1. Introdução
Embora as estimativas brasileiras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil, tenham ampla variação, indo de 0,6% a 3% da população, é um numero preocupante de pessoas que sofrem desta doença e necessitam de tratamento adequado às suas necessidades em seus mais diversos níveis de complexidade, em seus diferentes estágios.
O número de esquizofrênicos no mundo já alcança 26 milhões. Trata-se de uma doença que provoca alterações comportamentais e no padrão de sentimentos, emoções e pensamentos, diante das diversas situações do cotidiano.
Devido a isso, a esquizofrenia é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 13 e 44 anos, ao considerar-se todas as enfermidades. O problema ainda gera muito preconceito por parte da sociedade, muitas vezes, reflexo do pouco conhecimento sobre a patologia.
Desse modo, trouxemos neste e-book um guia completo sobre esse transtorno. Nele você vai receber informações essenciais para quem deseja superar o problema, entendê-lo melhor ou ajudar alguém que sofra com esse transtorno. Boa leitura!
2. Como a esquizofrenia age no sistema nervoso?
Normalmente, a doença se manifesta no fim da adolescência e começo da vida adulta. O indivíduo passa a ter reações desajustadas com a realidade e, aos poucos, abandona suas atividades cotidianas, bem como já não demonstra sentimentos compatíveis com acontecimentos felizes ou tristes.
Além disso, há uma inquietude causada pela ideia de perseguição — um dos principais sintomas desse transtorno. Ainda não se sabe exatamente que tipo de alteração cerebral acontece nas pessoas que sofrem com o problema, no entanto, diversos estudos associam o desenvolvimento da esquizofrenia a um falha na produção ou ação de um neurotransmissor denominado dopamina — responsável por modular comportamentos e emoções.
3. Quais os tipos de esquizofrenia?
A esquizofrenia apresenta seis variações, cada uma com características peculiares que auxiliam no diagnóstico da doença. Conheça a seguir!
3.1 Simples
Desenvolve-se de maneira lenta, progressiva e tem difícil diagnóstico pelo fato dos seus sintomas não serem tão evidentes. Entretanto, a mudança de personalidade é uma característica típica da esquizofrenia simples, mas pode-se notar também dificuldade em ter relações afetivas e para se expressar.
3.2 Desorganizada ou hebefrênica
Caracteriza-se pela presença de pensamentos e falas sem sentido, além da dificuldade de assimilação da realidade. Ocorre regressão do comportamento, o que faz o portador do transtorno ter ações infantis.
3.3 Paranoide
Trata-se da variação mais comum de esquizofrenia. Nesse tipo, delírios e alucinações auditivas são muito notadas. Desse modo, a ideia de perseguição é bastante frequente e o indivíduo tende a permanecer isolado.
3.4 Catatônica
A esquizofrenia catatônica é a mais rara entre todas. O indivíduo pode demonstrar extrema agitação ou permanecer quieto, ficando até por muitas horas em uma mesma posição, e expressar uma intensa apatia.
3.5 Residual
Marcada por alguns sinais isolados como alterações comportamentais, emocionais e no convívio social, que persistiram após o indivíduo ter passado por tratamento de casos gerais da doença.
3.6 Indiferenciada
Na esquizofrenia indiferenciada a pessoa não apresenta características específicas, e sim variados sintomas do transtorno. Por isso, não é possível enquadrá-la como portadora de um dos tipos anteriormente citados.
4. Quais as causas e sintomas da doença?
4.1 Causas
Embora seja um distúrbio amplamente estudado por especialistas, sua causa ainda não é totalmente conhecida. Porém, acredita-se que a vulnerabilidade — fatores físicos, psicológicos e ligados ao ambiente — aumenta as chances de ocorrência dos sintomas na presença de estressores ambientais e na falha de mecanismos para lidar com eles.
Saiba também quais são os outros fatores de risco:
- histórico da patologia na família (parentes de primeiro grau);
- dificuldade para superar frustrações e contornar problemas;
- quadros de ansiedade;
- abuso de drogas lícitas (álcool e cigarro) e ilícitas (maconha, cocaína etc);
- depressão;
- desnutrição materna;
- exposição à vírus que afetam o desenvolvimento cerebral e toxinas;
- acometimento por doenças autoimunes.
4.2 Sintomas
Os sintomas da esquizofrenia variam de acordo com o tipo de distúrbio. Basicamente, eles podem ser divididos em três grupos: positivos, negativos e cognitivos. Entenda!
4.2.1 Positivos ou produtivos
Os sintomas positivos referem-se ao aparecimento de comportamentos que são incomuns no cotidiano, ou seja, a pessoa passa a produzir novas ações, como:
- delírios: criação de uma realidade distorcida, porém, mantida com grande convicção;
- alucinações: percepção modificada das sensações olfativas, visuais, táteis, auditivas etc. Assim, a pessoa pode escutar vozes, sentir cheiros e ver coisas irreais, por exemplo.
- mente desordenada: os pensamentos produzidos são incoerentes diante das situações.
