Você sabia que existem seis tipos de esquizofrenia? Essa é uma doença mental grave, de evolução crônica e que, apesar de não ter cura, seu tratamento pode apresentar bons resultados. Quem a desenvolve tem dificuldades para interpretar a realidade e discernir o que é real e o que não é.
Além de prejudicar as relações interpessoais do paciente, a condição pode limitar a sua capacidade de executar atividades cotidianas. Os tipos se diferenciam pela natureza e pela intensidade dos seus sintomas, e essa classificação pode ajudar os profissionais da saúde no diagnóstico e no tratamento da doença.
Neste artigo, você vai conhecer os tipos de esquizofrenia, descobrir como ajudar alguém que sofre com esse distúrbio e contar com orientações do Dr. Carlos Eduardo Zacharias, diretor clínico do Hospital Santa Mônica. Continue conosco!
O que é esquizofrenia?
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é uma doença grave e muito antiga que já passou por diferentes denominações. “Trata-se de uma fragmentação das funções cognitivas do pensamento, do comportamento e das emoções”, afirma o Dr. Zacharias. De acordo com o médico, ela é dividida principalmente em sintomas positivos e negativos.
Os sintomas positivos são caracterizados por comportamentos agressivos, impulsivos, tais como agitação psicomotora e delírios. O delírio ocorre quando há uma crença de que determinada situação é real e, mesmo com outras pessoas explicando que tal condição não existe, o paciente não entende, pois em sua cabeça aquilo é verdade irrefutável.
Portanto, existe uma perda de contato e da capacidade de discernir o que é real ou irreal, o que é fruto da ideação delirante e de alucinações (que podem ser visuais, auditivas, táteis e/ou olfativas).
Quanto aos sintomas negativos, eles produzem um empobrecimento e lentidão do pensamento, das emoções e da afetividade, com anedonia, embotamento afetivo e, com o passar do tempo, e dos surtos, progredir para quadro demencial crônico.
Qual é o cenário no Brasil e no mundo?
No Brasil, a esquizofrenia afeta dois milhões e meio de pessoas, que apresentam algum transtorno mental grave ligado à doença e que, em algum momento, podem precisar de um hospital psiquiátrico. No mundo, esse número é de cerca de 77 milhões de pessoas, correspondendo a 1% da população global.
Os principais sintomas dos tipos de esquizofrenia, de forma genérica, são alucinações, delírios, pensamentos incoerentes, dificuldade para expressar emoções, baixo funcionamento intelectual e agitação corporal.
É comum que a pessoa tenha percepções e reações desajustadas da realidade, abandone suas atividades de rotina e pare de demonstrar sentimentos compatíveis com os acontecimentos da sua vida. “Usualmente sofre com ideias de perseguição, algumas vezes bem estruturadas e outras completamente confusas e desconexas”, afirma o Dr. Zacharias.
Os sintomas da doença geralmente começam a aparecer no final da adolescência ou na idade adulta (em torno de 20 a 28 anos de idade) e tem usualmente evolução em surtos (mais ou menos intensos dependendo de cada pessoa). A esquizofrenia em crianças é rara.
Não existe um exame específico para o seu diagnóstico, que é feito por meio de avaliações físicas e psiquiátricas. É muito importante que esse procedimento seja feito por um especialista em psiquiatria.
Quais são as causas da doença?
A causa exata dos diferentes tipos de esquizofrenia ainda é desconhecida na medicina, mas alguns estudos indicam que o desenvolvimento da doença está ligado a uma falha na produção de um neurotransmissor chamado dopamina, que molda comportamentos e emoções.
Fatores genéticos também são apontados como possíveis causadores da esquizofrenia, o que significa que a hereditariedade pode ter papel fundamental no desenvolvimento da doença. Um artigo publicado na revista Nature mostrou que pessoas com parentes doentes de 1° grau têm risco aproximado de 10% a 12% de sofrer do transtorno.
