Todo dia 07 de abril, quando se comemora o Dia Mundial da Saúde Mental, há um foco especial nos desafios que envolvem essa área tão emblemática. Isso porque a gestão de saúde mental no Brasil ainda está buscando alternativas para transpor as questões associadas ao transtorno mental.
Dada à complexidade desse tema, o objetivo deste artigo é analisar, sucintamente, como está o cenário político da saúde mental em nosso país. Destacamos também quais são os aspectos que mais necessitam de mudanças, como melhorar a assistência nessa área e o que podemos esperar para o futuro. Acompanhe!
Conheça o cenário público político sobre saúde mental no Brasil
Em nosso país, o panorama que envolve a saúde mental já passou por várias fases e mudanças significativas. No entanto, em termos de assistência concreta, ainda precisa melhorar bastante, pois há profundas lacunas que comprometem seriamente a reabilitação do paciente.
A ineficiência ou a ausência de programas governamentais para essa área é um dos maiores desafios a serem vencidos. Somado a isso, há também o preconceito em relação ao estigma que prevalece desde os séculos passados em relação ao perfil dos pacientes psiquiátricos. A maioria era taxada de louca, e por isso, era vista com indiferença.
Ainda que essa postura seja meramente cultural, nesse sentido, pouca coisa mudou. Muitos pacientes hesitam em procurar assistência psiquiátrica para tratar doenças oculares associadas a transtornos psicológicos porque têm medo ou vergonha de se assumirem como pacientes da psiquiatria.
Falta informação adequada. Falta educação preventiva. Ou seja, falta conhecimento sobre a realidade que envolve a verdadeira função da psiquiatria e a relevância desse campo para atenuar as comorbidades geradas por doenças de outros sistemas.
De certo modo, o Governo é conivente com essa situação. Segundo o doutor Carlos Eduardo Zacharias, diretor clínico do Hospital Santa Mônica, não há estratégias suficientes que dialogue com a relevância dessa especialidade:
“Existem inúmeros programas para todas as outras áreas de prevenção, mas de saúde mental, não se vê quase nada. O que você vê de um programa de informação e prevenção sobre saúde mental?”
A situação é tão alarmante que o próprio Ministério da Saúde (MS) reconhece a necessidade de reforçar as medidas preventivas devido ao aumento de casos de suicídios no país nos últimos anos. Em matéria recente, o G1 divulgou os dados estatísticos relativos ao panorama brasileiro.
“Sobre depressão, ansiedade ou outras doenças psicossomáticas, não existe absolutamente nada no Brasil. Se pensarmos que 20% da população tem, teve ou terá em algum momento um quadro depressivo, ansioso, um estado de agitação intensa pela ansiedade ou síndrome do pânico, há uma população imensa que está sem nenhuma assistência”, destaca o doutor Zacharias,
Também houve falhas na gestão governamental quando foi sancionada a lei 102016/2001, pois a reforma proposta era do modelo assistencial em saúde mental. Porém, a desinformação e o equívoco do MS ao entender que a lei aprovada era para fechar hospital e para proibir internação tornou-se um grande problema.
Na realidade, essa lei garantia ao paciente a internação psiquiátrica, descreve quais tipos de internação deveria ter e como seria o funcionamento do hospital psiquiátrico.
“Mas o que aconteceu nesses últimos anos foi, praticamente, um massacre dos hospitais. Na assistência pública, eles quase desapareceram: nós saímos de 120 mil leitos em 1980 para 10 ou 12 mil leitos em todo o Brasil atualmente”, afirma doutor Zacharias.
Consequentemente, o maior problema foi a mudança no modelo sem uma adequação necessária, pois fecharam os leitos e acharam que a doença mental ia simplesmente desaparecer.
Logo, o desinteresse da esfera pública e a falta de investimentos no setor exacerba essa questão e coloca os serviços do SUS em um estágio cada vez mais degradante no que se refere à assistência à saúde mental.
