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Psiquiatria

Conheça 7 tipos e 6 biotipos diferentes de depressão

Provavelmente você já ouviu falar que a depressão é o mal do século. Essa é uma definição trazida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que até o final de 2030 a doença se torne o problema psiquiátrico mais comum no mundo.

A própria OMS aponta que, atualmente, mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com pelo menos um dos diferentes tipos de depressão. Na América Latina, o Brasil é o país com maior número de casos. Essa realidade indica a necessidade de urgentes intervenções para neutralizar os impactos da doença na sociedade e na qualidade de vida das pessoas.

Nessa conjectura, governo e sociedade precisam repensar medidas para minimizar os reflexos dos problemas decorrentes da depressão. Pensando na relevância do assunto e no quanto essa doença está próxima de todos nós, desenvolvemos este conteúdo especial sobre os tipos de depressão.

Neste artigo, elencamos 7 tipos de depressão, e os 6 subtipos, descobertos recentemente pela Universidade de Stanford e divulgados pela revista americana Nature Medicine. A ideia é que você conheça algumas das categorias definidas pelos especialistas, características e sintomas comuns de cada uma delas. Confira!

1. Depressão casual

Um episódio depressivo casual é caracterizado por um período de tempo em que o indivíduo apresenta uma sensível alteração em seu comportamento. Geralmente, os pacientes relatam uma mudança repentina no estado de humor, e que pode durar algumas horas, dias ou semanas.

Esse caso específico de depressão surge sem causa aparente, já que o próprio paciente não consegue identificar exatamente quando os sintomas começaram. Porém, se não for adequadamente tratada, a depressão causal pode se prolongar por mais tempo e evoluir para transtornos depressivos mais graves.

Esse é um dos tipos de depressão que está cada vez mais comum e afeta pessoas de diferentes gêneros, idade ou classe socioeconômica. Os sintomas mais evidentes são:

  • relatos de insatisfação com a vida;
  • alteração repentina no comportamento;
  • sentimento de tristeza por causa indefinida;
  • indisposição para realização das tarefas diárias.

2. Depressão sazonal

Algumas pessoas têm maior sensibilidade e costumam sofrer alterações no humor ou mudanças no estado emocional por influência das estações do ano. Um exemplo clássico — e de difícil diagnóstico por apresentar um viés ainda indefinido — é a conhecida depressão sazonal relacionada ao inverno.

Ainda que esses casos sejam mais raros em regiões tropicais, nos locais onde o inverno é muito longo, esses quadros depressivos são bastantes comuns. A falta de exposição à luz solar desequilibra o metabolismo enzimático e hormonal, o que resulta em desequilíbrios das substâncias responsáveis pelo humor.

No entanto, há outros tipos de depressão sazonal relacionados a determinadas épocas do ano. A chegada do final do ano induz, naturalmente, à reflexão e pode exercer uma pressão psicológica muito forte em quem não conseguiu cumprir as metas propostas para o ano que se passou.

Por isso, nesse período, as depressões sazonais ocorrem bastante e podem comprometer a qualidade de vida e o bem-estar. Essas complicações da saúde mental ocorrem devido à dificuldade em controlar a ansiedade e o estresse gerado por autocobrança excessiva.

Confira os sinais e sintomas que permitem identificar a depressão sazonal:

  • fuga de assuntos relacionados a metas;
  • impaciência e nervosismo;
  • agitação constante;
  • ansiedade.

3. Distimia

A distimia é definida como um transtorno depressivo mais leve, porém com sintomas persistentes. Nesse tipo de depressão, o indivíduo até consegue cumprir suas atividades de rotina, mas apresenta-se triste, retraído e com sentimentos de muita negatividade em relação às perspectivas futuras.

Esse quadro merece especial atenção, já que as características da distimia podem ser confundidas com um mau-humor casual ou associada ao temperamento da pessoa.

Por isso, é preciso ficar alerta aos sinais e sintomas mais importantes. Confira quais são:

  • irritabilidade;
  • muito pessimismo;
  • negatividade excessiva;
  • mau-humor depressivo e persistente.

4. Depressão atípica

A depressão atípica é caraterizada por episódios de crises melancólicas, nas quais o indivíduo demonstra muita instabilidade emocional e falta de esperança em relação à vida. Geralmente, há a negação quanto à necessidade de ajuda.

Esse comportamento vem acompanhado de muita tristeza e de pensamentos de morte. O senso de inutilidade e o desinteresse pelas atividades que antes eram prazerosas também são notórios.

Logo, se você conhece alguém próximo que apresenta esses sintomas fique atento. Além desses, o indivíduo também poderá apresentar:

  • sono excessivo;
  • humor apático e instável;
  • queixas de cansaço excessivo;
  • falta de energia para a realização das atividades de rotina;

5. Depressão pós-parto

A depressão pós-parto é um dos tipos de depressão que tem causa definida. Ela ocorre devido às alterações hormonais durante a gestação, e que persistem até o pós-parto.

