De acordo com um estudo do periódico Lancet Psychiatry, as sequelas da Covid-19 podem causar efeitos colaterais preocupantes. As estatísticas apontaram que, seis meses após o diagnóstico, observou-se doença neurológica ou psiquiátrica em 33,6% dos pacientes leves e em 46% daqueles que passaram pela UTI.
Tendo isso em vista, vamos apresentar quais são os sintomas neurológicos da Covid-19 e como identificar esses sinais. Veja quais são os principais impactos que essas sequelas neurológicas e psiquiátricas podem causar sobre a saúde, além de conhecer as melhores alternativas de tratamento para reduzir a incidência desses transtornos.
Sequelas da Covid-19 e os impactos na saúde
Durante uma crise sanitária e social, como a instaurada pela pandemia da Covid-19, a atenção deve ser voltada para as particularidades que envolvem diferentes aspectos da saúde. A meta é promover a redução dos impactos dos transtornos mentais sobre a saúde dos pacientes que estão em fase de recuperação.
Nesse sentido, os profissionais de saúde devem estar atentos, principalmente quem atua no âmbito da saúde mental, pois as estimativas alertam para os riscos que as sequelas da Covid-19 representam. Além dos problemas de ordem fisiológica — como as dificuldades respiratórias — que permanecem após a alta hospitalar, as questões emocionais também exigem atenção especial.
Em vias gerais, esse comprometimento do estado funcional também eleva os riscos de instabilidade psicológica e psíquica. Com isso, tais sintomas se prolongam por meses após a alta hospitalar, sobretudo nos pacientes que precisaram de internação e que passaram pela UTI. Nestes, os efeitos colaterais da Covid-19 podem ser mais prolongados.
Entre os sinais persistentes e que podem influenciar negativamente a reabilitação desses pacientes, destacam-se:
- tosse;
- fadiga;
- dispneia;
- fraqueza;
- distúrbios do sono;
- transtornos psíquicos;
- instabilidade emocional;
- problemas neurológicos;
- dores nos ossos e nas articulações;
- dessaturação dos níveis de oxigênio.
Sequelas neurológicas e psiquiátricas da Covid-19
Conforme o comportamento da doença, os sintomas prolongados da Covid-19 podem variar bastante entre as pessoas com diagnóstico confirmado e exigir até internação psiquiátrica, em alguns casos. Entre os sintomas neurológicos e psiquiátricos mais observados, destaca-se o comprometimento cognitivo, que leva à perda de memória recente.
Isso acontece porque uma das consequências mais negativas do contágio pelo novo coronavírus é a alteração do sistema nervoso autônomo. Quando comprometida, essa região do cérebro não realiza o seu trabalho de coordenar, corretamente, o funcionamento do coração, dos rins, da bexiga e do intestino.
Do ponto de vista fisiológico, o sistema nervoso é muito sensível ao excesso de inflamações pelo corpo, principalmente em decorrência da queda da oxigenação provocada pela ação do novo coronavírus. Nessas condições, a dessaturação compromete o trabalho cerebral e afeta as funções cognitivas.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto do Coração (Incor) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), 80% dos pacientes apresentaram os seguintes sintomas após a Covid-19:
- esquecimento momentâneo;
- habilidades mentais prejudicadas;
- problemas na execução de várias tarefas;
- mudanças comportamentais e emocionais;
- dificuldade de concentração ou de atenção;
- dificuldades com o julgamento e raciocínio;
- problemas com a compreensão ou entendimento.
Sequelas psicológicas da Covid-19
Os danos psicológicos também surgem como consequência das perdas neurológicas. Somado aos impactos da própria doença, a hospitalização prolongada causa diferentes efeitos deletérios que comprometem a estabilidade emocional.
Entre os problemas mais comuns, destacamos os que foram apontados por pacientes em um estudo realizado pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos. Confira:
- insônia;
- depressão;
- ansiedade;
- desânimo;
- mau humor;
- irritabilidade;
- crise de pânico;
- estresse pós-traumático.
Fatores de risco
Ainda que as sequelas da Covid-19 possam surgir em qualquer pessoa, há evidências de que mulheres e pacientes com histórico psiquiátrico prévio sejam mais vulneráveis a esse tipo de psicopatologia. Desse modo, evidências apontam que a classe feminina e a história psiquiátrica são consideradas fatores de risco.
Para combater o novo coronavírus, o sistema imune desencadeia uma resposta inflamatória ampla e que pode provocar reações imprevisíveis em uma certa parcela de pacientes. Fatores como a carga hormonal e a maior propensão aos desajustes emocionais tornam as mulheres mais sensíveis a esses efeitos de maior gravidade.
Cuidados necessários
A adoção de alguns cuidados especiais com a saúde pode fazer a diferença entre os níveis de comprometimento provocado pelas sequelas neurológicas e psiquiátricas da Covid-19. Além dos fatores de ordem cerebral, um dos principais efeitos fisiológicos está relacionado à função respiratória. Por isso, a realização de exercícios físicos deve ser estimulada nesses pacientes.
Por questões de segurança, o ideal é que tais atividades sejam monitoradas por profissionais que atuam na saúde. Isso porque é necessário impor limitações individuais aos pacientes durante essa etapa de recuperação da doença. Para evitar problemas como falta de ar, lesão muscular e fadiga, a orientação é praticar exercícios leves.
Em síntese, os pacientes precisam receber orientação no âmbito físico, psicoemocional e psiquiátrico, de acordo com cada etapa da reabilitação. Além do mais, a adoção de medidas preventivas — como a manutenção do distanciamento social, a lavagem das mãos, o uso de máscaras e de álcool em gel — também reduzem a transmissão do vírus e o risco de reinfecção.
Alternativas de tratamento para as sequelas da Covid-19
Em primeiro plano, é necessário sensibilizar os profissionais de saúde que têm maior contato com os pacientes que recebem alta hospitalar, pois não é aconselhável minimizar as queixas, desconsiderar os sinais de ajuda ou relativizar os sintomas. Na atual conjectura, o controle das sequelas depende de tratamento multidimensional e contextualizado conforme as necessidades de cada quadro.
Nesse caso, as intervenções terapêuticas indicadas para minimizar as sequelas fisiológicas, neurológicas e psiquiátricas são:
- uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos;
- sessões de fisioterapia para renovar a capacidade respiratória;
- programas de reabilitação respiratória para fortalecer as funções pulmonares;
- acompanhamento psicológico e psiquiátrico para recuperação da saúde mental;
- suporte multidisciplinar para reduzir os efeitos negativos da Covid-19 sobre o bem-estar geral.
Vale ressaltar, por fim, que as sequelas da Covid-19 exigem atenção e cuidado especializado a fim de que os seus efeitos sejam efetivamente controlados. Portanto, o ideal é contar com a expertise de uma instituição — como o Hospital Santa Mônica — para promover a reabilitação da saúde e da qualidade de vida de quem enfrenta tais desafios.
Precisa de ajuda nesse sentido? Entre em contato conosco e conte com o suporte especializado dos profissionais do Hospital Santa Mônica!