A dependência do álcool é uma questão complexa, e quem luta contra a dependência sabe que o caminho para a recuperação é árduo e repleto de desafios. Infelizmente, a recaída alcoólica é uma realidade comum durante esse processo. Ela ocorre quando uma pessoa em recuperação volta a consumir álcool após um período de abstinência.
Entender o que é recaída e a importância de tomar certos cuidados nesse sentido é fundamental para ajudar aqueles que enfrentam essa batalha a se manterem no caminho da sobriedade. Então, siga em frente com a leitura para ficar por dentro do assunto com a psiquiatra do Hospital Santa Mônica, Dra. Ana Maria Noyama.
Quais os motivos para a recaída alcoólica?
A dependência do álcool é uma doença que afeta tanto o aspecto físico quanto o psicológico do indivíduo. Portanto, durante o processo de recuperação, é essencial lidar com ambas as dimensões. Muitas pessoas recorrem à bebida como uma forma de enfrentar o estresse, a ansiedade, a depressão ou outras questões emocionais, e a falta de mecanismos saudáveis para lidar com esses problemas pode levar à recaída.
Fatores externos, como pressões sociais, eventos estressantes ou o convívio com pessoas que ainda consomem álcool, também podem influenciar negativamente o indivíduo em recuperação. O sentimento de culpa, a sensação de fracasso ou a crença de que não é possível viver sem álcool podem minar a determinação e a confiança da pessoa, tornando-a mais vulnerável à recaída.
Vale ressaltar que a recaída não deve ser vista como um sinal de fracasso, mas sim como uma oportunidade de aprendizado e crescimento. É fundamental que a pessoa em recuperação tenha uma rede de apoio sólida, com amigos, familiares e profissionais de saúde capacitados, que a auxiliem a superar as dificuldades e a prevenir a recaída.
Tomar certos cuidados nesse sentido é crucial para evitar a recorrência da dependência. Em primeiro lugar, é importante que a pessoa em recuperação reconheça e aceite sua condição. O autoconhecimento e a consciência dos gatilhos que podem levar ao consumo de álcool são essenciais para desenvolver estratégias eficazes de prevenção.
Quais fatores contribuem para uma recaída alcoólica?
A seguir, confira alguns dos fatores de risco que sabotam a recuperação de um indivíduo com dependência em álcool.
Conflitos familiares
Tensões familiares podem ser um gatilho significativo para a recaída no álcool. Questões não resolvidas, problemas de comunicação e falta de apoio podem aumentar o estresse emocional, levando a pessoa em recuperação a buscar alívio temporário na bebida.
Confraternizações e eventos sociais
Festas, celebrações ou encontros sociais em que o álcool é amplamente disponível podem representar uma tentação para quem está em recuperação. A pressão social para beber e a sensação de estar fora do contexto podem desencadear o desejo de consumir álcool.
Luto e traumas
Lidar com a perda de um ente querido, traumas passados ou eventos emocionalmente difíceis pode levar à busca de escapismo no álcool como uma forma de enfrentar a dor e a angústia.
Predisposição genética
Alguns estudos sugerem que a predisposição genética pode influenciar a suscetibilidade ao alcoolismo. Indivíduos com histórico familiar de dependência alcoólica podem ter maior probabilidade de recaída.
Complacência
À medida que o tempo de sobriedade aumenta, algumas pessoas podem começar a acreditar que superaram totalmente o problema e que um único “deslize” não fará diferença. Essa mentalidade pode levar a comportamentos de risco e recaída.
Cirurgia Bariátrica e o alcoolismo
A Dra. Ana Noyama saliente que o Hospital Santa Mônica tem recebido muitos pacientes com dependência ao álcool pós-cirurgia bariátrica. A cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia de redução do estômago, tem sido uma opção eficaz para pessoas que lutam contra a obesidade mórbida e enfrentam problemas de saúde associados. Essa intervenção cirúrgica, que leva à perda significativa de peso, trouxe diversos benefícios para muitos pacientes. No entanto, recentemente, especialistas têm observado uma forte relação entre a cirurgia bariátrica e o aumento de casos de alcoolismo.