O processo de gestação envolve aspectos biopsicológicos e que afeta consideravelmente o estado emocional da mulher. Isso a torna mais vulnerável aos desequilíbrios psicológicos, principalmente nos primeiros dias de vida do bebê.

As exigências para suprir às necessidades do bebê, sobretudo quando é o primeiro filho, gera insegurança e medo até que a mulher consiga se adaptar às mudanças na sua vida.

Observe, então, os sinais mais comuns da depressão pós-parto. Se esses sintomas persistirem por mais de 10 dias, a conduta mais adequada é procurar um psiquiatra e iniciar imediatamente o tratamento.

As características que sinalizam esse quadro são:

  • culpa excessiva;
  • choro constante;
  • baixa autoestima;
  • tristeza e melancolia;
  • aparência desleixada;
  • pouco interesse pelo filho;
  • insônia e cansaço extremo;
  • reclamação na hora de amamentar o bebê;
  • sensação de incapacidade para cuidar do bebê;
  • medo de receber visitas, mesmo de pessoas próximas.

6. Depressão reativa

É causada por respostas a eventos ocasionais como assédio moral, morte de ente queridos, perda financeira muito significativa, separação conjugal ou uma situação que provoca estresse excessivo e negatividade.

Assim, a depressão reativa surge como somatório de diferentes razões. O grau de dificuldade para lidar com essa depressão também é variável, já que a forma individual de enfrentamento dos problemas influencia bastante o comportamento.

A depressão reativa é caracterizada por:

  • insônia;
  • irritabilidade;
  • falta de apetite;
  • ideação suicida;
  • estresse excessivo;
  • expressão muito abatida.

7. Depressão maior

A depressão maior é marcada por quadros depressivos recorrentes quando os sintomas típicos da depressão perduram por seis meses ou mais.

Percebe-se também uma intensificação do quadro mediante súbita alteração comportamental. Essa condição evidencia claramente a evolução para um transtorno patológico mais grave e muito preocupante devido à relação com o suicídio.

O transtorno depressivo maior resulta de diferentes fatores causais. Entre os mais relevantes destacam-se a herança genética, as condições ambientais, as relações familiares e outras questões de ordem pessoal ou profissional.

Nessa doença, os sinais e sintomas mais claros são:

  • choro;
  • angústia;
  • desatenção;
  • impulsividade;
  • ideação suicida;
  • apatia constante;
  • distúrbios do sono;
  • desânimo e lentidão;
  • falta de concentração;
  • desinteresse pelo futuro.

Além das categorias propostas, um estudo publicado em 17 de junho de 2024 na revista Nature indicou a existência de seis biotipos de depressão (A, B, C, D, E e F), uma nova divisão que, segundo os pesquisadores da Universidade de Stanford, lança uma perspectiva sobre as características biotípicas dos doentes. Vamos conhecê-los?

1. Biotipo A

O Biotipo A, é caracterizado pela lentidão das respostas comportamentais, ou seja, um rosto ou olhar mais triste. Essa lentidão vem acompanhada de dificuldade em manter a atenção em tarefas que envolvem pensamento e memorização. Em geral, para esse tipo, a psicoterapia comportamental tende a ser um bom perfil de tratamento indicado.

2. Biotipo B

Diferente do biotipo anterior, neste caso, os pacientes tem respostas mais rápidas quando estimuladas, especialmente em situações específicas como ameaças, por exemplo. Entretanto, mesmo com a agilidade na resposta, existe um grau mais elevado de erros em tarefas de atenção contínua.

Nestes casos, a psicoterapia comportamental pode não ser a melhor opção, cabendo ao médico avaliar a natureza dos sintomas e indicar o tratamento mais adequado.

3. Biotipo C

No terceiro perfil definido pelo estudo, identificou-se a ocorrência de hiperatividade em determinadas regiões do cérebro durante o processamento das emoções. Com isso, os pacientes demonstraram dificuldade em realizar algumas tarefas executivas e imediata perda de prazer.

A perda de prazer, também chamada de anedonia, é um dos principais sinais de depressão. Porém, é válido destacar que é preciso avaliar uma série de outros sintomas para chegar a um diagnóstico preciso.

4. Biotipo D

No Biotipo D, identifica-se um alto grau de hiperatividade em certas regiões cognitivas do cérebro. Isso se reflete em sintomas como a perda de prazer acentuado e dificuldade na interpretação de ameaças.

O estudo indica que pacientes que se enquadram no Biotipo D apresentam boa resposta aos sintomas por meio do uso de antidepressivos inibidores de recaptação da serotonina e da noradrenalina, como o venlafaxina. Neste caso, é indispensável avaliar o histórico do paciente, hábitos, sintomas e grau de dificuldade de manter uma vida funcional.

5. Biotipo E

Neste biotipo, encontramos uma presença menor de pensamento ruminantes, ou seja, aqueles pensamentos negativos e repetitivos que persistem por um longo tempo e são característicos em certos pacientes com quadro depressivo.

Também, identificou-se um perfil com reações comportamentais mais rápidas, quando comparado com outros biotipos e queda na atividade cognitiva.

