O consumo abusivo de álcool e de outros tipos de drogas licitas e ilícitas vem crescendo progressivamente, sobretudo entre os jovens. Por tal razão, saber quais são as drogas que causam mais dependência ajuda a compreender a melhor maneira de frear seus determinantes e ajudar quem enfrenta a adicção.
Tendo isso em vista, convidamos o psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, para apresentar a lista das drogas que causam mais dependência e explicar os efeitos que afetam o corpo e a mente. Entenda também o que é a overdose, quais são os seus impactos e os riscos que ela representa à saúde mental e emocional do dependente.
Dados gerais sobre o consumo de drogas no Brasil e no Mundo
Visualizar o panorama relacionado ao consumo de drogas no Brasil e no mundo é crucial para compreender a importância de ações relacionadas ao tratamento psicológico, o qual ajuda a reduzir os números cada vez mais preocupantes.
Segundo dados divulgados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), houve um aumento de 23% no número de pessoas usuárias de drogas nos últimos 10 anos em relação à década passada, abrangendo todo o mundo.
No Brasil, os números também são preocupantes. De acordo com o Ministério da Saúde, houve cerca de 400 mil atendimentos pelo SUS devido ao uso de drogas e álcool em apenas 1 ano, sem contabilizar os atendimentos na rede privada.
Frente a esse cenário, entender as motivações e adotar ações relacionadas à saúde mental dos cidadãos é fundamental para evitar que tais estatísticas continuem crescendo.
As principais motivações para a adicção em drogas
Um estudo publicado pela Revista da Escola de Enfermagem da USP analisou as principais motivações que levam ao consumo inicial de drogas pelos adolescentes e jovens. As razões mais evidentes estão associadas à atenuação da crise existencial, uma característica marcante da adolescência.
Além disso, a pesquisa destaca outros fatores que contribuem para a crise existencial e estimulam o consumo de entorpecentes na juventude. A ruptura dos laços sociais, os conflitos familiares e as condições de vulnerabilidade social e econômica são os pilares mais relevantes.
Portanto, ainda que a adicção em drogas possa acontecer em qualquer faixa etária, entre adolescentes e jovens, o risco de envolvimento com tais substâncias é maior. Nesse grupo, há uma intensa relação entre o consumo de drogas e a instabilidade mental, o que exige mais cuidado e atenção por parte da família, da comunidade e dos profissionais de saúde.
Vale salientar ainda que, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o uso contínuo dessas substâncias leva à dependência e causa desabilidades, além de gerar problemas de saúde crônicos, fazendo do tratamento adequado algo primordial.
As 9 drogas que causam mais dependência e seus impactos
Após entender as principais motivações para a adicção em tais substâncias, vamos abordar as drogas que causam mais dependência e seus efeitos na saúde do corpo e da mente. Acompanhe.
1. Nicotina
Presente na composição do cigarro, a nicotina causa graves prejuízos ao organismo e é considerada uma das drogas lícitas mais letais. Essa substância tem a capacidade de estimular a produção de dopamina, um dos mediadores químicos cerebrais responsáveis pela regulação do centro de prazer.
Uma das razões que sustentam a dependência do cigarro é o desequilíbrio nas concentrações dos mediadores cerebrais que regulam as emoções. Sem a nicotina, a taxa de dopamina cai, e o cérebro do fumante produz noradrenalina. Em alta, esse hormônio causa ansiedade e faz a pessoa consumir cada vez mais cigarros.
Atualmente, é a droga com maior número de dependentes no mundo, e considerada a de mais difícil tratamento, com o maior número de recaídas.
Principais efeitos
Em altas concentrações no corpo, a nicotina eleva os batimentos cardíacos, a pressão arterial e desregula a frequência respiratória. Esse elemento também afeta a atividade motora, dificulta a digestão e, somado a outros componentes do cigarro, apresenta um alto potencial cancerígeno.
2. Álcool
Além dos prejuízos à saúde, os atos infracionais, a agressividade e os acidentes de trânsito estão entre as piores consequências do alcoolismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 13,5% do total de mortes entre pessoas de 20 a 39 anos estão associadas ao abuso de álcool. Essas estatísticas sugerem a urgente necessidade de buscar medidas que reduzam o consumo precoce da substância e atenuem esse problema.