Há que considerar, ainda, os fatores comportamentais. Desde traumas na infância até situações estressantes na vida adulta podem se tornar gatilhos iniciais para a esquizofrenia. De qualquer forma, é importante investigar experiências desagradáveis para compreender melhor o quadro.
Sabe-se que o uso de algumas drogas, como a maconha (estudos mostram elevado potencial de aumento dos quadros psicóticos ao longo da vida), favorece o desenvolvimento da esquizofrenia.
A cannabis tem substâncias que afetam a cognição e aumentam o risco de sintomas psicóticos, principalmente entre os jovens. Os efeitos são mais fortes em usuários com predisposição para a psicose.
Quais são os principais subtipos de esquizofrenia?
A esquizofrenia na realidade não é uma doença “única”, mas têm vários tipos de subclassificação e que se diferenciam pela natureza, tipo e intensidade dos sintomas e sinais que cada doente apresenta, levando-se em conta também a sua evolução ao longo do tempo.
A classificação de cada tipo pode ajudar os psiquiatras e profissionais que trabalham com saúde mental no tratamento da doença.
Os subtipos clínicos podem ser úteis como especificadores e para o planejamento do tratamento, pois se baseiam na predominância dos sintomas e sinais apresentados pelo paciente ao longo de sua vida, durante os surtos, nas consultas e avaliações médicas (preferencialmente realizadas por quem tenha formação adequada, o Psiquiatra).
É importante ter em mente, no entanto, que a manifestação de sintomas é um processo fluido e, por isso, o tipo de esquizofrenia (e até mesmo a hipótese diagnóstica) de uma pessoa pode mudar durante o curso da doença. Os cinco subtipos clássicos são:
- paranoide;
- catatônica;
- hebefrênica;
- residual;
- simples;
- indiferenciada.
Trataremos com mais detalhes sobre os tipos nos tópicos abaixo.
Esquizofrenia paranoide
Os principais sintomas desse tipo de esquizofrenia são as alucinações, delírios, sensação de perseguição e pensamentos sobre conspirações. Normalmente, as alucinações e os delírios giram em torno do mesmo tema.
A pessoa pode apresentar fala e escrita confusas, alterações no humor, mudanças na personalidade e desinteresse com a vida social, o que pode resultar em isolamento social.
De acordo com o Dr. Zacharias, no entanto, os pacientes “nem sempre têm dificuldades em manter atividades de rotina e relacionamentos estáveis, quando fora dos surtos ou até mesmo no início, quando a sintomatologia ainda está leve.”
Esquizofrenia catatônica
Embora a esquizofrenia catatônica fosse um subtipo na edição anterior do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), foi argumentado no passado que a catatonia deveria ser mais um especificador. Isso acontece porque ela ocorre em uma variedade de condições psiquiátricas e médicas gerais.
Entre os tipos de esquizofrenia, é aquele que se apresenta como imobilidade, mas também pode se parecer com:
- comportamento de imitação;
- mutismo;
- condição de estupor.
“Em alguns casos, os movimentos aumentam drasticamente, tendo agitação incontrolável e, posteriormente, estupor ou imobilidade. A ecolalia (hábito de repetir falas de outras pessoas) ou a imitação de movimentos podem estar presentes”, destaca o Dr. Zacharias.
Os pacientes também podem apresentar resistência para mudar a sua própria aparência, fazer movimentos repetitivos, deixar de participar de atividades produtivas na sua rotina e passar horas parados na mesma posição.
Esquizofrenia hebefrênica
A esquizofrenia hebefrênica, também chamada de desorganizada, é caracterizada por um comportamento mais infantil, com respostas emocionais inadequadas e pensamentos incoerentes. Nesse tipo, as alucinações e os delírios são menos comuns, apesar de não serem sintomas excluídos.
Os pacientes têm dificuldade em seguir processos e organizar pensamentos. Isso pode prejudicar a execução de tarefas simples de rotina, como escovar os dentes, tomar banho ou se vestir. Eles também têm dificuldade em expressar sentimentos e comunicar-se, podem parecer emocionalmente instáveis e ter reações inapropriadas em diversas situações.
