Falar sobre suicídio não deve ser tabu em nossa sociedade. Por isso, é importante divulgarmos esse grave problema de saúde pública, especialmente com a campanha Setembro Amarelo.
Abordar o tema com mais clareza para a população pode ajudar a reduzir os casos de suicídio, uma vez que é possível trazer amparo e assistência para a pessoa que pensa em tirar a própria vida. É um assunto delicado, mas que precisa ser exposto. Acompanhe nosso post e saiba mais com a psiquiatra do Hospital Santa Mônica, Dra. Ana Luiza Molina!
O que é Setembro Amarelo e qual o objetivo da campanha?
O Setembro Amarelo é uma campanha mundial que visa o combate e a prevenção do suicídio, mostrando como esse problema é complexo e multifatorial. No Brasil, em 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) passaram a apoiar a iniciativa, incluindo a campanha no nosso calendário.
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é comemorado em 10 de setembro. Mas a ideia é que a campanha tenha visibilidade durante todo o mês e leve informação para toda a população sobre o tema. Neste ano, o lema do Setembro Amarelo é “Se precisar, peça ajuda!”
Qual é a importância de falar sobre suicídio?
É fundamental que o Setembro Amarelo ganhe repercussão em todo o país para mostrar à sociedade que o suicídio é um problema de saúde pública e social. Com isso, queremos dizer que o problema não fica restrito ao indivíduo que quer tirar a própria vida, nem aos seus familiares.
Como a questão que envolve fatores de saúde mental, além de aspectos sociais, econômicos e até políticos, não dá para se calar diante do assunto e dos casos que acontecem no Brasil.
Em 2022, foi registrado um aumento de 11,8% de casos de suicídio em relação ao ano de 2021 de acordo com os números do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
É preciso considerar que a situação de isolamento social e angústia emocional — envolvendo ansiedade e estresse — causada pela pandemia da Covid-19, bem como as dificuldades econômicas, também contribuíram para o crescimento do número de casos de suicídio no país.
Por que abordar o assunto pode prevenir casos de suicídio?
Ao falar sobre suicídio, conscientizando a população do problema, as pessoas que estão abaladas emocionalmente e pensam em tirar a própria vida percebem que não estão sozinhas.
Aliás, como dissemos, o tema do Setembro Amarelo deste ano é justamente “Se precisar, peça ajuda!”. Isso indica que devemos abordar o assunto e trazer amparo para as pessoas, que podem desabafar com amigos e familiares ou buscar apoio psiquiátrico e psicológico para lidar com a situação.
Nesse sentido, é essencial que, aos poucos, o tema suicídio deixe de ser tratado como um assunto proibido pela sociedade. Além disso, a intenção suicida deve deixar de seja vista como uma fraqueza do indivíduo ou a fuga de um problema.
Apesar de ser difícil fazer uma previsão de quando um suicídio vai acontecer, ao falar sobre ele, nós passamos a oferecer uma rede de apoio para a pessoa que está em sofrimento, mostrando que há pessoas que se importam com ela e que é possível driblar a situação.
Aliás, ao dar holofotes para o Setembro Amarelo, podemos mostrar para a população alguns sinais de intenções suicidas, gerando um alerta para ajudar os indivíduos. Entre eles, temos:
- isolamento social, no trabalho ou na família;
- conversas que abordem o desejo de morrer;
- publicação de postagens negativas ou pessimistas nas redes sociais;
- planos de vida abandonados;
- infelicidade ou esgotamento constante;
- distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão;
- alcoolismo e dependência química;
- apatia em situações mais sérias, como desemprego, perda de uma pessoa querida.
Quais ações podem ajudar no combate e prevenção do suicídio?
É necessário que os governos e a população atuem juntos no combate e na prevenção do suicídio. Veja a seguir quais ações devem ser realizadas!
Quebrar o silêncio sobre o assunto
A primeira medida, como destacamos, é levar esse tema para o maior número de pessoas possível, divulgando os objetivos da campanha Setembro Amarelo e deixando claro que o suicídio não é um problema individual, e sim coletivo. Ou seja, toda a sociedade pode — e deve — ajudar.
Ter uma escuta ativa e sem julgamentos
Caso você perceba que um colega de trabalho, amigo ou parente esteja em sofrimento, ofereça uma escuta ativa para que essa pessoa possa falar e desabafar, mas sem fazer qualquer tipo de julgamento ou falar coisas como “falta de fé”. Também evite tentar mostrar o “lado bom da vida”.
Assim, você demostra que está compreendendo que esse indivíduo tem um problema sério e que está ao seu lado para dar o suporte que precisa. Ou seja, nada de tentar resolver a questão com conselhos ou lições de moral, combinado?
Demonstrar empatia
O importante é sempre demonstrar empatia diante do indivíduo, mostrando para ele que você vai apoiá-lo e ajudá-lo a encontrar caminhos para lidar da melhor forma com a situação. Dessa forma, é possível ajudá-lo a marcar uma consulta com o médico psiquiatra ou com um psicólogo, por exemplo.
Apresentar o CVV (Centro de Valorização da Vida), serviço que funciona 24 horas por dia, para que a pessoa possa telefonar para o número 188, ou usar o chat ou e-mail, conforme preferir, também é uma grande ajuda para dar o primeiro passo. As conversas são realizadas em total sigilo e podem oferecer apoio emocional.
Além disso, você pode acessar o Mapa de Saúde Mental para localizar os pontos de atendimento (presencial e online) de serviço de saúde mental, públicos ou de ONGs, mais próximos.
Agora, você sabe qual é a importância de falar sobre o suicídio e de conscientizar toda a população sobre esse problema. Dessa forma, abordar o tema e dar destaque à campanha Setembro Amarelo são ações importantes para prevenir e combater esse problema.
Se você precisa de apoio ou quer ajudar alguém que tenha intenções suicidas ou outro transtorno de saúde mental, entre em contato com a equipe do Hospital Santa Mônica e agende sua consulta com Psiquiatra!