O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é uma data oportuna para dialogar sobre a saúde mental e esclarecer mitos sobre o suicídio. Infelizmente, esse problema é um quadro muito presente na população brasileira, o que exige a adoção de medidas mais eficazes para combatê-lo.
Tendo isso em vista, a dra. Luciana Mancini Bari, médica do Hospital Santa Mônica irá apresentar valiosas informações a respeito desse tema e explicar o que o dia 10 de setembro significa para a prevenção e promoção da saúde mental no Brasil e no mundo. Veja, também, qual foi a origem do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e saiba como apoiar a pessoa que está em sofrimento.
Qual é a importância do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio?
Devido à complexidade que envolve o comportamento suicida, o dia 10 de setembro ficou conhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela OMS (Organização Mundial da Saúde). A data foi criada em 2003 com o objetivo de incentivar os países a adotarem estratégias de enfrentamento ao problema.
Nesse contexto, o Setembro Amarelo surgiu pela necessidade de efetivar mais campanhas de conscientização sobre a prevenção do suicídio e a promoção da saúde mental. No Brasil, existe desde 2014, idealizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Como é fundamental chamar a atenção sobre o tema de forma educativa e clara, a ideia é colorir, iluminar e estampar o amarelo nas fachadas dos prédios e monumentos de todo o país. Em apoio à causa, locais conhecidos como o Congresso Nacional e o Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF) e o Cristo Redentor (RJ) aderiram à campanha.
Dados no Brasil
O DataSUS divulgou um dado preocupante sobre o Brasil: nos últimos 20 anos os suicídios subiram de 7 mil para 14 mil, mais de um a cada hora, sem contar os casos que não foram notificados. O número é maior do que mortes por acidentes de moto no mesmo período.
A situação do Brasil vai na contramão de boa parte do mundo, que viram os números de suicídio caírem nas últimas décadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento da depressão e ansiedade na pandemia é um dos principais fatores que levaram a esse aumento.
Segundo a entidade, o número de casos de transtornos de ansiedade aumentou 25,6% e os de depressão 27,6% em 2020 no mundo. Solidão, medo da morte, luto e preocupações financeiras são alguns dos principais motivos para a depressão.
Como e por que a pandemia fragilizou a saúde mental da população?
Em resumo, os profissionais que atuam na linha de frente dos tratamentos em saúde mental percebem a necessidade de mais atenção a esse assunto. Da mesma forma, quem tem algum familiar ou amigo em sofrimento também enfrenta muitos desafios para ajudar o seu ente querido a superar tais problemas, sobretudo neste contexto de pandemia.
Logo, a saúde mental e emocional é um problema social bastante complexo que envolve diferentes setores da sociedade. Doenças como a depressão, a adicção em drogas e o alcoolismo são os principais pilares que alimentam os desequilíbrios mentais.
Na pandemia, outros fatores também estimularam o surgimento de distúrbios psicológicos e psiquiátricos em diferentes graus de comprometimento. Entre eles, os conflitos familiares, o desemprego, o divórcio e o luto em decorrência das perdas para a Covid-19 são os principais.
Portanto, o dia 10 de setembro é uma oportunidade para debater esse tema e cobrar maiores investimentos em políticas públicas voltadas para as práticas diárias de educação preventiva. A meta é promover a conscientização sobre a prevenção do suicídio e alertar a sociedade sobre os impactos gerados por esse problema que traz tanto sofrimento.
Um panorama sobre a depressão e o suicídio no Brasil durante a pandemia
Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apontaram uma triste realidade em relação ao suicídio no Brasil. Dados afirmam que o país lidera os casos de depressão e ansiedade durante a pandemia de Covid-19, o que culminou em atos suicidas em pessoas de diferentes faixas etárias.
Segundo os coordenadores da pesquisa, os dados foram colhidos em 11 países. No Brasil, a população sofreu muito durante a quarentena, principalmente pela falta de interação social de modo presencial e pela privação de atividades fora de casa.
As mudanças em relação às formas de trabalho e o estudo remoto também foram fatores de influência sobre a saúde mental nesse período. Somadas aos problemas já presentes, tais questões aumentaram o risco de suicídio em jovens e adultos.
Portanto, os impactos da pandemia sobre as emoções e o comportamento têm levado ao aumento exponencial de sensações negativas, insegurança e sentimento de medo, ansiedade e estresse. Nesse contexto, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio torna-se uma ocasião para orientar sobre os sinais de alerta que auxiliam na identificação dos riscos.
Em termos globais, a temática do suicídio é uma das que mais preocupam a saúde pública. Sobretudo, os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que:
- no mundo, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos;
- anualmente, há mais de 800 mil óbitos em razão do suicídio;
- para cada suicídio concretizado, há um número muito maior de pessoas que tentam o suicídio;
- 79% dos suicídios registrados ocorrem em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
- menos de 10% das pessoas com transtornos mentais recebem tratamento.
O perfil dos grupos mais suscetíveis ao suicídio
Sem dúvida, quem opta pelo suicídio quer acabar com o sofrimento que parece não ter solução. Por isso, é necessário conhecer os grupos mais vulneráveis e inseridos nessa triste realidade. Vale ressaltar que grande parte dos atos suicidas está relacionada aos transtornos mentais.
No entanto, pessoas aparentemente saudáveis e tranquilas também podem apresentar mudanças bruscas de comportamento e tomar esse tipo de decisão. Por isso, familiares e amigos precisam reconhecer os sinais indicativos de intervenção profissional. Veja os mais comuns:
- pessoas pertencentes ao grupo LGBTQIA+, principalmente quando apresentam algum distúrbio psicológico ou sentimento de rejeição;
- mulheres, adolescentes, jovens e pessoas com algum histórico de desordem mental;
- indivíduos com histórico de dificuldades e perdas significativas durante a pandemia, mas que não conseguem lidar com isso;
- dependentes químicos ou de álcool que estão sem emprego e vivem conflitos internos ou familiares.
Qual é a importância do contato social para a prevenção ao suicídio?
O contato social é um modo de promover acolhimento e prestar um suporte emocional a quem está em dificuldade. As restrições impostas durante a pandemia e a necessidade de isolamento social aumentaram os casos de internação por ansiedade e depressão. Por isso, é necessário estimular a interação virtual saudável e o contato físico com a família nesses momentos.
Para ajudar alguém em risco, o ideal é procurar profissionais realmente qualificados e experientes na reabilitação da saúde mental. Portanto, se você conhece alguém que necessita desse tipo de suporte, aproveite a proximidade do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e procure a equipe do Hospital Santa Mônica.
Precisa de ajuda nesse sentido? Não perca tempo: fale com o Hospital Santa Mônica!