“No Brasil você tem dois mundos distintos: o mundo do hospital público, que é terrível e o mundo da assistência privada, com níveis de excelência. Os hospitais privados — sobretudo aqueles que já deixaram de trabalhar com o SUS — têm níveis de excelência iguais ou até melhores a qualquer lugar do mundo.”, destaca o diretor clínico.
A própria OMS destaca que os investimentos em saúde mental são insuficientes para atender a demanda e possibilitar a reestruturação da saúde e do bem-estar da coletividade. Estudos indicam que é necessário aumentar os recursos para haver mudanças mais concretas e alcançar as metas.
Saiba como são os cuidados em saúde mental no Brasil
Como dito anteriormente, no Brasil há dois modelos de assistência: o privado, que atende bem a expectativa dos pacientes e o público, que necessita de mais investimentos e de melhorias substanciais.
Até mesmo na iniciativa privada ainda existe uma falta muito grande de leitos e de médicos psiquiatras conveniados. Muitas dessas disparidades decorrem de questões meramente administrativas, já que as falhas na gestão contribuem para acentuar esses gargalos.
Um dos problemas é que a consulta psiquiátrica demora um pouco mais ou o paciente necessita de retorno. Como nem sempre o convênio aceita pagar esses extras, o especialista acaba rompendo com a instituição.
Por conseguinte, isso culmina com a descontinuidade do tratamento e, às vezes, o paciente precisa recomeçar o tratamento em outro lugar e com outro profissional. Não raro, os pacientes acabam desistindo do tratamento incorrendo no risco de agravamento da doença.
Sobre essa realidade, o doutor Zacharias pontua que “Isso porque, muitas vezes, uma grande parcela da população acaba arranjando um dinheiro para pagar uma consulta, pois não consegue esse atendimento, seja pelo convênio, seja pelo SUS. Então eu acho que há muito a se fazer nesse campo de assistência à saúde mental no Brasil.”
Veja o que podemos esperar da saúde mental no Brasil
Primeiramente, é preciso buscar formas para combater o preconceito e o estigma que envolve o tratamento psiquiátrico. Embora nas mídias sociais já se converse bastante sobre doenças mentais, o preconceito em relação ao estereótipo desses pacientes ainda é imenso.
Esse é um dos motivos que faz com que as pessoas demorem tanto para procurar o psiquiatra. Há demora na procura pelo tratamento ambulatorial e também receio de receber o diagnóstico da necessidade de uma internação, quando necessária.
No serviço público, além da desinformação que alimenta o preconceito, a inexistência ou a ineficácia do serviços contribui para piorar a situação. Essas falhas sustentam a evolução das doenças mentais mais simples para os quadros de alta complexidade.
Entenda a importância do tratamento em uma instituição especializada em Saúde Mental
Um hospital especializado, como o Hospital Santa Mônica, é para o paciente ser internado em um momento de crise, sobretudo em situações que caracterizam emergências psiquiátricas. O hospital precisa ter uma equipe multiprofissional completa, principalmente com psiquiatras titulados e que estejam preparados para lidar com essas intercorrências.
Para ter condição de oferecer uma assistência completa, o hospital precisa ter médicos clínicos, psiquiatras e psicoterapeutas para garantir o suporte exigido nos casos mais graves.
No entanto, a qualidade de assistência precisa ter uma qualidade tal que o tempo de internação seja o menor possível a fim de que o paciente retorne logo às atividades de rotina e ao convívio harmônico com a sociedade.
Percebe-se, por fim, que hoje é o momento de reunir forças e estratégias para trabalhar com dedicação e transformar a realidade da saúde mental no Brasil. Faz-se necessário criar mais oportunidades de acesso aos tratamentos psiquiátricos a fim de promover o bem-estar, mais autonomia aos pacientes e a esperança de dias melhores.
Se você possui alguma dúvida sobre o assunto, entre em contato com o Hospital Santa Mônica e conheça melhor os nossos serviços especializados em Saúde Mental!