Principais efeitos
As bebidas alcoólicas estão entre as drogas que causam mais dependência e têm ação direta no Sistema Nervoso Central, causando diferentes reações depressoras das funções exercidas pelo cérebro. Além de reduzir a capacidade crítica da pessoa e alterar o humor, elas afetam o equilíbrio motor, provocam ansiedade e desestabilizam as funções cognitivas.
3. Heroína
É uma das drogas com grande potencial para causar adicção, pois alcança o Sistema Nervoso Central em questão de segundos. Os efeitos no corpo e na mente do dependente químico podem ser irreversíveis. O consumo desenfreado desse tipo de substância gera distúrbios emocionais e psíquicos que comprometem a vida social, acadêmica e profissional.
Principais efeitos
A heroína alcança rapidamente a corrente sanguínea e chega ao cérebro, onde provoca pequenas lesões. Com o passar do tempo e a evolução das fases da adicção em drogas, ela causa efeitos neurológicos intensos, como a morte de neurônios: as células cerebrais. O uso da substância também leva à perda de memória e concentração, desinteresse pela vida, ideação suicida e riscos sociais.
4. Cocaína
Por ser muito cara, há muitas outras substâncias prejudiciais à saúde presentes na composição da cocaína. Sendo assim, os usuários não têm noção do que inalam ou injetam, já que a droga pode ser consumida de diferentes maneiras. Entre os produtos já encontrados na droga, há evidências de fluido de bateria e até vidro moído.
Principais efeitos
Ao entrar em contato com o organismo, essa substância provoca sérios prejuízos. Por ser ácida, ela causa a erosão do esmalte dental, afetando a saúde dos dentes e da gengiva. O consumo de cocaína impacta as funções cerebrais ao desequilibrar a liberação de importantes neurotransmissores que controlam o sono e o apetite.
5. Crack
O crack é uma das drogas mais viciantes e com maior potencial destrutivo, sendo um subproduto da cocaína vendido por um valor mais acessível, o que o torna muito popular entre jovens desempregados e a população de rua. O efeito da substância é passageiro, por isso, a pessoa é facilmente induzida à adicção.
Por ser absorvida pela manta pulmonar seu efeito é muito mais rápido do que a cocaína inalada, e tem também uma maior absorção pelo organismo por ser em forma de vapor.
Principais efeitos
Usuários de crack são muito debilitados por conta da perda de apetite, que é um dos efeitos mais marcantes dessa droga. A falta de sono, a paranoia e o desejo de suicídio são comuns. Esses fatores contribuem para os desajustes psíquicos e emocionais, assim como para a queda da defesa imune observada nos dependentes do crack.
6. Anfetamina
Empregada em tratamentos do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), essa substância é encontrada em várias misturas ilícitas. É muito procurada para consumo recreativo por aumentar a energia, a autoconfiança, o bem-estar e o desejo sexual. É como se o cérebro ficasse inundado de dopamina e noradrenalina.
Principais efeitos
O consumo exagerado de anfetamina deixa a pessoa em constante estado de alerta, o que tende a ser visto com bons olhos por muitos de seus usuários. O problema é que, junto a essa ilusão de alta performance para exercer diferentes atividades, o corpo passa a sofrer danos como taquicardia, perda de apetite, lesões cerebrais e insônia.
7. Metanfetamina
Tem mais potência que a anfetamina, gerando efeitos intensos que favorecem a adicção. Também chamada de cristal ou tina, atrai pessoas interessadas em seu potencial para causar euforia e pensamentos megalomaníacos. No Brasil por ser cara, os usuários veem um certo glamour nessa droga que nos EUA é mais usada pela população de rua. É uma das drogas que causam mais adicção, por encher o cérebro de dopamina e, ao mesmo tempo, reduzir a produção desse neurotransmissor pelo próprio organismo. Isso deixa o usuário dependente das doses.
Principais efeitos
Quem consome metanfetamina sente um elevado estado de alerta, redução do cansaço e aumento da energia e da libido. Com a agitação prolongada e estímulos variados, o indivíduo acaba deixando de comer e de dormir adequadamente. Também pode, em casos graves, causar acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico.
