Comida, sexo, jogos: todos esses elementos podem se tornar vícios comportamentais. Basicamente, tudo começa quando há algo de errado com o mecanismo de recompensas do cérebro. Além disso, a adição de drogas tende a potencializar o estrago, criando o ambiente propício para a instalação da dependência. Quer um ótimo exemplo? O Chemsex. Já ouviu falar?
Basicamente, a utilização de drogas faz parte de um ritual que termina na busca incessante por doses cada vez maiores de prazer, correto? Para atingir esse objetivo, não são raros os casos de dependentes químicos que misturam algumas das drogas mais viciantes de que se tem notícia. O fato é que o sexo também produz prazer.
Logo, era questão de tempo até que alguém incluísse um ingrediente a mais para maximizar a sensação de êxtase típica das relações sexuais: as drogas.
Então, já descobriu o que é Chemsex? Continue a leitura do post descubra tudo o que você precisa saber sobre o assunto com a Dra. Luciana Mancini Bari, coordenadora de práticas médicas do Hospital Santa Mônica!
O que é Chemsex?
Para que não fiquem dúvidas, vamos a uma definição rápida. O nome Chemsex é a junção das palavras inglesas “chemical” e “sex”. Em português, aparece o chamado sexo químico, que traz uma acepção profundamente atrelada à utilização de drogas durante o ato sexual (com ou sem penetração).
A partir do uso (simultâneo ou não) de diferentes substâncias, os praticantes do Chemsex têm o único intuito de aumentar a libido, além de elevar e estender os sentidos. O resultado é uma experiência sexual muito mais intensa, o que, entre outras coisas, gera uma verdadeira explosão de dopamina no cérebro.
Por que é uma prática de alto risco?
Entender por que o Chemsex é perigoso também é simples. Aqui, não estamos falando somente de quem já é dependente químico. Basta ter em mente que, mesmo quem usa drogas esporadicamente, corre o risco de se tornar viciado na referida prática.
Como o Chemsex está ligado ao uso de entorpecentes, o indivíduo tem muito mais chances de desenvolver uma dupla ou tripla dependência química — afinal, o hábito envolve o risco do vício em sexo, em drogas e no “consumo” de ambos ao mesmo tempo.
Outro aspecto que merece ser mencionado é a ampliação do risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV. Isso acontece devido à diminuição da preocupação nos momentos que antecedem a prática sexual.
Por que os jovens entram no Chemsex?
Existem vários motivos para que adolescentes e adultos se tornem adeptos do Chemsex. Geralmente, pessoas já acostumadas a utilizar drogas em atividades de lazer são mais propensas a experimentar coisas novas.
De fato, para boa parte delas, as drogas sintéticas são convidadas que não podem faltar — pode ser um novo psicoativo ou qualquer experiência que amplie a sensação de euforia. Nesse contexto, o Chemsex parece unir o útil ao agradável.
Além disso, a onda de marcar encontros via aplicativos de relacionamento também facilita a difusão do chamado sexo químico. Existem apps específicos em que, infelizmente, o Chemsex praticamente se transformou em rotina.
Soma-se a isso o relato positivo de quem experimentou a prática pela primeira vez e sai por aí divulgando, como se fosse uma grande descoberta. O problema é que, provavelmente, essas pessoas conheceram o Chemsex há pouco tempo.
Conforme a prática se repete, a tendência é de que os participantes comecem a ser afetados negativamente — abordamos esse ponto mais abaixo, no momento oportuno.
Quais são as drogas mais consumidas?
No que diz respeito às drogas utilizadas, a lista é relativamente extensa. Isso acontece porque a quantidade de novidades produzidas e lançadas é alta. O fato é que qualquer substância sintética com ação direta no sistema nervoso central, como a cocaína rosa, pode ser usada no Chemsex.
De qualquer forma, também é verdade que existe um grupo preferido de substâncias entre os usuários, como veremos na sequência.
Metanfetamina
Famosa por conta da série Breaking Bad, na qual um professor de química passa a fabricar a droga, a metanfetamina é reconhecida por ser muito poderosa. Distúrbios do sono, indisposição, depressão e euforia são alguns dos efeitos mais comuns. Outro é justamente a intensificação do apetite sexual.
Ecstasy
Igualmente popular, principalmente em festas de música eletrônica, o ecstasy era, inicialmente, usado para prolongar a energia necessária para dançar ao longo de várias horas.
Além de proporcionar uma forte sensação de alegria, essa droga também é utilizada por muitas pessoas antes do sexo. Pela relativa facilidade de encontrar (em comparação com as demais) e o vínculo com baladas, o ecstasy é uma das drogas mais usadas no Chemsex.
Poppers
Na mesma linha do ecstasy, o poppers também tem uma conexão com os mais diversificados tipos de festas. Por sinal, o apelo nesse tipo de ambiente pode até ser maior, já que as substâncias presentes na fórmula realçam a visão e a audição.
Quais são os efeitos fatais?
A depender da combinação feita, o Chemsex pode ser fatal principalmente pelo aumento do ritmo dos batimentos cardíacos, o que tende a levar o indivíduo a um infarto agudo.
Mesmo que isso não aconteça, o praticante fica sujeito a desenvolver um quadro de excesso de relaxamento da consciência. O problema é que a pessoa pode alcançar níveis extremamente profundos, ao ponto de iniciar um estado de coma.
O risco de overdose também não pode ser ignorado, uma vez que o sexo e a droga (qualquer uma das citadas) potencializam as alterações do organismo. A frequência cardíaca aumenta nos momentos que antecedem o orgasmo mesmo sem o uso de qualquer outra substância. Assim, é fácil concluir que a adição de drogas faz com que esse intervalo possa ser fatal.
Quais são os possíveis tratamentos?
Os tratamentos são definidos conforme as particularidades dos vícios de cada paciente. De modo geral, é fundamental que, além de tratamentos medicamentosos, o indivíduo faça sessões de terapia cognitiva comportamental.
Esse tipo de abordagem terapêutica é importante pelo fato de o Chemsex estabelecer um forte elo com a solidificação de hábitos que, logicamente, precisam ser alterados. Nesse sentido, a psicoterapia familiar também pode ajudar.
Como buscar a ajuda do Hospital Santa Mônica?
Com mais de 50 anos de atuação na área da saúde, o Hospital Santa Mônica (HSM) oferece uma estrutura completa com (83 mil m²), médico clínico atuando em conjunto com o psiquiatra, além de nutrólogo, infectologista e anestesiologista e a equipe médica multidisciplinar. Assim, conseguimos promover a reabilitação física e mental de diversos pacientes.
Se você é praticante do Chemsex ou sente que precisa de ajuda para tratar qualquer outro tipo de vício, o Hospital Santa Mônica tem tudo o que você precisa para recuperar a sua vida.
Se você tem alguma dúvida sobre o assunto, venha conversar conosco!