Visão geral do transtorno bipolar
O transtorno bipolar é uma condição mental complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por oscilações extremas de humor, essa condição pode ser desafiadora tanto para aqueles que a vivenciam quanto para as pessoas próximas de convívio.
O transtorno bipolar é um distúrbio psiquiátrico em que a depressão, a euforia e a apatia se alternam de forma súbita, durante longos ou curtos períodos em um indivíduo. A depender do grau em que é apresentado, pode durar mais tempo até estar sob controle. Anteriormente conhecido como doença maníaco-depressiva, o transtorno bipolar é uma condição que causa mudanças drásticas no humor, energia e capacidade de funcionamento diário de uma pessoa. Existem diferentes tipos de Transtorno Bipolar, incluindo o tipo I, caracterizado por episódios maníacos e depressivos completos, e o tipo II, que envolve episódios de hipomania menos severos, alternando com episódios depressivos graves.
Durante as crises, marcadas por um humor flutuante, há reações que transformam as ações dos pacientes e impactam negativamente em suas vidas, o que prejudica relacionamentos, produtividade no trabalho e autoconfiança.
Seu surgimento no organismo decorre de alterações cerebrais funcionais que modificam a forma com que cada pessoa lida com suas emoções, sistemas de recompensas e motivações. É uma doença crônica, mas que pode ser mantida sob controle. Seu tratamento, afinal, amplia a qualidade de vida de quem a apresenta e ajuda a regular emoções.
O transtorno bipolar é uma doença mental que afeta cerca de 4% da população mundial, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar. No Brasil, a organização estima que haja aproximadamente 15 milhões de bipolares.
Normalmente, o distúrbio surge entre o final da adolescência e início da vida adulta, ou seja, durante a faixa etária de 15 a 25 anos. Sua causa, com exatidão, é desconhecida, mas sabe-se que fatores como emoções e traumas vivenciados, genética e modificação na química do cérebro podem facilitar sua manifestação.
Sintomas do transtorno bipolar
O transtorno bipolar é caracterizado por alternâncias súbitas de humor, durante as quais um indivíduo muito eufórico com alguma situação, devido a um gatilho psicológico, pode oscilar rapidamente para um episódio depressivo, capaz de durar semanas a meses. Os sintomas do transtorno bipolar variam dependendo da fase do ciclo em que a pessoa se encontra. Durante os episódios maníacos, os indivíduos podem experimentar aumento da energia, euforia, impulsividade, irritabilidade e dificuldade para dormir. Por outro lado, durante os episódios depressivos, os sintomas podem incluir tristeza profunda, perda de interesse em atividades antes apreciadas, alterações no apetite e no sono, sentimentos de desesperança e pensamentos suicidas.
Alterações no padrão de sono
Durante os episódios de mania, as pessoas podem experimentar insônia ou a sensação de precisar de menos sono. Por outro lado, durante os episódios depressivos, podem enfrentar uma sonolência excessiva e dificuldade em acordar.
Alterações no apetite
Os indivíduos com Transtorno Bipolar podem notar mudanças significativas no apetite. Durante a fase maníaca, podem ter um aumento no apetite, enquanto durante a fase depressiva, podem perder o interesse na comida e experimentar perda de peso.
Fadiga extrema
Durante os episódios depressivos, a fadiga é comum, levando a uma falta de energia e motivação para realizar atividades diárias.
Humor instável
Oscilações extremas de humor são uma característica central do Transtorno Bipolar. Isso pode incluir períodos de euforia intensa durante os episódios maníacos e sentimentos de desesperança e tristeza profunda durante os episódios depressivos.
Irritabilidade
Durante os episódios de mania, as pessoas com Transtorno Bipolar podem se tornar facilmente irritáveis, agitadas e impacientes.
Pensamento acelerado
Durante os episódios maníacos, os pensamentos podem correr rapidamente, pulando de uma ideia para outra sem conexão lógica aparente.
Dificuldade de concentração
Tanto durante os episódios maníacos quanto nos depressivos, pode ser difícil para as pessoas com Transtorno Bipolar concentrarem-se em tarefas ou seguir um raciocínio linear.
Comportamento impulsivo
Durante os episódios de mania, as pessoas com Transtorno Bipolar podem se envolver em comportamentos de risco, como gastos excessivos, comportamento sexual imprudente ou uso de drogas.
Retraimento social
Durante os episódios depressivos, é comum que os indivíduos evitem interações sociais e se isolem dos outros.