6. Biotipo F

Por fim, no último biotipo, as reações as ameaças são mais lentas, não havendo presença de outras alterações significativas nas regiões cerebrais avaliadas pelo estudo. Isso indica que, possivelmente, as disfunções da depressão podem ocorrer em áreas do cérebro ainda pouco exploradas.

Esses biotipos indicam um avanço na área, os autores do estudo acreditam que, futuramente, essas informações podem ajudar e otimizar as escolhas do psiquiatras no perfil de medicação indicado para o tratamento.

Quando a internação hospitalar é necessária?

A evolução das crises depressivas pode exigir intervenções urgentes. Quando o indivíduo se torna uma ameaça para si e para os outros, o tratamento em um hospital é aconselhável. Nesse casos, a internação hospitalar possibilita um acompanhamento integral e personalizado.

Vale destacar que os quadros de depressão, ainda que sejam intensos, podem ser revertidos mediante um tratamento psiquiátrico adequado — em um hospital especializado — por meio do suporte de uma equipe multidisciplinar.

Neste sentido, contar com o apoio de psiquiatras, psicólogos, enfermeiros e terapeutas ocupacionais é um diferencial que possibilita a superação de todos os tipos de depressão. Assegura, certamente, maior rapidez na recuperação da saúde mental e do bem-estar de quem enfrenta esse problema.

Gostou de saber mais sobre o tipos de depressão e que existem estudos avançados e bons tratamentos para a doença? Aproveite que você está aqui e entre em contato com o Hospital Santa Mônica para conhecer mais sobre os nossos serviços.

Estudos de referência que embasaram a construção deste material:

https://www.eurekalert.org/news-releases/1047906
https://www.nature.com/articles/s41591-024-03057-9
https://www.personalizedmedpsych.com/article/S2468-1717(24)00012-7/abstract

4 Comentários em “Conheça 7 tipos e 6 biotipos diferentes de depressão”

  • Suely

    diz:

    Boa noite
    Informações muito esclarecedoras, objetivas. Muito bom. Grata
    Suely

    Responder

  • Marcos Prado

    diz:

    Tenho 59 anos, sou muito ativo profissional, social, física e sexualmente. Recentemente tive, pela primeira vez na vida, um quadro de depressão abrupta que se manifestou no 4º dia de uma gripe muito, mas muito forte ( Influenza diagnosticada ) sendo esse 4º dia da gripe o segundo dia de uso de azitromicina. Li atentamente todo o conteúdo e fazendo um comparativo com o que senti não consegui traçar um paralelo seguro.
    Sentia sono excessivo, desanimo geral, total falta de apetite, desinteresse extremo por tudo, falta de afetividade (sempre fui muito afetivo em casa), angustia profunda e uma sensação muito ruim no corpo todo. Essa sensação era muito forte e difícil de explicar. Era como se a angustia fosse sentida em cada célula do meu corpo. Um sentimento extremamente ruim e assustador. As crises duravam quase o dia todo com pequenos intervalos. Assustado, comecei a lutar com a pouca força que me restava forçando caminhadas e alimentação. Mesmo assim, perdi 7 Kg em duas semanas. Quando as crises vinham eu não conseguia conversar com ninguém e só conseguia ficar deitado, sentindo todo aquele terror. Minha neta havia nascido a poucos meses e eu me deparava assustado com o fato de nao saber para onde havia ido todo aquele amor e carinho que eu sentia por ela. Mas, sabia que esses sentimentos estavam lá, em algum lugar e, foi isso, de certa forma, que me ajudou a lutar. Eu queria muito voltar a pegar ela no colo, passear com ela, voltar a viver todos aqueles sentimentos tão intensos que o amor nos proporciona. Por volta do 10º dia de sofrimento, procurei ajuda psicológica. Minha psicóloga me encaminhou a um psiquiatra e este me receitou succinato de desvenlafaxina monoidratado, 50Mg e um outro medicamento para dormir ( que eu optei por nao tomar).
    Por volta do 20º dia do inicio do tratamento, finalmente, comecei a perceber que o remédio estava começando a dar algum resultado. Ao final de 30 dias do inicio do tratamento eu ja nao sentia mais nada de ruim. Minha vida retomou seu ritmo normal – trabalho, social, academia etc.
    Estou entrando no 5º mês de tratamento. O médico em recomendou 6 meses.

    Em fim, que tipo de depressão foi essa? Poderia ter sido causada por um conjunto de fatores tais como gripe forte, baixa imunidade, reação intestinal provocada por antibióticos?
    Minha duvida maior, ao ler a matéria, foi em relação a falta de sintomas mais especificamente relacionados a essa sensação extremamente ruim que tomou conta de todo meu corpo. Era como se a angustia mais profunda se transformasse em uma dor insuportavel e fosse sentida em cada célula do corpo.

    Responder

    • Olá Marcos, bom dia, gripe não provoca depressão, em caso de dúvida sobre suas emoções recomendamos que busque fazer uma consulta com um profissional de saúde Mental como um psicólogo ou psiquiatra, abraço

      Responder

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