É uma doença progressiva, sem causa conhecida e que gera grande prejuízo aos indivíduos na realização das suas atividades do dia a dia. Ela se inicia geralmente na meia idade ou na idade avançada e é bastante comum (acomete 2 a cada 100 pessoas acima de 65 anos). Mais presente em homens (para cada 3 homens que têm a doença temos 1 mulher).
Tem um caráter degenerativo, pois acaba ocorrendo uma perda progressiva dos neurônios, as nossas células cerebrais, em determinados locais. Essa degeneração é irreversível, não tem sua causa conhecida e faz com que uma das substâncias responsáveis por todos os movimentos do corpo, a dopamina, seja produzida de uma forma pouco eficiente, levando, principalmente, portanto, a diversos problemas na parte motora do indivíduo, que são os principais sinais e sintomas desta doença.
Assim como todas as doenças neurológicas degenerativas, a Doença de Parkinson geralmente surge de forma leve e vai se agravando ao longo do tempo. Por este motivo, o diagnóstico mais breve possível é fundamental, para que as alternativas terapêuticas possam ser iniciadas de forma rápida, para evitar a progressão do quadro, bem como suas complicações.
Como diagnosticar
Não existe nenhum exame de laboratório, de imagem ou marcadores biológicos que confirmem a existência da doença. Esse diagnóstico é feito de forma clínica, na observação da existência de alguns critérios. Exames de imagem às vezes são necessários apenas para que sejam afastadas outras doenças que também possam levar a problemas nos movimentos. Principais sinais presentes:
1) Tremor em repouso – o indivíduo tem tremores nas mãos ou pés quando estes estão parados e que desaparecem ao movimento (muitas vezes podemos ver um movimento das mãos inquietas, como se estivessem “contanto dinheiro”);
2) Rigidez muscular – há uma maior dificuldade na realização dos movimentos passivos (quando tentamos movimentar o braço ou a perna da pessoa) e pode também haver a percepção que se assemelha a movimentar uma roda denteada durante execução do movimento;
3) Anormalidades posturais – geralmente podem estar presentes uma inclinação da cabeça para a frente ao caminhar, bem como do tronco ou inclinação para um dos lados. Muitas vezes conseguimos observar que, pelo endurecimento muscular, a forma como o indivíduo anda é como se todo o corpo fosse um bloco único.
4) Bradicinesia – ou seja, há uma lentidão na realização dos movimentos de uma forma geral. Essa lentidão pode começar apenas em um dos lados do corpo inicialmente.
Sinais outros como fala mais baixa e entrecortada, menos expressão facial, dificuldades no piscar dos olhos e outros movimentos que são automáticos, modificação da letra (que fica menor e é feita de forma mais lenta), perda da capacidade de gesticular, dificuldade para deglutir, anormalidades na olfação ( estudos científicos vêm evidenciando que tais anormalidades olfativas podem preceder o início dos demais sintomas da DP), andar lento e com passos curtos, alterações no ritmo intestinal (obstipação), alterações na pressão arterial, alterações no sono, no pensamento, perdas na memória, mudanças no comportamento ou na personalidade e até sintomas psiquiátricos (como pensamentos de que se está sendo perseguido ou sintomas depressivos), podem também estar presentes. Uma série de outras doenças pode também apresentar alterações semelhantes, então a avaliação adequada feita por uma equipe especializada é fundamental.
Como tratar
É importante desde o início enfatizar que na Doença de Parkinson o tratamento mais eficaz é aquele feito de forma multidisciplinar, mediante acompanhamento médico, da fisioterapia, Fonoaudiologia e com a psicóloga, principalmente. O uso isolado de medicações não deve ser considerado.
Atualmente o tratamento medicamentoso tem como objetivo o controle dos sintomas, já que não há ainda nenhuma droga ou procedimento cirúrgico que impeça de forma garantida a progressão da doença ou a sua cura. O maior objetivo é melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e sua interação com os meios social e familiar. O tratamento medicamentoso geralmente utilizado consiste numa terapia protetora e existem alguns fármacos a serem utilizados a depender de cada quadro e estágio da doença para guiar a opção do médico. Levodopa, drogas anticolinérgicas, selegenina, fazem parte do leque de drogas existentes para uso.
