Publicado em Deixe um comentário

Momento “Conversando com o Paciente”

Depoimentos de pacientes que foram diagnosticados com transtorno bipolar e a importância de encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal!

relato de paciente
Conversando com o Paciente – Relato de Casos de Pacientes Internados no HSM

Essa semana conversamos com duas pacientes internadas no Hospital Santa Mônica, ambas com o diagnóstico de Transtorno Bipolar e vamos relatar a seguir um pouco das angústias e aflições até o diagnóstico final da doença:

Larissa*, 60 anos, médica, mãe de dois filhos já adultos, tem uma vida bastante atribulada. Atua em dois hospitais e algumas clínicas. Sempre foi muito agitada, mas há alguns anos começou a sentir algo estranho, uma sensação que estava sendo perseguida!

No entanto, nos últimos dois anos essas sensações se intensificaram, quando ia ao supermercado, no trabalho ou enquanto dirigia pelas ruas de São Paulo. Por exemplo, após as compras no supermercado quando chegava em casa não encontrava os produtos adquiridos e sim outros que não precisava e achava que alguém havia trocado os produtos propositadamente no carrinho. Sentia algo parecido também quando estava dirigindo, achava que estava sendo cortada por carros que queriam bater no seu, davam fechadas bruscas, já no trabalho sentia que estava sendo perseguida profissionalmente por colegas que a queriam prejudicar.

Larissa nunca fez tratamento e não sabia que seus sentimentos e emoções eram provocados por um transtorno mental. Até que foi se isolando e tentou suicídio tomando vários medicamentos. A família conseguiu socorrê-la e transferi-la para um hospital geral, lá após o socorro inicial e a retirada do estado crítico, foi transferida por sugestão da equipe médica para o Hospital Santa Mônica. A internação ocorreu a pedido da família, em caráter involuntário.

Após ter seu diagnóstico fechado e iniciar o tratamento medicamentoso e com terapias, Larissa se sente mais calma, não tem mais alucinações, participa ativamente das atividades terapêuticas e entende que as atividades estão ajudando para que encontre o autocontrole sobre a sua vida.

Espera retomar as atividades profissionais após a alta que está para ocorrer em breve, mas irá concentrar seu trabalho em um único lugar e diminuir a intensidade, acredita que o excesso de estresse foi o causar da sua doença. Compreendeu que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é fundamental para o seu bem-estar e a sua saúde mental!

Outro caso é da Elaine*, 38 anos, professora, de São Paulo, casada, com filhos. Elaine residia com a família em uma cidade mais desenvolvida em Minas Gerais, no entanto, o marido que é gerente de um banco, foi transferido para uma cidade de 12 mil habitantes no interior de Minas Gerais. Na sua opinião foi quando começou o seu problema. A nova cidade, só tem uma escola e Elaine não conseguiu voltar a dar aulas. Elaine comenta também que ao longo da vida cuidou e se dedicou a entes queridos ao longo da vida e a perda de cada uma dessas pessoas, foi muito dolorosa.

Habitualmente levanta às 6 horas da manhã e por volta das 9 horas sua casa já está arrumada. Relata e lamenta que depois disso não tinha mais o que fazer, uma vez que não gosta de assistir televisão.

Elaine começou a ficar quieta, trocou o dia pela noite, só queria dormir, o marido achou que era depressão e preocupado tentou convencê-la a procurar ajuda, mas diante da sua resistência, fez uma busca pela internet, confiou no tratamento proposto pelo Hospital Santa Mônica e a internou involuntariamente.

Elaine está um pouco mais resistente, sente-se magoada com o marido, porque gostaria de estar em casa com a família. Tem ciência que tem depressão e que foi diagnosticada com Transtorno Bipolar, entende que precisa reagir, mas prefere fazer isso em casa, apesar do consolo das companheiras de quarto que possuem o mesmo diagnóstico e do carinho dos filhos que estão de férias em São Paulo e vêm visita-la sempre transmitindo muito amor e animação.

Cada paciente tem um processo próprio de aceitação da doença e do seu tratamento. Fica evidenciada a importância da participação do paciente nas atividades terapêuticas que possuem um papel fundamental no encontro com o equilíbrio emocional do paciente e no seu processo de restabelecimento, para que volte em harmonia as suas atividades em sociedade.

*Informamos que os nomes das pacientes foram preservados, respeitando a confidencialidade e sigilo da informação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga nossas redes sociais