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Club Drugs — Uma visão geral sobre o abuso dessas substâncias

As Club Drugs são substâncias de abuso sintéticas, normalmente utilizadas por adolescentes e jovens adultos em bares, shows, festas e baladas de música eletrônica. Essas drogas atuam no sistema nervoso central, alterando o funcionamento de neurotransmissores como a serotonina, responsável pela regulação do humor, e a dopamina, que controla os mecanismos de recompensa e a sensação de prazer.

As drogas produzidas em laboratório se popularizaram a partir dos anos 1960, com a eclosão da chamada contracultura, representada pelo movimento hippie, pelo tropicalismo, o punk, o rock, o hip hop, entre outras correntes. Mas foi na década de 1980 que as Club Drugs passaram a ser largamente consumidas, devido à disseminação da cultura rave na Europa e em outras partes do mundo.

Por causarem desinibição, euforia, bem-estar e aumento da sensação de proximidade entre as pessoas, as Club Drugs começaram a ser utilizadas de forma recreativa, como meio de facilitar as interações e as experiências sociais em contextos de festas, eventos e vida noturna.

O aumento da produção dessas substâncias psicoativas é hoje uma preocupação mundial. Segundo um relatório do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC), 350 novos tipos de drogas sintéticas foram identificados entre 2008 e 2013. O mesmo estudo apontou um crescimento do consumo desse tipo de droga na América Latina nos últimos anos.

Para esclarecer melhor esse assunto, traçamos um panorama geral sobre os sintomas e os riscos do consumo das principais Club Drugs.

Ecstasy (MDMA)

O ecstasy, ou metilenodioximetanfetamina (MDMA), é uma anfetamina modificada, geralmente vendida em comprimidos, conhecidos também como “bala”, que podem conter outras substâncias químicas. Essa droga é bastante utilizada entre os adolescentes e jovens por suas propriedades estimulantes e alucinógenas, provocando desinibição e aumento da percepção sensorial.

Outra Club Drug que tem se popularizado é o champanhe rosado, uma variação do ecstasy disponibilizada na forma de cristais rosa, que apresenta efeitos mais potentes. No Brasil, 7,5% dos universitários já consumiram ecstasy alguma vez na vida. Esse dado é de um levantamento realizado em 2010 com 12,7 mil universitários das 27 capitais brasileiras.

Essas substâncias de abuso podem causar sintomas adversos, como aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, náusea, desmaio, sede, calafrio, tensão muscular e sudorese intensa. Devido a essas alterações, o usuário corre o risco de ter convulsões, elevação acentuada da temperatura corporal, problemas cardiovasculares, intoxicação cerebral e hepatite fulminante.

Ecstasy líquido (GHB)

Chamado de ecstasy líquido, o GHB (ácido gama-hidroxibutírico) é uma droga depressora do sistema nervoso central, isto é, age de maneira oposta aos efeitos estimulantes do ecstasy. Nos anos 1980, essa substância foi muito utilizada por fisioculturistas como suplemento alimentar para perda de peso e síntese do hormônio do crescimento (GH), mas logo foi proibida em grande parte dos países.

Muitos usuários combinam esse tipo de droga com outras substâncias de abuso, como o álcool, para viver uma experiência parecida com uma “montanha-russa” ou um estado de transe. O GHB causa desinibição, euforia, dificuldade de comunicação, confusão mental, diminuição da frequência cardíaca e respiratória, náusea e vômito.

Os sintomas de abstinência são insônia, ansiedade, tremores, aumento da pressão arterial e episódios psicóticos. Assim como as demais Club Drugs, o GHB pode levar à intoxicação cerebral, à parada cardiorrespiratória, ao coma e até mesmo à morte.

O ecstasy líquido é considerado uma das drogas facilitadoras de abusos sexuais, pois causa perda da consciência, sonolência e dificuldade de manter o equilíbrio e a coordenação motora em quem a consome. Por ser um líquido incolor, pode ser facilmente adicionado à bebida das vítimas.

Ketamina

A ketamina (cetamina) é uma droga sintética originalmente utilizada como anestésico em seres humanos e animais. Essa substância tem propriedades dissociativas, ou seja, altera a capacidade cognitiva, intensificando ou distorcendo as percepções sensoriais e provocando desordem de pensamento e perturbações emocionais.

Os principais sintomas da ketamina são mudanças de humor, despersonalização, delírios, alucinações, problemas de atenção, perda de memória, desprendimento da realidade, náusea, tontura, inconsciência, aumento da pressão arterial e diminuição da frequência respiratória.

Essa é uma das substâncias de abuso que mais cresce entre o público jovem, devido à facilidade de acesso, à variedade de formas de consumo – pode ser inalada, ingerida, fumada ou injetada – e à experiência de “quase morte” descrita por alguns usuários.

O uso prolongado dessa droga pode levar à formação de úlceras, problemas renais, pressão alta, dor no estômago e na bexiga, depressão, amnésia e flashbacks. Além disso, há o aumento do risco de o usuário se envolver em situações perigosas e contrair HIV, hepatite C e outras doenças infecciosas.

Rohypnol (Flunitrazepam)

O Rohypnol, ou Flunitrazepam, é uma droga sedativa prescrita por médicos em alguns países, incluindo o Brasil, para pacientes com distúrbios do sono. Essa substância começou a ser utilizada com fins recreativos por suas propriedades alucinógenas e euforizantes. Junto com o GHB, o Rohypnol está entre as “drogas de estupro”, disseminadas em festas e baladas para a prática de violência sexual.

Esse tipo de substância de abuso provoca sonolência, amnésia, relaxamento muscular, lentidão das respostas motoras, dificuldade de julgamento, confusão mental, fala arrastada, dor de cabeça, mudanças de humor e diminuição da frequência cardíaca e respiratória. Alguns usuários criam tolerância ao Rohypnol, consumindo vários comprimidos de uma só vez.

LSD

O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é uma das drogas alucinógenas mais potentes e conhecidas por quem frequenta casas noturnas e raves. Chamada também de “doce” ou “ácido”, essa substância sintética causa delírios e alucinações, distorcendo as percepções sensoriais, os pensamentos e os sentimentos dos usuários.

Esta droga é incolor, inodora e hidrossolúvel, sendo comercializada em forma de barra, líquido, cápsula, microponto, papel absorvente ou tira de gelatina. Os sintomas físicos mais comuns são tremores, dilatação das pupilas, elevação da temperatura corporal, tontura e boca seca. Já os efeitos psíquicos são confusão mental, sinestesia e dificuldade de se comunicar, de pensar racionalmente e de reconhecer a realidade.

Outras consequências do uso das Club Drugs

Além dos riscos citados, o uso indiscriminado das Club Drugs pode levar ao desenvolvimento de dependência química e outros problemas de saúde física e mental, como depressão, esquizofrenia e transtorno de ansiedade. O diagnóstico, o tratamento e a prevenção de recaídas devem ser realizados por uma equipe multidisciplinar para que todas as necessidades do paciente sejam atendidas.

O consumo das substâncias de abuso, ligadas ao rol das Club Drugs, trazem consequências não só para os usuários, mas também para seus familiares e amigos, que muitas vezes têm dificuldade em aceitar o problema e precisam de apoio de terceiros para conseguir ajudar o dependente. Por isso, a busca por orientação profissional é de extrema importância para evitar o agravamento da situação.

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