8. Metadona
É comumente usada em intervenções para o tratamento de dependência de outras drogas, como a heroína. Como tem ação analgésica, alivia os desconfortos que surgem a partir do consumo de substâncias tóxicas. O problema é que, quando aplicada em doses não controladas, ela também apresenta alto potencial de se tornar viciante e prejudicar a saúde.
Principais efeitos
A sensação de relaxamento aparece nos primeiros instantes de contato com a droga. O exagero, porém, pode resultar em problemas como depressão respiratória e circulatória, disforia, dor de cabeça, insônia, desorientação, fraqueza e distúrbios visuais. Quadros mais graves trazem o risco de evolução para choque e parada cardíaca.
9. Barbitúricos
São usados com o objetivo de regular a ansiedade e problemas associados ao sono, já que têm poder de acalmar e prolongar o estado de relaxamento. O efeito dessa classe medicamentosa é tão positivo que faz algumas pessoas buscarem novas doses de forma indiscriminada, mesmo após terminarem o tratamento indicado pelo médico. Isso explica a adicção recorrente.
Principais efeitos
A facilidade de consumo contribui para a classificação dos barbitúricos entre as drogas que causam mais dependência. Afinal, podem ser obtidos via injeção no músculo ou direto na corrente sanguínea, bem como na forma de comprimidos. Eles atuam sobre o sistema nervoso central e reduzem as funções de alguns sistemas orgânicos. Doses excessivas podem levar ao coma e à morte.
Os problemas causados pelas drogas
A dependência desses e de outros tipos de drogas pode causar efeitos significativos na saúde mental e física dos indivíduos. Entender quais são eles é um dos passos relevantes para investir em um tratamento adequado. Além do grande impacto social e familiar, já se sabe que onde há um dependente químico, pelo menos mais 5 pessoas da família também adoecem.
Riscos à saúde mental
A partir da dependência das drogas, os usuários podem sofrer com uma série de doenças mentais que diminuem a qualidade de vida. Segundo o UNODC, o uso dessas substâncias é responsável por gerar transtornos em mais de 35 milhões de pessoas.
Além disso, os sintomas de depressão podem se agravar devido ao impacto das drogas no sistema nervoso central, resultando em crises depressivas mais intensas.
Lembrando que as drogas atuam no funcionamento e na estrutura do sistema nervoso central, e seu uso em alta frequência e grande intensidade pode gerar danos e lesões cerebrais irreversíveis e o desenvolvimento de outros quadros psicopatológicos como sequela ou comorbidade (ex: surtos psicóticos, esquizofrenia, transtornos depressivos e ansiosos entre outros).
Nesse sentido, é fundamental buscar acompanhamento psicológico e ter acesso a uma infraestrutura de apoio para tratar eficazmente a dependência e superar esses desafios.
Riscos à saúde física
A dependência das drogas não causa apenas danos à saúde mental, pois também pode afetar significativamente a parte física dos usuários.
Algumas das drogas citadas impactam o organismo das pessoas, afetando o sistema responsável pela regulação da fome. Dessa forma, é comum observar indivíduos com dependência e desnutrição, pois eles não sentem vontade de se alimentar de maneira adequada.
Há ainda outros problemas que podem surgir com o consumo, como a hepatite B, a hepatite C e até mesmo as infecções bacterianas. As drogas que demandam o uso de agulha também podem levar a infecções sexualmente transmissíveis. Estas, por sua vez, são capazes de causar graves problemas de saúde devido à dificuldade de tratamentos com antibióticos.
Outro risco que o consumo das drogas pode trazer é a overdose. A seguir, explicamos mais sobre ela.
Riscos associados à overdose
A overdose é caracterizada pelo consumo de drogas em excesso, condição que pode levar o usuário ao coma ou à morte por parada cardíaca. A intensidade dos efeitos no corpo varia de acordo com a quantidade de substância ingerida e o estado do organismo da pessoa.
Os sintomas da overdose envolvem alterações cognitivas, como a queda na capacidade de atenção, a confusão mental e as dificuldades motoras. Nesse quadro, observa-se a fraqueza nas pernas e nos braços, com dificuldade para se manter de pé e coordenar os movimentos de precisão. Desmaios, convulsões e epilepsia também podem se manifestar.