Mudanças na atividade
Durante a fase maníaca, as pessoas podem aumentar drasticamente sua atividade, envolvendo-se em múltiplos projetos ou atividades simultaneamente. Por outro lado, durante a fase depressiva, podem experimentar uma diminuição significativa na motivação e no interesse por atividades que costumavam apreciar.
Estes sintomas variam em gravidade e duração e podem afetar cada pessoa de maneira diferente. É importante reconhecer esses sinais precocemente e procurar ajuda profissional para um diagnóstico e tratamento adequados.
Diagnóstico do transtorno bipolar
Diagnosticar o transtorno bipolar pode ser um desafio, pois muitas vezes seus sintomas podem ser confundidos com outras condições de saúde mental, como depressão ou transtorno de ansiedade. Geralmente, um diagnóstico é feito por um profissional de saúde mental, que realiza uma avaliação completa da história clínica do paciente, observa seus sintomas e pode usar ferramentas como questionários e entrevistas para confirmar o diagnóstico.
Entrevista clínica
Um profissional de saúde mental realiza uma entrevista clínica abrangente com o paciente para entender seus sintomas, histórico médico, padrões de sono, alimentação e comportamentos.
Questionários padronizados
Ferramentas como o Questionário de Transtorno Bipolar (MDQ – Mood Disorder Questionnaire) são utilizadas para ajudar a identificar possíveis episódios maníacos e depressivos, além de rastrear a presença de sintomas específicos do Transtorno Bipolar.
O diagnóstico do Transtorno Bipolar é baseado nos critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Os critérios principais incluem:
Presença de episódios maníacos
Caracterizados por um período distinto de humor elevado, expansivo ou irritável, além de aumento da energia e atividade.
Presença de episódios depressivos
Caracterizados por tristeza, perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no sono e no apetite, fadiga e pensamentos de morte ou suicídio.
Duração e gravidade dos episódios
Os sintomas devem estar presentes por um período específico de tempo e causar um prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes da vida do paciente.
Exames laboratoriais
Exames de sangue podem ser solicitados para descartar outras condições médicas que possam estar contribuindo para os sintomas, como distúrbios da tireoide ou desequilíbrios hormonais.
Exames neurológicos
Exames neurológicos podem ser realizados para avaliar a função cerebral e descartar condições neurológicas que possam apresentar sintomas semelhantes ao Transtorno Bipolar.
É essencial avaliar como os sintomas do Transtorno Bipolar afetam a vida diária do paciente. Isso pode incluir sua capacidade de manter relacionamentos, cumprir obrigações profissionais ou acadêmicas, gerenciar finanças e cuidar de si mesmo.
Além de avaliar os sintomas e o impacto funcional, é importante considerar a disposição do paciente para buscar tratamento e fazer mudanças em sua vida. A motivação para a mudança pode influenciar a adesão ao tratamento e a eficácia das intervenções terapêuticas.
Em resumo, o diagnóstico do Transtorno Bipolar envolve uma abordagem multidisciplinar que combina entrevistas clínicas, questionários padronizados, critérios diagnósticos estabelecidos, exames médicos e avaliações do impacto funcional e da motivação do paciente. Um diagnóstico preciso é fundamental para garantir que o paciente receba o tratamento adequado e o suporte necessário para gerenciar sua condição de forma eficaz.
Tratamentos para transtorno bipolar
O tratamento do transtorno bipolar geralmente envolve uma abordagem multifacetada que inclui terapia medicamentosa e psicoterapia. Medicamentos estabilizadores de humor, como lítio, anticonvulsivantes e antipsicóticos, são frequentemente prescritos para ajudar a controlar os sintomas. Além disso, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e outras formas de terapia podem ser úteis para ajudar os pacientes a entender e gerenciar seus sintomas, identificar gatilhos e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis.
Avaliação inicial
O tratamento geralmente começa com uma avaliação detalhada realizada por um médico psiquiatra. Durante essa avaliação, o psiquiatra revisará o histórico médico do paciente, seus sintomas atuais e seu funcionamento global.
Prescrição de medicamentos
O médico psiquiatra pode prescrever medicamentos estabilizadores de humor, como lítio, valproato, carbamazepina ou antipsicóticos atípicos, para ajudar a controlar os sintomas do Transtorno Bipolar.
Monitoramento regular
O médico psiquiatra acompanhará de perto a resposta do paciente ao tratamento medicamentoso, fazendo ajustes conforme necessário para otimizar a eficácia e minimizar os efeitos colaterais.
Situações de crise
Em casos de crises agudas, como episódios maníacos ou depressivos graves, a internação psiquiátrica pode ser necessária para fornecer cuidados intensivos e estabilizar o paciente.
