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Dependência em álcool por mulheres jovens: por que tem crescido?

A dependência em álcool entre mulheres tem sido um tema de discussão e preocupação ao longo dos anos. A realidade de que o público feminino, principalmente as mais jovens, aumentaram o consumo dessa substância é motivo de debates e estudos.

Se você quer se informar mais sobre o assunto, continue a leitura e veja se a dependência em álcool entre mulheres jovens tem, de fato, crescido e conheça as razões por trás desse aumento.

Além disso, o psicólogo parceiro do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, aborda a relação entre o consumo de álcool, depressão e ansiedade, bem como as medidas que podem ser tomadas para reverter esse cenário.

O consumo de álcool entre as mulheres aumentou?

A agência IBGE, a partir de pesquisas levantadas em 2020, destaca que 17% das mulheres adultas afirmam ter bebido uma vez ou mais por semana em 2019. De acordo com o estudo, esse índice é 4,1% maior que em 2013.

A informação de que as mulheres estão bebendo mais é baseada em uma série de estudos e observações, mas isso não significa necessariamente que seja uma tendência universal.

É verdade que a sociedade vem se tornando mais igualitária em termos de gênero ao longo dos anos, e as expectativas em relação às mulheres evoluíram. No entanto, afirmar que o consumo de álcool entre o público feminino tem aumentado exige uma análise detalhada.

Uma razão pela qual o aumento do consumo de álcool entre as mulheres pode ser uma percepção ampliada é a mudança na maneira como elas são socialmente encorajadas a relatar seu consumo de álcool.

Antes, era comum que escondessem ou minimizassem seu consumo de álcool, devido a normas de gênero restritivas. Atualmente, com uma atitude mais liberal em relação ao gênero, elas podem se sentir mais à vontade para admitir esse hábito, o que pode levar a um aparente aumento no consumo.

No entanto, é importante notar que o álcool afeta homens e mulheres de maneiras diferentes devido às diferenças biológicas. O fato de o consumo aparente ter aumentado não significa que as consequências tenham mudado. O público feminino ainda está em risco de problemas de saúde relacionados ao álcool, incluindo danos ao fígado, câncer e dependência.

Além disso, o álcool pode afetar as mulheres de maneira mais intensa em relação aos homens, devido à diferença no tamanho corporal e na composição do corpo. Esses fatores tornam o aumento do consumo de bebida entre mulheres um motivo legítimo de preocupação.

O que pode causar o aumento do vício em álcool?

Veja abaixo os motivos que podem estar relacionados com o consumo de álcool entre as mulheres.

Mudanças sociais e culturais

Uma das principais razões para o aumento do consumo de álcool entre as mulheres é a evolução das normas sociais e culturais.

As pressões sociais para que as mulheres sejam responsáveis por sua própria vida e tomem suas próprias decisões, incluindo o consumo de álcool, têm aumentado. Isso pode levar algumas mulheres a adotarem comportamentos de consumo que anteriormente eram considerados inapropriados.

Marketing e publicidade

A indústria de bebidas alcoólicas investe muito em marketing direcionado às mulheres. As campanhas publicitárias associam frequentemente o consumo de álcool a uma sensação de empoderamento e liberdade. Dessa forma, pode influenciar a percepção em relação à bebida e levá-las a beber mais.

Estresse e pressão

O estresse associado à vida moderna, incluindo demandas profissionais e pessoais, pode levar as mulheres a recorrerem ao álcool como uma forma de alívio. A bebida alcoólica pode proporcionar uma fuga temporária das pressões do dia a dia, tornando-o uma opção atraente para lidar com os problemas.

Depressão e ansiedade

A relação entre o consumo de álcool, depressão e ansiedade é complexa. Algumas mulheres recorrem ao álcool como uma forma de automedicação para lidar com problemas de saúde mental, o que pode agravar os problemas a longo prazo.

Ditadura da beleza

A ditadura da beleza é um termo que descreve a pressão constante e irreal que a sociedade coloca sobre as mulheres para se enquadrarem em padrões de beleza estereotipados. Essa pressão pode levar a uma série de consequências negativas para a saúde mental e emocional das mulheres, incluindo a autoestima baixa, a insatisfação com o próprio corpo e a sensação de frustração.

Uma das maneiras pelas quais algumas mulheres lidam com essa frustração é recorrer ao consumo de álcool. O álcool pode oferecer um descanso temporário do estresse e da ansiedade associados à insatisfação com a aparência, bem como ajudar a reduzir as inibições sociais. No entanto, esse uso de álcool como mecanismo de enfrentamento pode ser problemático.