Destaca-se que pessoas que consomem qualquer uma dessas drogas que causam dependência devem buscar ajuda profissional para superar o problema. Mesmo que a adicção seja uma situação desafiadora, com um tratamento adequado, é possível trabalhar a prevenção de recaídas, reabilitar a saúde e promover o bem-estar.
As formas de tratar a dependência
Existem diversas opções de tratamento contra o uso constante e abusivo de substâncias prejudiciais à saúde. Como a dependência química é considerada um transtorno mental, precisa ser acolhida em espaços especializados, que contam com equipes formadas por profissionais de diferentes áreas da saúde.
Confira, abaixo, as três terapias mais comuns para a reabilitação dos dependentes químicos.
Uso de medicamentos
Existem substâncias específicas para desintoxicar e controlar a ansiedade causada pelas drogas. Elas funcionam melhor quando o paciente segue um cronograma de atividades recomendadas pela equipe médica, na forma de terapias combinadas. Entre essas práticas, podemos destacar noções de disciplina e mudanças comportamentais que favoreçam a recuperação.
Terapia Cognitivo-Comportamental
Essa intervenção auxilia bastante no controle da adicção por trabalhar os pontos de fragilidade do paciente, de modo que ele exercite o autoconhecimento para superar o problema e manter o tratamento até o fim. Serve para vários casos que causam um forte impacto emocional, sendo aliada nos processos de diversas instituições e empresas da área da saúde.
Internação
Nos casos em que o tratamento ambulatorial não apresenta grandes avanços, a equipe médica pode recomendar a internação do paciente. Ela existe na forma voluntária e involuntária, sendo que ambas devem contar com o suporte da família para o sucesso das abordagens.
A internação voluntária ocorre quando a pessoa reconhece o uso de drogas que causam dependência e aceita receber um tratamento intensivo. Em caso de recusa do paciente, sua família pode optar pela internação involuntária com o amparo da Lei 13.840, de abril de 2019. Esse processo é sempre formalizado a partir da decisão do médico.
As abordagens do Hospital Santa Mônica
O tratamento oferecido pelo Hospital Santa Mônica contra a dependência de drogas foi pensado com estratégia e com a ajuda de nossos especialistas, visando oferecer acolhimento e cuidado aos pacientes. Saiba mais sobre nossa abordagem.
Reabilitação da saúde mental
Problemas com dependência química fazem parte dos programas de tratamento do Hospital Santa Mônica. Nossa instituição é especializada em cuidar da reabilitação da saúde mental de pessoas de diferentes faixas etárias. O objetivo é favorecer o resgate, a desintoxicação e a reabilitação do paciente, para que ele retome sua vida social.
O tratamento contra drogas que causam mais dependência e a prevenção de recaídas ocorre com base em vários programas, todos disponíveis em regime ambulatorial ou de internação. O planejamento se dá a partir do tipo de substância que gerou a adicção, de modo a definir as melhores estratégias de cuidado.
Infraestrutura adequada
A estrutura diferenciada do Hospital Santa Mônica facilita o envolvimento das pessoas no tratamento, o que inclui tanto os pacientes quanto seus familiares. Por falar nisso, a intervenção familiar é de suma importância para que as condutas terapêuticas sejam conduzidas de modo eficaz e tragam o resultado esperado.
Profissionais especializados
Nossos profissionais têm ampla experiência em suas áreas e compõem equipes multidisciplinares. Aqui, você encontra médicos clínicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e outros especialistas para tirar todas as dúvidas e receber o acompanhamento adequado.
Tratamento integral
As abordagens de longo prazo geralmente combinam reuniões de grupo, supervisão médica contínua e sistemas de apoio psicossocial. Na psicoterapia, por exemplo, são abordadas as questões que possam ter contribuído para o abuso de substâncias lícitas ou ilícitas, bem como para a piora dos problemas associados.
Ficou claro que o combate à adicção em drogas que causam mais dependência tem maior eficácia quando conta com uma rede de apoio diversificada. Nessa estrutura tão importante, é preciso incluir pessoas próximas do paciente e, claro, os integrantes de uma instituição qualificada e apta a orientar cada etapa do tratamento de qualquer um dos tipos de drogas.
Que tal aproveitar que você está aqui para investir nesse suporte? Entre em contato conosco e conheça os tratamentos disponíveis para ajudar quem precisa de um time especializado!