O cuidado com a saúde mental também implica a redução dos riscos que a insônia crônica, quando não tratada, pode oferecer a quem sofre com essa condição. Buscar meios de promover a qualidade do sono é essencial à manutenção do bem-estar em diferentes contextos, já que dormir bem pode ser o melhor remédio para muitos males associados aos distúrbios do sono.
Nesse contexto, Dra. Luciana Mancini Bari, clínica geral do Hospital Santa Mônica conceitua insônia crônica e apresenta os sintomas a ela relacionados. Destaca, ainda, os riscos que oferece e as principais causas que podem levar à doença. Continue a leitura e saiba como reduzir os impactos desse problema, dormir melhor e recuperar o bem-estar mental e físico. Acompanhe!
O que é insônia crônica?
A insônia crônica pode ser definida como algo gerado pela insatisfação com a quantidade, qualidade e a função do sono. Quem tem insônia apresenta muita dificuldade em pegar no sono e mantê-lo de forma natural e ordenada. Muitos insones costumam despertar, precocemente, pela manhã e ter muita dificuldade para voltar a dormir, o que afeta a estabilidade mental e física.
Assim, a insônia é caracterizada como um distúrbio associado ao aumento considerável do risco de morte por doença cardiovascular, crises depressivas, obesidade mórbida, hipertensão arterial, fadiga, diabetes e os males associados à ansiedade e ao estresse. Nos quadros mais graves, os efeitos da insônia estão bem presentes no cotidiano e resultam em acidente doméstico no trabalho e no trânsito.
Nessas circunstâncias, a pessoa tem sintomas associados à fadiga, déficit de atenção, dificuldades de orientação espacial e alterações do humor, entre outros. Isso pode trazer sérios prejuízos à saúde, além de causar comprometimento funcional quando a falta de sono acontece por três noites na semana, alternadas ou não.
Quais riscos ela oferece à saúde?
Passar acordado uma noite, ocasionalmente, faz com que a pessoa se sinta cansada, indisposta, abatida e irritada no dia seguinte. Quem nunca viveu essa desagradável experiência, não é mesmo? Porém, quando essa situação se torna rotineira, a saúde mental e física fica muito prejudicada.
Se não adequadamente tratado, esse transtorno do sono pode gerar graves consequências à saúde. A insônia está diretamente associada ao aumento de doenças cardiovasculares, respiratórias — como apneia do sono — e distúrbios psiquiátricos ligados à ansiedade e depressão.
Somado a isso, é preciso considerar a intrínseca relação da qualidade do sono com a eficiência da defesa do organismo no combate a diversas doenças. Durante o sono, o cérebro trabalha intensamente na liberação de substâncias importantes ao bom funcionamento do corpo. É enquanto se dorme que ocorre a reparação celular e tecidual para evitar o desenvolvimento de diferentes problemas ao reduzir o risco de doenças crônicas.
Portanto, além dos aspectos ligados à saúde, são muitos os efeitos da falta de sono que trazem prejuízos à vida pessoal, acadêmica e profissional. Quem dorme mal ou em quantidade insuficiente tem mais propensão ao mau humor durante grande parte do dia. A capacidade de raciocínio e de concentração também ficam prejudicadas e a produtividade no trabalho é reduzida.
O que pode causar a insônia crônica?
Acredita-se que a insônia crônica pode ser causada por múltiplos fatores. Além das questões de ordem emocional, ainda é preciso considerar aspectos genéticos e ambientais. Em pacientes com condições neurológicas como Parkinson e Alzheimer, Acidente Vascular Cerebral e esclerose múltipla, o risco de insônia é bem maior.
Como os mecanismos ligados à origem da insônia crônica são diversificados, as metodologias de tratamento devem ser aplicadas de acordo com as causas. Nesse contexto, a avaliação e o acompanhamento terapêutico — em instituições especializadas — torna-se fundamental à recuperação do sono.
Enumeramos alguns fatores que mais influenciam o surgimento da insônia crônica. Veja quais são eles a seguir.
Isolamento social pelo Coronavírus
A necessidade de conter a disseminação de Covid-19 está remodelando hábitos e costumes da população. O isolamento social é uma medida preventiva essencial ao controle do coronavírus, mas exige-se alguns cuidados que vão além de ficar em casa. A excessiva preocupação com o impacto da Covid-19 sobre a economia do país, o desemprego e o medo de contrair a doença comprometem a qualidade do sono.
