O processo de desintoxicação de cocaína não é uma jornada fácil. Se reconhecer a dependência já é algo que exige bastante trabalho, o diagnóstico correto e o tratamento também pedem paciência e persistência para um resultado efetivo.
O fácil acesso às drogas é um fator de complicação para livrar uma pessoa do vício. Segundo o Levantamento Global de Drogas (GDS, na sigla em inglês), comprar cocaína no Brasil só não é mais barato do que na Colômbia.
Dados de 2017 do relatório apontam que o grama de cocaína no Brasil custa R$ 32 (9,4 euros). No país vizinho, ele custa R$ 13 (3,5 euros).
Também de acordo com o levantamento, o Brasil é o país onde as pessoas mais procuram os serviços de emergência devido ao uso de cocaína.
A seguir, vamos compreender como o organismo de um dependente dessa droga reage à substância e como se dá o processo de desintoxicação.
Também vamos falar sobre algumas medidas após o tratamento que evitam recaídas e garantem uma vida plena para a pessoa que se recuperou da dependência.
Como a cocaína age no organismo?
A cocaína é uma droga recreativa que age no sistema nervoso do indivíduo. Ela pode ser aspirada ou injetada. Essa substância é classificada como estimulante, pois eleva os níveis de atividade do organismo, reduz a fadiga e ativa os sentidos, promovendo o chamado estado de alerta.
Esses primeiros efeitos acontecem em questão de segundos após o contato desse composto com o organismo. Geralmente, eles duram entre 30 e 40 minutos.
Em um segundo momento, após o uso, a cocaína provoca a sensação de depressão, tensão e vontade de consumir mais quantidades da droga.
A cocaína provoca pequenas lesões no cérebro de quem a consome. Por isso, no médio e no longo prazo, efeitos neurológicos mais intensos tendem a surgir e alguns danos podem ser irreversíveis. Eles podem ser:
- cognitivos: perda da memória, perda da capacidade analítica, dificuldade de concentração;
- físicos: dores de cabeça, falta de ar, desnutrição, destruição do septo nasal.
O consumo recorrente de cocaína faz com que o organismo se torne mais resistente a essa substância. Assim, à medida em que os efeitos de curto prazo duram menos, o dependente passa a querer usar cada vez mais droga para prolongar essas sensações.
Vale lembrar que o uso desse composto em grandes quantidades pode provocar uma overdose e até a morte do dependente químico. Nesses casos, a cocaína pode provocar arritmia, infarto, trombose, derrame cerebral (AVC) e insuficiência renal e cardíaca.
Resultados da desintoxicação
O processo de desintoxicação do organismo de um dependente químico não é simples. Restringir o consumo da droga não é recomendado e pode até oferecer risco à saúde da pessoa em casos mais graves.
Assim, durante essa fase, a ingestão dessa substância deve ocorrer em doses gradualmente menores até a completa desintoxicação.
Esse processo pode gerar alguns efeitos colaterais, como o aparecimento de sintomas que antes estavam mascarados pelo uso da substância.
Nesse sentido, depressão e outros transtornos mentais podem acometer um indivíduo em tratamento. Por isso, pode ser necessário administrar medicamentos para combatê-los.
Não é incomum que o tratamento de um dependente de cocaína exija a internação. Isso porque a desintoxicação demanda o auxílio de uma equipe multidisciplinar (formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, entre outros profissionais) e infraestrutura adequada.
Além disso, esse procedimento faz com que o dependente químico se afaste de situações que possam favorecer o consumo da droga.
Vale ressaltar que o objetivo principal desse tratamento é fazer com que o indivíduo volte ao convívio social livre das drogas.
O sucesso do tratamento vai depender da forma como o organismo do paciente reage à desintoxicação. Isso pode levar meses e até mesmo alguns anos, dependendo de sua disposição para se manter afastado do consumo de drogas.
Por isso, o principal passo para ajudar um dependente químico é fazer com que ele reconheça o vício e entenda a necessidade de buscar o tratamento adequado. Isso é fundamental para evitar recaídas após a desintoxicação.
O segundo passo, tão importante quanto o primeiro, é buscar ajuda médica especializada. Cada organismo reagirá de um modo diferente ao tratamento. Por isso, o diagnóstico correto do paciente permitirá um tratamento mais efetivo.
Somado a esses esforços, é preciso criar um ambiente em que o dependente se sinta seguro e confiante. O diálogo é fundamental para conscientizá-lo sobre sua situação e estimular a continuação do tratamento.
Esse contato será determinante para uma recuperação eficaz e para a qualidade de vida do paciente.
Pós-tratamento
Nesta etapa, o paciente já deve ser capaz de reconhecer as situações que o levaram ao vício e trabalhar ativamente para evitá-las. O indivíduo deve levar normalmente sua vida, sem o risco de voltar ao estado de dependência.
Por isso, terminada a fase de desintoxicação de cocaína, é necessário o acompanhamento médico periódico. O tratamento psicológico também é altamente recomendado nesses casos.
Frequentar um grupo de autoajuda pode ser útil para que a pessoa divida suas dores com outras na mesma situação.
O importante é que o paciente tenha em mente que o processo pelo qual ele passou requer uma mudança de estilo de vida.
O ideal é que ele se afaste do convívio com pessoas que consomem drogas de qualquer tipo para evitar o contato com essas substâncias.
Também é interessante que ele próprio identifique situações emocionais que o levaram à dependência da droga, como traumas ou insatisfações pessoais.
O combate a essas causas também requer um esforço contínuo e o apoio psicológico profissional é ideal para ajudar um paciente nessa situação.
Todos esses cuidados devem ser tomados por toda a vida da pessoa para evitar uma recaída. Consumir drogas após passar por um tratamento de desintoxicação tem um efeito ainda mais nocivo ao organismo de uma pessoa e pode até causar sua morte.
Agora que você sabe mais sobre o processo de desintoxicação de cocaína, pode avaliar melhor quais são passos necessários para pedir ajuda ou auxiliar um dependente químico. Entre em contato com nossos especialistas para buscar um tratamento adequado. Quanto mais rápido for o diagnósticos, mais chances há de uma recuperação eficaz.