A obesidade integra o grupo de doenças crônicas não-transmissíveis, sendo caracterizada pelo acúmulo A obesidade integra o grupo de doenças crônicas não-transmissíveis, sendo caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. A causa é multifatorial e envolve aspectos ambientais e genéticos, como sedentarismo, excessos na alimentação e predisposição genética para o acúmulo de gordura. Eles podem levar à obesidade mórbida, a forma mais trave da doença.
Atualmente, a obesidade é um problema de saúde pública em todo o mundo. Afinal, mais de um bilhão de pessoas convivem com essa condição. A estimativa é de que em 2025 existam 2,3 bilhões de adultos acima do peso no mundo, sendo 700 milhões com obesidade. Nos mais jovens, 12,9% das crianças no Brasil com idade entre 5 e 9 anos estão obesas, e entre os adolescentes de 12 a 17 anos, a taxa de 7% da população.
Neste artigo, elaborado com a ajuda do Dr. Marcel Vella Nunes, psiquiatra, conversaremos sobre o panorama da obesidade mórbida no Brasil. Continue lendo e entenda por que é importante mudar a mentalidade em relação à patologia e quais são os tratamentos possíveis para combatê-la. Boa leitura!
Panorama sobre a obesidade no Brasil
Como falamos, a obesidade é o excesso de peso devido ao acúmulo demasiado de gordura corporal. O grau de classificação pode ser calculado por meio do IMC (Índice de Massa Corporal), método mais amplamente aceito e utilizado como medida.
Essa é a relação matemática entre o peso corporal e a estatura da pessoa. O peso (em quilogramas) é divido pela altura (em metros) elevada ao quadrado. A pessoa é considerada obesa quando o seu IMC é maior ou igual a 30 Kg/m2.
Dessa forma, é possível classificá-la em:
- Grau I: IMC entre 30 e 34,9;
- Grau II: IMC entre 35 e 39,9
- Grau III (obesidade mórbida): IMC acima de 40.
O Mapa da Obesidade indica que, no Brasil, 55,4% das pessoas estão acima do peso, com um IMC igual ou maior do que 25. A prevalência está entre os homens, sendo 57,1% da população masculina.
Já a obesidade afeta 19,8% da população brasileira. Nesse caso, a prevalência está entre as mulheres, sendo 20,7% dessa população. Na introdução, apresentamos para você os dados relacionados à obesidade entre crianças e adolescentes, também em nosso país.
Portanto, essa é uma condição de saúde que diz respeito a pessoas de todas as idades e que, por isso, deve ser levada muito a sério e devidamente tratada. Lembrando que é importante, também, entender o que está relacionado ao aumento do peso para tratar a raiz do problema e evitar que evolua para a obesidade mórbida.
Graus de obesidade
Você viu no tópico anterior que podemos classificar a obesidade em diferentes graus. Eles aumentam conforme a quantidade de gordura acumulada no corpo da pessoa, o que, por sua vez, tende a aumentar o índice de massa corporal de acordo com o cálculo que também citamos.
Geralmente, quanto maior o acúmulo de gordura, maiores são os riscos para a saúde e a qualidade de vida. Isso porque o excesso de peso está relacionado a uma série de doenças, pois provoca alterações no funcionamento do organismo, e isso tende a contribuir para a manifestação ou o agravamento de determinadas condições de saúde.
Mas antes de ficar obesa, uma pessoa apresenta sobrepeso. Nesse caso o índice de massa corporal dela está entre 25 e 29,9 kg/m². Esse já é um sinal de alerta e um quadro considerado como pré-obesidade.
Nesse estágio, a pessoa já pode apresentar algumas condições que estão relacionadas ao excesso de gordura corporal, como hipertensão e diabetes. A seguir, apresentamos as características dos graus de obesidade para você conhecer melhor cada um deles.
Grau I
Pacientes com obesidade grau I precisam adotar diversos cuidados para reduzir a quantidade de gordura corporal. Isso inclui, por exemplo, as mudanças na alimentação, inclusive com o acompanhamento de um nutricionista, assim como a prática rotineira de exercícios físicos. Nesse momento, não são recomendados tratamentos mais invasivos, como a cirurgia bariátrica.
Grau II
Esse é o estágio de obesidade moderada. Existe um risco maior para a saúde em função do acúmulo mais intenso de gordura no organismo. Por isso, é muito importante adotar os cuidados que foram citados para os pacientes com obesidade grau I, porém, com algumas diferenças.
O foco precisa estar nas atividades físicas e exercícios aeróbicos, que ajudam a aumentar o gasto calórico. Também é importante fazer um acompanhamento médico mais rigoroso, inclusive com o auxílio de um endocrinologista, além de uma mudança ainda mais intensa dos hábitos alimentares.
Grau III
Como você viu, esse é o estágio mais preocupante, ou seja, a obesidade mórbida ou grave. Nesse momento, é muito provável que já existam doenças associadas ao excesso de peso, com um risco maior para a saúde.
Por isso, podem ser recomendadas as opções de cirurgia bariátrica para um controle mais intenso do peso corporal. Contudo, cada paciente precisa de uma avaliação individual para saber se é um bom candidato a esse tipo de tratamento ou se ele não é indicado.
