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Psiquiatria

Psiquiatria: Sinais e Sintomas

Leia o texto anterior aqui.

Sinais e sintomas importantes para realização de diagnósticos em psiquiatria e suas relações com algumas das doenças mentais (cada um dos sintomas encontrados nada diz de forma isolada, mas ganham importância quando analisados em conjunto com todos os dados apresentados: fornece informações para um estabelecimento diagnóstico, bem como que área do cérebro pode estar com algum tipo de prejuízo).

Postura – Passiva: paciente apático, “largado”, indiferente ao que acontece em sua volta. Quadro que pode estar presente em demências (Alzheimer), depressões e alguns tipos de esquizofrenia. – Ativa: paciente com muita iniciativa, energia, sugerindo o que se fazer. Pode estar presente em quadros de pacientes em mania (fase do transtorno bipolar do humor), em alguns tipos de esquizofrenia, histeria.

Aspecto – Roupas largas e escuras: quadro pode estar presente em pacientes com anorexia nervosa, tentativa de esconder o corpo que consideram sobrepeso; – Roupas descuidadas e sem higiene: quadro pode estar presente em quadros de depressão e demência (Alzheimer); – Roupas bizarras: pode estar presente em pacientes com esquizofrenia ou em quadros de mania, falta capacidade crítica de julgamento; – Roupas chamativas ou curtas e decotadas e muitos acessórios/piercings/tatuagens: quadro pode estar presente em pacientes em mania, portadores de histeria, de transtornos na personalidade; – Roupas com rigidez de cuidados/ muito bem passadas: pode estar presente em quadros de TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo) ou em Personalidades obsessivas.

Atitudes Globais – Denominações com pouca necessidade de explicação, com já caracterização pela própria semântica: – Afetada; – Arrogante; – Queixosa; – Expansiva; – Não colaborativa; – Desinibida – Indiferente; – Hostil; – Dramática.

Consciência – Paciente Vigil: em estado normal de consciência. Sem indícios de sonolência, sedação, ou qualquer prejuízo, ou seja, paciente desperto, acordado, lúcido; – Paciente Obnubilado: Paciente apresenta alguma perda de lucidez, mostra alguns sinais leves de sonolência; – Paciente Torporoso: Paciente apresenta um quadro marcante de turvação de consciência, mas ainda pode ser despertado com estímulo doloroso; – Paciente Comatoso: Paciente com o grau mais elevado de rebaixamento do nível de consciência. Neste estado, não há qualquer sinal de que existe consciência; – Paciente em “Delirium”: É quando o paciente apresenta uma confusão mental aguda. Trata-se de uma das síndromes mais frequentes da prática clínica diária e indicam que o quadro de confusão mental é secundário a alguma condição clínica aguda (exemplos: pacientes que estão com alguma doença infecciosa aguda, pacientes que fazem uso crônico do álcool e estão em fase inicial de suspensão da droga em questão/ abstinência).

Atenção Aqui, na realidade da prática, vai ser avaliada a capacidade dos pacientes em conseguir focar ou não, no que é perguntado pelo médico: – Hipoprosexia: há dificuldade do paciente em focar no que lhe é perguntado, o que eventualmente, requer que seja repetido para obtenção da resposta; – Aprosexia: aqui o paciente não apresenta qualquer capacidade em permanecer atento; – Hiperprosexia: nesta situação o paciente apresenta um estado de atenção bastante exacerbada e ele se atém inflexivamente a determinada situação.

Orientação – A capacidade de orientação irá sempre necessitar da utilização integrada da atenção, percepção e memória. – Orientação autopsíquica: é a orientação do paciente em relação a si próprio (implica nele saber seu próprio nome, idade, data de nascimento, profissão, etc); – Orientação alopsíquica: é a orientação do paciente em relação ao mundo externo (tempo e espaço): implica nele saber em que instituição está, em que estado, cidade ou bairro se encontra, ainda em que data está.