Avaliação e ajuste de medicamentos
Durante a internação, a equipe médica pode avaliar a eficácia dos medicamentos atualmente prescritos e fazer ajustes conforme necessário para garantir um tratamento adequado.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC)
A TCC é uma abordagem terapêutica que se concentra em identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento negativos. Pode ajudar os pacientes com Transtorno Bipolar a reconhecer e gerenciar seus sintomas, desenvolver habilidades de enfrentamento e prevenir recaídas.
Terapia interpessoal (TIP)
A TIP se concentra em melhorar os relacionamentos interpessoais do paciente, abordando questões de comunicação, resolução de problemas e suporte social. Isso pode ser especialmente útil para reduzir o estresse e melhorar o funcionamento social.
Educação e Psicoeducação
Educar o paciente e seus familiares sobre o Transtorno Bipolar, seus sintomas, tratamento e estratégias de autocuidado pode ser fundamental para promover a adesão ao tratamento e melhorar os resultados a longo prazo.
Grupo de apoio
Trata-se de um fórum para terapia e troca de experiências entre indivíduos com transtorno bipolar, no qual eles podem falar e compartilhar angústias decorrentes de suas alterações excessivas e súbitas de humor.
Terapia familiar
Aconselhamento psicológico responsável por auxiliar famílias a resolverem conflitos e terem uma comunicação mais eficaz, de modo que possam colaborar positivamente para o tratamento do indivíduo bipolar.
Terapia de grupo
Tipo de psicoterapia na qual o terapeuta trabalha com clientes em grupo, em vez de sessões individuais.
Estabilizadores de humor
Medicamentos como lítio, valproato e carbamazepina são frequentemente prescritos para estabilizar o humor e prevenir episódios maníacos e depressivos.
Antipsicóticos
Antipsicóticos atípicos, como aripiprazol, olanzapina e quetiapina, podem ser usados para controlar sintomas psicóticos durante episódios maníacos ou depressivos.
Antidepressivos
Em alguns casos, antidepressivos podem ser prescritos para ajudar a aliviar os sintomas depressivos, mas geralmente são combinados com estabilizadores de humor para evitar a indução de episódios maníacos.
Ansiolíticos
Ajudam a controlar a ansiedade e evitam o agravamento de crises de bipolaridade.
Neurolépticos
Diminuem sintomas psicóticos e agitação excessiva.
Anticonvulsivantes
Atuam no sistema nervoso, ajudam a equilibrar o humor e evitam convulsões.
Em conclusão, o tratamento do transtorno bipolar é complexo e multifacetado, exigindo uma abordagem integrada que combine medicamentos, psicoterapia e suporte contínuo. Trabalhando em estreita colaboração com uma equipe de profissionais de saúde mental, os pacientes podem aprender a gerenciar sua condição e levar uma vida mais estável e gratificante.
Internação para pessoa com transtorno bipolar
Em casos graves de transtorno bipolar, ou quando os sintomas representam um risco iminente para o paciente ou para os outros, a internação hospitalar pode ser necessária. Durante a internação, os pacientes recebem cuidados intensivos, monitoramento constante e ajustes na medicação, se necessário. A internação também pode fornecer um ambiente seguro e estruturado onde os pacientes podem receber apoio adicional e aprender habilidades de enfrentamento para gerenciar sua condição de forma eficaz.
Em conclusão, o Transtorno Bipolar é uma condição desafiadora que requer uma abordagem abrangente e cuidadosa. Com o diagnóstico precoce, tratamento adequado e suporte contínuo, muitas pessoas com Transtorno Bipolar podem levar vidas saudáveis e produtivas. No entanto, é fundamental que aqueles que sofrem dessa condição recebam o apoio e a compreensão de que precisam para enfrentar os desafios que ela apresenta.
Se o paciente está ciente de sua situação e dos problemas com os quais convive, além de sofrer pelos sintomas da depressão, capazes de impactar vida, autoestima, trabalho e, principalmente, relacionamentos, a internação voluntária a ajuda a estar em contato com uma equipe multidisciplinar apta a zelar por seu tratamento e a reabilitá-lo de modo que possa voltar a conviver bem com si mesmo e com aqueles que ama.
De acordo com a lei (10.216/01), o familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade de esse tipo de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.
Neste caso não é necessária a autorização familiar. O artigo 9º da lei 10.216/01 estabelece a possibilidade da internação compulsória, sendo esta sempre determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal, feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio sobre a sua condição psicológica e física.
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