Dados sobre a obesidade mórbida no país
A partir da década de 1970, estima-se que o número de obesos mórbidos aumentou 255% no Brasil. Em 2022 o número de brasileiros com obesidade mórbida, sendo um índice de massa corporal acima de 40 kg/m², alcançou 863.083 pessoas.
Isso significa que 4,06% da população do nosso país têm o nível mais severo de obesidade. O número é preocupante porque representa um percentual de crescimento de 29,6% em apenas 4 anos. Afinal, em 2019, 3,14% das pessoas tinham a obesidade de grau III, ou seja, 407.589 brasileiros.
Qual a relação entre mente e obesidade?
Na maioria dos casos, o desenvolvimento da obesidade é resultante de múltiplas causas, incluindo hábitos e comportamentos de vida, predisposição genética e aspectos sociais. Esses fatores se combinam de forma diferente em cada pessoa, o que pode acarretar obesidade mórbida.
No entanto, existe uma minoria de casos que são determinados pela genética, devido a mutações em genes definidos. Nesses casos, mesmo que a pessoa sempre tenha tido hábitos saudáveis, a obesidade ocorre.
Para o Dr. Marcel, “a mudança de mentalidade é essencial para combater a obesidade. Afinal, entre as principais causas estão a ingesta exagerada de alimentos, devido aos distúrbios alimentares, como a compulsão e a pouca ou nenhuma atividade física. Assim, é preciso entender qual é a relação com a comida e porque ela não está equilibrada, a fim de mudar as motivações que levam a pessoa a ingerir alimentos”.
A mudança de mentalidade quanto ao sedentarismo, como trabalhar a motivação, também é importante. Além disso, quadros psicológicos e psiquiátricos descompensados (como a ansiedade e a depressão) também podem ser uma causa importante de obesidade.
Dessa forma, além de adotar hábitos de vida saudáveis, como aderir à prática de atividades físicas rotineiramente, ter uma alimentação equilibrada e dormir o suficiente, quem deseja sair da obesidade também precisa cuidar da saúde psicológica.
Mudar a rotina não é uma tarefa fácil, mas ela se torna mais simples e eficaz com o acompanhamento dos profissionais corretos. Isso inclui os médicos, o nutricionista, o educador físico e um profissional para tratar das condições psicológicas e emocionais.
Um quadro de ansiedade, por exemplo, pode fazer com que a pessoa acabe acumulando gordura corporal em excesso. Isso porque é bastante comum que o indivíduo ansioso acabe buscando conforto na comida.
Porém, ele vai procurar por aquilo que traz um prazer maior, como os doces, os carboidratos e as frituras. Logo, existe a tendência para ganhar peso. Isso também pode acontecer em decorrência do estresse ou da depressão.
Portanto, buscar bem-estar mental e equilíbrio psicológico é, também, uma forma importante de prevenção do excesso de peso e da obesidade mórbida.
Quais são os tratamentos oferecidos para a obesidade mórbida?
É preciso ter em mente que uma doença complexa, com inúmeras causas, não pode ser tratada de uma única forma.
Para alguns casos é indicado, sim, o uso de medicações, seja para inibir o apetite ou para diminuir a absorção de gorduras. No entanto, também é preciso ter o acompanhamento de um nutricionista, de um educador físico, de um psicólogo e, para algumas pessoas, de um psiquiatra.
Afinal, os quadros psicológicos que têm relação com a alimentação precisam ser sanados para que se obtenha sucesso no tratamento da obesidade. A compulsão alimentar, um tipo de transtorno alimentar, ocorre quando a pessoa sente a necessidade de comer mesmo sem fome.
Para o Dr. Marcel, “o mesmo se aplica aos quadros de ansiedade, em que o paciente aplaca o sentimento de angústia com a ingesta exagerada de alimentos. Em ambos os casos, é preciso primeiro tratar a mente, e depois a obesidade”, complementa o médico.
Também existem casos que, além do tratamento clínico, pode ser necessária uma cirurgia. Nesse caso, existem critérios específicos para optar pela cirurgia bariátrica. No entanto, é fundamental entender que, se os hábitos alimentares e os problemas psicológicos não forem tratados, o resultado da cirurgia bariátrica será perdido.
Isso porque, se houver grande ingesta de alimentos, o estômago dilata, ficando com a capacidade anterior à cirurgia. Existem estudos que demonstram a recidiva, ou seja, após cerca de 2 anos todo o peso é recuperado, visto que o paciente não foi acompanhado por uma equipe multidisciplinar.
Para um tratamento efetivo, o Dr. Marcel explica que, nesses casos, o trabalho dos profissionais deve começar no preparatório para a cirurgia e continuar após a perda de tempo, a longo prazo.
O Hospital Santa Mônica conta com uma equipe multidisciplinar preparada para receber pacientes com transtornos alimentares ou que carecem de ajuda psicológica e psiquiátrica para vencer o excesso de peso e a obesidade mórbida.
Apesar da etiologia variada, a perda de peso pode ser conquistada com planejamento e terapia individualizada. Entre em contato conosco e saiba mais!