Senso percepção – É a vivencia, a experiência sensorial (envolvendo os órgãos do sentido) que o paciente tem. E ele pode ter experiências que sente como reais e são irreais (hiperestesia). Bem como, não ter a sensação de vivência de alguma experiência (hipoestesia). Na psiquiatria, a sensação de vivenciar experiências irreais é extremamente comum e importante em estabelecimento de diversas doenças mentais. São as conhecidas alucinações (como temos 5 órgãos do sentido, as alucinações podem envolver todos estes 5 sentidos: audição, visão, paladar, olfato e tato). É a percepção clara de um objeto (voz, ruído, imagem, cheiro ou contato físico) sem que haja qualquer presença de estímulo real. – Alucinações auditivas: podem ser simples ou complexas: nas simples são ouvidos apenas ruídos primários, como zumbidos, burburinhos, cliques, estalos; a alucinação auditiva mais complexa são as alucinações áudio-verbais, onde o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real. Tais vozes podem ser únicas ou múltiplas, femininas ou masculinas, conversar apenas com o paciente, conversar entre si. A depender da doença mental em questão o conteúdo destas vozes vai ser diferente. Podem realizar agressões e críticas ao paciente, dizer que o mesmo está sendo perseguido, dizer que ele tem dons especiais e, também, lhe dar ordens. – Alucinações visuais: assim como as auditivas também podem ser simples ou complexas. Nas simples, o paciente vê cores, bolas, pontos brilhantes. Podem acontecer com muita frequência em doenças exclusivamente oftalmológicas e não ter qualquer caráter psiquiátrico. As alucinações visuais complexas, incluem imagens de pessoas (vivas, mortas, conhecidas ou não), partes do corpo (olhos, órgãos genitais, caveiras, cabeças disformes), entidades (santos, demônios, fantasmas) ou objetos inanimados. As alucinações visuais podem indicar, em conjunto com outros sintomas a existência de uma doença psiquiátrica, mas falam fortemente a favor de alguma doença clínica que pode estar havendo no paciente que está ocasionando em sintomas psiquiátricos. Geralmente, nestes casos, pode haver, como dito anteriormente, a necessidade de investigação com exames para afastamento de doença clínica. – Alucinações Táteis: o paciente sente que está sendo tocado, ou por humano, ou sendo espetado, tomando choques, sentindo insetos sobre sua pele. Existem patologias onde as alucinações táteis, podem estar associadas a um pensamento disfuncional de que ele está infestado, a Síndrome de Ekbom. São frequentes nos casos de esquizofrenia, em personalidades histéricas e em quadros de abstinência alcoólica ou por substâncias ilícitas, como a cocaína. – Alucinações Olfativas e Gustativas: São raras e, em suas formas mais comuns apresentam-se como odores de coisas apodrecidas, cadáveres, fezes, pus, coisas queimadas.

Memória – Podemos considerar 3 fases da memória: 1) Registro (percepção, gerenciamento, e início da fixação); 2) Conservação (retenção da informação); 3) Evocação (lembrança, recordação, recuperação). – Memória Imediata: aquela de curtíssimo prazo (segundos a no máximo 3 minutos). Ela confunde-se com a atenção. Depende de fatores como concentração e fadiga. – Memória Recente; aquela de curto prazo (minutos a 6 horas). Capacidade de reter a informação por curto período. – Memória Remota: aquela de longo prazo (meses ou anos). É a capacidade de evocação de informações e acontecimentos ocorridos no passado.

Humor – É o estado de ânimo do paciente em determinado momento. – Disforia: é um grau de irritabilidade e mal humor. Uma tonalidade afetiva desagradável; – Hipotimia: é o humor rebaixado. A base afetiva para todo transtorno depressivo. – Hipertimia: é o humor alterado, no sentido da euforia e alegria.

Pensamento O discurso do paciente é a expressão de seus pensamentos. Num discurso podemos observar a existência de uma velocidade de exposição de ideias (curso), as formas como elas são colocadas (forma) e o que dizem (conteúdo). Todos estes três aspectos podem aparecer de forma anômala e também dão indícios da patologia que o paciente tem. – Curso: o discurso pode estar acelerado, lentificado, com bloqueios ou sem anormalidades. – Forma: as principais alterações são a fuga de ideias, dissociação, incoerência, afrouxamento das associações ou desagregação. Na fuga de ideias o paciente transita entre um assunto e outro, mas os mesmos possuem alguma conexão. No pensamento desagregado as mudanças de tema não possuem qualquer relação e o discurso torna-se absolutamente sem sentido. – Conteúdo: requer pouca explicação sobre do que se trata. É aquilo que preenche o processo de pensar. Nas doenças psicopatológicas, os conteúdos irreais (delírios) mais observados são os: 1) persecutórios; 2) depreciativos; 3) religiosos; 4) sexuais; 5) de poder, riqueza, prestígio e grandeza; 6) de ruína ou culpa; 7) de conteúdo hipocondríaco. –

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Diretoria Clínica do Hospital Santa Mônica.

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