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Entenda o que são as psicoses e como esse tipo de transtorno prejudica a saúde de milhões de indivíduos ao redor do globo

Texto de Leonardo Guerino/ Colaborador e Giovane Rocha, Entrevistas Leonardo Guerino e Design Josemara Nascimento

Frequentemente os distúrbios da mente aparecem como tema de produções  hollywoodianas. Porém, apesar de ser possível ter uma boa ideia do que se trata o transtorno a partir do filme ou da série, nem sempre os quadros são retratados com total fidelidade, principalmente quando é ilustrado um caso de psicose. No filme Psycho (traduzido como Psicose no Brasil) do diretor britânico Alfred Hitchcock, por exemplo, o desenvolvimento da  personalidade múltipla, sintoma característico do transtorno dissociativo de identidade, é diretamente ligado aos comportamentos de serial killer do protagonista Norman Bates. Além disso, outros traços psicóticos, como alucinações e delírios, também são relacionados ao personagem.
Contudo, tais associações podem ser equivocadas. O nome original do longa de Hitchcock, Psycho, na verdade, deveria ter sido traduzido como Psicopata, fazendo menção a alguém com um quadro de psicopatia, o qual possui sintomas diferentes das psicoses. Ainda assim, nem todos os psicopatas apresentam pensamentos assassinos, o que ressalta a importância de colocar cada distúrbio em seu devido lugar. A seguir, confira as características dos principais casos de psicose.

Afinal, o que é psicose?

A psicose é um quadro psicopatológico em que o estado psíquico do indivíduo demonstra uma perda no contato com a realidade. Ou seja, a pessoa passa a ter uma visão desconexa do mundo que a cerca, apresentando, assim, alucinações, delírios, agressividade, pensamentos confusos, alterações sentimentais e comportamentais, agitação, além de outros sintomas. Todos esses traços são dependentes do modo como o quadro se desenvolve.
O número de pessoas com essa patologia varia de acordo com o país, a idade e o sexo. Além desses, existem também fatores de risco genético, biológico, ambiental e psicológico capazes de influenciar no desenvolvimento do transtorno.

Tipos e causas

Apesar das inúmeras particularidades que os indivíduos psicóticos apresentam, esse quadro pode ser dividido em três grandes grupos de causa:

  • Causada por uma condição mental ou psicológica: segundo o psiquiatra Claudio Duarte, condições médicas diversas e eventualmente lesões, traumas, tumores ou infecções no sistema nervoso central podem, desencadear
    ou produzir um transtorno psicótico. Além disso, transtornos mentais como esquizofrenia e bipolaridade são alguns outros elementos responsáveis por quadros psicóticos.
  • Causada pelo abuso de drogas e álcool: Claudio explica que substâncias psicoativas como ketamina (um anestésico), cocaína ou maconha aumentam o risco de desenvolver a psicose aguda em curto e longo prazo.
  • Causada por uma norma sanitária geral: “Indivíduos que sofreram mais eventos negativos durante a vida, têm condições de habitação precárias, são mais isolados de forma étnica e têm pouco apoio de grupos
    ou de seus pares estão em maior risco de desenvolver um transtorno psicótico”, afirma o especialista.
    Contudo, os fatores para o despertar de um transtorno psicótico são ainda mais amplos. Duarte explica que a psicose é mais provável de ocorrer em pessoas que têm uma saúde médica pobre ou que sofrem de outra
    doença mental. “Os neurotransmissores (produtos químicos envolvidos na comunicação entre células nervosas) também estão envolvidos no desenvolvimento de distúrbios psicóticos. A lista de neurotransmissores
    sob investigação é longa, mas uma atenção especial foi dada à dopamina, serotonina e glutamato”, conclui o psiquiatra.
    Além de todos esses fatores, os filhos de mães com transtorno psicótico também podem ter um maior risco genético de desenvolver a doença se a gravidez apresentar problemas como desnutrição, infecções, hipertensão arterial ou problemas com a placenta.

Em busca da cura

Uma boa notícia sobre o estado psicótico é que ele pode ser controlado e prevenido para que outros indivíduos não o desenvolvam. Até agora, os tratamentos mais eficazes para as psicoses envolvem a utilização de medicamentos adequados, educação em saúde mental e psicoterapia para o portador do quadro e seus familiares. “A maioria dos distúrbios psicóticos é tratada com uma combinação de medicamentos e psicoterapia, bem como outros tipos de abordagem, como terapia ocupacional,terapia de grupo, grupos operativos e de aconselhamentos”, explica
Claudio Duarte.
Os medicamentos são um dos maiores auxiliares no tratamento das psicoses. O principal tipo de droga prescrita para tratar esses quadros são os “antipsicóticos” ou neurolépticos. E embora muitas vezes esses remédios não curem completa e definitivamente, eles são eficazes no controle dos sintomas mais problemáticos dos transtornos psicóticos, como delírios, alucinações e problemas de pensamento. “Estes são chamados de sintomas positivos, em oposição aos chamados sintomas negativos, que seriam a redução da afetividade, da cognição e do funcionamento social; são igualmente abordáveis com algumas medicações, mas muito mais sensíveis aos manejos das demais terapias”, esclarece o psiquiatra Claudio Duarte.

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Matéria originalmente publicada na Revista O Mundo Secreto do Cérebro – Neuroses e Psicoses.

Fonte:

CONSULTORIAS Claudio Duarte, psiquiatra do Hospital Santa Mônica em São Paulo e diretor clínico da Unidade Integrativa da mesma instituição.
FONTE Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – edição 5, American Psychiatric Association, editora Artmed, 2014.

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