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Saúde Mental

Transtorno de Borderline: o que saber sobre essa condição mental

O transtorno de Borderline é uma condição mental complexa e multifacetada que afeta a forma como uma pessoa pensa, sente e se comporta. Suas principais características são instabilidade emocional intensa, impulsividade e dificuldades nos relacionamentos interpessoais.

Ainda não existem dados sobre a prevalência do transtorno de Borderline no Brasil. Nos Estados Unidos, estudos da American Psychological Association (APA) indicam que cerca de 2,7% a 5,9% da população apresenta essa condição.

Neste artigo, saiba como funcionam os tratamentos para o transtorno e quando a internação psiquiátrica é necessária. Acompanhe!

Visão geral do Transtorno de Borderline

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), também conhecido como Transtorno de Personalidade Limítrofe, é caracterizado por um padrão persistente de flutuações no humor, na autoimagem e no comportamento. Como resultado, esses sintomas geram impulsividade e dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Exemplos disso são Indivíduos com TPB que podem vivenciar episódios intensos de raiva, depressão e ansiedade, que perduram de algumas horas a vários dias.

O Transtorno de Personalidade Borderline geralmente se manifesta na adolescência ou no início da vida adulta. Embora os sintomas tendem a ser mais acentuados durante os anos jovens, gradualmente, podem apresentar melhora ao longo do tempo.

Desafios de lidar com uma pessoa com Borderline

Em geral, esse transtorno afeta a maneira como alguém percebe a si e aos outros, que pode alternar idealização e depreciação dos parceiros. Para quem tem Borderline, o medo intenso de abandono e a sensação de instabilidade podem ser avassaladores. 

Além disso, a incapacidade de tolerar a solidão é comum. O problema é que a expressão inadequada de raiva, impulsividade e mudanças frequentes de humor podem alienar os outros, mesmo que haja um desejo genuíno de conexão e relacionamentos duradouros.

Nesse contexto, os principais desafios de estar ao lado de uma pessoa com transtorno de Borderline giram em torno de:

  • lidar com acusações, explosões emocionais e impulsividade;
  • compreender as variações de humor e no comportamento alternativo de idealização e depreciação;
  • estabelecer limites para manter uma relação saudável;
  • equilibrar as situações, principalmente diante de riscos à integridade física e ameaças;
  • motivar a pessoa a refletir sobre os próprios atos e buscar tratamento.

Sintomas do Transtorno de Borderline

O Transtorno de Personalidade Limítrofe afeta como uma pessoa se sente a respeito de si mesma, como se relaciona com os outros e como se comporta. Portanto, os sinais e sintomas do TPB podem variar amplamente de indivíduo para indivíduo, mas geralmente incluem uma série de características que podem impactar significativamente a vida diária.

Para exemplificar os principais sinais mais comuns associados ao TPB, vamos categorizar entre sintomas físicos, psicológicos e comportamentais. Confira, a seguir!

Sintomas físicos

Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline podem ter dificuldade em adormecer ou manter um padrão de sono regular devido à ansiedade, preocupações ou agitação emocional. 

Além disso, o estresse crônico associado ao TPB pode levar à tensão muscular e dores corporais, especialmente em momentos de intensa angústia emocional. Em situações de estresse extremo, algumas pessoas podem experimentar palpitações cardíacas, aumento da pressão arterial ou sensações de aperto no peito.

Vale destacar que o estresse emocional também pode desencadear ou piorar sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, diarreia ou constipação.

Sintomas psicológicos

As flutuações intensas de humor são uma característica central do TPB, com mudanças rápidas entre sentimentos de felicidade, tristeza, raiva e ansiedade. Em momentos de estresse extremo, alguns indivíduos podem experimentar episódios de dissociação, nos quais se sentem desconectados de quem são, de suas emoções ou da realidade ao seu redor.

Outro aspecto relevante é que as pessoas com Borderline, muitas vezes, têm um medo irracional e intenso de serem abandonadas por aqueles que amam. Isso pode levar a comportamentos desesperados para evitar a separação.

Uma sensação crônica de vazio e uma autoimagem instável também são comuns em pessoas com TPB, que podem ter dificuldade em definir quem são e em se sentir satisfeitas consigo mesmas.

Em geral, pessoas com Transtorno de Borderline frequentemente veem o mundo em termos de preto e branco. O pensamento dicotômico faz idealizar e desvalorizar a si mesmas e aos outros.

Sintomas comportamentais

A impulsividade é uma característica comum no comportamento de quem tem TPB. Geralmente, manifesta-se em gastos excessivos, abuso de substâncias, comportamento sexual de risco, compulsões alimentares, autolesões ou tentativas de suicídio.

