Já aconteceu de você ir a uma festa e consumir alguma droga? Ou ver alguém usando entorpecente para se divertir? Apesar de ser bastante comum, essa é uma atitude perigosa, que pode levar à dependência química.
O problema está nessa relação. Afinal, passa-se do uso esporádico em situações de lazer e entretenimento para o consumo frequente. Essa é uma situação que traz consequências e gera um transtorno psiquiátrico derivado do abuso de drogas lícitas e ilícitas.
A questão é: como saber se é recreação ou dependência química? Para isso, é preciso verificar as condições e identificar o limite de uso social. É o que o psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, irá mostrar neste artigo, aliado aos perigos das drogas recreativas e o que fazer quando se ultrapassa o consumo por entretenimento. Continue lendo.
Recreação ou dependência química: como identificar?
O uso de drogas em eventos sociais e festas é bastante conhecido. No entanto, muitas pessoas acreditam que fazem o consumo apenas recreativo, mas já estão com dependência química.
Isso acontece porque o organismo ganha resistência, fazendo o usuário aumentar a frequência de consumo e a quantidade utilizada. No entanto, é impossível definir o que faz uma pessoa se tornar dependente em determinada substância e qual é a quantidade necessária.
Por isso, muitos acabam perdendo o limite com medicamentos, que, em princípio, têm outra finalidade. De toda forma, vários jovens usuários de entorpecentes relatam que tudo começou com o uso recreativo, isto é, algo esporádico e voltado para ocasiões especiais.
No entanto, esse consumo precisa ser restrito aos contextos de lazer para não ser caracterizado como dependência química. Portanto, existe uma motivação para o uso: o lazer.
Por sua vez, na dependência, não há justificativa para uso. Ou seja, a pessoa começa a criar desculpas para fazer o consumo das drogas. Quando começa a agir dessa forma, já se ultrapassou o limite social, que é justamente restringir os entorpecentes às situações recreativas.
Quais são os sinais e sintomas da dependência química?
Nesse sentido, há vários efeitos das drogas no organismo que indicam a existência da dependência química. Entre eles estão:
- sentir a necessidade de usar a droga com frequência, inclusive, várias vezes ao dia;
- precisar de uma quantidade cada vez maior para sentir os efeitos;
- ter uma necessidade impulsiva do uso de entorpecentes;
- fazer o consumo em quantidade maior e por mais tempo do que se pretendia;
- gastar dinheiro com a compra da substância, ainda que não possa gastar;
- fazer estoque da droga;
- continuar fazendo o consumo, ainda que perceba a existência de prejuízos sociais e físicos;
- deixar de aparecer em locais e situações em que não há droga, como escola, trabalho, faculdade etc.;
- fazer coisas que permitam consumir a droga, por exemplo, roubar;
- despender muito tempo para usar, conseguir ou se recuperar do uso do entorpecente;
- executar atividades de risco após o uso, como dirigir;
- falhar nas tentativas de interromper o uso da substância;
- ter crises de abstinência nas tentativas de parar o consumo.
Quais são os perigos das drogas recreativas?
Qualquer droga ativa o mecanismo de recompensa existente no cérebro. Por isso, é tão fácil se tornar um dependente químico. Afinal, a sensação de prazer está presente, o que indica que precisa ser repetida. Porém, quando se aumenta a frequência de um comportamento ruim, existem vários riscos associados.
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), o abuso de drogas se caracteriza por um padrão de consumo que traz consequências prejudiciais para a pessoa. Nesse sentido, o uso nocivo traz danos físicos ou mentais e até sociais. Dentro desse contexto, os principais perigos das drogas recreativas são:
- alteração da percepção da realidade;
- diminuição da capacidade de análise;
- possibilidade de gerar dependência física, comportamental e psicológica;
- possibilidade de gerar danos neurológicos;
- desenvolvimento de doenças mentais;
- esterilidade;
- perda dos dentes.
Portanto, ainda que as drogas recreativas possam ser aceitas — pelo menos, no ambiente em que são consumidas —, elas trazem riscos importantes. Ou seja, não existe consumo seguro e divertido, pois todas oferecem algum nível de perigo.
O que fazer em caso de dependência química?
Quando a dependência química é identificada, é importante buscar o tratamento correto o quanto antes. Ele deve ser multidisciplinar, contando com o apoio de psiquiatra, psicólogo, enfermeiros, nutricionistas e terapeutas.
Além disso, é importante apresentar atividades saudáveis, cruciais para a recuperação da pessoa dependente química. Essa é uma forma de ocupar o tempo e promover a reinserção social do paciente.
Entre as atividades saudáveis mais importantes estão as recreativas, de terapia ocupacional, terapêuticas, lúdicas e motivacionais. Nesse contexto, o paciente consegue se conectar a outras pessoas que enfrentam o mesmo problema, sendo capaz de gerar identificação.
Isso ajuda os pacientes a se manterem comprometidos com a recuperação. Afinal, são criados novos hábitos, crenças e valores, que ajudam na adoção de comportamentos consistentes. O apoio da família e da comunidade também se torna essencial. Esse suporte, que permite encontrar conforto, gera a centralização no “nós”, em vez da dependência química.
Por que é importante buscar um hospital psiquiátrico?
Diante das informações apresentadas, percebe-se a relevância de procurar um hospital psiquiátrico especializado nesse tipo de recuperação. Dessa forma, é possível trabalhar a desintoxicação, o resgate, a reabilitação, a prevenção de recaídas e a reinserção social.
Além disso, a equipe capacitada definirá qual é a abordagem mais indicada para cada caso. Isso porque existem diferentes tipos de tratamento para a dependência química. Por exemplo, voltados para:
- alcoolismo;
- alucinógenos;
- crack;
- cocaína;
- medicamentos;
- maconha;
- nicotina.
Em todos eles, serão praticadas diferentes atividades saudáveis, como a terapia em grupo, a hidroginástica, a musicoterapia, a dançaterapia, o pilates, o alongamento, entre outras abordagens. A família também precisa ser tratada, já que todos são afetados. Isso promove a reconexão com a família e a possibilidade de um recomeço.
Concluindo, o uso de drogas pode começar como recreativo, mas a dependência química sempre está à espreita nesses casos. É preciso ter atenção se o consumo está somente associado a situações de lazer e se não existe nenhum outro sintoma. Caso contrário, é fundamental procurar ajuda.
Então, que tal saber mais sobre esse assunto? Conheça as fases da desintoxicação do dependente químico e entenda como é o processo.