Vale ressaltar que as alucinações, principalmente as auditivas, podem ter forte influência sobre as atitudes de um esquizofrênico, o que se torna extremamente perigoso, pois as vozes que o indivíduo escuta costumam induzi-lo a tomar determinadas decisões, como a de cometer suicídio.
4.2.2 Negativos
Os sinais negativos estão ligados à ausência de características presentes na maioria das pessoas. Veja:
- diminuição das expressões: não há manifestação de sentimentos;
- dificuldade para fazer atividades: isso inclui a realização de tarefas fundamentais como tomar banho e alimentar-se;
- comprometimento da fala: que se torna menos frequente e com pouca lógica.
Por serem sintomas que impactam na convivência, podem ser mal interpretados pela família e amigos.
4.2.3 Cognitivos
São mais leves e menos perceptíveis, por isso, há grandes chances de serem confundidos com outras enfermidades. Confira alguns sintomas cognitivos:
- déficit de atenção: ocorre uma redução da capacidade de concentração, fator que compromete o aprendizado;
- dificuldade de memorização: que faz com que coisas que foram ditas há pouco tempo sejam esquecidas rapidamente;
- dificuldade para tomar decisões: causada pelo déficit de raciocínio e incompreensão das situações.
5. Como é feito o diagnóstico e tratamento desse problema?
5.1 Diagnóstico
Não há um exame específico para detectar a esquizofrenia. Desse modo, os profissionais utilizam um conjunto de condutas para chegar ao diagnóstico da doença. Veja o que pode ser feito!
5.1.1 Avaliação física
Inclui a realização de exames de sangue e imagem, para descartar a presença de outros tipos doenças que afetam a estrutura do cérebro e efeitos decorrentes do uso de álcool e drogas.
5.1.2 Análise psiquiátrica
Realizada por um médico psiquiatra, baseada na CID-10, que descreve critérios gerais, relativos à presença de sintomas e exclusão de determinadas condições. Assim, o profissional avalia o estado mental, físico e comportamental do paciente, bem como questiona sobre seus delírios, alucinações, alterações de humor etc. Também há uma discussão com os familiares e análise do histórico pessoal.
5.2 Tratamento
O tratamento desse distúrbio envolve um conjunto de medidas para amenizar os sintomas. Continue a leitura!
5.2.1 Diagnóstico
O diagnóstico deve ser o mais precoce possível por um psiquiatra devidamente habilitado.
5.2.2 Uso de medicamentos
A administração de remédios antipsicóticos é o principal alicerce para o controle do transtorno. Uso deve ser somente com prescrição médica/psiquiátrica, de forma contínua, com o intuito de prevenir melhorar as crises, diminuir sintomas (como os delírios e as alucinações) e evitar recaídas.
O psiquiatra é o médico preparado pra tratar de doenças mentais, em especial as mais graves, como a esquizofrenia, visto que dosagens incorretas poderão agravar os sintomas e trazer consequências graves ao doente, à família e à sociedade como um todo.
5.2.3 Psicoterapia
Pode ser realizada de maneira individual ou em grupo. Auxilia o indivíduo na melhora de suas relações sociais, comunicação, restabelecimento dos padrões emocionais e pensamentos, bem como o ajuda a lidar com a esquizofrenia. Dessa forma, mostra-se essencial para o sucesso das outras etapas do tratamento, uma vez que é essencial a aceitação por parte do portador da patologia.
5.2.4 Hospitalização
Realizada conforme garante a Lei Federal 10.216/2001, quando as possibilidades de tratamento extra-hospitalar se mostram esgotadas ou ineficazes; quando o paciente se apresenta em crise grave, ou com sintomas severos da doença que podem comprometer sua capacidade de julgamento, higiene, segurança, alimentação, etc.
5.3 A esquizofrenia tem cura?
Mesmo com a descoberta e uso correto de vários medicamentos, infelizmente, a cura dessa doença ainda não foi comprovada.
Entretanto, com manejo adequado, consultas regulares com psiquiatras e tratamento multi-profissional, é possível a tentativa de controle e, em muitos casos, a melhoria dos sintomas; principalmente, proporcionando a ressocialização do doente e a melhoria de sua qualidade de vida. Quanto mais precocemente a esquizofrenia for diagnosticada e tratada, menores serão os danos que ela causará aos portadores.
Algumas práticas adotadas pelo próprio paciente são fundamentais para que ele consiga conviver com o transtorno. Observe!
5.3.1 Controlar o estresse
Pelo fato do estresse ser considerado um gatilho para o agravamento dos sintomas da esquizofrenia, torna-se essencial encontrar atividades que ajudem a combatê-lo. A prática de atividades físicas, meditação e aulas de teatro são excelentes opções para incluir no dia a dia e ficar menos estressado.
5.3.2 Evitar o consumo de drogas e bebidas alcoólicas
A ingestão de substâncias químicas interfere diretamente na ação dos medicamentos, fazendo com que eles percam sua eficácia. Por conta disso, os sintomas da esquizofrenia deixam de ser controlados e há possibilidade de ocorrerem reações adversas, resultantes da interação do álcool ou drogas, com os fármacos.
