No Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, é essencial discutir o impacto da discriminação na saúde mental de minorias, como a comunidade LGBTQIA+ e grupos raciais.
A discriminação, em suas diversas formas, é um fator determinante para o desenvolvimento de transtornos mentais e pode levar à ideação suicida.
Para aprofundar esse tema, a live “Saúde Mental e Diversidade” foi realizada com os psicólogos Antonio Chaves Filho e Fe Maidel, que trouxeram seus pontos de vista e suas perspectivas sobre o assunto.
O Impacto da discriminação na Saúde Mental
Pesquisas indicam que a discriminação é um fator significativo para a saúde mental de minorias. Um estudo de 2020 publicado pela American Psychological Association (APA) revela que indivíduos que experimentam discriminação têm um risco 60% maior de desenvolver transtornos de ansiedade e depressão.
A psicóloga Fe Maidel, ativista pelos direitos LGBTQIA+, explica: “A discriminação sistemática e estrutural que essas comunidades enfrentam cria um ambiente onde o estresse crônico e a ansiedade são uma constante.”
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Mental de Jovens LGBTQ de 2022 realizada por Trevor Project, 42% dos jovens LGBTQIA+ nos Estados Unidos consideraram o suicídio no último ano, sendo que 70% dos entrevistados relataram sintomas de ansiedade e depressão graves. “Esses dados mostram que a violência, tanto física quanto psicológica, e a rejeição familiar são fatores que agravam a situação desses jovens”, pontua Antonio Chaves Filho.
Comunidades vulneráveis e a questão racial
O impacto da discriminação racial na saúde mental também é alarmante. Segundo o Journal of Racial and Ethnic Health Disparities (2021), pessoas negras têm 20% mais chances de desenvolver transtornos de saúde mental do que brancas em razão de experiências racistas e preconceito institucionalizado.
“É fundamental entender que o racismo não se restringe a eventos pontuais, mas é um problema estrutural que afeta diariamente a psique de indivíduos e comunidades inteiras”, ressalta Antonio Chaves Filho.
Fe Maidel adiciona que “os efeitos da discriminação racial vão além do ambiente externo. Eles se internalizam, criando um fenômeno conhecido como racismo internalizado, onde a vítima passa a incorporar as crenças negativas disseminadas pela sociedade.”
O papel de ambientes de suporte e inclusão
Promover ambientes de suporte e inclusão é crucial para a proteção da saúde mental de minorias. Estudos sugerem que ambientes inclusivos, que valorizam a diversidade, ajudam a reduzir sintomas de ansiedade e depressão.
Um estudo conduzido pela Human Rights Campaign Foundation em 2019 demonstrou que jovens LGBTQIA+ que recebem apoio de suas famílias têm 50% menos probabilidade de tentar o suicídio.
Antonio Chaves Filho destaca que “a construção de ambientes inclusivos passa pelo reconhecimento das diferenças e pelo esforço ativo de incluir perspectivas diversas em todos os níveis de organização, seja em escolas, locais de trabalho ou espaços públicos.”
Fe Maidel concorda e acrescenta que “a empatia, a escuta ativa e a validação das experiências alheias são práticas que contribuem para criar um espaço acolhedor e seguro.”
Diversas pesquisas reforçam a conexão entre discriminação e saúde mental. Um levantamento da The Lancet Psychiatry (2023) demonstrou que indivíduos LGBTQIA+ que sofrem discriminação são duas vezes mais propensos a desenvolver transtornos depressivos, ansiedade e outras condições relacionadas ao estresse .
Além disso, o National Survey on Drug Use and Health de 2022 indicou que jovens negros enfrentam maiores taxas de pensamentos suicidas (9,8%) e tentativas de suicídio (4,9%) em comparação com jovens brancos .
Esses dados evidenciam que, para muitas comunidades vulneráveis, o impacto da discriminação se reflete em sintomas psicológicos graves, aumentando a necessidade de ações proativas e políticas inclusivas.
Como promover ambientes de suporte e inclusão
Fe Maidel sugere estratégias práticas: “É fundamental que as organizações adotem políticas de zero tolerância à discriminação, estabeleçam grupos de apoio, promovam treinamentos regulares sobre diversidade e inclusão, e garantam acesso a serviços de saúde mental para todos.”
Antonio Chaves Filho enfatiza a importância do apoio comunitário: “Iniciativas locais, como grupos de apoio e oficinas de conscientização, podem fazer uma grande diferença. Além disso, é vital envolver aliados na luta contra a discriminação, para que o fardo não caia apenas sobre os ombros das comunidades afetadas.”
A live “Saúde Mental e Diversidade” é uma oportunidade importante para abordar questões críticas de saúde mental e discriminação. Para mais informações sobre o evento e para se inscrever, acompanhe nossas redes sociais. A participação de todos é fundamental para construir um diálogo inclusivo e acolhedor, promovendo uma sociedade mais justa para todos.
Essa matéria reforça a importância de discutirmos e agirmos em prol da saúde mental de todas as pessoas, especialmente as que enfrentam discriminação.