A droga que mais mata nos Estados Unidos foi apreendida com traficantes pela primeira vez no Brasil em fevereiro de 2023: o fentanil, um anestésico 50 vezes mais viciante que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), no período de 12 meses encerrado em 2022, 107.375 pessoas morreram de overdose ou envenenamento por drogas, sendo que 67% dessas mortes envolveram opioides sintéticos, como o fentanil. Em 2023, esse número caiu levemente para cerca de 105 mil mortes, e em 2024, registrou-se a maior queda anual já registrada: uma redução de 34%, com 54.743 óbitos. Apesar da queda, o fentanil continua sendo o principal responsável por mortes por overdose no país.
A primeira apreensão da substância com traficantes no Brasil aconteceu no Espírito Santo, em uma operação da Polícia Civil, onde foram localizadas 31 ampolas de citrato de fentanil em meio a outras drogas. A operação gerou alerta internacional e levou inclusive à vinda de agentes da DEA (agência antidrogas dos EUA) para acompanhar o caso.
Mas afinal, o que faz essa droga ser tão perigosa? Vamos entender.
O que é fentanil?
O fentanil é um opioide sintético extremamente potente, semelhante à morfina, mas entre 50 a 100 vezes mais forte.
Ele é utilizado legalmente como analgésico em procedimentos médicos complexos, como cirurgias, e em pacientes com dor crônica severa e refratária. Em sua forma legal, é conhecido por nomes comerciais como Actiq®, Duragesic® e Sublimaze®.
Contudo, a versão mais perigosa — o fentanil ilegal — é fabricada em laboratórios clandestinos, frequentemente misturada com outras drogas, como heroína, cocaína, metanfetamina e MDMA, sem o conhecimento dos usuários. Uma quantidade mínima já é suficiente para causar overdose fatal.
Como as pessoas usam fentanil?
- Forma médica: injeções, adesivos transdérmicos ou pastilhas sublinguais.
- Forma ilegal: pó, spray nasal, papel mata-borrão ou pílulas falsificadas.
O uso clandestino é extremamente arriscado porque o fentanil costuma ser adulterado ou disfarçado de medicamentos comuns, pegando os usuários de surpresa.
Como o fentanil afeta o cérebro?
Como a heroína, a morfina e outras drogas opioides, o fentanil funciona ligando-se aos receptores opioides do corpo, encontrados em áreas do cérebro que controlam a dor e as emoções. Depois de tomar opioides muitas vezes, o cérebro se adapta à droga, diminuindo sua sensibilidade, dificultando sentir prazer com qualquer coisa que não seja a droga. Quando as pessoas se tornam viciadas, a busca e o uso de drogas assumem o controle de suas vidas.
Principais efeitos colaterais incluem:
- Euforia extrema
- Sonolência intensa
- Náusea e confusão
- Constipação
- Sedação
- Depressão respiratória
- Perda de consciência
Pode causar overdose?
Sim. E de forma extremamente rápida.
A overdose por fentanil provoca hipóxia (falta de oxigênio no cérebro), podendo causar coma, danos cerebrais permanentes e morte. Muitas vezes, a vítima entra em colapso apenas minutos após o consumo.
A naloxona (Narcan®) é o principal antídoto, mas o fentanil pode exigir doses múltiplas do medicamento para reverter os efeitos.
Se você suspeitar de uma overdose, ligue imediatamente para o SAMU (192).
O fentanil causa dependência?
Sim. E rapidamente.
Pessoas que usam o fentanil, mesmo sob prescrição médica, podem desenvolver dependência física e psicológica. A retirada repentina provoca sintomas de abstinência severos, como:
- Dores musculares
- Vômitos e diarreia
- Tremores e arrepios
- Insônia
- Movimentos involuntários nas pernas
- Desejo incontrolável pela droga
Como tratar a dependência de fentanil?
Como mencionado acima, muitos traficantes de drogas misturam o fentanil mais barato com outras drogas como heroína, cocaína, MDMA e metanfetamina para aumentar seus lucros, tornando muitas vezes difícil saber qual droga está causando a overdose.
O tratamento envolve medicação especializada e terapia comportamental estruturada.
A naloxona é um medicamento que pode tratar uma overdose de fentanil quando administrado imediatamente. Funciona ligando-se rapidamente aos receptores opioides e bloqueando os efeitos dos medicamentos opioides. Mas o fentanil é mais forte do que outros medicamentos opioides, como a morfina, e pode exigir múltiplas doses de naloxona.
Entre os medicamentos, estão:
Esses remédios ajudam a reduzir o desejo e prevenir recaídas, agindo nos mesmos receptores opioides, mas sem os efeitos eufóricos da droga.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e programas de apoio psicológico são fundamentais para reestruturação de hábitos e controle dos gatilhos emocionais.
Como o Hospital Santa Mônica trata casos de dependência de fentanil?
O Hospital Santa Mônica é referência nacional no tratamento de dependência química, inclusive para opioides potentes como o fentanil.
A instituição oferece:
- Atendimento médico 24h com clínico geral, psiquiatra, anestesiologista, infectologista e nutrólogo.
- Equipe multidisciplinar especializada em saúde mental (enfermeiros, psicólogos, terapeutas, nutricionistas, farmacêuticos e assistente social).
- Área de emergência psiquiátrica e farmácia 24h.
- Abordagens completas, com:
- Internação e desintoxicação supervisionada
- Psicoterapia individual e familiar
- Reuniões de grupo
- Apoio psicossocial e reabilitação
Além disso, o hospital conta com uma estrutura de 83 mil m², sendo 50 mil m² de mata preservada, com academia, quadras, piscina e áreas de convivência. Diversas terapias complementares são oferecidas, como:
- Musicoterapia
- Terapia com cães
- Atividades manuais e artísticas
- Hidroginástica
- Dançoterapia
- Pilates e alongamento
Tudo isso favorece a recuperação integral do paciente — física, emocional e social — garantindo o melhor suporte possível para superar o vício.
Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, entre em contato com o Hospital Santa Mônica. Nossos profissionais estão prontos para acolher e orientar, com respeito, sigilo e dedicação.
