O estímulo sonoro acompanha o ser humano durante toda a sua existência. Através de sons e músicas, as pessoas conseguem construir uma memória sensível e criar associações a momentos bons e ruins. A musicoterapia se aproveita disso para tratar transtornos físicos, emocionais e mentais.
Cada pessoa tem a sua história. Por isso, não há uma “farmácia musical”. O tratamento, feito de modo específico para cada paciente ou grupo, é muito utilizado em centros psiquiátricos. Enquanto um tipo de música pode bloquear a sensibilidade emocional de uma pessoa, em outra é capaz de estimular a imaginação.
As sessões podem contar com a utilização de instrumentos, considerados os objetos intermediários da relação do paciente com a terapia. No Brasil, por exemplo, é comum a utilização de instrumentos de escolas de samba, pois costumam fazer parte do cotidiano das pessoas.
— O que aconteceu no Brasil foi além da terapia. Houve um movimento de inserção social, a partir das criações musicais que ocorreram nas sessões de musicoterapia — explica a musicoterapeuta Raquel Siqueira Silva, que, em junho, lançará o livro “Conexões musicais: musicoterapia, saúde mental e teoria ator-rede’’.
O grupo Harmonia Enlouquece, por exemplo, foi criado a partir do desdobramento de oficinas de musicoterapia para pacientes com transtorno mental. Hoje, a banda é composta por dez integrantes, sendo sete deles pacientes.