Esquizofrenia residual
É um dos tipos de esquizofrenia diagnosticados quando o paciente já não apresenta nenhum sintoma proeminente ou quando eles aparecem em baixa intensidade. Algumas alucinações e delírios ainda podem estar presentes, mas as suas manifestações costumam ser menos frequentes que em fases anteriores da doença.
As principais características da esquizofrenia residual são:
- duração de um ano ou mais;
- abulia;
- ausência de comunicação (verbal e não verbal);
- inibição motora.
Esquizofrenia simples
Tem como principal característica a presença de ideias fixas e repetitivas sobre o mundo. Os surtos podem se prolongar, podendo durar um ano ou mais.
De acordo com o Dr. Zacharias, “mesmo com predominância de sintomas negativos, o paciente poderá apresentar alucinações, apatia, abulia, delírios, linguagem desorganizada, falta de atenção e dificuldade para se concentrar, isolamento social e ausência de relações afetivas.”
Esquizofrenia indiferenciada
Ocorre quando um paciente tem sintomas de esquizofrenia que ainda não estão completamente formados ou não são suficientemente específicos para serem classificados como nenhum dos outros tipos da doença. Nesses casos, os sintomas podem variar em intensidade e frequência, causando incerteza na classificação exata da doença.
Entretanto, é preciso lembrar que os tipos de esquizofrenia podem variar ao longo da vida de um paciente. Por isso, quem é diagnosticado com esquizofrenia indiferenciada pode, com a evolução do quadro, ter o seu caso encaixado em outra categoria depois de algum tempo.
Como se caracteriza a esquizofrenia infantil?
A esquizofrenia infantil não é um subtipo, mas sim usada para se referir ao momento da identificação do quadro — lembrando que um diagnóstico em crianças é bastante incomum e, quando ocorre, pode ser grave.
A doença de início precoce geralmente ocorre entre as idades de 13 e 18 anos. Mas cabe dizer que um diagnóstico com menos de 13 anos é considerado de início muito precoce e é extremamente raro.
Os sintomas em crianças muito pequenas são semelhantes aos de distúrbios do desenvolvimento, como autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Esses sintomas podem incluir:
- atrasos de linguagem;
- engatinhar ou andar atrasado;
- movimentos anormais.
É importante descartar problemas de desenvolvimento ao considerar diagnósticos dos tipos de esquizofrenia infantil. Os sintomas em crianças mais velhas e adolescentes incluem:
- isolamento social;
- interrupções do sono;
- desempenho escolar prejudicado;
- irritabilidade;
- comportamento estranho;
- uso de substâncias.
Indivíduos mais jovens são menos propensos a ter delírios, mas são mais propensos a ter alucinações. À medida que os adolescentes envelhecem, geralmente surgem sintomas mais típicos de esquizofrenia, como os dos adultos.
“É importante que um psiquiatra com especialidade em infância e adolescência faça o diagnóstico, descartando outras condições e diagnóstico correlatos, incluindo o uso de substâncias ou problemas orgânicos”, completa o Dr. Zacharias.
Geralmente envolve uma combinação de tratamentos como:
- medicamentos;
- terapias;
- treinamento de habilidades;
- hospitalização, se necessário.
Quais são as condições relacionadas à esquizofrenia?
Os tipos de esquizofrenia podem apresentar sintomas muito parecidos com os de outros transtornos. Nesse sentido, sempre que houver desconfiança de alterações, é crucial agendar uma consulta psiquiátrica para investigar cada caso de forma individualizada. Veja abaixo as condições relacionadas à doença.
Transtorno esquizoafetivo
O transtorno esquizoafetivo é uma condição separada e diferente da esquizofrenia, mas, às vezes, é confundida com ela. Esse transtorno tem elementos de esquizofrenia e transtornos de humor. A psicose — que envolve uma perda de contato com a realidade — é frequentemente um componente. Essas alterações no humor podem incluir mania ou depressão.
