Não aceitamos pacientes do SUS. Cobertura de planos de saúde apenas para internações. Consultas são somente particulares no Centro de Cuidados em Saúde Mental do HSM, unidade externa localizada na Praça da Árvore, em São Paulo.

Psiquiatria

Estudo revela conexões cerebrais fracas em crianças autistas

Dr Carlos Eduardo Zacharias

Algumas crianças com autismo têm conexões cerebrais fracas nas regiões que relacionam o discurso com o sistema de recompensa emocional, revelou uma pesquisa nesta segunda-feira (17), abrindo caminho para novos tratamentos.

O estudo publicado na revista “Actas” da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos (PNAS) sugere, pela primeira vez, que a razão pela qual as crianças com autismo mostram uma falta de sensibilidade à voz humana pode se vincular a circuitos defeituosos nos centros de recompensa do cérebro, como explica Vinod Menon, um dos autores do estudo e professor de Psiquiatria e Ciência do Comportamento na Universidade de Stanford, Califórnia. — Uma conexão cerebral fraca pode impedir as crianças com autismo de experimentar o discurso como algo agradável. Estudo de Harvard relaciona poluição com risco de autismo. Os pesquisadores fizeram imagens cerebrais por ressonância magnética de 20 crianças com um tipo alto de autismo. Elas têm um coeficiente intelectual normal, podem falar e ler, mas mostram dificuldades na conversa e na compreensão de sinais emocionais.

Ao comparar as imagens com as de 19 crianças sem autismo, os cientistas descobriram que os cérebros dos menores com autismo mostravam baixas conexões com regiões do cérebro que liberam dopamina em resposta a recompensas. No lado esquerdo do cérebro, as crianças autistas mostraram conexões fracas com o núcleo accumbens e a área tegmental ventral. Já no lado direito, no córtex de voz seletiva, onde são detectados os sinais vocais e de tom, havia uma conexão fraca com a amígdala cerebral, que processa os sinais emocionais.

Os pesquisadores também determinaram que uma conexão mais baixa supõe uma pior capacidade de comunicação, explica Daniel Abrams, um pesquisador de Pós-Doutorado em Psiquiatria em Stanford e outro autor do estudo. — A voz humana é um som muito importante. Não apenas dá significado, mas proporciona informação emocional fundamental para uma criança. Somos os primeiros a mostrar que essa falta de sensibilidade pode ser resultado de problemas de sistemas de recompensa no cérebro. Os resultados também sustentam a teoria de que as pessoas com autismo têm um déficit na motivação social que explica sua falta de atenção às vozes e às palavras, em vez de um déficit sensorial que lhes impede de ouvir palavras, diz Menon. — É provável que as crianças com autismo não prestem atenção às vozes porque não são gratificantes, ou emocionalmente interessantes, o que afeta o desenvolvimento de sua linguagem e de suas habilidades de comunicação social. Descobrimos um circuito cerebral anormal que está por trás de um déficit básico no autismo. Nossas descobertas podem ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para esse transtorno. Investigações adicionais também podem revelar se uma terapia chamada Treinamento de Resposta Essencial (PRT, do inglês “Pivotal Response Training”), que tenta motivar as crianças a usar a linguagem para a interação social, tem algum efeito no fortalecimento desses circuitos cerebrais.

O autismo, um transtorno do desenvolvimento cada vez mais diagnosticado, afeta uma em cada 88 pessoas nos Estados Unidos.

gradient
Cadastre-se e receba nossa newsletter