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Terapia assistida por cães: como os animais ajudam na saúde mental das crianças

Terapia de cães
Live com Vinicius Fava Ribeiro, terapeuta

A prática de integrar os animais como parte do tratamento de adultos e crianças não é nova. Ela já existe há muito tempo, quando os pacientes da área psiquiátrica recebiam essa abordagem como forma de otimizar os resultados das terapias existentes. Hoje, a terapia assistida por cães já tem seus benefícios comprovados, especialmente quando utilizada com crianças.

Para entender melhor o assunto e descobrir como esse tipo de metodologia é aplicada, conversamos com Vinícius Fava Ribeiro, fisioterapeuta e psicanalista da Humanimais que atua no Hospital Santa Mônica com a terapia assistida por cães. Se você quer se aprofundar um pouco mais no assunto e entender como funciona a terapia assistida por cães, fique com a gente. Boa leitura!

O que é a terapia assistida por cães?

A Terapia Assistida por Animais (TAA) é uma metodologia já bastante utilizada no suporte ao tratamento de pacientes dos mais diversos quadros, desde a oncologia até transtornos psicológicos, por exemplo. Quando ela é realizada por cachorros, se configura como terapia assistida por cães.

É uma forma de apoio, principalmente em situações de hospitalização, em que o paciente precisa ficar afastado da sua rotina. Assim, a interação com o animal propicia resgatar sensações como o afeto, a alegria e o bem-estar.

Em tempos de pandemia, esse é um recurso importante, já que os pacientes hospitalizados, principalmente as crianças, precisam ficar isolados e sem contato com as pessoas queridas. Somada à saudade e à sensação de solidão, a tristeza é um resultado inevitável. Por isso, ao contar com a terapia assistida por cães, é possível estabelecer novos laços afetivos e até se divertir na companhia dos bichinhos.

Mas não é só isso. De acordo com dados do Save The Children, cerca de 65% das crianças experimentam sensações como tédio e sentimento de isolamento durante a pandemia (sem nem sequer estarem hospitalizadas). Isso pode resultar em quadros como ansiedade, sofrimento psíquico e até depressão, em casos mais avançados.

Entre outros dados, a instituição ainda indica estatísticas importantes provenientes de suas pesquisas, como:

  • nos Estados Unidos, 49% das crianças sofrem com sentimentos como medo e ansiedade durante a pandemia;
  • na Finlândia, 70% delas afirmaram estar ansiosas, enquanto 55% relataram a sensação de cansaço no mesmo período.

Esses são indicativos importantes de como é necessário estar atento ao comportamento e reações infantis durante a pandemia, mesmo das crianças que permanecem em casa. Outro estudo semelhante e com resultados muito parecidos foi realizado na China.

Para combater esse tipo de reação é importante contar com reforços que revertam o tédio e a ansiedade em crianças. Assim como as atividades educativas, a participação terapêutica do cão nessa etapa também é de grande valia.

Já existem, hoje, uma série de estudos que relacionam os cachorros à liberação de neurotransmissores e hormônios que fazem muito bem à saúde humana quando temos alguma interação com esses animais.

Além disso, o animal, seja o cachorro ou outros pets, é um ser de afeto, conforme pontua Vinícius. Portanto, ele acaba proporcionando um espaço onde as pessoas podem ampliar sua percepção de afetividade e carinho, mesmo que elas tenham dificuldade de fazer isso com outras pessoas, por exemplo.

Como os animais ajudam na saúde mental das crianças?

Diversos animais já atuaram como parte da terapia assistida, entre eles o gato, o cachorro e até o cavalo. Vinícius explica que “o cão, na verdade, é um recurso terapêutico. Então, ele vai poder ser utilizado dentro de vários contextos. Cada profissional da área da saúde vai acabar colocando o cachorro de um jeito e de uma forma dentro do seu processo de reabilitação, seja ela física, seja emocional.”

Em alguns casos, ele pode ajudar na realização de exercícios de fisioterapia, em outros, na execução das atividades diárias. O cachorro acaba sendo um estímulo para que as crianças treinem o seu autocuidado. Do ponto de vista psicológico, ele ainda pode ser um viés para que o paciente expresse melhor suas emoções, especialmente para aprenderem a desenvolver aspectos sociais da sua personalidade.

