Conforme as novas diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), desde janeiro de 2022 a síndrome de burnout é doença ocupacional, pois o burnout foi incluído na CID-11. Essa mudança é significativa, pois favorece os trabalhadores ao ampliar os direitos sobre as doenças corporativas já constantes na legislação brasileira.
Diante da necessidade de atentar para esses aspectos e de promover a saúde mental no trabalho, a Dra. Luciana Mancini Bari, coordenadora de práticas médicas do Hospital Santa Mônica, destaca valiosas informações a respeito dessa síndrome. Veja, então, como as mudanças da OMS beneficiam os trabalhadores e quais as responsabilidades da empresa nesse sentido. Acompanhe!
Afinal, o que é burnout?
Do inglês, o termo burnout surgiu da junção de duas palavras: burn (fogo, queimar) e out (fora ou exterior). Essa caracterização ajuda a entender por que, de agora em diante, trata-se de uma doença ocupacional. Fazendo uma comparação com o ambiente de trabalho nocivo, é como se houvesse uma “queima” de fora para dentro.
Portanto, a doença está associada às condições prejudiciais de trabalho exemplificadas por pressão excessiva por resultados, opressão, racismo, assédio e outros agravantes. Nessas circunstâncias, o colaborador vive sob constante estresse e angústia, o que pode resultar no desenvolvimento de crises depressivas e ansiosas.
Sinteticamente, a síndrome de burnout se caracteriza por uma tríade que compromete vários aspectos da vida profissional, pessoal e social do trabalhador:
- sensação de cansaço físico e mental;
- pessimismo relacionados ao trabalho;
- queda da produtividade.
O que as estatísticas apontam?
Recentemente, a Agência Brasil EBC publicou dados de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que aponta importantes aspectos relacionados ao impacto da pandemia sobre a saúde psíquica de diferentes áreas profissionais no Brasil e na Espanha.
Os números demonstram o quanto é necessário repensar estratégias para evitar o burnout e minimizar os prejuízos que esse problema representa tanto para os trabalhadores como para as empresas. Observe os resultados:
- 47,3% dos entrevistados admitiram sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia;
- 27,4% têm crises de ansiedade e de depressão simultâneas;
- 44,3% passaram a abusar de bebidas alcoólicas;
- 42,9% sofreram alterações no sono;
- 30,9% foram diagnosticados com doenças mentais durante a pandemia.
O que muda com o burnout sendo considerado doença ocupacional?
Com as novas mudanças na classificação desse distúrbio, a saúde mental no trabalho ganhou mais expressividade nas reuniões de empresas de todos os nichos e tamanho. Antes, muitos gestores não sabiam que a síndrome de burnout é doença ocupacional e focavam apenas resultados sem se preocupar com o bem-estar dos funcionários.
Com a inclusão do burnout no CID-11, as instituições precisam zelar por condições de trabalho dignas e saudáveis. As equipes não podem prejudicar a saúde para produzir mais e atender a todas as demandas. O reconhecimento pela OMS abre precedentes para processos trabalhistas, caso a Justiça seja acionada por questões ligadas ao burnout.
Portanto, o trabalhador que sofrer quaisquer dos sintomas característicos do burnout pode recorrer aos seus direitos assegurados por lei. Para tanto, é necessário comprovar que o desenvolvimento da síndrome teve relação com o exercício de sua profissão. Esse respaldo é importante para evitar danos à saúde nos espaços corporativos.
Qual a importância de um ambiente de trabalho saudável?
Priorizar um espaço corporativo mais harmônico e saudável ajuda a equilibrar as emoções e reflete positivamente nos resultados esperados pela gestão. Assim, ao tornar os ambientes mais solidários e construtivos, alguns benefícios são:
- mais engajamento das equipes e melhores condições de trabalho;
- maior motivação para alcançar metas;
- estímulo à inovação e ao crescimento profissional;
- superação de crises e desafios com mais facilidade;
- redução do absenteísmo e da rotatividade;
- aumento da satisfação dos colaboradores.
Por isso, quando estiver buscando uma nova colocação no mercado, procure empresas que promovam ações de engajamento dos seus colaboradores.
Como promover a saúde mental no trabalho?
Em vias gerais, os problemas mentais se desenvolvem de forma silenciosa e, por isso, nem sempre eles têm a devida atenção. Porém, essa questão é delicada, já que a ausência de tratamento contribui para o surgimento de doenças emocionais e físicas e eleva o risco de incapacitação para o trabalho.
Nesse contexto, tanto a empresa quanto os colaboradores devem se engajar nessa meta e adotar ações que diminuam os riscos de burnout. Em relação ao papel da gestão, os pontos de destaque são:
- priorizar medidas que promovam um ambiente de trabalho adequado;
- oferecer suporte profissional para lidar com os casos de instabilidade emocional;
- acompanhar as tendências de sua área de atuação;
- apostar em inovações tecnológicas para reduzir os esforços mental e físico;
- zelar pelo cumprimento de normas que protegem dos riscos de acidentes de trabalho;
- promover mais integração entre os funcionários de diferentes setores;
- disponibilizar métodos de autoavaliação de saúde mental para as equipes;
- permitir mais diálogo e debate sobre as condições de trabalho que provocam o burnout.
Além das empresas, os trabalhadores também precisam compartilhar essa responsabilidade. Afinal, eles são parte essencial nesse processo de construção de um ambiente corporativo que impacta positivamente a saúde mental. Nessa perspectiva, listamos as práticas que favorecem esse objetivo:
- controle o estresse e a ansiedade;
- otimize o tempo e evite a procrastinação;
- enfrente os desafios laborais com mais leveza;
- fale de seus sentimentos, angústias e frustrações;
- cultive emoções positivas e acalme o seu coração;
- torne a sua rotina diária mais saudável e menos tensa;
- livre-se de sentimentos ligados a raiva, mágoa ou rancor;
- reorganize a agenda e reserve um tempo para cuidar de si;
- fuja das “tempestades”, mas solidarize e ajude no que for possível;
- procure um profissional especializado na reabilitação da saúde mental;
- reduza ao máximo o contato com colegas que tornam o ambiente desconfortável;
- explore novas alternativas e conheça, por exemplo, os benefícios da terapia online;
- durma bem e a quantidade de horas necessárias para o seu descanso físico e mental.
Ainda é válido destacar que, se a OMS inseriu o burnout no rol dos problemas que mais afetam a estabilidade emocional no ambiente corporativo, é porque essa questão exige atenção e cuidado. Portanto, agora que já sabe que a síndrome de burnout é doença ocupacional, peça auxílio psicológico e restaure o seu equilíbrio emocional.
Precisa de ajuda nesse sentido? Entre em contato com o Hospital Santa Mônica e conheça nossos tratamentos especializados!