5.3.3 Dormir bem
Noites mal dormidas tendem a piorar os sinais da esquizofrenia. Assim, recomenda-se que pessoas esquizofrênicas tenham um sono de qualidade
5.3.4 Estar próximo da família e amigos
O suporte oferecido pelos familiares e amigos fará toda diferença no tratamento. Portanto, mantê-los por perto proporcionará efeitos mais significativos e rápidos.
5.3.5 Cuidar da saúde por completo
Além de valorizar o tratamento do distúrbio, atentar-se a outros aspectos da saúde também se mostra muito relevante. Adotar uma dieta saudável e fazer exames de rotina periodicamente, por exemplo, são atitudes que não podem ser deixadas de lado.
6. De que forma a família pode ajudar no tratamento?
A família desempenha papel essencial no tratamento da esquizofrenia, pois muitas vezes a pessoa não se apercebe doente e o apoio irá possibilitar a procura de tratamento, facilitando o processo de recuperação. Descubra como ajudar!
6.1 Busque informações para entender o transtorno
Entender como a doença funciona, quais sintomas provoca, que comportamentos são comuns e outras particularidades, permite a identificação de formas de ajudar uma pessoa esquizofrênica. Com isso, você consegue demonstrar que há alguém disposto a acompanhá-la em sua trajetória rumo à superação.
Essa atitude também passará forças para que ela continue firme e enfrente todos os obstáculos necessários para o resgate de sua saúde.
6.2 Evite fazer julgamentos
Julgar a pessoa por comportamentos que são resultados da esquizofrenia trará insegurança, fator prejudicial durante o tratamento, pois afeta a estabilidade emocional do paciente. Então, apenas pratique a empatia e mostre que você o compreende.
6.3 Tenha paciência
Embora a convivência com um esquizofrênico seja difícil, mantenha a calma, principalmente ao presenciar crises da doença. Nesses casos, perder a paciência só trará uma piora do quadro. Respeite o momento e converse, sem alterar o tom de voz.
6.4 Ofereça ajuda
Nas situações em que ainda não foi iniciado um tratamento, coloque-se à disposição para encontrar profissionais qualificados que poderão realizar medidas adequadas ao caso.
6.5 Incentive o tratamento
Explique todos os ganhos que o indivíduo terá se fizer o tratamento corretamente. Aponte benefícios como maior bem-estar, retorno às atividades rotineiras, melhora do humor etc. Se possível, ajude-o a lembrar de tomar todos os medicamentos indicados pelo psiquiatra, porém, sem fazer qualquer tipo de pressão para que ele faça a ingestão.
7. Qual a importância de uma clínica no tratamento da esquizofrenia?
O tratamento desse transtorno é a única maneira de realizar a reabilitação do paciente. Além disso, poderá evitar que a doença progrida e traga mais impactos negativos à saúde. Com os medicamentos corretos e acompanhamento profissional, tenta-se controlar os sintomas e previnir os surtos, que prejudicam não só o dia a dia do portador de esquizofrenia como também o das pessoas que estão ao seu redor.
Nesse sentido, contar com uma clínica de referência garantirá o sucesso das condutas adotadas.
8. Conclusão
Neste e-book, abordamos aspectos fundamentais sobre a esquizofrenia, que devem ser conhecidos tanto por quem apresenta o transtorno quanto pelos familiares e amigos das pessoas que o têm. O entendimento sobre essa doença é um passo imprescindível para erradicar os preconceitos que a cercam e que, muitas vezes, impedem um indivíduo esquizofrênico de realizar o tratamento adequado.
Trata-se de um distúrbio mental sério, que exige atenção e compreensão, pois pode trazer consequências severas e até fatais. Desse modo, esperamos que as informações apresentadas tenham sido úteis e suficientes para mostrar a importância de dar valor à saúde mental e procurar profissionais para mantê-la. Afinal, uma mente saudável reflete na vitalidade do corpo.
9. Sobre o Hospital Santa Mônica
O Hospital Santa Mônica é uma instituição de referência no tratamento da dependência química, distúrbios mentais (para adultos e menores) e na área da Geriatria. Foi fundado em 1969 e, em 2019, completa 50 anos de atuação em prol da saúde humana, proporcionando diariamente atendimento humanizado e digno, indispensável para restabelecimento da qualidade de vida e bem-estar.
Atualmente, conta com 250 leitos, equipes médicas e multidisciplinares altamente capacitadas, bem como alinhadas com as principais novidades dos congressos e estudos realizados internacionalmente. Sua estrutura completa e atividades terapêuticas realizadas no âmbito hospitalar, permitem não só a plena recuperação dos pacientes como também a reintegração física, profissional e sociofamiliar.
Responsável Técnico: Diretor Clínico do HSM – Dr. Carlos Eduardo Kerbeg Zacharias – CRM 53.952 – PSIQUIATRA