Quando a data do ENEM se aproxima (neste ano de 2022, acontecerá nos dias 13 de novembro a 1a prova e 20 de novembro a 2a prova), a tendência é o aumento da ansiedade entre os jovens inscritos nesse exame. Surgem manifestações psicológicas que geram mal-estar, insegurança e, até mesmo, alterações orgânicas. Tais circunstâncias exigem a adoção de ações práticas para reduzir a ansiedade no ENEM e passar por esse processo com mais tranquilidade.
Tendo isso em vista, a Dra. Luciana Mancini Bari, médica do Hospital Santa Mônica, irá apresentar os principais desafios relacionados à preparação para o ENEM e os cuidados necessários com a saúde mental no pós-exame. Entenda a importância de controlar os quadros ansiosos para evitar que a autocobrança e a expectativa por resultados extraordinários comprometam a realização da prova.
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A ansiedade de não passar
Devido à pressão psicológica causada pelos impactos da pandemia de Covid-19 em diferentes aspectos da vida da população, o Ministério da Saúde (MS) realizou uma pesquisa sobre a saúde mental do brasileiro. Os resultados apontaram a ansiedade como o transtorno mais presente durante os cenários de crise. Na preparação para o ENEM, a situação é bem semelhante.
Geralmente, esses quadros surgem em situações novas e em eventos que geram muita expectativa. Principalmente para os mais jovens, o momento do vestibular chega carregado de incertezas. Por ser uma fase de mudanças significativas, comumente surgem dúvidas, medo e insegurança, que levam à frustração, depressão e ansiedade.
Porém, até mesmo os estudantes bem preparados podem ser dominados pela ansiedade de não passar. Além do peso da responsabilidade de encarar um processo seletivo concorrido, a competição com amigos e colegas — e a expectativa dos pais e professores — também contribuem para elevar os quadros de instabilidade psicológica.
Sentir essa pressão faz parte do processo, pois os estudantes estão preocupados com a resposta que darão aos familiares e à sociedade. Assim, é preciso buscar alternativas que fortaleçam a saúde emocional deles. Nesse momento, é importante fazê-los perceber que não estão sozinhos e que, caso não alcancem o resultado esperado, novas oportunidades virão.
A autocobrança durante o processo
Devido ao grau de complexidade das provas, o estudante se torna apreensivo em relação à concorrência, sobretudo, em cursos que exigem pontuação alta e universidades públicas mais conceituadas. Todavia, ter certa preocupação com o exame é normal, mas não se pode permitir que a autocobrança provoque crises de ansiedade que levem aos desequilíbrios emocionais.
Quando isso acontece, o candidato não consegue a concentração necessária para se manter focado nas disciplinas mais difíceis e a rotina fica comprometida. Por conseguinte, isso pode atrapalhar gradativamente o rendimento dele ao longo do processo e comprometer a performance no dia da prova.
Para controlar essa situação e evitar problemas assim ao longo da trajetória de preparação para o ENEM, o ideal é conversar com os pais sobre as eventuais dificuldades e sentimentos gerados pela autocobrança. Igualmente relevante é ter a consciência de que é preciso respeitar as limitações e projetar expectativas mais realistas quanto à aprovação.
O esgotamento mental para a preparação
A organização dos estudos e o planejamento são fundamentais para atingir o sucesso da preparação para o ENEM. Os estudantes devem elaborar um cronograma de acordo com o grau de dificuldade de cada disciplina e o tempo disponível para os estudos. Manter a organização ajuda a evitar o esgotamento mental e os riscos que ele representa para a saúde integral.
Porém, quando essa situação sai do controle, alguns sinais que indicam a necessidade de buscar ajuda profissional se tornam mais evidentes. Nessas circunstâncias, o cansaço mental e o desânimo não devem ser vistos como sinônimos de fracasso, mas como indicativos de que pode ser necessário ter mais organização e disciplina para não comprometer os resultados.
Confira, agora, como reconhecer as evidências de esgotamento mental:
- apatia e irritabilidade;
- episódios de depressão;
- isolamento e fobia social;
- desinteresse pelos estudos;
- insônia ou excesso de sono;
- alergias e alterações na pele;
- mau funcionamento do intestino;
- queda drástica no desempenho escolar;
- medo de fazer provas e simulados do ENEM;
- falta de apetite, excessos na alimentação e compulsão por doces;
- crises de ansiedade, acompanhadas de falta de ar, tontura, taquicardia e dor de estômago.
A dificuldade em lidar com frustrações
Um estudo realizado pela faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, em São Paulo, avaliou as razões que tornam o vestibular um dos grandes fatores de desequilíbrio da saúde mental dos participantes. A avaliação psicológica foi centrada em ansiedade, depressão, estresse, comprometimentos das habilidades sociais e desesperança.
Juntos, esses fatores geram uma sensação de impotência e de desânimo como resposta emocional imediata ao que, aparentemente, não saiu como o esperado. Tal sentimento é conhecido como frustração e costuma surgir mediante expectativas não alcançadas. Normalmente, a frustração vem acompanhada de raiva, o que traz ainda mais prejuízos à saúde emocional.
No pós-ENEM, muitos candidatos ficam frustrados mesmo antes da liberação dos resultados. Entretanto, vale frisar que o momento exige calma e paciência para avaliar melhor as possibilidades. Além do mais, aprender a praticar a tolerância à frustração é um dos requisitos mais relevantes ao bem-estar psicológico.
Por tal razão, é preciso tratar a ansiedade e buscar alternativas mais favoráveis à superação desses desafios. Tão importante quanto treinar provas e simulados é exercitar habilidades mentais positivas para reduzir as dificuldades de lidar com a frustração e melhorar o desempenho nos estudos.
As ações mais favoráveis à superação desses desafios
Diante da dificuldade de muitos para lidar com a frustração e a relação direta desse sentimento com a ansiedade no ENEM, listamos algumas sugestões que podem ser úteis nesses momentos. Confira:
- otimize o tempo e tenha cuidado com o mau uso das redes sociais;
- mantenha firme os seus objetivos, mas evite criar expectativas muito altas;
- pratique atividade física para relaxar, produzir endorfinas e outras substâncias “do bem”;
- adote uma postura mais tranquila e veja como isso contribui para o bem-estar mental nos momentos difíceis;
- seja consciente de que as novas experiências da vida são excelentes oportunidades de aprendizado e de crescimento;
- desenvolva a resiliência, uma virtude essencial para lidar com os imprevistos e superar os objetivos mais desafiadores;
- tente substituir a raiva e a frustração por sentimentos positivos e use isso como força para se preparar melhor no próximo ano;
- lembre-se de que a frustração é um sentimento momentâneo, e que deve ser visto como um processo de aprendizagem ao longo da vida.
Por fim, tenha em mente que o alcance de bons resultados requer a aplicação de práticas de autocuidado durante a preparação para os processos seletivos. Uma das alternativas mais eficazes é a busca de acompanhamento profissional: além de minimizar os impactos da relação entre ansiedade e ENEM, ajuda a manter a motivação necessária até a tão sonhada aprovação.
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