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Comportamento suicida entre dependentes químicos: entenda mais sobre o assunto

O risco de suicídio é maior entre as pessoas que lutam contra o abuso de substâncias do que entre a população em geral. Isso é especialmente comum quando associado com outras doenças mentais ou eventos estressantes da vida, como o fim de um relacionamento, dificuldades financeiras, problemas legais ou perda da guarda dos filhos devido ao uso de drogas.

Quando alguém está lutando contra a dependência em drogas, as pessoas ao redor têm grande dificuldade em saber o que fazer. Mesmo que você veja os sinais de alerta de que seu ente querido corre o risco de se machucar, talvez não saiba como ajudá-lo.

Se você conhece alguém que luta contra a dependência em drogas e quer aprender a identificar as bandeiras vermelhas do comportamento suicida para tomar medidas a fim de ajudá-lo, continue lendo este post preparado pelo psicólogo especializado em dependência química do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho!

O que é a dependência de drogas? Qual sua relação com o suicídio?

A dependência de drogas é uma doença crônica caracterizada pela procura e uso compulsivo de drogas, apesar das consequências graves. Se uma pessoa tem dependência em drogas, ela pode sentir que não tem controle sobre seu comportamento.

Todas as drogas alteram a composição química da mente e do corpo: tanto as legais (como álcool) quanto as ilegais (como opioides e metanfetaminas). Por isso, a toxicodependência é um distúrbio complexo que afeta o cérebro e o comportamento. É uma condição progressiva que pode levar a sérias complicações de saúde se não for tratada. Entre as mais graves, estão as tentativas de autoagressão e autoextermínio (suicídio).

Há muitas razões pelas quais uma pessoa que luta contra a dependência pode apresentar comportamento suicida:

  • drogas e álcool podem contribuir para sentimentos de desesperança, solidão e inutilidade;
  • o abuso de drogas também pode levar a problemas financeiros, legais e afetivos que podem aumentar os sentimentos de desesperança;
  • a dependência em drogas ou álcool pode causar uma imensa quantidade de estresse e ansiedade. Isso pode fazer com que uma pessoa se sinta como se não tivesse controle sobre sua vida. 
  • ser incapaz de parar de usar drogas ou álcool, apesar das graves consequências negativas em sua vida, pode minar as crenças positivas na autoeficácia e na autoestima;
  • a vergonha e a culpa associadas a um problema de abuso de substâncias podem fazer com que uma pessoa se sinta isolada e sozinha. Eles podem sentir que seus problemas são grandes demais para as pessoas ao redor. É comum pensamentos, como “minha família estaria muito melhor sem mim”. 

Esses problemas são agravados pelo fato de a dependência ser extremamente difícil de tratar, com taxas de recaída de 90% ou mais.

Sinais de alerta que você deve intervir imediatamente

Mesmo que a pessoa não expresse nenhum desejo suicida, há alguns comportamentos que ajudam a identificar esse risco:

  • mudanças de humor, especialmente mudanças repentinas de humor que estão fora do caráter da pessoa;
  • negligência em cuidar da aparência ou da higiene;
  • alterações comportamentais, como longos períodos de isolamento ou afastamento de amigos e familiares;
  • redução abrupta ou interrupção da terapia ou tratamento para uma condição de saúde mental;
  • falas constantes sobre se sentir preso ou sem saída;
  • alterações nos padrões de alimentação ou sono;
  • interesse súbito ou obsessivo por religião, morte ou suicídio;
  • mudanças nos gastos ou hábitos financeiros;
  • introspecção excessiva e busca por isolamento;
  • aumento do comportamento de risco, como dirigir de forma imprudente ou envolver-se em encontros sexuais perigosos.

Alguns comporta atípicos, que poderiam ser vistos como positivos, também devem chamar atenção:

  • Um desejo repentino de limpar ou organizar sua casa. Isso pode indicar um desejo de “limpar” a própria vida;
  • Interesse repentino e inexplicável em religião ou espiritualidade.

Há também alguns fatores de risco que podem aumentar as chances de o dependente tentar suicídio:

  • experiência de uma perda significativa, como a morte de um ente querido, divórcio ou demissão de um emprego;
  • reações intensas e excessivamente negativas a um evento estressante;
  • experiência recente de um evento traumático;
  • histórico de automutilação ou de tentativas de suicídio;
  •  histórico de problemas de saúde mental.
  • além disso, à medida que a dependência não é controlado, o risco de suicídio aumenta.

Como você pode ajudar seu ente querido com esses sinais?

Veja o que pode ser feito na identificação desses sinais:

  1. Esteja disponível.
  2. Escute-os.
  3. Não os julgue. Seja respeitoso com suas escolhas. 
  4. Seja honesto.
  5. Ofereça ajuda. 
  6. Deixe-os fazer suas próprias escolhas. Mas esteja lá para eles quando estiverem prontos para obter ajuda. 
  7. Deixe-os saber que você vai oferecer ajuda.
  8. Deixe-os saber que você será honesto com eles.
  9. Não deixe que eles se isolem.
  10. Deixe-os saber que você os ama e que você não vai a lugar nenhum. Não deixe que eles te afastem.

Sobretudo, saiba quando intervir! Os passos acima são válidos apenas quando não há evidência clara de comportamento suicida em dependentes químicos, mas somente sinais de alerta.

É preciso, portanto, atentar-se para a escalada da ideação e atitude suicida. A menos que a pessoa esteja sobre efeito agudo de uma substância ou transtorno, o suicídio não acontece repentinamente. A pessoa vai deixando sinais, que ficam progressivamente mais graves.

  1. Pensamentos de menos-valia — Em um momento, a pessoa está falando demais sobre morte, sobre ser inútil ou sobre ser melhor não existir;
  2. Ideação suicida vaga — a pessoa fala que quer se matar, mas não especifica como;
  3. Planejamento do suicídio — Em um passo seguinte, ela já está pesquisando ou falando sobre meios de se suicidar, como enforcamento, intoxicação medicamentosa ou atirar em si mesmo;
  4. Atitudes suicidas — Então, os sinais podem ficar mais claros e graves, mostrando um planejamento real do suicídio. Ela pode deixar cartas para os entes queridos, adquirir os meios de autoagressão, autoagredir-se ou definir o melhor horário do dia, ou situação para tirar a própria vida.

Em pessoas com transtorno mental grave (como a dependência química) ou que passaram por um estresse grande, qualquer ideia de suicídio já deve motivar o encaminhamento urgente para um hospital psiquiátrico. Assim, o tratamento do quadro de depressão e ansiedade pode ser iniciado em regime hospitalar.

Se houver tentativas prévias de suicídio do dependente química, a internação pode ser a melhor medida para evitar o pior. Então, assim que você notar sinais de ideação suicida, é o momento de procurar um hospital psiquiátrico para acolher a pessoa. Lá, ela vigiada e tratada para reduzir os riscos de suicídio.

Portanto, o comportamento suicida entre dependentes químicos é muito comum. É preciso estar atento aos seus sinais para evitar a autoagressão e o autoextermínio. O acompanhamento médico e o suporte de um hospital psiquiátrico são fundamentais nesses casos.

Quer saber mais sobre o tratamento da dependência química no Hospital Santa Mônica? Entre em contato conosco!

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