Ficar em isolamento, com pouca atividade física ou opção de lazer saudável — e ainda amedrontado pela insegurança que o momento representa — também pode levar à insônia crônica. Nesse sentido, a atenção à saúde mental é muito importante para superar a histeria coletiva, dormir melhor e evitar complicações à saúde.
Estresse
Pacientes que vivem com muitas preocupações relacionadas à vida pessoal, profissional, acadêmica ou afetiva apresentam maior risco de desenvolver esses quadros. Adquirir o hábito de levar problemas para a cama deixa a mente ligada e mais ativa durante a noite. Nessas circunstâncias, o cérebro não consegue relaxar. O estresse domina a pessoa ao ponto de ela não conseguir adormecer, o que gera episódios recorrentes de insônia.
Ansiedade
Com o passar do tempo, quadros de ansiedade diária podem resultar em graves transtornos de ansiedade e impedir o sono. Os problemas mais comuns são o transtorno de estresse pós-traumático, vício em drogas ou condições ligadas a doenças de difícil recuperação. Quando a ansiedade é muito grave, até a preocupação em não conseguir pegar no sono pode levar à insônia crônica.
Depressão
Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), 300 milhões de pessoas no planeta enfrentam a depressão. Ainda que também afete a classe masculina, a doença é mais prevalente nas mulheres. Em relação à insônia, as pessoas depressivas podem apresentar comportamentos bem diferentes: enquanto algumas se deitam mais cedo, outras passam a noite rolando na cama sem conseguir dormir. Por isso, a insônia é um problema muito comum na depressão.
Doenças graves ou incuráveis
As doenças graves que provocam dor crônica, problemas respiratórios como falta de ar ou necessidade frequente de se levantar à noite para urinar podem levar à insônia. Entre as condições de saúde que resultam nesse problema, destacam-se as neoplasias, os distúrbios tireoidianos, a insuficiência cardíaca e o enfisema pulmonar, por exemplo.
Viagens constantes e mudanças no horário de trabalho
Viagens frequentes para países com muita diferença de fuso horário podem resultar em um quadro conhecido como “jet lag”. Essa condição é muito comum em longas viagens de avião e pode causar desconfortos físicos e psíquicos, principalmente sobre o ciclo do sono.
Esse tipo de insônia é mais comum em pilotos de avião ou em trabalhadores que precisam fazer longos percursos aéreos e com muita frequência. Trabalhos que alternam escalas diurnas e noturnas também interferem no ritmo do corpo, alteram o “relógio biológico” e prejudicam o padrão regular do sono.
Maus hábitos de sono
Desenvolver maus hábitos de sono também é um grave problema que pode causar insônia. Pessoas que dormem em horários irregulares, passam a noite acordadas e dormem durante o dia têm maior propensão ao desenvolvimento da insônia crônica.
Também é preciso considerar a realização de atividades estimulantes antes de dormir: frequentar academia e fazer exercícios muito intensos, passar longas horas na TV ou no celular e dormir em ambientes muito barulhentos, iluminados ou desconfortáveis são fatores que podem causar perturbações ao sono.
Dra. Luciana Bari ressalta que “Em casos mais graves, em pacientes que fazem uso abusivo e compulsivo de drogas euforizantes, como cocaína e crack por exemplo, as pessoas ficam noites seguidas sem dormir, numa espécie de insônia induzida, que pode acarretar alterações graves do estado de consciência, com desenvolvimento de comportamentos bizarros, crises de agressividade e outros que colocam em risco a vida do próprio paciente e das pessoas em contato próximo. Para esses casos é imprescindível buscar ajuda profissional para tratar não somente a insônia, mas as causa dela.”
Como você pôde notar, é necessário buscar meios de combater a insônia crônica. A atividade física que usualmente ajuda a reduzir a incidência de tantas doenças crônicas, é de grande utilidade para prevenir a insônia, o estresse, melhora o condicionamento físico entre outros benefícios. No entanto, como foi informado acima, é importante que ela não seja realizada próxima a hora de dormir.
Evitar bebidas estimulantes como o café , refrigerantes, dentre outras energéticas.
Fazer a higiene do sono é essencial: evitar celulares e jogos eletrônicos antes de dormir, manter o ambiente tranquilo e com pouca luz, não fazer refeições copiosas a noite.
A adoção de um estilo de vida mais equilibrado e saudável, o cuidado com a alimentação e com a saúde emocional são medidas primordiais à melhoria da qualidade do sono. Igualmente relevante é buscar ajuda profissional para a submissão do tratamento mais adequado com vistas à recuperação da saúde mental e física.
Agora é com você: entre em contato com o Hospital Santa Mônica e conheça um pouco mais sobre nossos serviços especializados!