Muito se fala em abuso de álcool e outras drogas por crianças e adolescentes, mas este também é um problema frequente entre os idosos. O alcoolismo na terceira idade tem ganhado cada vez mais destaque por conta do envelhecimento da população mundial e das novas descobertas sobre os impactos negativos dessa substância na saúde.
Segunda uma pesquisa realizada pela Datafolha, em 2019, 1% das mulheres e 9% dos homens brasileiros na terceira idade consumiam bebidas alcoólicas todos os dias. Já 7% das idosas e 16% dos idosos entrevistados responderam afirmativamente quando questionados se bebiam álcool pelo menos uma vez por semana.
O grande consumo de álcool entre a população idosa é um problema de longa data e bastante preocupante, visto que a dependência alcoólica é uma grande causa de mortes e internações nessa faixa etária. Os números atuais são ainda mais estarrecedores.
Segundo o Panorama 2024 sobre Álcool e a Saúde dos Brasileiros, elaborado pelo CISA — Centro de Informações sobre saúde e álcool, o número de internações atribuíveis ao álcool apresentou um aumento de 22% para 35% entre 2010 e 2023 na faixa etária de pessoas com 55 anos ou mais.
Ou seja, enquanto em 2010, uma em cada cinco internações relacionados ao consumo de álcool ocorriam em pessoas com mais de 55 anos, em 2023, esse número passou para uma em cada três!
Alguns sinais podem indicar o uso excessivo de álcool por idosos, como quedas repentinas, insônia, tremor, falta de apetite, irritabilidade e perda de memória. Porém, o diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar especializada para garantir um tratamento correto e eficaz. Confira neste artigo 4 dicas importantes de como enfrentar essa dependência na terceira idade!
1. Busca por orientação e auxílio profissional
Como dito, a busca por orientação e auxílio profissional é indispensável para a escolha do tratamento mais adequado. Isso porque o alcoolismo na terceira idade pode ser causado por múltiplos fatores, como solidão, aposentadoria, viuvez, falta de perspectiva, opções de lazer restritas e comorbidade com outros problemas de saúde mental, especialmente ansiedade e depressão.
O diagnóstico apurado permite à equipe médica traçar estratégias mais assertivas e específicas para tratar o alcoolismo e possíveis transtornos psiquiátricos associados, assim como avaliar a necessidade do uso de medicamentos e a indicação de psicoterapia para o idoso. Com isso, há grandes chances de a causa da dependência ser identificada e eliminada, o que diminui os riscos de recaídas e piora do quadro clínico.
2. Atenção aos efeitos do álcool no organismo
Os efeitos do álcool são bastante expressivos no idoso, pois seu organismo apresenta várias limitações próprias do envelhecimento. O uso crônico pode levar ao desenvolvimento de problemas físicos, como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios gastrointestinais, além de agravar transtornos mentais, como depressão, ansiedade, psicose, demência e Alzheimer.
O consumo prolongado de bebidas alcoólicas também pode causar deficiências nutricionais, prejudicando o sistema imunológico e contribuindo para problemas neurológicos. Além disso, o álcool também afeta o fígado, elevando o risco de cirrose e insuficiência hepática.
Outro problema que pode surgir em idosos que consomem álcool por muito tempo é o delirium, um estado de confusão mental intensa que pode aparecer durante a abstinência ou devido a desequilíbrios metabólicos no corpo. Sem tratamento adequado, essa condição pode ser muito perigosa e até fatal.
Além disso, devido ao comprometimento do equilíbrio e da coordenação causado pelo álcool, o risco de quedas também aumenta, o que pode levar a fraturas graves, cirurgias e um longo período de recuperação, algo bastante desafiador nessa fase da vida.
Por fim, um aspecto preocupante é que o álcool costuma ser um precursor para outras drogas, como os medicamentos calmantes e antidepressivos.