Esse é um processo importante para manter a saúde mental das crianças. De acordo com alguns estudos, a troca afetiva e a gratificação que ocorre na interação com o animal ajudam no crescimento emocional e no processo de construção do caráter da criança.

Para que tudo isso ocorra de forma amigável e segura, é preciso contar com um cachorro de temperamento dócil e de um terapeuta humano capaz de facilitar essa interação com o paciente.

Dependendo do tratamento, é importante orientar a terapia de acordo com os resultados a serem alcançados. Em um tratamento contra a depressão, por exemplo, é possível focar nas brincadeiras e troca de carinho. Para pacientes de fisioterapia, as caminhadas podem ser um bom exercício.

Quais são os benefícios da terapia assistida por cães?

Para Vinícius, o principal benefício que pode ser colhido dessa relação de apoio entre a terapia, o cão e o paciente é a redução do estresse e da ansiedade. De acordo com ele, “já é provado que a interação com os cães libera um neurotransmissor chamado ocitocina e reduz o hormônio cortisol, relacionado ao estresse. Essa combinação trabalha muito bem a diminuição de ansiedade e estresse.”

Mas não é só isso. O paciente que passa pela terapia assistida por cães pode experimentar uma série de outros benefícios, como:

  • o aumento do contato com a realidade;
  • o foco da atenção aplicada em atividades específicas;
  • o favorecimento de estados como positividade, alegria e amor;
  • a facilidade em colaborar com o terapeuta;
  • o estímulo ao contato social e à conversação;
  • a troca de carinho físico com o animal;
  • o desenvolvimento de empatia, aceitação e confiança;
  • o aprendizado sobre responsabilidade e cuidado com o outro;
  • a distração, diversão e brincadeiras positivas que diminuem a sensação de isolamento.

Como a prática contribui para a qualidade de vida da criança?

A Terapia Assistida por Cães é restrita ao momento de terapia, o cão em casa tem outra função e não podemos falar que um cão em casa faz Terapia, pois ele é um recurso utilizado pelo terapeuta.  A convivência com o cão em casa traz vários benefícios, mas não podemos afirmar que irá trabalhar responsabilidade e confiança…..depende muito da interação e dinâmica familiar.

Como melhoram o humor e bem-estar — não só das crianças, mas de toda a família —, os cachorros podem e devem fazer parte do dia a dia.

Apesar de ser um reforço importante para as terapias, o auxílio do cachorro não é indicado para todos os pacientes, apenas para um grupo deles, conforme alerta Vinícius. Ele é mais indicado para aquelas crianças que têm um bom relacionamento com cães.

Além de contribuir com a redução do estresse e da ansiedade, a terapia assistida por cães também ajuda a aumentar a qualidade de vida da criança. Muito disso está relacionado com o estímulo que a criança recebe para praticar atividades físicas, por exemplo, seja para passear com o animal, brincar, jogar bola e assim por diante.

Vinícius ainda menciona que é fundamental que esse tipo de trabalho seja feito por profissionais que tenham conhecimento na área. Isso é importante tanto para a segurança do paciente quanto para a do animal. É preciso que a terapia assistida por cães seja feita de uma forma saudável, sem que haja um apego que possa tornar traumático para a criança a separação com o cachorro.

O Hospital Santa Mônica oferece tratamentos especializados em psiquiatria e dependência química. Além disso, conta com a terapia assistida por cães para potencializar o desenvolvimento social, os processos de aprendizagem e melhorar a saúde, o bem-estar e autoestima dos seus pacientes.

Para isso, a equipe treina os cães de assistência, possibilitando que interajam com crianças e demais pacientes. Isso ajuda principalmente nos tratamentos psiquiátricos, como nos casos de autismo, por exemplo, e para aquelas pessoas que apresentam comportamentos violentos. Os cães também têm um papel importante para “quebrar o gelo” entre terapeuta e paciente.

Os cachorros não são os melhores amigos do homem apenas quando tudo vai de vento em poupa, eles também prestam um trabalho assistencial importante quando as coisas saem de controle. Sabendo disso, cabe a nós utilizá-los como apoio nesses casos.

Se você quer saber mais sobre a terapia assistida por cães do Hospital Santa Mônica, entre em contato com a gente!

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