Estudo publicado na revista Brain, uma das mais importantes revistas científicas na área da medicina e neurociências, mostra pela primeira vez alterações neuroquímicas na doença de Parkinson que podem abrir as portas a novos tratamentos. Pela primeira vez ficou demonstrado que pessoas com Parkinson têm níveis reduzidos de uma importante enzima cerebral chamada fosfodiesterase 10A (PDE10A), quando comparado com indivíduos sem a doença.
Ainda mais relevante, foi verificar que a redução estava associada à gravidade dos sintomas motores bem como à progressão da enfermidade, com aqueles doentes numa fase mais avançada e com sintomas motores mais graves apresentando uma redução ainda maior da enzima. Segundo Tiago Reis Marques, médico psiquiatra e investigador do Instituto de Psiquiatria do Kings College (Londres), e um dos autores do trabalho científico, “as fosfodiesterases são uma família de enzimas que se expressam em várias zonas do corpo humano. Elas tem a particularidade de se localizar numa região específica do cérebro, os gânglios da base, onde está envolvida na regulação da dopamina, o neurotransmissor implicado em doenças como a doença de Parkinson e a Esquizofrenia”.
O estudo publicado foi desenvolvido durante 2 anos por um consórcio internacional de neurologistas e psiquiatras que se dedicou a estudar a enzima PDE10A em várias doenças psiquiátricas e neurológicas, como a esquizofrenia, a doença de Parkinson e a doença de Huntington. Os resultados sugerem fortemente que a PDE10A pode ser um potencial alvo para novos fármacos no tratamento da doença de Parkinson. De acordo com Tiago Reis Marques “é expectável que remédios especificamente dirigidos a esta enzima possam melhorar os sintomas da doença de Parkinson”.