As consequências do uso abusivo de álcool são bem conhecidas pela população em geral. Porém, assim como muitas drogas com potencial para causar dependência, a retirada total desse produto (condição de abstinência) também pode causar diversos problemas, a exemplo da alucinose alcoólica.
Você já ouviu falar desse termo? Ele é usado por médicos e demais profissionais da saúde para descrever o quadro que se instala quando um paciente alcoólatra interrompe ou reduz significativamente a ingestão de álcool. Trata-se de uma situação complicada em muitos casos, já que gera sintomas prejudiciais.
Continue a leitura para entender melhor o assunto com o psicólogo do Hospital Santa Mônica, Antonio Chaves Filho e saber quando procurar ajuda especializada!
O que é alucinose alcoólica?
É um distúrbio orgânico com efeitos psicóticos que aparece após a decisão repentina de parar de beber. Para pacientes que têm o hábito de consumir grandes quantias de álcool, a pausa por conta própria pode causar danos que vão desde agitação até alucinações — daí o nome da síndrome.
A alucinose alcoólica costuma aparecer entre 12 e 48 horas depois de o indivíduo fazer sua última ingestão de bebida alcoólica. Quanto mais prolongado for o período de interrupção, mais riscos o paciente corre de apresentar sintomas que colocam sua saúde mental e física em risco.
Vale reforçar que essas alucinações não levam a outros comprometimentos da consciência. Ainda assim, é crucial conhecer e aprender a identificar os sinais. Esse cuidado favorece a busca de suporte no momento adequado, de modo a evitar danos maiores à vida da pessoa que sofre com o problema.
Quais são os sintomas desse distúrbio?
A síndrome de abstinência é experimentada de forma distinta por cada indivíduo, com sintomas mais ou menos intensos. As alucinações são entendidas como percepções irreais que levam o paciente a sentir cheiros, visualizar, ouvir, provar ou tocar coisas que não existem.
Ou seja, a alucinose alcoólica faz com que a pessoa tenha sensações que fogem da realidade. É possível, por exemplo, que ela “escute” alguém xingar ou falar sobre diferentes assuntos. Quem observa a cena, sem saber o que acontece em sua mente, logo percebe que há algo errado.
Para entender mais, confira agora os principais sintomas do distúrbio.
Confusão mental
A abstinência causa alucinações vívidas e persistentes que deixam o paciente confuso sobre o que, de fato, está acontecendo. Ele passa a sentir dificuldade de diferenciar imaginação de realidade, o que traz sérios problemas para se comunicar com os demais.
O conflito interno também é comum, afinal, pensamentos confusos dificultam o controle das emoções que atuam no processo decisivo. Em resumo, a pessoa pode se mostrar incapacitada de agir como antes, quando ainda tinha o suporte do álcool.
Desorientação
O tipo de alucinação que acontece na abstinência pode preservar o senso de orientação das pessoas. Porém, nada garante que determinados grupos sintam efeito contrário. Com a confusão mental, é possível que certos perfis passem a reclamar por conta da desorientação.
Esse sintoma é comum quando há consumo abusivo de substâncias que causam dependência. Isso porque, sem o produto que traz a falsa sensação de controle, o corpo passa a demonstrar dificuldade de cumprir as atividades normalmente.
Agitação extrema
Principalmente por conta dos efeitos anteriores, a alucinose alcoólica pode deixar o paciente mais estressado. Suas ações e falas se tornam aceleradas, causando cada vez mais estresse e ansiedade. Imagine, então, passar por isso quando há vozes ou outros estímulos surgindo de repente, sem explicação?
É muito importante lembrar que o uso de drogas, incluindo o álcool, nem sempre gera comportamentos iguais nas pessoas. Ou seja, mesmo que a tendência, nesse caso, seja a evolução para um quadro de extrema agitação, nada impede que alguns indivíduos fiquem mais quietos e comedidos.
Tremores grosseiros
Esses tremores acontecem por conta de movimentos involuntários em diferentes partes do corpo. O paciente pode apresentar os sinais em qualquer região, mas as áreas mais atingidas são as mãos. Também é possível que os tremores cheguem ao tronco e pernas.
É fácil perceber esse tipo de sintoma, principalmente se um terceiro se aproxima do corpo do paciente. A sensação é de que ele não consegue manter-se imóvel e passa a ter dificuldade para manipular coisas.
Resposta intensa a estímulos
A alucinose alcoólica gera hipersensibilidade a tudo o que ocorre no entorno: conversas, gestos, cenas e demais estímulos. Para quem sofre com o alcoolismo, o convívio com outras pessoas fica mais complicado justamente por conta da alteração mental.
No caso das pessoas que optam pela abstinência, é importante ter acompanhamento para evitar respostas inadequadas às ações externas. A boa notícia é que existe tratamento para o problema e ele deve ser conduzido por profissionais experientes.
Como escolher o melhor tratamento?
Antes de qualquer coisa, é crucial que a família e os amigos do dependente mantenham a calma perante uma situação de abstinência. Não adianta fazer o indivíduo se sentir culpado ou com vergonha, pois esses sentimentos desmotivam a busca por ajuda.
O apoio médico é muito importante, principalmente após crises intensas que colocam a integridade do paciente ou de terceiros em risco. Em todo caso, nunca deixe o paciente sozinho quando estiver passando por uma situação problemática. Procure um hospital ou clínica para iniciar o tratamento conforme orientações médicas.
Formas de tratar alucinose alcoólica
As intervenções variam conforme o nível de gravidade do quadro. Portanto, podem envolver desde uso de medicamentos até a prática de psicoterapia. Cabe ao médico fazer o diagnóstico para, junto da família ou de contatos próximos, determinar os passos necessários para lidar com a condição.
Durante o processo, o profissional da saúde vai recomendar a adoção de hábitos que fortaleçam a saúde do paciente, incluindo dietas específicas e práticas que promovem bem-estar. O indivíduo também se beneficia com acompanhamento psiquiátrico frequente, que evita o desejo de interromper o tratamento.
Em casos de maior gravidade, pode ser necessária a internação para desintoxicar o corpo do paciente. Trata-se de uma medida indicada quando a alucinose alcoólica se torna um risco à vida de qualquer pessoa. Lembre-se de que toda forma de tratamento deve ser conduzida em instituições especializadas.
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