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Como lidar com o Transtorno de Personalidade Borderline?

Como lidar com transtorno de personalidade bordeline

Conviver com pessoas diagnosticadas com transtornos mentais é um desafio diário que requer paciência, compreensão e conhecimento. Oscilações de humor, brigas frequentes e episódios de impulsividade são comuns em ambientes familiares que lidam com distúrbios psicológicos e psicossociais. A situação pode ser ainda mais grave nos casos de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).

“O indivíduo borderline é muito intenso, rápido e extremista. A instabilidade emocional é um padrão desse transtorno. Seja nas relações interpessoais ou na autoimagem”. Quem afirma é a psiquiatra, do Hospital Santa Mônica, Luana Harada. “O transtorno de personalidade traz sofrimento para a pessoa e para quem é próximo, com prejuízos nas diversas esferas da vida”, completa.

A seguir, você aprenderá mais sobre os desafios do Transtorno de Personalidade Borderline, como identificá-lo e o que fazer para conviver com essa condição no ambiente familiar.

O que é o Transtorno Borderline – origem e sintomas

O termo “Transtorno de Personalidade Borderline” foi cunhado em 1938 pelo psicanalista norte-americano Adolf Stern. À época, a condição descrevia pacientes que se encontravam no limiar entre a psicose e a neurose. Daí a aplicação da palavra “borderline” (“limite” no inglês). O Borderline também é comumente classificado como Transtorno de Personalidade Limítrofe.

A Associação Norte-Americana de Psiquiatria, define nove sintomas comuns ao distúrbio, descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).

1. Esforços desesperados de evitar o abandono real ou imaginário

Borderlines têm medo intenso do abandono. Muitas vezes, quando se veem na iminência de ficarem sozinhos, são levados a empatizar, até mesmo, com quem possuem pouca afinidade. Para Luana Harada, a sensação de estar prestes a ser abandonado torna essas pessoas ávidas por alguma ligação significativa. ”Os vínculos podem surgir de forma rápida, intensa e com muita intimidade. Porém, são frágeis”, explica a médica.

2. Padrão de relacionamentos instáveis, com extremos de admiração e ódio

Relacionamentos interpessoais de indivíduos borderlines são muito instáveis, com altos e baixos frequentes. As relações são marcadas por extremos de idealização e desvalorização, em uma verdadeira “montanha-russa” de sentimentos.

3. Dificuldade em relação à autoimagem

Indivíduos borderlines têm dificuldade em se enxergar e ver as próprias características, negativas ou positivas. Isso torna difícil a descrição para os outros, não só da autoimagem corporal, mas no que diz respeito às características de identidade.

“Por isso, o TPB também é chamado de transtorno de personalidade emocionalmente instável. A instabilidade está presente em vários contextos”, explica a psiquiatra. Isso inclui mudanças súbitas em relação a imagem, aspirações profissionais, identidade sexual e valores.

4. Impulsividade elevada

A impulsividade pode ser percebida de diversas formas, tanto prazerosas quanto agressivas. A pessoa com transtorno borderline tende a fazer coisas sem pensar, levada  pela gratificação imediata. Comportamentos impulsivos podem incluir o consumo de drogas, álcool, sexo sem proteção e compulsão alimentar. Muitas vezes, os borderlines realizam atos impulsivos com o objetivo de gerar alívio ou relaxamento momentâneo.

5. Comportamento suicida recorrente, com ameaças e automutilação

Comportamentos autolesivos são comuns em diagnosticados com o Transtorno Borderline. Em momentos de instabilidade dos afetos, a dor física é usada como válvula de escape. Além disso, são pessoas com um risco aumentado de suicídio, manifestando ameaças e realizando tentativas em momentos de extrema angústia. Entre 8% a 10% dos indivíduos que possuem o TPB cometem suicídio.

A psiquiatra do Hospital Santa Mônica faz um alerta: “Não é porque essas pessoas falam de suicídio que elas não tentarão consumar o ato. Existe esse mito na sociedade. Estamos lidando com a vida. Se ela se vai, não teremos a chance de fazer diferente. O pensamento suicida nunca deve ser menosprezado e, quando se torna recorrente, é o principal motivo que os levam a pedir ajuda”.

6. Mudanças de humor

Pessoas com TPB vivem no limite entre o amor e o ódio, a raiva e a tristeza. “Essa flutuação de humor também é comum a outros transtornos, como a bipolaridade e a esquizofrenia”, explica Luana Harada. “A diferença está na duração do sintoma, que é mais irregular no borderline”.

