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Psiquiatria

Transtornos de Personalidade

A personalidade descreve os padrões característicos de pensamento, sentimento e comportamento que compõem quem somos e como pensamos sobre nós mesmos. Para a maioria das pessoas, ela permanece razoavelmente consistente. Contudo, existem casos em que transtornos de personalidade podem afetar o comportamento dos indivíduos, bem como a sua qualidade de vida. 

Pessoas acometidas por essa condição podem ter dificuldades em entender como pensam e o que sentem sobre si e em relação aos outros. Para alguém que passa por um transtorno de personalidade (TP) essas adversidades, em geral, são problemáticas, pois afetam negativamente o seu bem-estar, saúde e relacionamentos.

Se você quer entender quais são os transtornos de personalidade, seus sintomas e quais os tratamentos possíveis, siga a leitura e confira nosso post!

O que são transtornos de personalidade (TP)?

Os transtornos de personalidade podem ser entendidos como padrões persistentes de comportamento, pensamento e sentimento responsáveis por desviar o indivíduo das expectativas sociais. Eles tendem a ser inflexíveis e pervasivos, manifestando-se principalmente na vida adulta. 

É difícil encontrar uma definição abrangente para os transtornos de personalidade, que incluem transtorno de personalidade borderline (BPD) e transtorno da personalidade antissocial (TPAS). Como o conceito de personalidade é difícil de definir, o TP pode, muitas vezes, passar despercebido e não ser diagnosticado por um longo tempo. Isso ocorre em torno de 1 a cada 20 pessoas.

Como esses transtornos afetam a qualidade de vida?

O transtorno de personalidade (TP) afeta a maneira como um indivíduo lida com a vida, sente emoções e se conecta com outras pessoas. Pacientes com TP podem perceber que suas crenças e atitudes diferem da maioria das pessoas, o que pode levar a comportamentos incomuns, inesperados ou até ofensivos. Como resultado, os indivíduos com TP podem ter dificuldades em:

  • manter relações;
  • conectar-se com outras pessoas, incluindo amigos, familiares ou colegas de trabalho;
  • gerir e controlar as suas emoções;
  • lidar com sentimentos difíceis da vida;
  • controlar seus comportamentos e impulsos.

Consequentemente, as pessoas com TP podem se sentir isoladas e sozinhas. Pacientes com esses transtornos têm maior risco de suicídio, com níveis mais elevados de automutilação e abuso de drogas/álcool, que são relatados como métodos para lidar com essas emoções difíceis e esmagadoras. Também têm maior risco de sofrer outras condições de saúde mental, como a depressão.

Devido à complexidade e ao impacto dessa doença, há um crescente reconhecimento de que o TP é um importante problema de saúde mental que precisa de mais atenção e investimento.

Quais são os principais tipos de transtornos de personalidade?

Embora a psicologia e a psiquiatria tenham avançado ao longo dos anos, ainda há certa dificuldade em classificar e categorizar os transtornos de personalidade. Atualmente, são considerados dez tipos distintos de TP. Confira abaixo.

Borderline

O transtorno de personalidade borderline torna os indivíduos instáveis em suas emoções e muito impulsivos, com esforços incríveis para evitar o abandono (até tentativas de suicídio).

Eles têm rompantes inadequados de raiva. As pessoas à sua volta podem ser consideradas ótimas, mas frente a recusas, tornam-se rapidamente péssimas, desconsiderando as qualidades anteriormente valorizadas.

Costumam apresentar uma hiper-reatividade afetiva, em que as situações boas são excelentes, e as ruins ou desfavoráveis são péssimas ou catastróficas.

Transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo

São indivíduos preocupados com organização, perfeccionismo e controle, sempre atentos a detalhes, listas, regras, ordem e horários. Há dedicação excessiva ao trabalho e dão pouca importância ao lazer. Teimosos, não jogam nada fora (fama de “pão-duro”) e não conseguem deixar tarefas para outras pessoas.

Transtorno da personalidade esquizotípica

Aqui, temos indivíduos excêntricos e estranhos, que têm crenças bizarras, com experiências de ilusões, além de pensamentos e discursos extravagantes. Têm poucos amigos e muita ansiedade no convívio social.

Transtorno da personalidade esquizoide

São indivíduos distanciados das relações sociais, que não desejam ou não gostam de relacionamentos íntimos. Assim, realizam atividades de forma solitária, de preferência.

Há pouco ou nenhum interesse em relações sexuais com outra pessoa, e nem mesmo sentem prazer em suas atividades. Não têm amigos íntimos ou confidentes, não se importam com elogios ou críticas e são emocionalmente frios e distantes.

Transtorno de personalidade paranoide

Indivíduos desconfiados, que se sentem enganados pelos outros, com dúvidas a respeito da lealdade das pessoas, interpretando ações ou observações dos outros como ameaçadoras.

São rancorosos e suspeitam de ataques a seu caráter ou reputação. Muitas vezes são ciumentos, com desconfianças infundadas sobre a fidelidade dos seus parceiros e amigos.

Transtorno da personalidade antissocial

São indivíduos que desrespeitam e violam os direitos dos demais, não se conformando com normas. Mentirosos, enganadores e impulsivos, estão sempre procurando obter vantagens sobre os outros.