A Levodopa tem se mostrado a droga mais potente no tratamento da Doença de Parkinson, com uma taxa média de resposta inicial por volta de 90%. No entanto, há casos em que a melhor opção é pela não utilização da Levodopa, mas sim de outros fármacos. Tais drogas são utilizadas no intuito de evitar a piora dos sintomas que comprometem os movimentos, mas podem ir perdendo o seu efeito com o tempo, assim como podem causar efeitos colaterais.
A escolha tem que ser feita baseada em critérios médicos bem definidos e que variam para cada caso. Dois procedimentos médicos principais para controle de situações específicas da doença estão disponíveis na atualidade: a palidotomia (destruição de uma área do cérebro relacionada ao movimento) e a estimulação cerebral profunda com alta frequência (aqui, eletrodos, como se fossem um marcapasso, realizam descargas elétricas em alguns locais do cérebro para melhor funcionamento de circuitos relacionados aos movimentos).
Ambos os procedimentos possuem papeis importantes quando as complicações não conseguem ser resolvidas das formas habituais). São procedimentos com objetivos diferentes entre eles. Apesar de buscar a melhora da parte motora, cada um é voltado para alguma condição motora deficiente específica.
O tratamento com a Fisioterapia é indicado em todas as fases da doença, mas principalmente em estágios mais avançados. Ajuda na melhora da força muscular, da coordenação motora, equilíbrio, marcha. Indivíduos portadores de DP por conta do comprometimento na musculatura respiratória, têm maior facilidade de desenvolver doenças infecciosas respiratórias, como pneumonias e, nesta situação o trabalho da fisioterapia é de suma importância. Casos graves, onde pacientes permanecem acamados, esta chance de problemas respiratórios é ainda maior e requer ainda maior cuidado.
O seguimento pela Fonoaudiologia também é algo bastante importante, pois funciona como uma forma preventiva de complicações, adequação na administração alimentar, para evitar que o prejuízo muscular do tudo digestivo favoreça a ocorrência de episódios de engasgos ou quando alimentos acabam transitando para o tubo respiratório e não o intestinal (fenômeno conhecido como broncoaspiração e que é causa importante de prejuízos como infecções e até a morte).
Como citado anteriormente, em possíveis sintomas da doença, a Fonoaudiologia também consegue trabalhar a fala do paciente que pode vir se comprometendo com o tempo. Mantê-lo capaz de se comunicar é um benefício incalculável. O tratamento da Terapia Ocupacional tem diversos focos de ação. Um deles segue o enfoque ao trabalho do indivíduo na execução de funções motoras manuais, mais finas e lhe permitindo melhor uso das mãos para as diversas outras atividades de sua vida diária e da escrita. Outro é o de conseguir fazê-lo ter um pouco de distração e momentos de interação social, poie, em sua maioria, as atividades são feitas em grupo.
O suporte da Psicologia também é parte integrante do contexto para promoção de qualidade de vida ao indivíduo. Portadores de DP possuem com alta frequência (quase 90% dos casos) transtornos psiquiátricos associados em algum momento, também como já citado.
Quadros depressivos são os mais comuns e muitas vezes, tratamento usados em quadros onde não há DP acabam por piorar os sintomas e isso precisa ter o suporte da psicologia. Esta não se limita à ocorrência de transtornos psiquiátricos, pois deve ter um papel enraizado no encorajamento e aprendizado do indivíduo sobre a doença e trabalhar tais ideias e tratamentos orientados conjuntamente com o médico e com as mudanças do quadro que vão acontecendo.
Não se limita, ainda, ao portador da doença. Tem papel de suporte e orientação também às famílias. Prognóstico Apesar de não ser uma doença fatal, a Doença de Parkinson, por ser degenerativa, vai evoluindo até deixar o indivíduo totalmente debilitado. O tempo médio para se chegar a uma piora grave é cerca de 15 anos.
A velocidade de progressão da doença e a gravidade que ela alcançará é variável e depende de cada indivíduo. Há uma tendência de que indivíduos que desenvolveram a doença em idades mais avançadas possuam uma evolução mais benigna.
Diante de tudo o que temos conhecimento e tratamos neste material, fica bem claro que o mais importante é fornecer qualidade de vida ao indivíduo.