Além disso, o transtorno esquizoafetivo é classificado em subtipos com base no fato de uma pessoa ter apenas episódios depressivos ou também episódios maníacos com ou sem depressão. Os sintomas costumam incluir:
- pensamentos paranoicos;
- delírios ou alucinações;
- dificuldade de concentração;
- depressão;
- hiperatividade ou mania;
- má higiene pessoal;
- distúrbio do apetite;
- interrupções do sono;
- retraimento social;
- pensamento ou comportamento desorganizado.
O diagnóstico geralmente é feito por meio de um exame físico completo, entrevista e avaliação psiquiátrica. É importante descartar quaisquer condições médicas ou outras doenças mentais, como transtorno bipolar. Os tratamentos incluem:
- medicamentos;
- terapia em grupo ou individual.
Demais condições relacionadas
Outras condições que podem estar associadas aos tipos de esquizofrenia são:
- transtorno delirante;
- transtorno psicótico breve;
- transtorno esquizofreniforme.
Como pode ser o tratamento contra a esquizofrenia?
“O tratamento para a esquizofrenia dependerá do grau de gravidade dos sintomas e sinais apresentados, assim como a frequência dos surtos e sua evolução ao longo do tempo”, afirma o Dr. Zacharias.
Em alguns momentos, será preciso atenção e cuidados mais intensivos, com consultas ambulatoriais e a devida medicação — lembrando sempre que o acompanhamento psicoterápico ajuda muito na evolução do tratamento.
Sendo assim, o tratamento para a esquizofrenia envolve um conjunto de medidas voltadas para amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Para um tratamento mais efetivo, é importante que o diagnóstico seja feito precocemente por um médico psiquiatra devidamente habilitado, por meio de ferramentas adequadas.
“Adicionalmente ao tratamento psiquiátrico, o tratamento psicológico melhora a vida do paciente. A administração de medicamentos antipsicóticos de forma correta e adequada aos sintomas ajuda a regular a incidência de delírios, alucinações e agitação psicomotora, além de conter e minimizar episódios de agressividade”, destaca o Dr. Zacharias.
Os medicamentos prescritos pelos psiquiatras, portanto, devem ser usados de forma contínua, com o objetivo de melhorar as crises e diminuir os sintomas. Já as consultas psiquiátricas usualmente são a cada dois meses, quando o paciente se encontra controlado e em período menor, dependendo de cada caso.
As medidas para tratar a doença podem incluir psicoterapia e hospitalização, caso seja necessário. A psicoterapia ajuda o paciente a restabelecer seus pensamentos e respostas emocionais, podendo ser feita de maneira individual ou em grupo.
Em casos graves, com baixa resposta medicamentosa ou com distúrbios de comportamento e agitação psicomotora ou agressividade (contra si ou contra terceiros), a hospitalização em serviço especializado psiquiátrico acaba sendo necessária.
Sempre procure serviços com os quais você possa contar com pessoas devidamente habilitadas para atender corretamente às suas necessidades. Afinal, para saber quando internar o paciente, é necessário observar a evolução do quadro.
O Hospital Santa Mônica se dedica há mais de 55 anos ao tratamento de doenças mentais e tem estrutura completa para que o paciente passe por qualquer uma das etapas de tratamento. Isso porque dispõe de profissionais especializados e médico de plantão 24 h para cuidar de todos os tipos de esquizofrenia.
Referência em saúde mental infantojuvenil e adulto, foi o primeiro Hospital Psiquiátrico Privado de São Paulo certificado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) desde 2018. Em 2023, obteve a acreditação em Nível 3, que atesta o nível de excelência em gestão, segurança e qualidade da assistência ao paciente.
Se, depois de conhecer cada forma da doença, você achar que precisa de ajuda ou de suporte para uma pessoa próxima, entre em contato conosco. Estamos disponíveis para tirar dúvidas e fornecer orientações.
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