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Suicídio entre mulheres: qual a realidade no Brasil e no mundo?

Estudos recentes apontam dados importantes em relação ao suicídio entre mulheres no Brasil. De 2010 a 2019, foram aproximadamente 24 mil mortes, o que representa mais de seis suicídios por dia. Tais números são condizentes com uma taxa de mortalidade de quase três óbitos para cada 100 mil mulheres.

Tendo isso em vista, vamos trazer informações sobre a realidade dos índices de suicídio entre mulheres no Brasil e no mundo. Veja, também, quais são os fatores mais determinantes para esse cenário, as medidas de prevenção e como potencializar os cuidados em saúde mental. Boa leitura!

Panorama do suicídio entre mulheres

No Brasil, existem alguns fatores que estão mais presentes quando se avaliam as motivações que induzem ao suicídio concreto. Outro ponto relevante é a localidade em que os atos ocorrem e a ligação com estigmas e limitações de cunho social, econômico e psiquiátrico.

Depois de São Paulo, a cidade com maior índice de suicídios é Fortaleza, embora a população da capital cearense seja quatro vezes menor que a da paulista. Os dados são de um levantamento realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com o Governo Federal.

Considerando a relevância dos dados em destaque, listamos os principais aspectos que merecem atenção especial dentro da abordagem do suicídio entre mulheres. Veja quais são:

  • as maiores taxas de mortalidade por suicídio feminino no Brasil se concentram nas faixas etárias de 40 a 69 anos;
  • as regiões Sul e Centro-Oeste têm os maiores índices de suicídio entre mulheres;
  • a maior frequência de suicídios foi verificada em mulheres negras nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste;
  • os principais meios de concretização do ato são o estrangulamento seguido do uso de medicamentos e pesticidas.

Vale ressaltar ainda, em relação à etnia, a maior prevalência de suicídio em mulheres afrodescendentes. Isso remete às desigualdades sociais, que se exacerbam nas regiões mais pobres do país, sobretudo entre mulheres negras.

Fatores relacionados ao suicídio na classe feminina

Um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde destacou os fatores contextuais ligados ao suicídio. A conclusão é que o desemprego foi determinante para o aumento da mortalidade por suicídio em ambos os sexos.

Segundo o levantamento da UFC, o Brasil figura na lista dos 10 países com maior índice de suicídio: por ano, a média de óbitos é de cerca de 12 mil. Somente em Fortaleza, são cerca de 300 suicídios por ano. Vale destacar, entretanto, que esses números são subestimados dentro do contexto que considera as tentativas de suicídio em mulheres.

Ou seja, muitos casos não são notificados por causa do preconceito e do estigma que ainda é bem presente na sociedade. Além do mais, os suicídios nem sempre são contabilizados, principalmente quando acontecem em regiões interioranas do país.

Suicídio como fenômeno multicausal

Quanto aos fatores de influência, o suicídio é um fenômeno multicausal e que envolve variadas facetas. Entre as mais relevantes, destacam-se a herança genética, o gênero, as questões ligadas à personalidade, os transtornos mentais e a influência do ambiente em que se vive.

Igualmente relevante é considerar os fatores considerados os preditores do suicídio, que são a tentativa prévia e os distúrbios mentais. Alguns dos transtornos mentais mais prevalentes no suicídio são:

Condições que aumentam o risco de suicídio

Os suicídios que ocorrem, sobretudo na classe feminina, estão relacionados a diferentes fatores. Entre os mais relevantes, aparecem:

  • violência de gênero;
  • doenças psiquiátricas, como depressão;
  • privação social e questões ligadas à vida financeira;
  • perdas afetivas de cônjuges e filhos;
  • histórico de abuso sexual na infância;
  • diagnósticos de doenças graves ou incapacitantes;
  • isolamento social;
  • histórico de suicídio na família;
  • ideação ou tentativa prévia;
  • doenças mentais não tratadas.

Vale ressaltar, ainda, as singularidades que permeiam as histórias de vida das mulheres que recorrem a essa prática. Como dissemos, dos pontos de vista social e sanitário, os atos suicidas são fenômenos multideterminados e que acontecem por fatores multicausais.

Logo, é necessária uma contextualização mais ampla do problema sob o âmbito das questões psicológicas, sociais, biológicas e culturais. Nesse sentido, a compreensão desses fenômenos ajuda a direcionar condutas mais centradas na reabilitação da saúde mental.

Fatores que reduzem o comportamento suicida

Felizmente, a maioria dos aspectos que influenciam o suicídio entre mulheres são preveníveis. As exceções são as questões de herança genética, cujas características também podem ser trabalhadas. Alguns fatores relacionados à rotina e à vida pessoal que podem atuar como proteção para o comportamento suicida são:

  • ausência de distúrbio mental;
  • autoestima elevada;
  • suporte dos amigos;
  • estrutura familiar;
  • capacidade de adaptação positiva;
  • habilidade de resolução de problemas;
  • emprego e renda estável;
  • relação terapêutica positiva;
  • envolvimento em atividades religiosas;
  • esperança no futuro;
  • senso de responsabilidade com a família;
  • presença de crianças e/ou animais em casa.

Prevenção do suicídio

Ações voltadas para a prevenção do suicídio são cruciais para reduzir os impactos dessa questão. Nessa investida, a maioria das pessoas que integra os grupos de risco para o suicídio encontra modos de lidar melhor com os desafios.

Para isso, o primeiro e importante passo é identificar a exposição ao risco de suicídio entre mulheres e buscar ajuda profissional. Familiares, amigos e pessoas próximas devem estar atentos aos sinais que indicam a necessidade de intervenção mais urgente. Logo, existem medidas recomendadas para diminuir os riscos de suicídio:

  • criar vínculos e relação de confiança para aumentar contato com familiares e amigos;
  • priorizar a continuidade do tratamento adequado para doença mental;
  • promover práticas que estimulem o envolvimento em atividades religiosas ou espirituais;
  • incentivar a participação em atividades prazerosas e que tornem a rotina mais leve;
  • evitar o consumo abusivo de álcool e de outras drogas.

Importância da ajuda profissional

Por fim, vale destacar a relevância de estimular práticas que auxiliem no combate ao suicídio. Nesse sentido, campanhas como o Setembro Amarelo são essenciais para divulgar informações sobre essa temática e incentivar a busca de ajuda profissional.

Logo, se você percebe a necessidade de suporte para lidar com seus pensamentos, sentimentos ou comportamentos, peça ajuda. Saiba que, assim como as demais situações de risco, o suicídio em mulheres é prevenível. Por meio de um tratamento adequado, é possível restabelecer a saúde mental e viver com mais bem-estar.

Precisa de ajuda nesse sentido? Fale com os colaboradores do Hospital Santa Mônica!

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