Sabemos que pessoas de todas as etnias e culturas experimentam condições de saúde mental e que indivíduos negros experimentam desafios de saúde mental em taxas semelhantes a outros grupos. Mas discutir a saúde mental da população negra é um tema importante e relevante para a compreensão das disparidades e desafios enfrentados pela comunidade.
No entanto, ao considerar a saúde mental dos negros, é importante observar fatores históricos e culturais, alguns dos quais levaram a disparidades significativas.
Um artigo do WebMD coloca, os negros também são menos propensos do que os brancos a procurar e receber o tratamento de que precisam. As estatísticas do WebMD mostram que os americanos negros são mais propensos do que os americanos brancos a lidar com sentimentos de tristeza, inutilidade e desespero; ainda assim, menos de 10% dos americanos negros recebem aconselhamento ou tratamento de saúde mental, em comparação com mais de 18% dos americanos brancos.
Acompanhe o nosso post, e saiba mais sobre o assunto neste Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro.
População negra brasileira e a saúde mental
Segundo dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2020, mostram que 54% da população brasileira é negra.
Dados apontam que, no país, o suicídio é a terceira principal causa externa de mortes. Uma pesquisa do Ministério da Saúde publicada em 2018 revelou que jovens negros do sexo masculino e idades entre 10 e 29 anos são os que encaram o maior risco de morrer por suicídio. A probabilidade de suicídio nesse grupo é 45% maior do que entre jovens brancos na mesma faixa etária.
Sabemos que esse risco maior está relacionado ao sofrimento psíquico causado pelo racismo estrutural. Ele reforça a necessidade de discutirmos os efeitos do racismo na saúde mental da população negra. Inclusive porque o suicídio é a ponta do iceberg.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo e o número 2 nas Américas quando o tema é depressão. O racismo também influencia esses rankings. Situações de discriminação, sejam elas explícitas sejam sutis, produzem estresse e traumas. E esses traumas, acumulados ou vivenciados de maneira mais intensa, podem desencadear, no longo prazo, transtornos psicológicos.
Pontos essenciais
Aqui estão alguns pontos essenciais que você precisa saber:
Estigma e Racismo
A população negra muitas vezes enfrenta estigmas e identifica-se racialmente, o que pode afetar sua saúde mental. O racismo estrutural, a violência racial e as desigualdades sociais podem causar estresse, ansiedade, depressão e trauma psicológico.
Trauma histórico
A população negra frequentemente carrega o peso do trauma histórico, como a escravidão, a segregação racial e outras formas de opressão ao longo dos séculos. Esse trauma coletivo pode ser transmitido de geração em geração e ter efeitos duradouros na saúde mental.
Acesso limitado a serviços de saúde mental
Acesso limitado a cuidados de saúde mental é um problema enfrentado por muitos grupos marginalizados, incluindo a população negra. Barreiras financeiras, falta de seguro saúde adequado e estigma em torno da busca de ajuda são alguns dos desafios que dificultam o acesso aos serviços necessários.
Saúde Mental e masculinidade negra
Existe uma expectativa cultural em relação à masculinidade negra que muitas vezes desencoraja os homens negros de procurarem ajuda para problemas de saúde mental. Isso pode levar a subdiagnósticos e subtratamentos de condições como depressão e ansiedade.
Saúde Mental e mulheres negras
As mulheres negras podem enfrentar desafios únicos devido à interseção do racismo e do sexismo. Elas podem enfrentar diferenças raciais e de gênero, além de lidar com questões como o estereótipo da “mulher forte”, que pode dificultar o reconhecimento e a busca de ajuda para problemas de saúde mental.
Resiliência e recursos comunitários
Apesar dos desafios, a comunidade negra tem mostrado resiliência e busca de recursos comunitários para lidar com questões de saúde mental. Esses recursos podem incluir grupos de apoio, organizações comunitárias e conexões culturais que fornecem suporte emocional e acesso a serviços adequados.
Transtornos mentais mais comuns
Depressão
Um dos problemas de saúde mental negros mais comuns é a depressão. Embora essa condição possa afetar qualquer pessoa, alguns fatores únicos podem moldar o impacto da depressão na comunidade negra.
A depressão pode ter causas categóricas, como genética ou abuso de substâncias. Incidentes de abuso ou perda também podem causar sentimentos de depressão. A pandemia do COVID-19 trouxe ansiedade geral que levou a um aumento na depressão, algo que é verdade em todas as linhas raciais e culturais.
Com isso dito, algumas causas de depressão são exclusivas da população negra. Em particular, a depressão pode ser um reflexo do racismo sistêmico e não sistêmico ou do contínuo acerto de contas com a brutalidade policial.
Suicídio
Suicídio e ideações suicidas são tragicamente comuns entre os negros, em particular as crianças. De acordo com a Administração de Serviços de Abuso de Substâncias e Saúde Mental (SAMHSA), como já mencionamos, a taxa de suicídio entre jovens e jovens negros no Brasil vem crescendo nos últimos anos.
Causas do suicídio
Assim como a depressão, a ideação suicida pode ter vários fatores potenciais, alguns deles relacionados à raça. Os fatores de risco mais comuns incluem o seguinte:
- Disfunção familiar
- Abuso
- Isolamento social
- Sem-teto
- Depressão ou ansiedade não tratada
- Exposição à violência
Além disso, experiências com racismo sistêmico ou não sistêmico, incluindo policiamento abusivo, podem ser fatores que contribuem para o suicídio e sua maior frequência a comunidade negra.
Saúde Mental e Mulheres Negras
Alguns problemas de saúde mental afetam as mulheres negras em uma taxa especialmente alta. A depressão é a primeira da lista.
Causas da depressão em mulheres negras
Como mencionado anteriormente, a depressão tem várias causas categóricas, que não são necessariamente exclusivas das mulheres negras. Por exemplo, a depressão pode ser uma simples questão de genética. Também pode resultar de situações de abuso ou disfunção familiar.
No entanto, existem amplas evidências de que as mulheres negras enfrentam a depressão em alta taxa e que vários fatores contribuem para isso. Como um artigo da Psych Central coloca, as mulheres negras têm um alto risco de transtorno depressivo maior (MDD) devido a fatores como discriminação racial e de gênero, pobreza e pais solteiros.
Prevalência de Depressão e Ansiedade em Mulheres Negras
O mesmo artigo da Psych Central observa que mais de 4% dos negros expressam sintomas de depressão, em comparação com 3% dos brancos. O artigo também relata que “apenas 7,6% dos negros procuraram tratamento para depressão, em comparação com 13,6% da população em geral”.
A Johns Hopkins Medicine oferece mais contexto: as mulheres são duas vezes mais propensas que os homens a sofrer de episódios depressivos, mas apenas metade da probabilidade de procurar tratamento para elas.
Melhorando a saúde mental da população negra
Os distúrbios de saúde mental podem afetar qualquer pessoa, e também os negros. Os recursos certos podem facilitar uma melhor compreensão das disparidades de saúde mental e fornecer orientação e soluções para superá-las.
Para indivíduos negros que lutam contra a depressão, pensamentos suicidas ou outros problemas de saúde mental, alguns recursos valiosos podem proporcionar alívio.
Se você está sofrendo de algum transtorno mental, busque ajuda! E, em caso de dúvida, entre em contato conosco!