O consumo excessivo de álcool pode levar a uma série de problemas de saúde física e mental, incluindo dependência, depressão, ansiedade e danos aos órgãos. Além disso, o álcool não resolve os problemas subjacentes à ditadura da beleza, mas apenas máscara temporariamente os sentimentos de inadequação. Isso pode criar um ciclo vicioso em que as mulheres recorrem repetidamente ao álcool para lidar com sua frustração, em vez de abordar a raiz do problema.

É importante reconhecer que a ditadura da beleza é um problema sistêmico que afeta mulheres de todas as idades e origens. Combater essa pressão exige uma mudança na cultura e na mentalidade da sociedade, promovendo a diversidade de corpos e incentivando a autoaceitação. Além disso, é fundamental que as mulheres tenham acesso a recursos de apoio emocional, como terapia e grupos de apoio, para ajudá-las a enfrentar os desafios por essas expectativas irrealistas de beleza, em vez de recorrer ao álcool como uma fuga temporária.

Qual a relação entre o consumo de álcool, a depressão e a ansiedade?

O aumento do consumo de álcool entre as mulheres pode estar intrinsecamente ligado a problemas de saúde mental, em particular à depressão e à ansiedade.

Segundo a mesma pesquisa do IBGE de 2020, 10,2% das pessoas de 18 anos ou mais de idade receberam diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental, contra 7,6% em 2013 — esse é um índice crescente. Veja como esses fatores podem estar conectados.

Automedicação

Muitas mulheres que sofrem de depressão e ansiedade podem recorrer ao álcool como uma forma de automedicação. Elas usam a bebida para aliviar temporariamente os sintomas de ansiedade e tristeza. Embora isso possa proporcionar um alívio momentâneo, o álcool é uma solução de curto prazo que pode piorar a saúde mental a longo prazo.

Depressão

Estudos demonstraram que o consumo excessivo de álcool está associado a um risco aumentado de desenvolver depressão. O álcool é um depressor do sistema nervoso central e pode agravar os sintomas da depressão, tornando-a mais debilitante.

Ansiedade

O álcool pode inicialmente parecer aliviar a ansiedade, mas, à medida que os efeitos passam, leva a um aumento do problema, causando um ciclo sem fim. O uso crônico de bebidas alcoólicas pode desencadear outros transtornos de ansiedade e piorar os já existentes.

Além disso, o consumo excessivo de álcool afeta a capacidade de tomar decisões racionais, o que pode levar a comportamentos arriscados, prejudicando ainda mais a saúde mental.

Como diminuir o consumo?

Reverter o cenário do aumento do consumo de álcool entre as mulheres jovens é uma tarefa desafiadora, mas não impossível. Dessa forma, é fundamental educá-las sobre os riscos associados ao consumo excessivo dessa substância. A conscientização sobre como a bebida afeta a saúde física e mental pode ajudar a tomar decisões mais informadas.

Além disso, precisamos destacar que é crucial oferecer mais suporte à saúde mental, tornando os serviços de psicoterapia e aconselhamento acessíveis e livres de estigma. Essa é uma forma de ajudar as mulheres a lidar com depressão, ansiedade e outras questões sem recorrer ao álcool.

Outra atitude benéfica é promover alternativas saudáveis para lidar com o estresse, como atividade física, meditação e terapias de relaxamento, que podem ajudar a reduzir a dependência. Assim, ter uma rede de apoio forte é fundamental. Amigos, familiares e profissionais de saúde podem desempenhar um papel importante na prevenção e no tratamento do consumo de álcool em excesso.

O aumento do consumo de bebida alcoólica entre mulheres jovens é uma tendência preocupante que merece atenção. Embora as estatísticas possam ser ambíguas, a relação entre o consumo de álcool, depressão e ansiedade é clara. É essencial abordar esse problema com educação, apoio à saúde mental e políticas responsáveis.

Somente por meio de esforços coordenados, podemos reverter o cenário do vício em álcool por mulheres e garantir uma boa saúde mental para a população feminina. O caminho para a mudança começa com o entendimento e a ação.

O Hospital Santa Mônica tem profissionais de saúde especializados para auxiliar com um apoio que pode fazer toda a diferença na busca de uma vida mais saudável e equilibrada. Contamos com equipe multidisciplinar, área de convivência, unidades de internação e cuidados com saúde mental e dependência química.

Se você ou alguém que você conhece está lutando contra o consumo de álcool ou problemas de saúde mental, entre em contato conosco.

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