Eles são irritados, irresponsáveis e demonstram total ausência de remorso, mesmo que afirmem o contrário para tentar tirar proveito da situação. Podem estabelecer relacionamentos afetivos superficiais, mas não conseguem manter vínculos mais profundos e duradouros.

Transtorno da personalidade narcisista

Indivíduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admiração e que desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando as pessoas em suas relações sociais, tornando-se arrogantes.

Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de situações. Não se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam bem.

Transtorno de personalidade histriônica

São indivíduos facilmente emocionáveis, sempre em busca de atenção. Sentem-se mal quando não são o centro de tudo. São sedutores, mas apresentam mudanças rápidas de emoções.

Tentam impressionar os outros, fazendo uso de dramatizações. Além disso, tendem a interpretar os relacionamentos como mais íntimos do que realmente são.

Transtorno de personalidade esquiva

Indivíduos tímidos (exageradamente), muito sensíveis a críticas, evitando atividades sociais ou relacionamentos com os outros, sendo reservados e preocupados com avaliações e rejeição. Geralmente, não se envolvem em novas tarefas, vendo a si mesmos como inadequados ou sem atrativos e capacidades.

Transtorno de personalidade dependente

São indivíduos que têm necessidade de serem cuidados, submissos, sempre com medo de separações. Apresentam dificuldades para tomar decisões e necessitam que os outros assumam a responsabilidade de seus atos.

Não discordam e têm problemas para iniciar projetos. Sentem-se muito mal quando estão sozinhos, evitando isso a todo custo.

Há muito debate sobre o uso de categorias de diagnóstico para transtornos de personalidade (TP), pois muitas pessoas se sentem julgadas e estigmatizadas pelos rótulos, especialmente devido às associações negativas feitas entre essas condições e crimes.

Embora isso possa ser verdade para alguns indivíduos com TP, é uma generalização que não se aplica a todos. Por exemplo, enquanto alguns pacientes com TP antissocial ou psicopatia podem ser perigosos, pessoas diagnosticadas com transtorno de personalidade borderline (TPB) são mais propensas a se prejudicar ou tirar a própria vida.

Quais são as causas dos transtornos de personalidade?

Os transtornos de personalidade são problemas de saúde mental incrivelmente complexos. Por isso, as causas ainda não são totalmente conhecidas. No entanto, as possíveis causas incluem trauma na primeira infância, como abuso, violência, paternidade inadequada e negligência. Ainda, há evidências crescentes de que fatores neurológicos e genéticos podem desempenhar um papel no desenvolvimento dessas desordens.

Qual a diferença entre traços de personalidade e transtornos de personalidade?

Existe uma diferença sutil entre traços e transtorno de personalidade. O primeiro termo está relacionado a características que são consistentes e que ajudam a definir o comportamento, os pensamentos e até mesmo as emoções de um indivíduo.

Nesse sentido, os traços de personalidade ajudam a estabelecer a maneira que interagimos com o mundo e com as demais pessoas. Eles são normais e variáveis de ser humano para ser humano.

Já os transtornos de personalidade são considerados disfunções comportamentais, sendo uma condição de saúde mental que surge a partir de pensamentos e comportamentos inflexíveis que causam danos e prejuízos ao bem-estar diário. Esse último conceito demanda tratamento e acompanhamento de profissionais da psicologia.

Quais são os tratamentos e as estratégias de autogestão disponíveis?

As pesquisas científicas ainda estão investigando a eficácia de tratamentos para TP. Contudo, é amplamente aceito que alguns deles oferecem melhorias nas condições dos pacientes. As alternativas para lidar com esse problema podem incluir psicoterapia, psicodinâmica, terapias cognitivo-comportamentais e medicação.

Tratamento psicodinâmico

Este tratamento enfatiza a estrutura da personalidade e do desenvolvimento. Destina-se a ajudar as pessoas a entenderem seus sentimentos e a encontrarem melhores mecanismos de enfrentamento. Essa abordagem tem demonstrado sucesso variado, e é provável que seja menos eficaz para aqueles com dependência.

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

Terapias cognitivas e comportamentais, como a TCC, a terapia comportamental dialética, a psicoterapia interpessoal e a terapia analítica cognitiva, podem ser úteis.

Outras abordagens cognitivas comportamentais abordam aspectos específicos de pensamentos, sentimentos, comportamentos ou atitudes, mas não pretendem tratar todo tipo de TP.

A pesquisa sugere que há alguns benefícios de curto prazo para essas abordagens, mas é necessária uma maior investigação para os benefícios de longo prazo.

Medicação (tratamentos farmacológicos)

Atualmente, não há um medicamento que é usado exclusivamente no tratamento de TP. No entanto, sugere-se que a medicação pode ser utilizada para ajudar a tratar e aliviar outros problemas concomitantes, tais como depressão, ansiedade e sintomas psicóticos.

A identificação e o tratamento dos transtornos de personalidade podem trazer uma grande melhoria para a qualidade de vida do paciente, bem como para todos à sua volta. Ao contar com o Hospital Santa Mônica, você tem acesso a profissionais especializados e a uma infraestrutura completa para obter um diagnóstico claro sobre sua saúde mental.

Quer usufruir de toda a experiência de uma instituição especializada no tratamento de pessoas com problemas psiquiátricos ou dependência química? Então, entre em contato conosco e agende uma avaliação no HSM!

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