Durante a visita ao Centro de tratamento de dependentes químicos, que será inaugurado no Rio, o Papa recebeu de presente, uma imagem de São Francisco de Assis de 60 centímetros feita pelo artista plástico Milton Pestillo, de 57 anos, ex-dependente químico.
Outros dois ex-usuários de drogas também participaram ativamente da organização. O marceneiro Antônio de Oliveira Vera, de 43 anos, ficou responsável por construir a cadeira do papa. Já o artista plástico Ricardo Aparecido Luciano, de 32 anos, fez uma pomba da paz para ornamentar o palco.
A relação de Milton Pestillo, de 57 anos, com o álcool começou quando ainda era jovem. De gole em gole, ele conta que passou a beber várias vezes ao dia, prejudicando seu trabalho. “Eu bebia muito. Bebia, inclusive, para parar a tremedeira (um dos efeitos do consumo excessivo de álcool). O meu vício me trouxe perdas materiais importantes, porque, bêbado, não conseguia vender minhas obras. Perdi a minha autoestima e a vontade de trabalhar”, afirmou ele à BBC Brasil.
Quando sua filha nasceu, há 23 anos, disse a si mesmo que se libertaria do vício. Procurou ajuda, e participou de um tratamento que durou de dois a três meses. Após esse período, passou a participar de grupos de ex-alcoolatras. O começo foi difícil. “Foi preciso muita força de vontade. Dava aquela agonia, aquele desespero. Mas consegui reverter o vício bebendo muito suco e caldo de cana de açúcar, que, como é muito doce, acaba enganando o organismo”. Após cinco anos livre do álcool, teve uma recaída, prontamente superada.
Hoje aposentado, Pestillo ainda se mantém longe do álcool. “Para um ex-viciado, é importante permanecer afastado da bebida.” Ex-coroinha e católico fervoroso, ele conta que estudou três anos em um seminário para seguir carreira no sacerdócio, mas desistiu da vida religiosa para se casar. Ele disse que não vê a hora de encontrar o papa. “Para mim, é uma emoção muito grande poder ter feito este presente ao Santo Padre.”