3. Participação em grupos de autoajuda
Os grupos de apoio ou autoajuda, como os Alcoólicos Anônimos (AA), são bastante indicados para que o idoso encontre um espaço de acolhimento, reinserção social, auxílio mútuo e compartilhamento de experiências. Esse tipo de atendimento aos dependentes de álcool facilita o acesso às informações e incentiva a adesão e a continuidade dos tratamentos disponíveis.
Além disso, os grupos oferecem um apoio emocional essencial e ajudam a combater a sensação de solidão que muitas vezes acompanha o alcoolismo. Afinal, lá é um espaço seguro para conversar sobre os desafios e definir objetivos, o que também ajuda a evitar recaídas.
4. Apoio de amigos e familiares
A dependência química de álcool na terceira idade muitas vezes é detectada quando amigos ou familiares próximos começam a observar mudanças de comportamento e sintomas intensos desse problema. Contudo, muitos acreditam que se trata apenas de uma fase passageira, pois, na maioria dos casos, o idoso já tinha o hábito de beber.
É importante ressaltar que abandonar a dependência sozinho é extremamente difícil, por isso o apoio de pessoas queridas é essencial durante todo o processo. Além de conversar com o idoso sobre o problema, é preciso mostrar preocupação com o consumo excessivo e procurar ajuda de profissionais capacitados.
Qual a relação entre álcool e pessoas idosas?
Com a terceira, vem a aposentadoria e um novo ritmo de vida, que podem trazer desafios. Muitos idosos enfrentam dificuldades para se ajustar à nova rotina e ao vazio que surge com a saída do ambiente de trabalho.
Além disso, as interações sociais tendem a diminuir à medida que a rede de amigos e familiares encolhe, e os filhos, ocupados com suas próprias vidas, não estão mais tão presentes.
Essa solidão e a falta de um propósito claro podem gerar sentimentos de abandono e tristeza. Para lidar com essas emoções e buscar algum alívio, alguns idosos acabam recorrendo ao álcool. O consumo inicial pode parecer uma solução temporária, mas, com o tempo, pode se transformar em dependência. Assim, a tentativa de encontrar conforto emocional pode, na verdade, levar a um ciclo difícil de quebrar.
Como é o tratamento de alcoolismo nessa faixa etária?
A dependência química é uma condição séria que requer um atendimento personalizado e especializado para ser tratada de forma eficaz. Para os idosos, o tratamento precisa ser especialmente cuidadoso e adaptado às necessidades únicas dessa faixa etária.
Nesse sentido, a internação pode ser necessária em alguns casos, especialmente quando a dependência é severa e necessita de um ambiente controlado para desintoxicação e monitoramento. Desse modo, a equipe médica consegue acompanhar o paciente de perto e verificar como os medicamentos interagem com outras condições de saúde, como diabetes, hipertensão ou outras doenças crônicas, comuns na terceira idade.
Aliás, o uso de medicamentos pode ajudar a controlar os sintomas de abstinência e reduzir o desejo de beber, mas é preciso que as dosagens e a forma de administração sejam ajustadas conforme as necessidades do idoso, sempre considerando suas condições de saúde e possíveis efeitos colaterais.
Além do tratamento médico clínico, o apoio psicológico é fundamental para a recuperação. Nesse contexto, podem ser realizadas sessões de psicoterapia para que o paciente entenda as causas do alcoolismo e desenvolva estratégias para evitar recaídas. O uso de terapias complementares, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), também são importantes e ajudam na adaptação a uma vida sem álcool.
O Hospital Santa Mônica é referência na área de saúde mental e oferece programas de tratamento para a dependência química de álcool. Os pacientes idosos são acompanhados por uma equipe qualificada e participam de dinâmicas de grupo com sua família para enfrentar e superar as dificuldades.
Conhece alguém que está lutando contra o alcoolismo? Entre em contato conosco e veja como o Hospital Santa Mônica pode oferecer o suporte necessário para o processo de recuperação!