Com a quebra acentuada na venda de discos, cada vez mais músicos e bandas dependem das turnês para ganhar a vida. Mas a sucessão de concertos e necessárias viagens não é positiva para a saúde mental dos artistas, concluiu a Help Musicians UK. Segundo um estudo conduzido pela associação, mais de 60% dos músicos já sofreu de depressão ou outros problemas psicológicos. E 71% dos entrevistados no estudo confessou que as digressões lhe causam estresse.
Num artigo do britânico The Guardian, Isabella Goldie, da Mental Health Foundation, diz: “Beber com moderação, evitar as drogas, dormir horas suficientes e ter uma base de apoio de amigos próximos e família por perto – estes são os laços que nos mantêm estáveis. Não é surpreendente que alguns músicos tenham problemas”, afirma. Citado pelo mesmo jornal, o produtor Mat Zo ilustra: “99% de andar em digressão [turnês] é: aeroportos, hotéis, ficar sentado no interior de um avião durante 16 horas ou mais. É fácil deixar que a sua mente e o seu corpo decaiam, mesmo se você for uma pessoa com boa saúde emocional. Para as pessoas com ansiedade, os quartos de hotel são como celas de prisão”.
A oscilação entre estados de grande euforia, vividos em palco, e de maior calmaria quando se retorna para casa, ajuda também a explicar alguns destes problemas, afirmam especialistas. Justin Young, dos ingleses The Vaccines, tem seu ponto de vista: “Andar em digressão pode fazer com que a vida normal nos pareça demasiada mundana. Ganhamos muitas expectativas que nem sempre são cumpridas, por tarefas cotidianas como ir comprar leite ou mesmo jantar fora com os amigos. É difícil substituir aquela adrenalina toda”.