Em 2018, 252.000 cirurgias metabólicas e bariátricas foram realizadas nos Estados Unidos. O Brasil realizou em 2019, 68.530 cirurgias bariátricas. O número é 7% maior que em 2018, quando foram feitas 63.969, dados foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e englobam os procedimentos feitos em planos de saúde, particular e Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar do crescimento, o número ainda é muito baixo. No país, 13,6 milhões de pessoas têm indicação para a cirurgia bariátrica.
Essas cirurgias permitem que cerca de 50% dos pacientes percam o peso extra por até uma década após o procedimento. Além disso, as cirurgias ajudam a reduzir os riscos de mortalidade por doenças como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer. No entanto, eles também podem levar a um maior risco de uso de substâncias.
Uma grande revisão de mais de 40.000 pacientes de cirurgia bariátrica encontrou uma ligação entre a cirurgia bariátrica e certos transtornos por uso de substâncias, incluindo abuso de álcool. Essa ligação foi especialmente forte em pessoas que passaram por um tipo de cirurgia bariátrica chamada Roux-en-Y.
O by-pass gástrico em Y de Roux é uma cirurgia que reduz o tamanho do estômago e altera as conexões com o intestino delgado. A banda gástrica envolve a colocação de uma faixa ajustável ao redor do estômago para regular a quantidade de comida que ele pode conter.
É a cirurgia mais realizada no mundo. Descrita na década de 60, o by-pass gástrico é a melhor opção segundo 50% dos cirurgiões do mundo. A outra metade compreende a somatória de todas as demais técnicas. No Brasil também é a mais praticada (75%), devido a sua segurança e, principalmente, sua eficácia. Baixo índice de complicações, tratamento de complicações já bem conhecido, ótima perda de peso (70% do excesso de peso), boa estabilidade do peso perdido e possibilidade de grande melhora na qualidade de vida.
Em outro estudo , os pesquisadores acompanharam mais de 2.000 pacientes que fizeram cirurgia bariátrica em dez hospitais diferentes em todo o país. Quase 21% dos estudados desenvolveram um transtorno por uso de álcool. Além disso, 20% das pessoas que passaram por Roux-en-Y e 11% que passaram por banda gástrica desenvolveram um vício em álcool.
Neste ano, o Hospital Santa Mônica de São Paulo, registrou um aumento de casos, salienta Dra. Luciana Mancini Bari, coordenadora de práticas médicas do Hospital.
Já o psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho, comenta que o álcool traz sensação de saciedade (calórico), fazendo com que as pessoas passem a beber, para não comer. Além disso, salienta que a cirurgia pode iniciar o desenvolvimento de patologias pré-existentes, porém não manifestas. As pessoas que realizam essa cirurgia deveriam passar por um período de análise e acompanhamento psicólogo antes e depois do procedimento, mas muitos têm pulado essa fase tão importante do processo de mudança.
Fatores de risco para transtorno por uso de álcool após cirurgia bariátrica
Os fatores de risco que podem causar um transtorno por uso de álcool após a cirurgia bariátrica podem incluir:
- Ser homem
- Ser mais jovem
- Fumar
- Beber regularmente
- Ter menos apoio social
Roux-en-Y pode criar um risco maior de dependência de álcool devido a vários fatores. Primeiro, algumas pesquisas com animais sugerem que o procedimento pode afetar as áreas do cérebro associadas à recompensa. Se isso for verdade, significa que os pacientes podem ser mais suscetíveis à sensibilidade ao álcool. Outra possibilidade é que a cirurgia crie alterações hormonais e metabólicas que deixam os pacientes mais vulneráveis à dependência do álcool.
Um fator final pode ser que alguns pacientes estão, sem saber, trocando um vício em comida por um vício em álcool. Em 1990, o neurocientista Dr. Kenneth Blum encontrou uma correlação entre o alcoolismo e uma deficiência genética nos receptores de dopamina do cérebro. Blum previu que os pacientes com essa deficiência recorreriam ao álcool assim que a capacidade de comer compulsivamente fosse removida.
Obtendo ajuda com reabilitação abrangente de drogas e álcool
Muitos especialistas em dependência acreditam que a ligação entre procedimentos bariátricos e dependência de álcool é causada por uma combinação de fatores físicos e emocionais. Algumas pessoas desenvolvem tendências viciantes em relação à comida e depois percebem que a cirurgia não é a cura definitiva para sua condição. Um procedimento só pode corrigir a parte externa de uma pessoa, portanto, os problemas subjacentes podem permanecer inalterados. Se os problemas emocionais estão impulsionando o vício de uma pessoa, eles ainda existirão quando a substância viciante for retirada – seja comida, álcool ou drogas.
Se você ou alguém que você ama está lutando contra o vício em álcool e distúrbio alimentar concomitante, o Hospital Santa Mônica está aqui para ajudar. Fornecemos tratamento de diagnóstico duplo que aborda o vício, bem como quaisquer condições de saúde mental subjacentes que você possa ter.
Saiba como funciona o tratamento para alcoolismo
O tratamento para o alcoolismo deve ser iniciado quando for constatado que a bebida interfere negativamente no dia a dia do paciente. Após a identificação dos sintomas do alcoolismo e do diagnóstico, é feita uma desintoxicação. Esse processo pode usar medicamentos para ajudar a diminuir a compulsão. Paralelamente a esse tratamento, é indicado que o paciente seja acompanhado por um psicoterapeuta.
O Hospital Santa Mônica conta com uma equipe multidisciplinar especializada no tratamento contra dependência química, com mais de 50 anos de experiência. Também temos uma infraestrutura completa para internação hospitalar, caso seja necessário, e para a realização das atividades complementares ao tratamento.
Se depois de conhecer os tipos de alcoólatras você acha que se encaixa em algum dos grupos ou pretende ajudar alguém, conheça o nosso hospital e a nossa unidade de tratamento para a dependência química.