Pessoas com Borderline costumam ter dificuldade em manter relacionamentos estáveis e satisfatórios, devido à instabilidade emocional e ao medo de abandono. Isso pode resultar em padrões de relacionamento caóticos e interações interpessoais intensas.

As explosões de raiva também são frequentes em indivíduos com TPB, muitas vezes desencadeadas por pequenos contratempos ou situações de estresse. Essas mudanças podem resultar em comportamento agressivo ou destrutivo.

Diagnóstico do Transtorno de Borderline

Os sintomas de Borderline podem variar em intensidade e frequência de uma pessoa para outra, mas em conjunto, contribuem para a complexidade e os desafios associados ao transtorno. O tratamento adequado, que geralmente envolve psicoterapia e, em alguns casos, medicamentos, pode ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida para aqueles que vivenciam essa condição.

Para isso, é fundamental que o diagnóstico seja realizado corretamente. No entanto, esse processo pode ser desafiador, pois os sintomas muitas vezes se sobrepõem a outras condições mentais, como depressão, transtorno bipolar ou transtorno de ansiedade. 

Geralmente, o diagnóstico do TPB é realizado por profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras ou terapeutas. O processo envolve uma avaliação abrangente, que considera uma variedade de aspectos da saúde mental e do funcionamento do indivíduo.

Conheça alguns critérios para o diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline, a seguir.

Questionário e teste

O profissional de saúde mental conduz uma entrevista clínica detalhada com o paciente. O objetivo é explorar história médica, histórico familiar, padrões de comportamento, sintomas atuais e funcionamento psicossocial.

Além da entrevista clínica, podem ser aplicados questionários padronizados, como o Inventário de Personalidade Borderline (BPDI), o Questionário de Personalidade Borderline (BPQ) ou o Questionário de Transtorno de Personalidade Borderline do DSM-5 (PDE).

Esses questionários padronizados ajudam a avaliar os sintomas específicos do TPB e podem fornecer informações adicionais para o diagnóstico e, consequentemente, para uma melhor abordagem terapêutica.

Critérios diagnósticos

O diagnóstico do TPB é baseado nos critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Para receber o diagnóstico de TPB, um indivíduo deve apresentar um padrão persistente de instabilidade emocional, relacionamentos interpessoais instáveis e impulsividade.

Além disso, precisa apresentar, pelo menos, cinco dos seguintes sintomas:

  • esforços frenéticos para evitar o abandono real ou imaginado;
  • padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos;
  • alteração da autoimagem ou identidade;
  • impulsividade em, pelo menos, duas áreas que são potencialmente prejudiciais;
  • comportamento suicida, ameaças ou comportamento autolesivo;
  • instabilidade afetiva devido à reatividade acentuada do humor;
  • sentimentos crônicos de vazio;
  • raiva inadequada ou dificuldade em controlar emoções intensas.

Exames médicos

Embora não haja testes laboratoriais específicos para diagnosticar o TPB, exames médicos podem ser realizados para descartar outras condições médicas que possam contribuir para os sintomas apresentados pelo paciente. 

Isso pode incluir exames de sangue, testes de função tireoidiana e avaliação de possíveis condições médicas que possam estar associadas aos sintomas psicológicos.

Avaliação do impacto funcional

Além de avaliar os sintomas específicos do TPB, os profissionais de saúde mental consideram o impacto funcional da condição na vida diária do indivíduo. Geralmente, inclui a avaliação da capacidade funcional do paciente no trabalho, na escola, nas relações interpessoais e nas atividades diárias.

Avaliação da motivação para mudança

A avaliação da motivação do paciente para buscar e participar do tratamento também é um aspecto importante do processo diagnóstico. A disposição do paciente para se comprometer com o tratamento e implementar mudanças em seu comportamento pode influenciar as estratégias de intervenção recomendadas pelo profissional de saúde mental.

Tratamentos do Transtorno de Borderline

O tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline envolve uma abordagem multifacetada, combinando terapia individual, terapia em grupo e, em alguns casos, medicamentos. 

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica que pode ajudar os pacientes com TPB, principalmente na identificação de padrões prejudiciais e disfuncionais. No entanto, não é o único tipo de terapia que ajuda na regulação emocional e interação social.

Conheça os principais tratamentos para o TPB e quando são indicados para cada caso! 

Terapias

Diversas abordagens terapêuticas podem ajudar o paciente com TPB nas competências de controle emocional e relacionamento interpessoal. A TCC é uma das mais indicadas, pois ajuda os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento distorcidos, gerenciar emoções intensas, desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis ​​e melhorar a resolução de problemas.

Existe também uma abordagem desenvolvida especificamente para tratar o TPB, chamada Terapia Dialética Comportamental (TDC). Aqui, há a combinação de técnicas de TCC com estratégias de mindfulness e aceitação, com o objetivo de ajudar os pacientes a desenvolver habilidades de regulação emocional, tolerância ao desconforto e relacionamentos interpessoais mais saudáveis.

