
O consumo de álcool tem passado por transformações significativas nos últimos anos, especialmente entre os jovens da Geração Z. Diferente das gerações anteriores, esse grupo tem reduzido o consumo de bebidas alcoólicas, impulsionado por fatores como maior preocupação com a saúde, bem-estar mental e mudanças culturais.
Essa nova realidade tem chamado a atenção da indústria de bebidas, que busca se adaptar ao comportamento dos consumidores.
Mudança no consumo de álcool pela Geração Z
Uma pesquisa recente destacou que a Geração Z brasileira está bebendo menos em comparação com gerações anteriores. Essa tendência reflete um movimento global, onde jovens demonstram menor interesse pelo álcool e priorizam um estilo de vida mais saudável. Entre os fatores que impulsionam essa mudança, destacam-se:
- Conscientização sobre saúde mental: Há um aumento do entendimento sobre os efeitos negativos do álcool no bem-estar emocional e psicológico.
- Cultura do bem-estar: O consumo de bebidas alcoólicas é frequentemente associado a impactos negativos na saúde, levando os jovens a optarem por alternativas como bebidas não alcoólicas ou com baixo teor de álcool.
- Influência das redes sociais: A busca por uma imagem mais saudável e produtiva nas redes sociais tem influenciado o comportamento de consumo.
- Acessibilidade a novas experiências: O entretenimento sem álcool tem se expandido, com eventos e bares oferecendo opções sem bebida alcoólica.
O que é o alcoolismo?
Apesar da tendência de redução entre os mais jovens, o alcoolismo segue sendo um problema grave. O transtorno do uso de álcool (TUA) é uma condição crônica caracterizada pelo consumo descontrolado da substância, tolerância elevada e sintomas de abstinência. O alcoolismo pode impactar significativamente a vida do indivíduo, afetando relações, trabalho e saúde física e mental.
Consumo de álcool no Brasil
Dados de 2023 do Relatório Covitel, sobre hábitos de consumo dos brasileiros, mostram que a parcela de jovens entre 18 e 24 anos que consomem álcool três ou mais vezes por semana caiu de 10,7%, antes da pandemia de COVID-19, para 8,1% em 2023. Em comparação, na faixa de 45 a 54 anos, 9,1% dessa população tem o hábito de consumo de bebidas alcoólicas.
Enquanto a Geração Z reduz o consumo, dados gerais apontam que o Brasil ainda tem um consumo de álcool acima da média global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo per capita no país continua elevado, especialmente entre adultos e grupos de maior vulnerabilidade. Além disso, a prática do “binge drinking” (ingestão excessiva em curto período) permanece preocupante.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelam que, em 2019, 17% das mulheres adultas relataram consumir bebidas alcoólicas pelo menos uma vez por semana, um aumento de 4,1 pontos percentuais em relação a 2013, quando o índice era de 12,9%.
Além disso, o consumo abusivo de álcool entre mulheres também tem crescido. De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), houve um aumento anual de 4,25% no consumo abusivo de álcool pelas brasileiras entre 2010 e 2020. Esse padrão de consumo é definido pela ingestão de quatro ou mais doses em uma única ocasião.
Esses dados indicam uma tendência preocupante de aumento no consumo de álcool entre mulheres jovens no Brasil, destacando a necessidade de políticas públicas e campanhas de conscientização direcionadas a esse público.
O Ministério da Saúde publicou os números do consumo do álcool no Brasil:


Efeitos do álcool no organismo
O impacto do álcool no corpo pode ser significativo, mesmo em quantidades moderadas. Entre os principais efeitos, destacam-se:
- Sistema nervoso central: O álcool afeta a cognição, reduz os reflexos e pode contribuir para transtornos mentais como depressão e ansiedade.
- Fígado: O consumo crônico pode resultar em doenças hepáticas graves, como cirrose e hepatite alcoólica.
- Sistema cardiovascular: O álcool pode aumentar o risco de hipertensão e problemas cardíacos.
- Câncer: O álcool é um fator de risco para diversos tipos de câncer, incluindo mama, fígado e trato digestivo.
A indústria de bebidas e a adaptação ao novo público
Com a mudança de comportamento dos jovens, marcas de bebidas alcoólicas já estão se reinventando para atender a esse novo perfil de consumidor. O mercado de bebidas sem álcool e de baixo teor alcoólico tem crescido significativamente, com opções como cervejas 0% álcool e coquetéis sem destilados ganhando espaço.
As empresas estão investindo em inovação para acompanhar essa transformação, criando produtos que mantêm a experiência do consumo social sem os efeitos nocivos do álcool. Campanhas de marketing também passaram a focar em mensagens de moderação e responsabilidade, refletindo essa nova consciência coletiva.
Pesquisas e estudos sobre o alcoolismo
Estudos recentes apontam que, embora a Geração Z esteja consumindo menos álcool, o problema da dependência química ainda exige atenção. Pesquisas indicam que o consumo excessivo de álcool continua a ser um fator de risco para transtornos mentais e doenças crônicas.
Um estudo conduzido por pesquisadores do Massachusetts General Hospital e do Broad Institute, afiliados ao MIT e à Universidade de Harvard, questionou os benefícios cardiovasculares do consumo moderado de álcool. A pesquisa indicou que os riscos à saúde podem superar os benefícios. Além disso, fatores genéticos e ambientais continuam sendo determinantes no desenvolvimento do alcoolismo.
Tratamento e Prevenção
O alcoolismo exige um tratamento estruturado, que pode incluir:
- Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Ajuda na mudança de padrões de pensamento ligados ao consumo de álcool.
- Grupos de apoio: Organizações como Alcoólicos Anônimos (AA) oferecem suporte essencial para a recuperação.
- Medicação: Em alguns casos, medicamentos como naltrexona e dissulfiram podem auxiliar na redução do consumo.
- Campanhas de conscientização: Iniciativas públicas e privadas são fundamentais para educar a população sobre os riscos do álcool e promover um consumo mais responsável.
A mudança no consumo de álcool entre a Geração Z representa um novo paradigma para a sociedade e para a indústria. No entanto, o alcoolismo ainda é um problema de saúde pública que exige atenção. A conscientização, aliada a políticas públicas eficazes e inovação no mercado de bebidas, pode ajudar a criar uma cultura de consumo mais equilibrada e responsável.