O surto psicótico configura uma das situações mais delicadas para os familiares e pessoas próximas de pacientes com distúrbios mentais. De caráter imprevisível, os surtos por vezes podem ter consequências significativas se não forem manejados da maneira correta.
Mas afinal, existe uma forma certa de lidar com o surto psicótico? É claro que cada indivíduo tem um histórico clínico e manifesta os sintomas de diferentes formas, mas é possível sim, compreender o que fazer e o que não fazer nesses momentos.
Pensando nisso, desenvolvemos um conteúdo para que você saiba tudo sobre o assunto e entenda quais as principais condutas devem ser adotadas durante os transtornos, de forma a lidar com a situação mais tranquilamente.
Entenda o que é o surto psicótico
Primeiro, vamos explicar o que é o surto psicótico, quais são as causas e principais sintomas que caracterizam o quadro. É importante ressaltar, no entanto, que a condição psíquica de cada pessoa é individual e depende das particularidades do contexto social, familiar e clínico em que ela está inserida.
Definição e sintomas
A perda de contato com a realidade é o principal fator que caracteriza o surto psicótico. Essa situação pode acontecer de diferentes maneiras, mas está sempre relacionada a uma descompensação aguda do comportamento com sintomas psicóticos.
A psicose é o quadro que caracteriza esses sintomas. Eles se desenvolvem principalmente em consequência de distúrbios causados por delírios e alucinações e o paciente ainda pode apresentar agressividade, falta de conexão entre pensamentos, agitação, euforia e oscilação de humor.
Causas
Existem três grupos de condições mais relevantes que podem ser as causas do surto psicótico. É importante conhecê-los e, se possível, identificar alguns sinais que possam ser percebidos a tempo, a fim de evitar a manifestação da psicose.
- Abuso de drogas: a ocorrência de surto psicótico devido ao abuso de substâncias psicoativas (sejam elas lícitas ou ilícitas) é bastante comum. Drogas como maconha e cocaína têm o potencial de aumentar o risco da manifestação de psicose;
- Transtornos psiquiátricos: condições como esquizofrenia e bipolaridade são uma das principais causas do surto psicótico, além de outras alterações e distúrbios do sistema nervoso, como traumas e lesões;
- Condições médicas e histórico geral: disfunções da tireoide, do fígado e dos níveis hormonais, além de doenças como o lúpus, sífilis, AIDS e outras infecções também podem ser causas da psicose. Além disso, indivíduos com histórico traumático, com episódios desfavoráveis durante a vida, também estão propensos.
O que fazer durante um surto psicótico
Agora que começamos a compreender as definições e causas do surto psicótico, vamos abordar algumas orientações sobre quais atitudes tomar durante a crise para lidar com a situação da melhor forma.
Cheque se houve a administração correta dos medicamentos
Para os pacientes que já apresentam algum tipo de transtorno psiquiátrico, é importante checar se os medicamentos de uso contínuo foram administrados corretamente nas últimas horas.
A abordagem medicamentosa da saúde mental é complexa e especialmente vulnerável se não for seguida de acordo com a prescrição médica. Portanto, observe se o surto psicótico não é resultado do uso incorreto de algum medicamento e se esse for o caso, procure fazer a administração imediatamente.
Vigie as atitudes e manifestações do paciente
Quando o indivíduo começa a ter alucinações, é comum que ele manifeste fenômenos relacionados a sensopercepção. Ou seja, sensações internas que abrangem os cinco sentidos do corpo; o paciente começa a escutar vozes, sentir cheiros ou enxergar vultos e objetos que não existem.
Já os delírios são marcados pela expressão de frases e pensamentos desconexos e sem lógica. O fato é que ambos demonstram certo descolamento da realidade e podem resultar em atitudes irracionais por parte da pessoa em crise.
Para tanto, mantenha o paciente sob vigília e analise as manifestações psíquicas que ele estiver apresentando. Muitas vezes ele pode se sentir vigiado ou perseguido, o que aumenta a chance de fuga ou de atitudes impulsivas.
Afaste o paciente de locais conturbados
Locais barulhentos, conturbados ou muito cheios podem agravar os sintomas da psicose. Além disso, pessoas próximas podem se assustar com as condições do paciente que, sob olhares de espanto, pode se sentir ainda mais desconfortável.
Pense rapidamente em algum ambiente aconchegante que ofereça silêncio e comodidade para a pessoa em crise conseguir, dentro do possível, ficar mais tranquila e lidar com a tensão interna longe de outras interferências.
O que não fazer durante um surto psicótico
Como vimos, algumas intervenções são imprescindíveis no momento da crise psicótica. Mas existem outros comportamentos e situações que devem ser evitados na abordagem dos pacientes. Portanto, continue acompanhando o texto e descubra o que não fazer.
Não confronte a pessoa
Já mencionamos que os quadros de delírios e alucinações são bastante recorrentes durante o surto psicótico. E mesmo que as falas e atitudes sejam irracionais, é fundamental não confrontar a pessoa falando mais alto que ela ou discordando de seus atos.
O mais importante nesse momento é tratar o outro com empatia e cautela, conversando com uma voz calma e serena para que a descompensação aguda emocional não seja exacerbada.
Não deixe objetos perigosos ao alcance do paciente
Agressividade, euforia, alterações de humor e sensações de perseguição são sintomas comuns do surto psicótico. Além disso, os pacientes não têm uma noção crítica da realidade e podem acabar tomando atitudes impulsivas.
Desse modo, é essencial atentar-se à presença de objetos perigosos como facas, tesouras, armas e objetos pontiagudos. É preciso diminuir tanto o risco de agressão a outras pessoas quanto a possibilidade de automutilação.
Não hesite em procurar ajuda especializada
Por fim, uma das condutas mais adequadas ao lidar com o surto psicótico é a busca por profissionais especializados. Seja durante ou logo após o episódio, é muito importante procurar acompanhamento e entender os motivos que podem ter desencadeado o surto.
Hoje existem tratamentos psicoterapêuticos e medicamentosos muito eficazes no controle das manifestações clínicas dos surtos. Ademais, uma equipe de saúde multidisciplinar pode fazer toda a diferença para o diagnóstico e as intervenções apropriados.
As estratégias empregadas no manejo do surto psicótico vão sendo adaptadas à condição de cada paciente. Sendo assim, é necessário recorrer a centros de excelência em saúde mental para que um suporte humanizado e efetivo seja fornecido aos pacientes e suas famílias.
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