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Psiquiatria TEA

Autismo: como identificar se o seu filho tem?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou autismo, é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico dos pequenos e pode gerar dificuldades na comunicação, interação social e comportamento. Nesse sentido, quando falamos sobre crianças com autismo, é preciso entender que existem diversidades de experiências que podem ajudar na identificação e tratamento.

Mas vale lembrar que cada criança tem a sua personalidade. Umas mais agitadas, outras nem tanto. Contudo, há algumas manifestações do desenvolvimento infantil que, quando notadas em menor ou maior grau, podem resultar em um diagnóstico do autismo. Para abordar com mais profundidade esse assunto, convidamos a Dra. Márcia Hartmann Franco, Neuropediatra e Diretora de Qualidade Médica do Hospital Santa Mônica.

Quer descobrir tudo sobre autismo? Então, continue a leitura e confira em detalhes.

Quais são os sinais de uma criança autista?

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são mais de 70 milhões de casos em todo o mundo. Apenas no Brasil, o número de pessoas com autismo é estimado em 2 milhões.

A Dra. Márcia destaca que “o autismo nas crianças pode apresentar uma variedade enorme de sinais e de sintomas e que geralmente são muito diferentes de uma criança para outra, mas existem alguns sinais muito importantes que têm que ser analisados”. A seguir, destacamos vários deles.

Dificuldade na comunicação

Um dos sinais mais comuns em crianças com autismo é a dificuldade em dialogar com outras pessoas e se comunicar de maneira clara. Nesse sentido, a Dra. Márcia nos explica que:

“Muitas vezes isso a gente vê sinais de autismo por meio de um atraso na linguagem. A criança que começa a falar tarde, não tem uma intenção comunicativa como as outras da mesma idade.”

Ela complementa explicando que o autismo não surge apenas como um atraso na capacidade de diálogo, mas também a partir de tons diferentes, uma fala muito monótona, com expressões que não são características da idade e várias outras alterações.

Além disso, pode acontecer também da criança, ainda que fale, tenha dificuldades em iniciar ou manter uma conversa e faça pouco uso de gestos ou expressões faciais. Diante de tais sinais, o mais adequado é buscar suporte especializado.

Utilização de ecolalia

Esse sintoma é relacionado ao anterior. A Dra. Márcia nos explica que a ecolalia é a repetição automática de sons, palavras ou frases que as crianças ouviram anteriormente, sem que ela compreenda o significado do que está falando. 

“Então muitas crianças que não conseguem produzir uma linguagem própria, repetem falas que elas ouviram num desenho animado, em um filme, em uma música, muitas vezes com a intenção de usar aquilo para se comunicar”, explica a Dra. Márcia.

Vale lembrar que existem diferentes tipos de ecolalia, como a imediata, que a criança começa a repetir o que ela acabou de escutar em algum lugar, e a tardia, que ocorre, geralmente, nos casos destacados pela nossa especialista.

Comportamentos repetitivos

Outra característica muito comum, conforme explica a Dra. Márcia, são os comportamentos repetitivos, também conhecidos como estereotipias. “Isso é quando a criança que balança a mãozinha, a cabeça, se chacoalha e balança a perninha”, aponta nossa especialista.

Também pode ocorrer a partir de rotinas rígidas, na qual os pequenos insistem em manter certas tarefas e enfrentam dificuldades com mudanças. A Dra. Márcia ainda aponta que “geralmente as crianças usam essas estereotipias para se regular, ou seja, para se acalmar”.

Por isso, ela aconselha a não ficar proibindo ou tentando tirar esses comportamentos da criança. Nossa médica, porém, sugere atenção frente a alguns casos:

“É claro que se for uma estereotipia que tá levando a se machucar ou que tem o risco de machucar outra pessoa, aí temos que agir em cima disso, com certeza. Mas no geral a gente tem que deixar a criança fazer a estereotipia dela, porque é uma forma dela se acalmar”, explica a Dra. Márcia.

Falta de sociabilidade

Para receber um diagnóstico de autismo não é preciso que a criança apresente todos os sintomas. Em geral, o transtorno possui diferentes níveis e pode variar de pessoa para pessoa.

