O Hospital Santa Mônica, referência em Saúde Mental Infantojuvenil e adulto e Dependência Química, se posiciona sobre a recente divulgação, feita pelo Ministério da Saúde, do documento que organiza mudanças feitas entre 2017 e 2018. Entre outros pontos, texto prevê internação em hospitais psiquiátricos e financiamento para equipamento de ECT – EletroConvulsoTerapia, popularmente chamado de eletrochoque. O governo federal prepara um documento que coloca em prática uma nova política de atendimento à saúde mental no Brasil. Entre outros pontos, prevê a internação em hospitais psiquiátricos e o financiamento para compra de equipamento de ECT. Baseada em portarias e resoluções publicadas entre outubro de 2017 e agosto de 2018, a “nota técnica” chegou a ser divulgada no site do Ministério da Saúde na segunda- feira (4). Entretanto, criticado por especialistas, o texto foi retirado do ar dois dias depois. Não há uma data prevista para conclusão e implementação. Os principais itens em consulta interna no ministério são: • Inclusão dos hospitais psiquiátricos nas Redes de Atenção Psicossocial (Raps); • Financiamento para compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia, mais conhecidos como eletrochoque; • Possibilidade de internação de crianças e adolescentes; • Abstinência como uma das opções da política de atenção às drogas. Segundo o psiquiatra Dr. Claudio Duarte, responsável pela Unidade de Dependência Química do Hospital Santa Mônica e diretor técnico da Unidade Integrativa Santa Mônica, “o tratamento do paciente com saúde mental requer todos os recursos disponíveis e validados pelos especialistas e pela boa ciência, como as terapias, os medicamentos e os procedimentos como eletroconvulsoterapia (ECT), que em alguns casos pode ser mais indicado e eficaz do que em outros, sem que isto signifique que a psicofarmacoterapia e outras abordagens terapêuticas devem ser prescindidas, até mesmo em associação com ECT”. Para o Dr. Cláudio, “na prática, sabemos ser necessário mais e melhores recursos para a saúde mental e a polêmica está mais voltada no sentido de criticar um possível desmonte em relação ao que foi feito anteriormente que deu certo. Os pacientes precisam de toda a infraestrutura que já está disponível e outras mais, em todas as instâncias de abordagem, como os CAPS’s, ambulatórios, internação em hospital geral e em hospital ou clínica especializada, residências terapêuticas e até políticas de redução de danos, eficazes e necessárias para certas populações em alguns contextos. Não podemos ser excludentes, o que é necessário fazer é distribuir os recursos onde são necessários com inteligência e planejamento”, complementa. O psiquiatra Dr Claudio complementa ainda: “Alguns pacientes precisam ser internados, não internar em alguns casos seria negligência, pois poderia colocar as pessoas em risco a própria vida ou de outras pessoas. Por outro lado, internar todo mundo e institucionalizar em grandes manicômios, também é errado. Tão errado quanto não tero leito disponível quando você precisa de internação. A grande questão é que temos que ter o rigor da boa prática da hospitalização, as internações deveriam ser: • O mais breve possível; • Ser o último recurso; • Ter indicação específica para conter os riscos de auto e heteroagressão ou suicídio; risco de uma complicação clínica; para elucidação diagnóstica; promover uma abstinência em álcool e drogas; interromper um ciclo de recaída. Existem inúmeras indicações para uma internação psiquiátrica, e neste caso, seria necessário tanto a disponibilidade de leitos em instituições especializadas quanto em hospitais gerais, a depender de cada caso.” A vantagem de estar em um hospital geral é que o paciente pode contar com o tratamento de outras especialidades em conjunto para casos mais complexos. O paciente pode ter um diagnóstico psiquiátrico de base, mas ter uma apendicite por exemplo, ou pode ter uma questão a ser investigada do ponto de vista clínico, mas não deixa de ter um quadro psiquiátrico de base. Outra possível situação é quando um paciente sem antecedente psiquiátrico desenvolve uma alteração comportamental durante um problema de saúde de natureza clinica ou cirúrgica, ou ainda quando ocorre a descompensação de algo que ele já possuía nesta esfera, mas estava estabilizado. Neste caso pelo estresse de adoecer ou pela própria natureza do problema clinico/cirúrgico pelo qual está passando, pode levar à piora da questão psiquiátrica subjacente ou desencadear algo nesta área. Assim, mesmo um hospital geral pode precisar de setor de psiquiatria à mão, seja interconsulta ou mesmo leito psiquiátrico em sua estrutura, como aponta Claudio Duarte. Existem aqueles pacientes que não possuem outra doença e a única descompensação é a psiquiátrica e a depender do diagnóstico psiquiátrico ele deve ir para um hospital especializado, como é o caso do Hospital Santa Mônica, podendo ficar internado no setor de álcool e drogas para tratar a dependência química, ou no setor de idosos para tratar questões ligadas ao transtorno mental de idosos, ou uma questão ligada a infância e adolescência, com grade terapêutica e equipe específica para atender essa faixa etária da população. O Hospital Santa Mônica já vem internando há algum tempo pacientes entre 12 a 18 anos para tratar transtorno mental e dependência química. Somos um centro de tratamento especializado e exclusivo, primordialmente em saúde mental, embora tenha infraestrutura hospitalar para exames laboratoriais e atendimento de emergência como os necessários para dar os primeiros atendimentos até em situações de PCR (parada cardiorrespiratória). Contamos também com apoio de equipe de clínica médica geral, além do psiquiatra, para tratar alguma questão clínica descompensada, como um hipotireoidismo, diabetes, hipertensão, quadros infecciosos, etc. “Quanto a questão da abstinência (interrupção completa do consumo como meta de tratamento), anteriormente havia menor estímulo para que o indivíduo superasse a dependência química tendo como norte a abstenção completa e por tempo indeterminado do uso de qualquer substância psicoativa de recreação. Mas muitas vezes, esta ideia de redução de danos, com maior tolerância ao uso e foco do tratamento em apenas reduzir os problemas relacionados ao uso, pode cronificar o quadro do paciente, dificultando a recuperação. Promover a abstinência completa é mais interessante e eficaz, ainda que obviamente o tratamento se utilize técnicas de abordagem motivacional, que aos poucos conscientize o paciente mais resistente de que deve vislumbrar a interrupção completa do consumo como a melhor medida para seu caso”, complementa Dr. Claudio Duarte. |
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