O álcool traz sensação de saciedade (calórico), fazendo com que as pessoas passem a beber, para não comer. Além disso, a cirurgia pode iniciar o desenvolvimento de patologias pré-existentes, porém não manifestas. As pessoas que realizam essa cirurgia deveriam passar por um período de análise e acompanhamento psicólogo antes e depois do procedimento, mas muitos têm pulado essa fase tão importante do processo de mudança.
Quais os sinais de recaída alcoólica?
É essencial ficar de olho nos sinais de que a pessoa está em risco de voltar a beber e precisa de apoio. Os principais envolvem mudanças de comportamento, como isolamento social, irritabilidade excessiva, explosões emocionais, oscilações frequentes de humor e falta de interesse em atividades que antes apreciava e descuido com a aparência pessoal.
Outro sinal preocupante é o discurso ou pensamento obsessivo sobre bebida. A pessoa pode começar a falar frequentemente sobre álcool ou expressar pensamentos de que consegue “controlar” o consumo, o que pode ser um prelúdio para uma recaída.
Além disso, a negligência com compromissos é uma bandeira vermelha, pois faltar a compromissos importantes ou negligenciar responsabilidades no trabalho, em casa ou em outros contextos pode indicar que o álcool está novamente se tornando um problema na vida da pessoa.
O reaparecimento de hábitos antigos também deve ser motivo de atenção. Se a pessoa começa a retomar comportamentos associados ao consumo de álcool, como frequentar locais de bebedeira ou conviver com amigos que bebem em excesso, é importante agir com cautela.
A negação de problemas é outro sinal preocupante de que há uma luta para manter a sobriedade. A pessoa pode começar a negar que está enfrentando dificuldades ou a minimizar o impacto negativo do álcool em sua vida, buscando evitar enfrentar o problema de frente.
Como ajudar alguém que teve uma recaída?
Ao perceber os sinais, fica mais fácil apoiar alguém que teve uma recaída no alcoolismo. A abordagem empática nesse momento faz toda a diferença. Ou seja, mostrar compreensão e evitar o julgamento é crucial para que a pessoa não se afaste e não se sinta ainda mais culpada pelo que aconteceu.
Incentivar a busca por ajuda profissional também é uma atitude de grande importância. Encorajar a pessoa a procurar o psiquiatra, psicólogo, terapeutas ou grupos de apoio pode ser fundamental para que ela receba o suporte necessário para enfrentar a recaída e retomar o caminho da recuperação.
Além disso, reforçar suas conquistas anteriores é igualmente relevante. Lembre-a das vitórias alcançadas durante o período de sobriedade anterior. Essa recordação pode fortalecer sua confiança e motivá-la a superar a recaída.
Oferecer-se para acompanhá-la em atividades que não envolvam álcool é uma maneira de mostrar apoio e incentivar a busca por novas formas de diversão e socialização saudáveis. E, para demonstrar apoio e respeito à jornada de recuperação da pessoa, promova um ambiente livre de álcool em casa ou em encontros sociais, se possível, mostrando que está ao lado dela nesse processo.
Por fim, é válido destacar que a recaída faz parte do processo de recuperação e que a jornada de cada pessoa é única. O apoio e a compreensão da família e amigos são imprescindíveis para que a pessoa se sinta motivada a buscar ajuda novamente e a superar as dificuldades. Sendo assim, seja um suporte constante e incondicional.
Outro medida poderosa para a recuperação de quem enfrenta a batalha contra a dependência do álcool é buscar ajuda especializada, como o Hospital Santa Mônica. Com uma equipe multidisciplinar de profissionais capacitados e experientes, a clínica oferece um ambiente acolhedor e seguro, com tratamento personalizado e estratégias terapêuticas eficazes.
Você ou alguém que você conhece está enfrentando desafios com o álcool? Entre em contato conosco hoje mesmo para obter mais informações sobre nossos serviços e como podemos ajudar na jornada rumo à recuperação!