Mas, como destaca a Dra. Márcia, “uma característica muito comum é a dificuldade na interação social”. Por exemplo: uma criança com autismo possui dificuldades de compreender e socializar com o outro — e, por essas razões, acaba se isolando. Também pode apresentar ausência ou pouco contato visual.

Há casos em que, durante a amamentação, o autista não observa a mãe, mas, sim, permanece com um olhar perdido e vazio. Já quando maior, surge a falta de espontaneidade, que impossibilita o indivíduo a compartilhar experiências e emoções. Nossa especialista ainda destaca que:

“Isso muitas vezes é interpretado pelos pais como uma falta de afeto, o que não é verdade. O que acontece é que muitas vezes as crianças não entendem as expressões emocionais”.

Falta de reação a chamados verbais

Outro sintoma frequente entre quem possui autismo é a falta de reação a chamados verbais. Esse detalhe pode ser notado quando a criança não responde quando é chamada — sinal este que, frequentemente, é confundido com surdez.

Se estiver na dúvida, faça o teste: chame o seu filho pelo nome e verifique se ele atende ou ouve. Ou então, se ele ouve os barulhos na direção correta. Isso mostrará se a audição da criança está perfeita ou não.

Nos primeiros anos, ainda é possível notar uma ausência ou atraso do sorriso em resposta ao sorriso de outras pessoas. Os autistas também costumam ignorar ou não reagir ao contato físico.

Dificuldade em compreender metáforas e ironias

A última característica forte do autismo é a rigidez do pensamento. Isso significa que a criança, possivelmente, apresentará sintomas relacionados ao bloqueio de criatividade, falta de imaginação e resistência para aceitar mudanças.

Além disso, outra área bastante afetada por essa rigidez é a dificuldade de entender metáforas e linguagens simbólicas. Termos como “nadar no dinheiro” e “brincar com fogo” são compreendidos literalmente, inclusive na fase adulta.

O mesmo vale para conversas que apresentam ironia ou sarcasmo, fazendo com que essas crianças pareçam extremamente ingênuas. Após observar os sintomas, não deixe de procurar ajuda especializada no assunto. O tratamento pode ser realizado com psiquiatras, psicólogos e, até mesmo, com o próprio pediatra.

Por fim, lembre-se: para superar esses obstáculos, será preciso não somente o acompanhamento médico, como, também, muita paciência e amor de toda a família.

Quais os tipos de autismo?

Autismo é uma disfunção psiquiátrica que pode ser diagnosticada ainda na infância e envolve dificuldade de interação, falta de reação a chamados e rigidez do pensamento são as principais características. A seguir, listamos os tipos existentes para você conhecer!

Autismo leve

O autismo leve ou de nível 1 caracteriza o formato mais brando desse distúrbio, impactando de maneira sutil o comportamento social e a comunicação da criança. Os acometidos por essa condição geralmente mantêm sua independência na vida diária, embora possam demonstrar certa dificuldade com interações mais complexas.

Esse comportamento pode ser identificado por meio de comportamentos repetitivos, interesses intensos e restritos e foco em um tópico específico. Apesar desses traços, crianças acometidas por TEA no nível 1 geralmente preservam suas habilidades sociais e conseguem se adaptar bem a mudanças na rotina.

Autismo moderado

Já o nível moderado é representado pela escala 2 na classificação, indicando uma progressão dos sintomas, além do surgimento de desafios significativos para a integração social da criança.

Essa condição é caracterizada por maiores dificuldades para manter conversas, interpretar expressões, entender nuances como sarcasmo e ironia, além de adversidades para compreender as emoções dos outros.

Aqui também começam a surgir dificuldades para se adaptar a mudanças no dia a dia, necessitando de um apoio adicional para lidar com demais situações.

Autismo severo

A classificação de nível 3 representa o autismo severo, sendo a categoria de maior gravidade desse distúrbio. Além das características apresentadas anteriormente, há intensidade elevada nos comportamentos repetitivos e nas dificuldades de interação.

Isso inclui deficiência rigorosa na comunicação, tanto verbal quanto não verbal, exigindo maior acompanhamento e apoio para o seu pleno desenvolvimento. Tal condição também normalmente envolve um comportamento mais inflexível e dificuldades para se adaptar às mudanças, o que pode levar ao isolamento social.

Como é feito o diagnóstico e a avaliação?

