A partir de março, entra em vigor a regulamentação do Governo Federal para a realização de exames toxicológicos em motoristas profissionais do transporte rodoviário coletivo de passageiros e de cargas.
Os exames devem ser realizados previamente à admissão e por ocasião do desligamento do motorista. E terá como janela de detecção (período em que um teste aponta que foi feito o uso da droga), para consumo de substâncias psicoativas (maconha, cocaína, anfetaminas e os opiáceos – derivadas do ópio), uma análise retrospectiva mínima de 90 dias.
O motorista receberá um laudo laboratorial detalhado com os resultados. Segundo o especialista, o Hospital Santa Mônica realiza os exames toxicológicos, o teste de cabelos ou pelos são indicados e eficazes como forma de detecção do uso de diversas substâncias quando se quer investigar o consumo, ao longo de várias semanas ou mesmo meses, mas não podem indicar se um dado sujeito esteve sob efeito ao volante num prazo recente, uma vez que a janela de detecção for muito longa (escala de meses, não de dias ou horas).
Para averiguar o uso recente, exames de urina ou sangue são mais indicados. O teste de cabelo é interessante, mas não se pode com ele inferir que o motorista dirigiu sob efeito da droga, pois ele pode ter feito o uso no seu horário de folga (o que também é preocupante, mas não punível pelo código de trânsito, embora seja igualmente abordável por uma ação de saúde distinta daquela dispensada ao sujeito flagrado em uso mais recente).
Em geral, os motoristas alegam utilizar esses produtos a fim de se manterem acordados e, com isso, realizar as entregas no menor prazo possível. Mas esses profissionais acabam assumindo riscos, pois tanto as anfetaminas e derivados ou similares, quanto a cocaína, na forma inalada, fumada ou injetável, são psicoestimulantes e seu principal efeito esperado é justamente manter a pessoa mais ativa, mais acordada, mais acelerada. Porém, pode fazer com que o motorista seja imprudente, tenha reflexos menos eficientes, adote um estilo mais agressivo ao volante ou até mesmo aja de forma paranoica.
Sem contar que o indivíduo perde a noção de o quanto está cansado e funcionando além das capacidades humanas possíveis, havendo risco de um colapso quando o efeito começa a passar ou quando se associa outra substância para “compensar” os efeitos indesejados do estimulante (bebida, cannabis e benzodiazepínicos são comumente usados para este fim). Além disso, o uso de estimulantes pode aumentar as chances de ocorrer um infarto, um AVC (Acidente Vascular Cerebral), uma arritmia cardíaca, uma convulsão, dentre outros, que se ocorrerem ao volante, pode levar a desastres de grandes proporções.
Estes motoristas também estão sujeitos a todos os demais prejuízos biopsicossociais que causam mazelas nos dependentes químicos e alcoólicos em geral. Para o especialista Claudio Elias Duarte, a medida adotada pelo Governo é importante, mas somente a realização do teste tem pouco efeito como Política Pública para este grave problema e deveria ser acompanhada de campanhas de prevenção e programas de reabilitação, além de fiscalização in loco, para que se possa obter um resultado mais efetivo.
Fonte: Dr. Cláudio Duarte – médico psiquiatra e psicoterapeuta do Hospital Santa Mônica, localizado em Itapecerica da Serra. O Santa Mônica é um hospital especializado em psiquiatria, tratamento de problemas relacionados a Saúde Mental (Ansiedade; Pânico; Fobia; Demência; Depressão; Esquizofrenia; Alzheimer; Psicopatia; Transtorno afetivo bipolar; Transtorno de personalidade, Transtornos alimentares – bulimia, anorexia, obesidade, entre outros), Dependência Química, cuidados ao idoso, doenças crônicas e paliativas. www.hospitalsantamonica.com.br Plantão Telefônico 24 horas: (11) 4668.7455 | (11) 9 9667.7454