7. Sentimento crônico de vazio

Borderlines têm um vazio interno que não sabem como sanar. Isso pode desencadear brigas familiares, conflitos conjugais recorrentes e provocar distúrbios no núcleo familiar.

8. Raiva intensa ou dificuldade de controlar a raiva

Essa característica está associada à instabilidade. O indivíduo pode acordar bem e, ao mínimo de frustração, se tornar extremamente raivoso. Muitas vezes, familiares e amigos não são capazes de entender qual é o motivo. Indivíduos borderline também podem pedir ajuda, por sentir culpa e vergonha após os acessos de raiva e agressividade.

9. Paranoia temporária relacionada ao estresse

Alguns indivíduos em momentos de angústia extrema podem vivenciar sintomas psicóticos. Eles são breves e podem se manifestar na forma de alucinações auditivas ou vivências delirantes. Algumas vezes, esses surtos podem estar relacionados a distúrbios do sono (chamados de alucinações hipnagógicas) e ao momento de despertar ou dormir.

Como diagnosticar o Transtorno Borderline

Quase 80 anos se passaram desde que o termo Borderline foi criado e o diagnóstico correto do transtorno continua sendo um desafio para médicos e especialistas em saúde mental. Estudo realizado pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, revela que 40% dos pacientes identificados com o Transtorno de Personalidade Limítrofe haviam sido mal diagnosticados ou sub diagnosticados anteriormente.

“O diagnóstico não é tarefa simples”, explica Luana Harada. “Existem outras condições com sintomas semelhantes de ansiedade, psicose e intensidade de humor, como a esquizofrenia, a bipolaridade e a depressão”. A avaliação única e pontual pode confundir os sintomas do TPB com distúrbios mentais similares. O diagnóstico deve ser realizado, portanto, com uma análise do padrão de comportamento ao longo do tempo, levando em consideração o contexto geral em que os sintomas se apresentam.

É preciso entender a dinâmica de relação do indivíduo com o meio em que ele vive. Juntando todas as peças é possível realizar o diagnóstico correto.

Relação entre o Borderline e o uso de drogas

É comum ver a comorbidade do transtorno de personalidade limítrofe e a dependência química. Por serem mais impulsivos, esses indivíduos têm a tendência de buscar o prazer imediato que a droga proporciona.

O uso de drogas pode, de fato, agravar alguns aspectos de personalidade borderline. Entretanto, o mais comum é que a dependência química seja consequência de um conjunto de traços da personalidade limítrofe. A personalidade do indivíduo o leva ao uso de drogas e não o contrário. É essencial a conscientização nesse sentido, para que haja engajamento e tratamento corretos.

Como tratar o TPB

O primeiro desafio parte do autoconhecimento do indivíduo diagnosticado com o Transtorno de Personalidade Limítrofe. Ele percebe que precisa de ajuda e enxerga uma necessidade de mudança?

Se sim, a possibilidade de evolução é mais favorável. O desafio é manter a estabilidade do tratamento essencial para recuperação. O tratamento pode ocorrer por diversas vertentes: psicoterapia, medicação e hábito de vida saudável.

Entendendo a Psicoterapia

Apesar da importância de medicamentos, a psicoterapia é a maior aliada no tratamento ao TPB. A partir dela, o borderline tentará achar instrumentos no dia a dia para mudar ou moldar aspectos do temperamento que causem angústia.

Existem duas modalidades com maior número de resultados: a Terapia Psicodinâmica e a Terapia Comportamental Dialética. Ambas demandam engajamento do indivíduo, com benefícios a médio e longo prazo. A participação de familiares e amigos também é essencial no processo de tratamento.

Medicamentos indicados para o TPB

Em um segundo patamar, também pode se cogitar o uso de medicamentos. Principalmente para lidar com a agressividade e impulsividade. Remédios também são utilizados para tratamento da depressão, comumente associada ao borderline.

Alimentação e hábitos de vida saudável no tratamento ao Borderline

Além do tratamento psicoterápico e farmacológico, borderlines podem buscar alívio dos sintomas por meio de hábitos de vida saudável, como boa alimentação e prática de atividades físicas. Hobbies também são importantes, atividades que não são terapias, mas são terapêuticas.

Se você tem algum amigo ou familiar com Transtorno Borderline, ou foi diagnosticado com o TPB, a especialista do Hospital Santa Mônica dá um conselho: “Aproveite os momentos bons, a tranquilidade pode durar pouco. Muito equilíbrio. É importante estabelecer limites. Não aceite o papel de vítima e nem de culpado demais. Incentive seu familiar, amigo ou companheiro a procurar ajuda especializada e, se sentir que precisa, procure ajuda também. Quem cuida e convive com pessoas com borderline também pode adoecer”.