O autismo é normalmente identificado até os 3 anos, e quanto antes for tratado adequadamente, melhores serão os resultados para o indivíduo. Independentemente dos sintomas apresentados, o mais indicado é levar a criança a um especialista.

A primeira etapa para ter um tratamento efetivo é realizar a avaliação para identificar e o diagnóstico correto. A Dra. Márcia nos explica que “a primeira etapa é a conversa com a família para entender a dinâmica dela”.

Nossa neuropediatra ainda aponta que são avaliados questões como o andamento da gestação, possíveis complicações nesse período e aspectos relacionados aos primeiros anos de desenvolvimento da criança, como idade que começou a falar, andar e outros pontos importantes para a análise clínica.

Como é o tratamento para autismo?

Existem algumas alternativas de tratamentos que podem ser utilizadas na hora de ajudar as crianças que têm um diagnóstico de autismo. Com a ajuda da Dra. Márcia, apresentamos algumas delas, a seguir.

Terapia ABA

A partir da avaliação adequada, é possível fazer um plano de tratamento para a criança, permitindo encontrar as melhores alternativas. A Dra. Márcia destaca inicialmente a terapia ABA, ou análise do comportamento aplicado.

Ela explica que essa é uma técnica psicológica na qual é possível analisar o comportamento da criança. Essa alternativa envolve a identificação de como o ambiente influencia as ações dos pequenos, para que então seja possível adequar o tratamento.

Intervenção assistida por cães

Outra abordagem possível é a intervenção assistida por cães. Essa abordagem faz uso de cães treinados para que as crianças consigam interagir, promovendo uma série de benefícios físicos, sociais e emocionais.

Por meio da presença dos cães, os pequenos têm redução do estresse, melhora na comunicação, geração de vínculos e estímulo para se manter no tratamento. Assim, cria-se um ambiente mais seguro e acolhedor para o desenvolvimento das habilidades sociais e para a promoção do bem-estar.

Grupos de socialização

Mais uma abordagem que a Dra. Márcia indica que pode ser usada no tratamento são os grupos de socialização. Eles podem ser úteis para ajudar as crianças a melhorar suas habilidades sociais de forma gradual. Por meio dessa prática, os pequenos fazem interações em pares e com adultos, com supervisão de profissionais especializados.

É possível aderir a uma série de atividades, como brincadeiras em grupo, comunicação com outras crianças, práticas de expressões emocionais e outras tarefas que podem ajudá-las a compreender melhor as regras de interação social.

Engajamento da família

Contar com o apoio dos familiares, além das abordagens destacadas anteriormente, é essencial para manter um tratamento adequado. Nesse sentido, nossa especialista indica o seguinte:

“É muito importante que a família esteja engajada para fazer em casa as orientações que a gente tiver dentro da Clínica, porque não resolve muito se orientarmos um determinado comportamento e no final a família fizer algo diferente dentro de casa”.

Ela explica que o que é combinado no consultório deve ser exatamente aquilo que a família está fazendo em casa para ter um tratamento mais efetivo.

Por que buscar suporte especializado?

Caso tenha dúvida se o seu filho está em espectro autista, é fundamental buscar auxílio médico, seja de um pediatra, psiquiatra, neuropediatra ou outros especialistas dessa área. Além disso, vale procurar suporte o quão antes possível. Nesse sentido, a Dra. explica que:

“Hoje em dia, o que mais mostra efetividade, o que mais vai ajudar a sua criança, é um diagnóstico precoce, uma intervenção muito bem feita. Então, não deixe para lá, vá atrás dos profissionais especializados”.

Para isso, vale a pena contar com os médicos do Hospital Santa Mônica. Saiba mais, a seguir.

Como o Hospital Santa Mônica pode ajudar no tratamento?

Esse e outros tratamentos podem ser encontrados em órgãos reconhecidos e capacitados, como o Hospital Santa Mônica e na sua unidade avançada, o Centro de Cuidados em Saúde Mental do Hospital Santa Mônica, na Praça da Árvore, em São Paulo.

O tratamento da criança com autismo requer a atenção dos pais para que o diagnóstico seja precoce. Esse cuidado garante que seu filho tenha o apoio necessário para desenvolver ainda na infância as habilidades sociais e de comunicação que precisará para a vida adulta. Portanto, não deixe de investir em medidas de prevenção para garantir a qualidade de vida das crianças.

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