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Ouvir vozes e enxergar vultos: quando é esquizofrenia?

É bem provável que você conheça alguém que diz ouvir vozes. Essa é uma situação comum e, muitas vezes, estigmatizada. Em outros casos, é encarada como algo normal. Independentemente do caso, a verdade é que esse pode ser um sintoma de esquizofrenia — exigindo uma atenção especial.

De toda forma, a primeira coisa a se fazer é entender que esse cenário nem sempre é sintoma de uma doença mental. Inclusive, um estudo internacional demonstrou que entre 2% e 4% da população mundial ouve vozes. No entanto, apenas um terço das pessoas com essa condição vira um paciente psiquiátrico. O restante consegue lidar com isso.

A mesma regra é válida para enxergar vultos. Então, o que deve ser analisado para saber se esses sintomas denunciam a esquizofrenia? O Dr. Guilherme Shirakawa, coordenador de práticas médicas do Hospital Santa Mônica, irá tratar melhor neste post. Continue lendo.

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença cerebral que altera a capacidade de pensamento, sentimento e comportamento do indivíduo. Esse é um distúrbio complexo, no qual o paciente apresenta diferentes sintomas, como ouvir vozes, enxergar pessoas e ter problemas para raciocinar de forma clara.

Apesar de não ter cura, esse transtorno pode ser controlado, a fim de que a pessoa tenha mais qualidade de vida. Além disso, vale a pena destacar que a causa costuma ser hereditária, mas outros fatores também interferem nessa equação.

Quais são os sintomas de esquizofrenia?

Os sintomas de esquizofrenia mais comuns são:

  • delírios, isto é, crenças sem embasamento na realidade;
  • alucinações, como ouvir vozes, enxergar pessoas, sentir coisas ou cheiros irreais etc.;
  • discurso desorganizado (ex.: incoerência ou descarrilhamento frequente) desorganização no comportamento e no discurso;
  • comportamento catatônico ou grosseiramente desorganizado;
  • sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolição).

Os sintomas de esquizofrenia mudam conforme o indivíduo. Por isso, é impossível generalizar. Fato é que a pessoa esquizofrênica tem dificuldade para cuidar de si mesma. Isso prejudica toda a sua qualidade de vida, assim como a dos familiares.

Quando ouvir vozes e enxergar vultos é um sintoma?

Ouvir vozes e enxergar vultos são alucinações. Esses sintomas podem ser relativos à esquizofrenia, especialmente quando estão relacionados a disfunções comportamentais, cognitivas e emocionais. 

Veja alguns exemplos:

  • alucinações auditivas;
  • delírios;
  • alterações e perturbações do pensamento, que chegam a causar desagregação de pensamento;
  • comportamento diferente e/ou excêntrico;
  • falta de cuidados pessoais;
  • dificuldade em expressar e sentir emoções;
  • isolamento social;
  • dificuldade de sentir prazer;
  • apatia;
  • ideia de perseguição;
  • paranoia;
  • delírios de grandeza.

No entanto, é necessário destacar que qualquer diagnóstico só pode ser feito por médico psiquiatra. Afinal, esses sintomas nem sempre denotam a existência de esquizofrenia.

Por exemplo, escutar vozes pode ser normal em contextos de luto, perda e grande estresse. Isso também pode ser causado pelo abuso de álcool ou drogas, ou ainda pelo efeito colateral de medicamentos.

Outros tipos de doenças que pacientes também podem relatar escutar vozes e enxergar vultos:

  • depressão psicótica: consiste no quadro de depressão aliado a uma psicose. Costuma ocorrer em pessoas que já tiveram vários episódios de depressão;
  • epilepsia: tende a acontecer nos casos de epilepsia do lobo temporal (ELT), sendo que a prevalência da psicose chega a 19%;
  • demência: é comum ouvir vozes, ver pessoas que não existem e até acreditar que aconteceram coisas irreais;
  • tumores no cérebro: criam situações irreais devido ao mau funcionamento do cérebro.

O que pode causar a esquizofrenia?

A esquizofrenia é causada por um desequilíbrio químico e várias mudanças cerebrais. Normalmente, é uma doença mental hereditária, mas também influenciada pelo ambiente e por problemas neurológicos.

Por exemplo, a desregulação de substâncias químicas do cérebro pode gerar esse distúrbio. Isso acontece com alguns neurotransmissores, como dopamina e glutamato. Esse desequilíbrio pode acontecer de forma natural ou devido ao uso de entorpecentes e drogas.

Quando buscar ajuda ao ter esses sintomas?

Se você conhece uma pessoa que ouve vozes — ou isso acontece com você —, a ajuda deve ser procurada o quanto antes. Especialmente, se houver interferência na rotina, perda da qualidade de vida ou qualquer um dos sintomas de esquizofrenia, além de outros sinais associados ao distúrbio.

Ainda que o ato de ouvir vozes nem sempre denota essa doença mental, ele pode indicar outro problema. Por exemplo, uma situação de estresse ou o abuso de entorpecentes. Por isso, o ideal é sempre procurar um diagnóstico em clínicas e hospitais psiquiátricos.

Como é o tratamento para esquizofrenia?

Por não ter cura, o tratamento da esquizofrenia é de longo prazo. Assim, é possível controlar os sintomas e ter qualidade de vida. Isso porque podem ser prescritos medicamentos e terapias, conforme a situação do paciente.

Antes do tratamento, é fundamental ter o diagnóstico correto, feito por um psiquiatra. Em seguida, as intervenções necessárias são definidas por uma equipe multiprofissional. 

Para o tratamento de esquizofrenia, podem ser indicados:

  • medicamentos antipsicóticos para reduzir as alucinações, os delírios e a paranoia;
  • medicamentos variados, como antidepressivos e estabilizadores de humor;
  • terapia individual e familiar, inclusive a cognitiva e a comportamental;
  • grupos de apoio e autoajuda.

O ideal é começar o tratamento de forma precoce, porque isso contribui para a melhoria da qualidade de vida. Além disso, o paciente deve tomar os medicamentos da forma indicada pelo médico, mesmo que os sintomas melhorem.

Quais detalhes são importantes para a família nesse processo?

A família tem um papel crucial, tanto na identificação de que a pessoa ouve vozes e enxerga vultos quanto nos cuidados durante o tratamento. Por isso, é fundamental evitar agir com repúdio ou estranheza.

O ideal é que todos se informem sobre o tratamento, participem da terapia familiar (quando recomendado), incentivem a busca por auxílio especializado e acompanhem, sempre que possível. Além disso, é importante evitar julgamentos e fornecer apoio emocional.

Dessa forma, o paciente se sente acolhido e tende a responder melhor às intervenções realizadas. Simultaneamente, converse com um psiquiatra e com um psicólogo em caso de dúvidas para saber como agir da forma certa.

Portanto, ouvir vozes e enxergar pessoas nem sempre se torna um problema, mas é um sinal de que pode haver algum distúrbio associado. Um deles é a esquizofrenia. Por isso, vale a pena buscar um diagnóstico especializado para evitar problemas.

Então, que tal saber mais sobre a esquizofrenia? Conheça os tipos existentes e veja como são classificados.

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