compartilhe aqui nos comentários a sua experiência.

 

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