A Terapia interpessoal (TIP), que foca nos relacionamentos interpessoais do paciente e como eles afetam seu bem-estar emocional, também pode auxiliar. O mesmo vale para a participação da terapia de grupo com outros indivíduos que vivenciam o TPB, que pode fornecer apoio emocional, validação e oportunidades para aprender e praticar habilidades de enfrentamento social e emocional.

Há ainda a terapia familiar, que envolve membros da família no processo de tratamento para promover a compreensão mútua, comunicação saudável e apoio emocional. Desse modo, as pessoas próximas podem aprender maneiras de superar os desafios de conviver com indivíduos diagnosticados com Borderline.

Medicamentos

É comum que um médico psiquiatra seja envolvido no processo de avaliação inicial. Com isso, pode diagnosticar o TPB e descartar outras condições médicas ou psiquiátricas que possam contribuir para os sintomas do paciente.

A depender do caso, o psiquiatra pode realizar prescrições para ajudar a aliviar os sintomas associados ao TPB. Os medicamentos mais comuns prescritos incluem estabilizadores de humor, antidepressivos, antipsicóticos ou ansiolíticos.

Esses medicamentos podem ser prescritos para tratar sintomas específicos, como depressão, ansiedade ou psicose, assim como também podem ser utilizados para aliviar sintomas adicionais do TPB, como impulsividade, agitação ou insônia.

Além disso, o médico psiquiatra deve monitorar de perto a resposta do paciente aos medicamentos e ajustar a dosagem ou a medicação conforme necessário. Esse é um cuidado essencial para garantir eficácia da terapia medicamentosa e minimizar efeitos colaterais.

Internação psiquiátrica

Em casos graves em que o paciente apresenta risco significativo para si mesmo ou para outras pessoas, é necessária a intervenção psiquiátrica. Essa medida também pode ser recomendada quando os sintomas do TPB estão fora de controle e a pessoa com Borderline está em alto grau de sofrimento.

Durante a internação psiquiátrica, o paciente recebe monitoramento intensivo, estabilização de crises e tratamento medicamentoso sob supervisão médica e psiquiátrica. Nesse momento, o foco principal é estabilizar o paciente, fornecendo um ambiente seguro e suporte intensivo até que possam retornar ao tratamento ambulatorial.

Internação para pessoa com Transtorno de Borderline

A internação para pessoa com Borderline pode ocorrer em unidades de hospitais psiquiátricos especializados, que contam com monitoramento intensivo, ajustes de medicação, terapia intensiva e suporte 24 horas por dia. 

Essa abordagem geralmente é reservada para situações de crise e é seguida por um plano de tratamento de longo prazo para ajudar a pessoa a se estabilizar e se recuperar.

No entanto, vale destacar que existem diversas maneiras de auxiliar uma pessoa com TPB que precisa de hospitalização. A seguir, conheça os diferentes tipos de internação para pessoas com transtorno de Borderline.

Internação voluntária com consentimento do paciente

Se o paciente está ciente de sua situação e dos problemas com os quais convive, pode procurar ajuda para lidar com os sintomas. Com isso, pode diminuir o sofrimento e os impactos na autoestima, no trabalho e, principalmente, nos relacionamentos.

A internação voluntária ajuda a estar em contato com uma equipe multidisciplinar apta a zelar pelo tratamento. Assim, o próprio paciente busca a reabilitação, de modo que possa voltar a conviver bem consigo e com aqueles que ama.

Internação involuntária contra a vontade do paciente

De acordo com a Lei 10.216/01, o familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A legislação determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. 

A internação involuntária, contra a vontade do paciente, tem o objetivo de evitar maiores riscos à pessoa com TPB ou a quem está ao seu redor. Já o laudo técnico garante que esse tipo de internação não seja utilizado para a prática de cárcere privado.

Internação compulsória com ordem judicial

Esse caso é semelhante à internação involuntária, exceto que não é necessária a autorização familiar. O artigo 9º da Lei 10.216/01 estabelece a possibilidade da internação compulsória, sendo sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a sua condição psicológica e física.

Em suma, o Transtorno de Borderline é uma condição mental que traz diversos desafios e sofrimento, tanto aos pacientes quanto às pessoas que convivem com eles. No entanto, com diagnóstico precoce, prevenção a complicações e tratamento adequado, muitos indivíduos podem aprender a gerenciar os sintomas e, assim, ter mais recursos para levar uma vida satisfatória e gratificante.

O Hospital Santa Mônica garante cuidado especializado para os mais variados diagnósticos, inclusive Transtorno de Personalidade Borderline. Entre em contato e saiba mais sobre as possibilidades de tratamento!

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