Quer saber mais sobre o Transtorno de Personalidade Borderline ou outros distúrbios mentais? Fale com o Hospital Santa Mônica.

13 comentários sobre “Como lidar com o Transtorno de Personalidade Borderline?

  1. Já estive internada neste hospital por 32 dias em 2017. Tenho TPB. Gostei dessas informações da psiquiatra. É terrivel ser borderline, principalmente quando as pessoas ao seu redor não entendem. Estou em crise no momento, faço psicoterapia individual há poucos meses e em grupo por mais de 1 ano. Minha irritabilidade está no limite, e com isso a convivência com a minha amiga, comadre e irmã que mora comigo está insuportável! Preciso de ajuda urgente!!!

    1. Boa noite! Sou boderline,tenho 36 anos ,cheguei ao meu limite semana passada e tentei suicídio…vivemos no limite do tolerável e infelizmente nem todos vão nos entender…

  2. Realmente não é fácil, só quem vive essa situação sabe o quanto é difícil tentar se policiar e entender o que é sua culpa ou do outro…

  3. Faço tratamento de TPB gostei deste artigo já internei em hospital psiquiatra moro sozinha e gostaria muito de saber mais sobre o assunto

    1. Olá Maisa, temos um ebook sobre o assunto, veja em https://hospitalsantamonica.com.br/ebooks/ no nosso Youtube também temos vídeos, ficamos à disposição.

  4. Olá, se alguma pessoa puder me ajudar? Tenho uma esposa com Borderline, mas ela não é diagnosticada, como eu posso afirmar, na verdade não posso, pois não consegui levá-la a um médico, venho estudando a alguns anos esse transtorno, pois logo no início do relacionamento, percebia que havia algo de errado no comportamento e temperamento dela. Não sabia o que era, tentei conversar, mas não consegui, eu achava estranho ela me xingar muitas vezes dizendo que eu não prestava, mas eu sabia que era algo de errado, como uma patologia, porque eu nada havia feito que justificasse isso, não havia errado, ela mesma não sabia me dizer o que tinha feito de tão errado. Mas ao conversar em momentos em que ela estava bem, ela me contou seu histórico de abusos na infância. Mostrei uns vídeos e partes dos livros que dizem que abusos assim podem fazer com que a pessoa venha a ter borderline, inicialmente ela concordou em se cuidar, mas em uma crise forte e pasmem: Essa crise começou após eu prender sem querer o cabelo dela debaixo do meu braço na cama, antes de dormir. Ela ficou extremamente irritada, saiu e me traiu. Depois veio me pedindo desculpa. Quis terminar tudo, mas pensei que se eu ajudasse ela se tratar, ela poderia melhorar. Aí vi que é imprescindível a ajuda da família, mas ele ficaram contra mim e dizem que quem tem que se tratar, sou eu.
    Como estudei sobre o assunto, vejo que ela tem todos os sintomas e gostaria de ajudar. Alguém sabe como eu posso proceder? Nem ela nem a família dela quer que ela se trate.

    1. OLá André, o ideal seria que ela concordasse em se tratar, mas se ela não concorda, você já ouviu falar em internação involuntária? Saiba mais aqui ou entre em contato conosco (011) 98657-4262/(011) 99534-4287
      https://hospitalsantamonica.com.br/internacao-involuntaria-quando-e-o-momento-certo/

  5. Olá! Minha filha tem 18 e tem transtorno TB está em tratamento. Mas sinto que eu estou adoecendo. Pois não estou sabendo lidar com ela.

    1. Olá Maiza, voce já pensou em também procurar ajuda? O familiar também precisa de cuidados de saúde mental para conseguir lidar com a situação, busque uma avaliação psicológica.

  6. Como conseguir que meu filho aceite esse tratamento? Ele já é adulto (36), tá impossível a convivência com ele, tem me deixado com muito medo estar com ele.

    1. Olá Estrela, já ouviu falar em internação involuntária? Seguem os nossos contatos (011) 99667-7454/(011) 99534-4287

  7. Meu filho casou com uma moça que tem bordelaine e ele não tem como cuidar ele ter tem vontade de ajudar ela mais não ésta preparado tenho um amor muito grande por ela vejo que os pais já desistiram dela mais preciso de ajuda

    1. Olá Jussara, se ela estiver em alguma fase crítica da doença, vocês já pensaram em interná-la? Seguem nossos contatos (011) 99667-7454
      (011) 99534-4287

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